JOÃO BATISTA O ÚLTIMO PROFETA DO ANTIGO PACTO 2
TEXTO ÁUREO = “Porque este é o anunciado pelo profeta Isaías, que disse: Voz do que clama no deserto: Preparai o caminho do Senhor, endireitai as suas veredas”. Mt 3.3
VERDADE APLICADA = O nascimento de João Batista não só referendou as Escrituras, como também quebrou o silêncio profético, preparando o caminho do Senhor.
Leitura Bíblica = Isaias 40: 2 9
Através do profeta Isaías, Deus profetiza a vinda de um mensageiro para preparar o caminho do Senhor. Deus sempre foi à frente de seus enviados, ou seja, daqueles que se colocam em suas mãos para trabalhos considerados humanamente “menos importantes”. Paulo classifica os precursores na obra de Deus como aqueles que “plantam” e “regam”. Sendo assim, devemos estar prontos para desbravar caminhos nunca antes trilhados, pois através de nosso humilde trabalho o Senhor realizará grandes coisas (2 Co10.15,16)
1. DEUS SEMPRE APROVEITOU OS PRECURSORES
Em toda a Bíblia encontramos precursores preparando o caminho para que a obra de Deus pudesse prosseguir adiante (Jr 7.25;Fp 2: 19 ) Esses servos de Deus, muitas vezes, não passaram de discípulos anônimos 4que, apesar de seguirem sempre avante como desbravadores fiéis, não esperaram recompensas terrenas. Estes são os autênticos servos de Deus, homens abnegados, humildes e fiéis cooperadores do reino de Deus ( ICo 3.9).
a) Deus enviou José à frente de seus irmãos — Deus enviou José diante de seus irmãos com o propósito de conservar a sucessão israelita na terra, e guardar em vida toda a sua família em um grande livramento (Gn 45.7). Mesmo em momentos difíceis e de sofrimento, em amargas decepções, quando tratados de maneira injusta, os cristãos podem saber que Deus operará em meio a essas situações, para cumpris seu bom decreto em seus filhos (Rm 8.28; Gn 45.8; Hb 11.22).
As experiências de José foram dolorosas e sombrias. Sua vida foi cheia de decepções, maus-tratos e rejeição, medo e falsas acusações, escravidão e abandono. Mas, felizmente, ele terminou como um vencedor triunfante, pois sempre compreendeu que Deus estava no controle de tudo: “Vós... intentastes o mal contra mim; porém Deus o tornou em bem, para.. que se conserve muita gente em vida” (Gn 50.20). O que José disse se cumpriu literalmente. Devido ao seu plano de conservação de alimentos, salvaram-se as vidas dos próprios irmãos que um dia pretenderam matá-lo.
Embora José fosse vítima das atitudes hostis dos seus irmãos, quando teve oportunidade de punilos com seu cetro de autoridade imperial, ao ser levado ao segundo mais alto posto governamental do Egito, nunca se vingou. José preferiu deixar tudo nas mãos de Deus, o Todo-Poderoso. Ele sabia que o único direito do cristão é o de abrir mão dos seus direitos e entregá-los a Deus. O que será que teria acontecido se José tivesse ficado ressentido ou odioso, e tivesse blasfemado contra Deus em razão de todo seu sofrimento? Certamente, nunca teria ganhado o respeito daqueles ao seu redor! Em todas aquelas circunstâncias ele foi tratado injustamente, mas Deus finalmente o abençoou.
b) Moisés enviou espias a Canaà. Antes de fazer o povo entrar em Canaã, Moisés, sabiamente enviou espias (Nm 13.2). A incursão dos espias lhe daria condições de conhecer a realidade da terra a conquistar (Nm 13:17-20). Mais tarde, quando Josué entrou em Canaã, o caniinhojá estava pronto para a conquista (Js 2.9- 11). Porém, ressaltemos que os precursores precisam ser homens corajosos, fiéis e otimistas; pois, se assim não forem, só enxergarão gigantes e desafios intransponíveis (Nm 13.33).
c) Deus promete o precursor de Jesus — Há, aproximadamente, 425 anos antes de Crísto nascer, o profeta Malaquias já profetizava acerca de um precursor e de sua obra restauradora (Ml 4.5). Jesus, mais tarde, ratificou essa profecia, confirmando João Batista como seu precursor (Mt 11.10,11).
Precursor, no grego, é “pródomos”, significando “ir adiante”. A idéia é de alguém que é “pioneiro no caminho”, que vai a frente, como escoteiro, espia a terra e a prepara para a chegada das tropas. Pode significar também, um diplomata que prepara o caminho para um visitante real, a fim de preparar as pessoas para receberem a sua mensagem com maior compreensão. João Batista foi o precursor de Jesus Cristo (Mt 3.11-12). Deve ter propósitos semelhantes aos da pessoa anunciada (Mt 3), autorização divina (Ml 3.1; 4.5,), uma mensagem definida e divina (Ml 4.6; Lc 1.76-79), e íntima identificação com a pessoa anunciada (Jo 1.19-24).
II. ISAÍAS APREGOA O PRECURSOR DE CRISTO
Através do profeta Isaías, o Senhor anunciou a vinda do precursor de Jesus, dizendo: “Preparai o caminho do Senhor...” (Is 40.3). João Batista, que nasceria meses antes de Cristo, foi o enviado de Deus para proclamar acerca do Cordeiro de Deus (Jo 1.29).
E plausível entender que João Batista foi um homem de aspecto e caráter toscos. Jamais vacilou em falar clara e contundentemente, quando se fez necessário (Mt 3.7- 12; Lc 3.7-9). Era austero, com hábitos aparentemente anti-sociais (Mt 11.19; Lc 7.33), pois se alimentava de mel silvestre e gafanhotos. Sua vestimenta era tecida de peles de camelo e usava um cinturão (Mt 3.4; Mc 1.6; Mt 11.8).
De acordo com Flávio Josefo, o encarceramento e morte de João Batista ocorreram na fortaleza de Machaeros (Maquero), em Perca, a leste do Mar Morto.
a) Isaías fala de seu ministério- O ministério de João Batista seria de vanguarda, ir à frente do Filho de Deus como uma voz despertadora dos ouvidos negligentes (Is 40.3). O profeta Isaías, neste versículo, identifica duas características no ministério de João Batista: preparar o canilnho do Senhor e endireitar as veredas. Tais atividades eram próprias dos súditos reais que desbravavam as estradas para a passagem dos reis da antiguidade.
Isaías 40.3, assume vários aspectos, sendo alguns deles, o de um profeta que ouve uma voz. Alguém clama que o caminho do Senhor precisa ser preparado no deserto. E a voz do precursor que precede o rei. Isto se aplica agora ao Senhor (Sl 68.4). E necessário limpar o caminho para o Deus de Judá porque a sua rota passa pelo “deserto” ou “ermo”. A questão do que isto significa está relacionada com outra: o que significa a vinda do Senhor? Evidentemente a idéia toda é figurada. Uma das idéias cogita- das é a da figura do Senhor vindo a Jerusalém encabeçando uma procissão de judeus voltando do exílio para Canaã (Is 49.10; 52.8,12).
b) Isaías fala do poder de sua mensagem — A unção da mensagem do precursor de Jesus deveria produzir um efeito positivo nos corações endurecidos pelos anos de silêncio profético (Is 40.4). João atuaria como um arado afiado em terras secas e áridas, transformando-as em algo produtivo (Is 40,5). A igreja também precisa assumir esta responsabilidade, anunciando a Cristo para todas as nações (Mc 16. 15-18).
c) Isaías mostra o objetivo de sua mensagem — A missão do precursor seria levantar a sua voz e anunciar a presença física de Deus entre os homens (Is 40. 9). A expressão: “anunciador de boas novas”, designa a natureza do trabalho a ser realizado por João Batista entre o povo obstinado de Israel (Ez 3.7), que precisava conhecer o reino dos céus (Mt 3.2).
III. O NASCIMENTO DO PRECURSOR DO MESSIAS
Evangelista Lucas relata com detalhes o nascimento de João Batista. Ele também descreve, de forma precisa, a família de João Batista e as condições pelas quais ele nasceu (Lc l : 80 ). Por um milagre divino e para cumprir as Escrituras, nasceu João Batista (Lc 1.57).
a) Seu nascimento foi anunciado por um anjo — O Senhor Deus enviou o próprio anjo Gabriel para dar as boas novas ao pai de João Batista ( Lc 1: 19 ). Como todo escolhido por Deus, João Batista seria, também, um vaso consagrado ao Senhor ( Lc 1. 15).
A Bíblia nos ensina que os anjos são enviados por Deus para missões especiais em favor dos santos (Hb 1.14). Ele nasceu na região montanhosa da Judéia, onde também passou seus primeiros anos de vida.
b) Sua missão profetizada divinamente — A missão específica de João Batista foi também anunciada pelo mensageiro divino: “E converterá muitos dos filhos de Israel ao Senhor, seu Deus” (Lc 1.16). Confirmando as profecias, o anjo anunciou que exerceria ( Lc 1. 17 ) um ministério de conversão do coração dos pais aos filhos (Ml 4.5,6). O ministério do profeta vindouro teria por objetivo reconciliar as famílias com Deus e com elas mesmas, isto é, entre seus respectivos familiares. João Batista direcionou sua pregação neste sentido (Lc 1. 17 ).
Um dos alvos prioritários do evangelho é o recomeço de um correto relacionamento familiar entre pais e filhos, e filhos e pais. Mediante a pregação do arrependimento e o senhorio de Cristo nas vidas, os pais, por sua retidão, dedicar-se-ão aos filhos. Se a igreja não for aquilo que Deus quer que ela seja, uma das causas disso será o fato de mais uma vez os pais, nos seus corações abandonarem os filhos ( I Tm 5.8), deixando de amá-los, de estar com eles e ensinar-lhes a Palavra de Deus com os padrões da sua retidão. Os pais devem, com perseverança e amor, exercer autoridade os filhos (Pv 22.6). Os filhos têm a obrigação de obedecer aos seus pais no Senhor (Ef 6. 1).
c) Um filho abençoado por seu pai — Em seu cântico, Zacarias, pai de João Batista, profetizou acerca de chamada divina, afirmando que João Batista seria chamado profeta do Altíssimo, perante a face do Senhor, para preparar o caminho para a chegada do Messias (Lc 1.76). Isto nos leva a estimular aos pais para abençoarem seus filhos com palavras proféticas e jamais de maldições.
(Gn 49.28; Sl 144.12), pois “a morte e a vida estão no poder da língua sobre; e aquele que a ama comerá do seu fruto” (Pv 18.21). Tiago destaca este poder, que é benfazejo quando fala o que é do agrado de Deus, mas o abuso da linguagem maléfica pode acarretar a morte espiritual e eterna (Tg 3.1-12; Mt 5.22).
IV. O MINISTÉRIO DO PRECURSOR DO MESSIAS
Ao fazer referência ao ministério de João Batista, a Bíblia caracteriza o processo de desenvolvimento físico-espiritual como um menino que crescia e se robustecia em espírito, habitando nos desertos até o dia de iniciar seu ministério em Israel (Lc 1.80). Jamais podemos desprezar o processo de desenvolvimento de nossos filhos, mas contribuir para que eles cresçam no temor e disciplina do Senhor (Ef 6.4).
a) Um ministério exercido no deserto — Como num grande palco preparado por Deus, o deserto foi o lugar escolhido para a manifestação do precursor de Jesus (Mt 3.1). Ele mesmo compreendeu a grandeza e a importância de seu ministério naquele lugar inóspito (Jo 1.23).
Deus sempre nos leva aos desertos a fim de preparar-nos para sua grande obra (Ex 3.1; Os 2.14; Lc 5.16). As multidões deixavam as cidades para ouvir a mensagem de João Batista, e serem batizados nas águas (Mt 3).
b) Um ministério eloqüente — A mensagem de João Batista, para atingir os corações endurecidos, tinha de ser eloqüente e cheia de autoridade divina: “Raça de víboras, quem vos ensinou a fugir da ira futura?” (Mt 3.7). Em sua mensagem, o arrependimento seria provado pelos frutos (Mt 3.8), pois quem assim não o fizesse seria cortado sem piedade (Mt 3.10). Movida pela sede espiritual, a multidão arrependida ia ter com João para ser batizada por ele no rio Jordão (Mt 3.5). Segundo o costume judaico, a imersão era símbolo da purificação.
Arrependei -vos! Esta era umas das inflamadas palavras ditas por João Batista a uma multidão comprometida com o pecado. O arrependimento foi uma mensagem básica na pregação dos profetas do Antigo Testamento (Jr 18.8; = Jl 2. 12,13; = Ez 18.21).
No grego, o significado elementar de “arrependimento» é “metanoeo”. cujo sentido é “voltar-se ao contrário”, ou seja, “dar uma volta completa”? Trata-se de abandonar os maus caminhos e voltar- se para Cristo e, através dele, para Deus (At 8.22; 26.28; l Pe 2.25).
A decisão de abandonar o pecado e querer a salvação em Crista importa em aceitar a Cristo não somente como Salvador da penalidade do pecado, mas também como Senhor da nossa vida. Por conseguinte, o arrependimento envolve uma troca de senhorio; do senhorio de Satanás (Ef 22) pura o senhorio de Crista e sua Palavra (Tg 1.18). O arrependimento é uma decisão livre, da parte do pecador, possibilitada pela graça divina capacitadora que lhe é concedida quando ele ouve o evangelho e nele crê (At 11.21). A pregação do arrependimento sempre deve acompanhar a mensagem do evangelho (Lc 24.4 7,).
c) Um ministério contundente — O ministério de João l3atis- ta foi contundente, devido ao seu combate ao pecado, diante de uma sociedade pecadora (Lc 3.19,20). Ele denunciou o adultério praticado na corte (Mt 14.3,4), e isto lhe custou à cabeça (Mt 14.10,11), terminando assim um grande ministério entre os homens (Mt 11.9,11). A morte horrenda de João Batista ilustra o fato de que não se deve supor que a vida espiritual, ainda que vivida em alto nível e sob o favor de Deus, será sempre acompanhada de prosperidade, paz e ausência de problemas (Jo 16.33; At 8.1).
JOÃO BATISTA ESCOLHIDO PARA TESTIFICAR = Lc 1.57-76
Este estudo destaca os seguintes princípios espirituais:
• As atitudes básicas duma criança formam-se no lar.
• Quando Deus projeta algo especial, Ele prepara alguém com antecedência para realizar o plano divino.
• Muitas vezes Deus revela o seu plano a pessoas bem simples e sem grande saber.
• Ao experimentarmos algum gozo especial, devemos dar graças a Deus.
• Quando estamos baseados na Palavra de Deus, as coisas que de Deus esperamos jamais nos deixam desapontados.
Esta lição trata do nascimento daquele que teve o alto privilégio de preparar o caminho para Deus chegar a seu povo, na pessoa de seu Filho. O povo reconheceu João Batista como um verdadeiro profeta, igualado a Elias, Isaias, ,Jeremias ou qualquer dos outros do Antigo Testamento (Mt 14.5). Jesus o reconheceu como profeta e mais do que profeta (Mt 11.9-11).
O texto informa que João Batista foi criado no deserto, talvez no meio dos pastores de ovelhas que sempre estavam a mudar de lugar, através do deserto da Judéia (Mt 3.1). Contudo, a Bíblia não comenta muito estes anos passados no deserto. Ela localiza aqui a atitude dos pais de João. Essas atitudes, de base bíblica. foi decisiva na formação espiritual de João, escolhido que fora por Deus para ser o precursor de Jesus, isto é, aquele que prepararia o caminho ara o Mestre.
1. COMO JOÃO RECEBEU O NOME (Lc 1.57-63)
Os amigos e vizinhos de Isabel vieram congratular-se com ela pelo nascimento do seu filho. Imaginem a alegria que dominou todos os corações, pois naquele tempo a mulher casada que não tivesse filhos, sofria um grande vexame. Este constrangimento fora agora removido. Isabel dizia a todos que tudo fora obra de Deus e que Ele usara de grande misericórdia para com ela. Atribuía a Deus toda a honra e glória, por Ele ter operado uma coisa impossível aos homens.
1. O regozijo dos amigos (Lc 1.57.58). Os vizinhos e amigos de Isabel compartilhavam da sua de que a obra já fora iniciada e teria a sua conclusão. Deus estava levantando uma poderosa salvação, isto é,. um poderoso “Salvador” dentre os descendentes de Davi. O A função principal de João seria a de preparar o coração do povo de Israel para receber o Senhor, o Messias. Este Salvador, vindo da casa de Davi, cumpriria a palavra e a promessa de Deus feita pelos profetas, homens que desde os tempos passados tinham falado da salvação, da libertação, da misericórdia e da fidelidade de Deus, segundo a sua promessa e seu juramento feitos a Abraão (Gn 22.16-18; Hb 6113- 18).
O conceito hebraico sobre aliança baseava-se na antiga idéia duma promessa solene ou juramento entre duas partes contratantes. O verbo “berith” significava “acorrentar, amarrar”, ou “comer juntos”, denotando assim a mútua obrigação das partes. Por conseguinte, a Ceia do Senhor traz para nós a idéia duma aliança ou concerto. Quando Jesus instituiu essa cerimônia, disse: “...isto é o meu sangue, o sangue da nova aliança, derramado em favor de muitos...” (Mt 26.28).
2. O ministério de João (Lc 1.76,77). Pouco sabemos a respeito da meninice de João Batista, mas muito foi revelado concernente ao seu ministério como precursor de Cristo. Malaquias predisse a sua vinda (Ml 3.1), Mateus e Lucas consideraram esta profecia como cumprida (Mt 11.10; Lc 1.17,76).
O A Bíblia revela as características pessoais de João. Era homem abnegado (Mt 3.4); de grande coragem (Mt 3.6; 14.4); e obediente a Deus (Mt 3.15). Era um poderoso pregador (Mc 1.5); humilde (Mc 1.7); e santo (Mc 6.20). Era homem zeloso (Jo 5. 35). Foi honrado por Cristo (Mt 11.11). Não operou milagres (Jo 10.41). Sofreu o martírio durante o último ano do ministério de Cristo (Mt 14.10).
João foi grandemente usado por Deus para revelar Jesus Cristo como o Salvador do mundo. Verdadeiramente foi ele “um homem enviado por Deus”, Ele batizou Jesus e preparou o caminho para Cristo, com sua mensagem de arrependimento. Certo dia, apontando para Jesus, ele exclamou: “Eis o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo!”
A promessa divina afirmava que Deus libertaria o seu povo dos inimigos deles, dando a entender que também o guardaria, a fim de poderem servi-lo e adorá-lo sem temor. Esta libertação é muito mais do que aquela que o povo judeu almejava, a da dominação do Império Romano. A libertação aí trata da alma da pessoa, quer do judeu, quer do gentio. Refere-se também à libertação que se registrará por ocasião da segunda vinda de Cristo, quando o Anticristo e suas hostes serão aniquilados (2 Ts 1.7-9). Zacarias, como também os profetas do Antigo Testamento, não recebeu um esclarecimento preciso sobre o espaço de tempo (já quase 2.000 anos) que haveria entre a primeira e a segunda vindas de Cristo. O propósito maior de Deus em trazer libertação através deste poderoso Salvador era que o povo servisse a Deus, louvando-o em santidade e justiça. A libertação espiritual é a obra principal do Senhor.
A segunda parte da profecia de Zacarias focaliza a nossa atenção sobre o nenê João. Ele não enfatizou o fato de ser este nenê o filho de Zacarias. Antes, se refere ao filho como “o menino” (v.76). A relação humana não era tão importante como o era o ministério que João mais tarde teria. A obra principal de João seria a de preparar o coração do povo para receber o Senhor, isto é, o Messias (Lc 1.43; 2.11; Is 40.3; Ml 3.1). Todos sentiam que o nascimento de João e o milagre da cura de Zacarias era tudo uma manifestação sobrenatural. Bem podemos imaginar como esses eventos tornaram-se o grande assunto de conversa em toda essa região montanhosa ao sul de Jerusalém. Todos que ouviam falar dessas coisas continuavam a guardá-las no coração. Podemos entender que Lucas, o autor deste Evangelho, mais tarde teria conversado com pessoas que ainda viviam e que tinham conhecido os eventos em primeira mão. Lucas teve o cuidado de verificar com muita exatidão todos esses fatos. (Ele esteve com Paulo em sua última viagem à Palestina (At 21.8,10,12,17). Notemos aí o pronome “nós”.
3. Um assunto muito comentado (Lc 1.65,66). Quando o povo viu o milagre que soltou a língua de Zacarias, veio sobre eles um grande temor de Deus (Lc 1.64,65). Este temor era uma reverência mui profunda. As Escrituras apresentam várias razões por que os homens ficam com temor diante de Deus:
a. O milagre da travessia do Jordão. Josué instruiu Israel a levantar um monumento de pedras na margem do rio para que servisse de marco ao povo, a fim de que mais tarde, contassem aos filhos como milagrosamente as águas do Jordão se abriram, O resultado seria o temor de Deus para sempre (Js 4.23,24).
b. A grandeza de Deus é citada por Moisés como motivo para os homens temerem a Deus (Dt 10.12.17).
c. A santidade de Deus é mencionada pelos anjos como razão para temer a Deus (Ap 15.4).
d. Outro anjo menciona os juízos de Deus como motivo para temer ao Senhor (Ap 14.7).
III. A PROFECIA DE ZACARIAS (Lc 1.67-80)
O No original grego o versículo 69 usa a expressão “o chifre da salvação” (Keras soterias) para descrever o poder de Deus. A origem da expressão está na força que têm os chifres dos bois e carneiros. A palavra “chifre” em hebraico é “yobhel”, que originou a palavra “carneiro”, O chifre de carneiro já teve muita utilidade. Dele se fazia a trombeta, chamada “shofar”, usada nos dias de festa. Usavam-se também como tinteiros e como depositário de óleo de unção. Faziam chifres ou cornos nos cantos dos altares, para representar a força e o poder do sacrifício oferecido a Deus.
No caso da lição de hoje, o “chifre” simboliza o poder de Deus através da pessoa de Cristo, que proveria libertação do pecado e salvação para as nossas almas. O louvor de Zacarias preparou o caminho para Deus enchê-lo com o Espírito Santo. O louvor é uma maneira de reconhecer o que Deus é. Ë um sacrifício que muito agrada a Deus. Em Os 14.2, vê-se que os bezerros, segundo a Lei, serviam para sacrifícios no altar, mas os louvores dos lábios eram sacrifícios ainda mais aceitáveis (Hb 13.15,16; 1 Pe 2.5). Logo que Zacarias foi cheio do Espírito, começou a profetizar, falando como porta-voz de Deus.
Como no caso dos profetas do Antigo Testamento, Zacarias foi impulsionado por uma força sobrenatural, que era o Espírito de Deus (2 Pe 1.20,21).
1. Um Salvador poderoso (Lc 1.67-75). A primeira parte desta mensagem profética constitui uma magnífica expressão de gratidão a Deus pela vinda do Messias e pela libertação que Ele traria ao povo. Zacarias primeiramente deu graças a Deus por ter Ele visitado o seu povo para redimi-lo e libertá-lo.
O nascimento de João Batista foi a evidência alegria, à medida que chegavam à sua casa, No livro de Rute consta que os amigos e vizinhos de Noemi deram o nome Obede ao filho Rute (Rt 4.17).
Assim os amigos e vizinhos de Isabel iam fazer mesma coisa com ela. Começara a chamar o nenê de Zacarias, que significa “o Senhor lembrou”, mas Isabel não o permitiu. Sem dúvida, os vizinhos achavam o nome Zacarias muito apropriado, pois de fato o Senhor havia cumprido sua promessa para com o pai do nenê (Lc 1.13). Isabel insistiu em que o menino fosse chamado João, nome que significa “O Senhor é gracioso ou mostra misericórdia”. Esse nome fala da graça de Deus que se manifestava pelo nascimento e ministério do Messias.
2. “Seu nome é João” (Lc 1.59-63). Os parentes dificilmente compreenderiam esta decisão que fugia à tradição familiar. Ninguém da família tinha este nome — João. Perplexos, eles indagaram de Zacarias para saber da sua opinião. Ele pediu que lhe trouxessem uma tabuinha de escrever. Sem qualquer hesitação, escreveu: “Seu nome será João”
Embora Zacarias não demonstrasse fé quando pela primeira vez o anjo lhe prometera um filho, o cumprimento daquela promessa agora tirou todas as dúvidas: ele estava resolvido a obedecer ao Senhor e a dar ao menino o nome que o próprio Senhor havia escolhido. Com esta decisão, seus amigos ficaram grandemente admirados.
Presumivelmente nem Zacarias, nem Isabel tinham contado toda a história sobre aquilo que o anjo tinha prometido. Esperaram que primeiramente Deus cumprisse sua palavra, como agora acontecera. Usaram, pois de sabedoria no caso. Seu testemunho teria assim muito maior impacto, uma vez que Deus já havia cumprido a palavra. De modo geral, este procedimento é muito recomendado para todos os crentes — deixar que Deus faça a sua obra em todos seus detalhes.
3. Nota sobre a circuncisão. Muitos eruditos acreditam que a circuncisão em tempos remotos era praticada entre os povos semíticos ocidentais, como ato religioso. Entre os hebreus ela foi instituída por Deus como sinal da aliança. Deus ordenou a circuncisão para Abraão e sua posteridade. Todo filho masculino era circuncidado ao oitavo dia. Primeiramente o rito era efetuado pelo próprio pai, mas em tempos posteriores por um cirurgião hebreu. Nessa ocasião se dava o nome à criança do sexo masculino.
II. A REAÇÃO DO POVO (Lc 1.64-66)
Quando Zacarias obedeceu a Deus e deu o nome João ao seu filho, isto significava que ele acreditara na Palavra de Deus a respeito do menino e da vinda do Messias ao mundo. Em resposta à sua fé, Deus restaurou-lhe a capacidade de falar. Cheio de fé e confiança, Zacarias passou a glorificar a Deus com a maior espontaneidade. (O texto grego indica que no momento em que ele recobrou a fala começou a louvar a Deus e assim continuou por algum tempo), O louvor a Deus resulta dum coração afinado diante dele e serve de evidência de que o Espírito Santo está operando. Zacarias acabara de presenciar a grandeza e a glória de Deus e ficou convicto de que Ele é fiel. Tal convicção é o que todos nós precisamos ter.
1. Um milagre que causou admiração (Lc 1.64,65). À medida que Zacarias dava vazão aos sentimentos do coração, os vizinhos ficavam cada vez mais admirados. Sentiam que era Deus que ali manifestava o seu poder.
2. O ministério de Cristo (Lc 1.78-80). O próprio Cristo seria essa luz que daria condições para os homens em todo o mundo se libertarem das trevas. Cristo conduziria a todos no caminho da paz, isto é, ao bem-estar espiritual, e às bênçãos eternas (SI 29.11; 85.9,10; 119.165; Jo 14.27).
Com esta esperança diante de si, João cresceu; tornou-se forte no espírito e foi conduzido ao deserto mais agreste da Palestina, onde vivia em comunhão com Deus. Assim, quando chegou a hora, ele estava preparado para a missão à qual fora destinado, a fim de ser o precursor do Messias, o Filho de Deus.
Em 1894 alguns engenheiros foram incumbidos de construir uma ponte sobre o rio Niagara, um pouco abaixo das famosas cataratas do Niagara (na outra América). O problema era como lançar um cabo de uma margem para a outra. Ninguém pensava em solução viável, até que um deles teve a idéia de soltar uma pipa (ou papagaio de papel). Assim ofereceram 10 dólares ao menino que pudesse fazer a sua pipa chegar ao outro lado do grande rio.
Um garoto de 10 anos, por nome Homan Walsh, aceitou o desafio, querendo muito aquele dinheiro. Mesmo quando outros meninos já haviam desistido, ele- continuou na tentativa, até que por fim conseguiu colocar sua pipa na outra margem. Através daquele rio turbulento estava uma fraca e fina linha. Logo amarraram uma corda um pouco grossa e puxaram-na para o outro lado. Em pouco já estavam puxando cabos de aço através do rio! Com o tempo esses cabos se transformaram na ponte que até hoje lá está. A pipa do pequeno Homan ajudou a unir as duas nações — Canadá e Estados Unidos! Através do ministério de um homem, João Batista, Deus começou a “construir uma ponte” que uniria o Céu à Terra. Mais tarde Cristo completou a obra. Glória a Deus!
PORTA VOZES DE DEUS - JOÃO BATISTA
As montanhas que ficam perto do rio Jordão permanecem inalteradas e desoladas sob o céu sem nuvens e o sol causticante. Para escalar estas montanhas vindo de Jericó, o eterno oásis que comanda a planície através da qual corre o rio Jordão para o mar Morto, até Jerusalém — a cerca de 21 km de distância, mas a uma elevação de 1.200 m, exige-se resistência daqueles que viajam na moderna auto-estrada num ônibus de turismo com ar condicionado. Fora da estrada, a viagem de volta não é menos difícil. A se julgar pelos relatos do Evangelho, Jesus deve ter feito esta rota com muita freqüência, e sem dúvida alguma ponderando sob o significado das palavras de Isaías conforme ele subia e descia as montanhas sem fim: “Todo vale será aterrado, e nivelados todos os montes e outeiros” (Is 40.4a; cf. Lc 3.5).
Uma voz que vem do Jordão
Era para o sopé destas montanhas que pessoas curiosas da Judéia vinham (Mt 3.5-6) para ouvir a “voz do que clama no deserto: Preparai o caminho do Senhor, endireitai as suas veredas” (Lc 3.4; cf. Is 40.3). João Batista preparou o caminho para Jesus, o Messias esperado, pregando sermões de julgamento contra o pecado (Lc 3.7-18) e batizando no Jordão aqueles que se arrependiam (Lc 3.2).
No espírito de Elias
João Batista ministrou no espírito e poder de Elias, porque ele era o Elias que estava por vir anunciado por Malaquias 450 anos antes (Ml 4.5-6; Mt 11.2-15; 17.9-13).
Assim como Elias, João Batista usava roupas rústicas (2Rs 1.8; Mc 1.6; Lc 7.25) e comia o que encontrava naquelas terras, O mais importante era que, assim como Elias, ele se posicionava resoluto perante as autoridades políticas e religiosas injustas, julgando-os segundo os padrões de justiça de Deus (Mt 3.7-9; 11.7; Lc 3.19-20; cf. lRs 17.1; 18.21-40). Na avaliação de Jesus, João Batista era o maior profeta que já viveu (Lc 7.8). Mesmo assim, o próprio Jesus foi ainda maior.
Quando Elias foi para o céu, seu sucessor, Eliseu, recebeu a porção dobrada do seu espírito (2Rs 2.9-15). Como que para confirmação deste fato, o escritor dos livros bíblicos de Reis registrou duas vezes mais milagres executados por Eliseu do que por Elias. Similarmente, o ministério de Jesus ultrapassa em muito o de seu antecessor, João Batista (Lc 3.15-17).
No espírito de Eliseu
A maioria dos crentes gosta dos laços proféticos que ligam Jesus a João Batista (Lc 3.15-17) e Elias (Mt 16.14; 17.3).
O ministério de Jesus, entretanto, pode também ser comparado ao de Eliseu, com João Batista fazendo o papel-chave intermediário, como sugere o simples diagrama a seguir: