27 de fevereiro de 2018

Contrastes na Adoração da Antiga e Nova Aliança


Contrastes na Adoração da Antiga e Nova Aliança

TEXTO ÁUREO

"E quase todas as coisas, segundo a lei, se purificam com sangue; e sem derramamento de sangue não há remissão." (Hb 9.22).

VERDADE PRÁTICA

A eficácia da adoração neste período da Nova Aliança está no fato de ela estar fundamentada no sangue de Cristo.

LEITURA DIÁRIA

Segunda – Hb 9.22: Os utensílios do culto na Antiga Aliança

Terça – Hb 9.4: O culto, os oficiantes e a liturgia na Antiga Aliança

Quarta – Hb 9.14: Uma redenção eterna pelo sangue do Cordeiro

Quinta – Hb 9.14,15: Uma consciência limpa pelo sangue de Cristo 

Sexta – Hb 9.15,22: Uma herança eterna pelo sangue de Jesus

Sábado – Hb 9.28: Uma promessa gloriosa pelo sacrifício do Filho de Deus

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE – Hebreus 9.1-5,14,15,22-28

Hebreus 9.1-5, 14,15,22 – 28

1 ORA, também a primeira tinha ordenanças de culto divino, e um santuário terrestre.

2 Porque um tabernáculo estava preparado, o primeiro, em que havia o candelabro, e a mesa, e os pães da proposição; ao que se chama o santuário.

3 Mas depois do segundo véu estava o tabernáculo que se chama o santo dos santos,

4 Que tinha o incensário de ouro, e a arca da aliança, coberta de ouro toda em redor; em que estava um vaso de ouro, que continha o maná, e a vara de Arão, que tinha florescido, e as tábuas da aliança;

5 E sobre a arca os querubins da glória, que faziam sombra no propiciatório; das quais coisas não falaremos agora particularmente.

14 Quanto mais o sangue de Cristo, que pelo Espírito eterno se ofereceu a si mesmo imaculado a Deus, purificará as vossas consciências das obras mortas, para servirdes ao Deus vivo?

15 E por isso é Mediador de um novo testamento, para que, intervindo a morte para remissão das transgressões que havia debaixo do primeiro testamento, os chamados recebam a promessa da herança eterna.

22 E quase todas as coisas, segundo a lei, se purificam com sangue; e sem derramamento de sangue não há remissão.

23 De sorte que era bem necessário que as figuras das coisas que estão no céu assim se purificassem; mas as próprias coisas celestiais com sacrifícios melhores do que estes.

24 Porque Cristo não entrou num santuário feito por mãos, figura do verdadeiro, porém no mesmo céu, para agora comparecer por nós perante a face de Deus;

25 Nem também para a si mesmo se oferecer muitas vezes, como o sumo sacerdote cada ano entra no santuário com sangue alheio;

26 De outra maneira, necessário lhe fora padecer muitas vezes desde a fundação do mundo. Mas agora na consumação dos séculos uma vez se manifestou, para aniquilar o pecado pelo sacrifício de si mesmo.

27 E, como aos homens está ordenado morrerem uma vez, vindo depois disso o juízo,

28 Assim também Cristo, oferecendo-se uma vez para tirar os pecados de muitos, aparecerá segunda vez, sem pecado, aos que o esperam para salvação.

HINOS SUGERIDOS: 41, 124, 412 da harpa cristã

 OBJETIVO GERAL

Explicar que a adoração na Nova Aliança está fundamentada no sangue de Cristo.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Abaixo, os objetivos específicos referem-se ao que o professor deve atingir em cada tópico. Por exemplo, o objetivo l refere-se ao tópico l com os seus respectivos subtópicos.

I. Apontar como era o culto e seus elementos na Antiga Aliança;

II. Mostrar a eficácia do culto na Nova Aliança;

III. Explicar a singularidade do culto da Nova Aliança.

INTERAGINDO COM O PROFESSOR

A adoração e o louvor a Deus não é algo visto somente na Nova Aliança, já no Antigo Testamento o desejo de Deus era que os israelitas o adorassem e tivessem um relacionamento mais profundo com Ele. Por isso, o Criador ordenou que Moisés construísse uma tenda móvel de adoração, o Tabernáculo, que acompanharia o povo durante a longa travessia pelo deserto. Este seria o único lugar onde o povo poderia encontrar-se com Ele e adorá-lo. Cada detalhe, cada peça, o desenho, ou seja, tudo no Tabernáculo tinha um significado, simbolizando uma realidade espiritual.

Na carta aos Hebreus o autor detalha alguns principais utensílios do Tabernáculo afim de mostrar o sentido da adoração e do serviço sagrado na Antiga Aliança, comparando com a obra de Cristo no Tabernáculo eterno da Nova Aliança.

INTRODUÇÃO

O mundo vive numa constante renovação. O indivíduo busca novos padrões e entendimento para o que acontece ao seu redor; busca novas formas de realizar obras e sonhos; obtém outros pontos de vista a respeito de assuntos e temas já conhecidos. O nosso foco recai sobre a renovação teológica e litúrgica.

Questionamos quanto das mudanças na teologia e na liturgia do culto vêm das Escrituras e quanto vêm do desejo das pessoas. Há diversidade quanto à compreensão de como deve ser o culto prestado a Deus.

A Bíblia, ao descrever o que denominamos de culto, não usou termos similares aos que se referiam ao culto em outras religiões. Quer no Antigo Testamento, quer no Novo Testamento, essencialmente, o culto é descrito como serviço.

Em qualquer língua, etimologicamente, liturgia significa “o trabalho que pessoas realizam”, não pessoas se divertindo, alegrando-se, fazendo o que acham ser bom. No Antigo Testamento, a adoração era prescrita e controlada, era litúrgica.

Como posso adorar a Deus segundo os princípios do Antigo Testamento? Será que o Antigo Testamento oferece direção para uma adoração no culto contemporâneo?

Vamos estudar cinco épocas nas quais o culto era prestado a Deus, no Antigo Testamento.

I. Da criação ao êxodo

A recusa do homem em obedecer a Deus incondicionalmente foi a recusa a uma adoração ao Senhor com base em Sua verdade revelada (Gn 3.1-6). Podemos entender, pelos textos bíblicos, que o culto ao Senhor era familiar, centralizado no altar. Ali, Deus e a família se encontravam e havia:

1.      Sacrifícios de gratidão (Gn 4.1-6; 8.20);

2.      Sacrifícios de expiação de pecados ( Jó 1.5).

A fé possibilitou a Abel ter sua oferta aceita pelo Senhor (Hb 11.4). Caim não obedeceu as instruções que estão subentendidas em Gênesis 4.7, daí ter tido sua oferta rejeitada por Deus.

Examinar as intenções e avaliar as ações devem ser exercícios constantes na vida dos que cultuam a Deus (Sl 66.18 e 131.1-3). Deus só aprova o culto sincero.

II. Do êxodo à monarquia

Este foi o período do tabernáculo, a habitação simbólica de Deus. Embora portátil, era um palácio.

Todo o tabernáculo e seus utensílios expressavam a pessoa de Deus, Seus atributos, Sua presença, Seu relacionamento com o povo, e como o povo respondia a Deus. As prescrições para aproximação e purificação eram rigorosas e foram dadas pelo próprio Deus a Moisés. Podemos associar alguns utensílios do tabernáculo com alguns elementos imprescindíveis do culto.

1.      A arca e a mesa dos pães – retratam Deus como Rei, Senhor e Provedor do Seu povo – a leitura bíblica (especialmente os Salmos), os hinos e cânticos de louvor.

2.      As lâmpadas – a direção de Deus – a pregação da Palavra.

3.      O incenso – o local das intercessões pelo povo – as orações.

4.      O altar – o lugar do derramamento de sangue – a confissão de pecados.

Notemos ainda a posição do tabernáculo no centro do acampamento (Nm 1.52,53 e 2.1-2) como referência à centralidade do culto para a nação. Notemos que cerca de 40 capítulos foram dedicados à descrição, construção, dedicação e uso. Deus não somente quer nosso culto, mas Ele diz como quer ser cultuado.

Nem toda adoração agrada a Deus. Há o perigo de trazermos “fogo estranho” diante do altar e do trono do Senhor (Lv 10.1-2). Esse “fogo estranho” consistia em contrariar os mandamentos divinos quanto à adoração. Não apenas a adoração a falsos deuses é proibida nas Escrituras, mas também a adoração ao verdadeiro Deus de maneira errada (Ml 1.7-10; Os 6.4-6; Am 5.21).

III. Da monarquia ao exílio

Foi o período de maiores mudanças e de centralidade do culto. O povo ia reunido para a adoração ao Senhor. A orientação para o serviço sacerdotal permanecia válida. As prescrições foram dadas por Deus, por meio de Davi, a respeito de grupos corais e grupos instrumentais.

O culto em Israel era participativo. Os dias de festa, as procissões e os sacrifícios exigiam envolvimento do adorador. No AT era um duplo serviço divino: um dirigido ao Seu povo e outro dirigido às outras nações (Sl 67). Deus quer ser adorado pelos Seus no serviço que estes prestam ao próximo.

Este foi o motivo pelo qual os profetas criticaram o culto da antiga aliança (Is 1.11-15): o povo desejava comparecer diante de Deus, receber Dele todos os benefícios do culto, mas não O servia fazendo o bem ao próximo.

Culto não é ato ritual, mas ato de vida. O ato de culto deve expressar-se em gestos eficientes, concretos e claros em nossa relação com o próximo. Este é o serviço do povo a Deus, que em nada precisa de nossos serviços, mas que por misericordiosa graça nos chama para que sejamos participantes de Sua obra neste mundo.

IV. No exílio

Desse período em diante as informações são mais escassas. Todavia, sabemos que não havia templo, não havia sacrifício, não havia sacerdócio.

Em meio ao caos, à desesperança e ao temor, Deus enviou profetas como Ezequiel para encorajar Seu povo a se voltar para Ele e cultuá-Lo, pois era o Deus fiel à aliança.

O grupo de israelitas que se reunia no exílio começou o que depois ficou conhecido como “sinagoga”.

V. A era pós-exílica

É o período de Esdras e Neemias. O povo de Israel voltou do exílio babilônico. Houve um retorno à Lei de Deus (Torah), que começou a ser lida perante o povo. O templo foi restaurado, os sacerdotes voltaram à atividade, os sacrifícios e as ofertas tornaram a ser feitos.

Conforme o prof. Marcos Alexandre Faria (Faculdade Teológica Batista de Brasília), estas são algumas influências do exílio babilônico:

1.      A figura do rei desaparece;

2.      O cativeiro se torna um meio de purificação e ressurgimento da religião dos judeus;

3.      As profecias de Jeremias tiveram grande influência;

4.      Finda a idolatria (estavam no meio de uma nação extremamente idólatra);

5.      Acaba a monarquia (fica na esperança do Messias – o descendente de Davi virá!);

6.      O sumo sacerdote, auxiliado pelos escribas, assume a liderança do povo;

7.      Esdras, o sacerdote, convida o povo a voltar para a Palavra (Ed 7.10);

8.      O povo gira em torno da Lei: viver de acordo com a Lei passa a ser um estilo de vida;

9.      Começa o que seria mais tarde a sinagoga – o que se tornou modelo para as igrejas no NT.

É o início do chamado “Judaísmo”, ou seja, o ambiente social, cultural, político e religioso do povo hebreu, formado a partir da volta do exílio babilônico (538 a.C.), e no qual se formou o cristianismo (Dic. Aurélio). Nesse período, três ênfases básicas são: o sábado, a circuncisão e as leis alimentares.

VI. Resumo do culto do AT

Encontramos três princípios nessas cinco épocas.

1.      Adoração (Gn 8.20; 35.11, 14; Êx 3.18; 5.1; 2Cr 7.3; Ne 8.6)

O culto era centralizado em Deus, que reivindica e espera isso de Seu povo. Honramos ao Senhor quando O adoramos pelo que Ele é. Deus não está limitado a experiências humanas, as quais não podem determinar ou governar o tipo de liturgia do culto prestado ao Senhor. O Salmo 93 diz que Ele está revestido de majestade. Deus é glorioso, é sublime, é belo na Sua santidade. Devemos adorá-Lo no Seu esplendor e na Sua beleza. É com essa concepção que devemos adorar ao Senhor. O culto no AT é a resposta da criatura:

  • À glória do Criador revelada (Sl 19).Deus é o Altíssimo (Sl 83.12), o Deus que vê (Gn 16.13), escudo (Sl 84.11);
  • Aos atos salvíficos de Deus (Êx 15;Sl 105);
  • À ação bondosa de seu Criador (Mq 6.8;Is 1.13-17; Lv 10.1,2).

2.      Oração e confissão (Jó 1.5; Lv 16.15,16; 1Cr 16.39,40;2Cr 6.21-31; Ed 9.1-3)

O pecado tinha que ser coberto, a expiação, a propiciação foi feita por Cristo, em nosso favor. Os sacrifícios do Antigo Testamento apontavam para aquilo que Cristo iria fazer. No Antigo Testamento não havia culto nem adoração sem sacrifícios; não havia culto sem altar. Para nós, não há culto sem o significado da cruz, não há culto sem Jesus Cristo, o que foi imolado e que agora reina. Além disso, a adoração devia também incluir ofertas, e os sacrifícios deviam expressar gratidão, devoção, desejo de comunhão e meditação, prontidão, e voluntariedade para compartilhar coisas materiais com os sacerdotes, os levitas, os pobres e as viúvas. Não havia lugar para a mesquinhez no culto.

3.      Instrução (Gn 4.7; Dt 31.9-13; 2Cr 34.30; Ne 8.8)

 Este é o meio pelo qual Deus revela Sua vontade. A pregação não pode ser relegada aos momentos finais do culto. Ela não é matéria para ser apenas descrita ou comentada, mas deve ser explicada (Ne 8.3, 7- 8, 12). Deus fala, o homem se cala, medita e responde. Com a pregação fiel e revestida de autoridade da Palavra, Deus é honrado e glorificado, os descrentes são desafiados, os crentes são edificados e a igreja é fortalecida. A adoração genuína também deve ser fruto de um correto entendimento da lei, justiça e misericórdia de Deus, reconhecendo-O assim como Ele Se revela nas Escrituras. Sem a Palavra não há adoração e não importa quão emocionantes sejam os demais atos do culto.

A EFICÁCIA DO CULTO NA NOVA ALIANÇA

A natureza definitiva do sacerdócio superior do nosso Senhor e do seu ministério essencial em substituir o concerto antigo por um novo foi estabelecida. Agora o autor examina em detalhes como o ministério do nosso Senhor foi cumprido e como exatamente ele provê. O modo encontra sua singularidade dramática no fato de que Jesus não era somente sumo sacerdote, mas sacrifício; não apenas ofertante, mas oferta.

a) Sua ação contrastante (9.11-15). Mas vindo Cristo — é Ele que faz a grande diferença, tanto no contraste da sua ação como na superioridade da sua pessoa. Ele tinha vindo como o sumo sacerdote dos bens futuros. Seu serviço divino como sacerdote é diferente do serviço levítico, tanto no que diz respeito ao lugar como no sangue sacrificial usado.

Em relação ao lugar (o primeiro ponto de contraste), seu ministério ocorre em um maior e mais perfeito tabernáculo, não feito por mãos (11). Imediatamente, segue-se o comentário explanatório: isto é, não desta criação. O santuário com o qual Cristo e seus filhos têm de lidar não é material, visível, local e destrutível; ele, na verdade, é de uma ordem espiritual. Embora a morte de Cristo fosse física e visível, seu significado interior era relevante para uma estrutura invisível de realidade, o Reino de Deus. Este é mais perfeito em muitos sentidos, mas certamente não menos importantes são sua permanência e acessibilidade universal.

O segundo ponto de contraste é o sangue que foi usado — não de bodes e bezerros, mas [...] seu próprio sangue (12). Aqui também encontramos um terceiro contraste na sua natureza e suficiência definitivas da sua entrada singular — entrou uma vez no santuário, havendo efetuado uma eterna redenção. Mueller traduz: “Tendo revelado uma redenção eterna”. A redenção eterna não é obtida incondicionalmente, mas tornada possível. O tempo do verbo também apresenta um problema. Havendo efetuado coloca a transação crucial antes da entrada no santuário (“Santo dos Santos”, ARA). Neste caso, a expiação deve estar associada rigorosamente à morte de Cristo no altar do sacrifício, enquanto no plano levítico a expiação era não apenas pela morte de animais, mas em levar o sangue até o Santo dos Santos (v. 7).

A tradução da RSV harmoniza melhor com o tipo: “desta forma garantindo (assegurando) eterna redenção”. Em outras palavras, a redenção é efetuada pela sua entrada no Santo dos Santos como uma parte culminante e integral do ato redentor total.

Robertson diz que este santuário (Santo dos Santos) fica no céu. O versículo 24 apóia esta interpretação, mas a ênfase é o céu no sentido de representar “a presença de Deus” (v. 24).

Esta idéia está mais próxima do simbolismo real do “Santo dos Santos” terreno, que significava, não céu, mas a presença gloriosa de Deus e um relacionamento desimpedido com Deus em sua presença. Jesus entrou nesta presença com seu próprio sangue, não sangue literal, mas com os direitos que este sangue proporcionou, ao morrer pelos homens. E (o quarto ponto de contraste) Ele entrou nesta santa e divina presença a fim de permanecer para sempre

— não para apressar a saída, como fazia o sumo sacerdote levítico.

b) O benefício contrastante (9.13,14). Não há apenas os quatro pontos de contraste observados até aqui, mas há também o contraste infinito entre a eficácia do sangue de Cristo em comparação ao dos animais (quinto ponto). O valor inerente do sangue de animais seria virtualmente nulo, mas o valor inerente do sangue de Cristo, o imaculado Deus-homem, seria incalculável. No entanto, este quase desprezível sangue de animais assegurava aos adoradores do AT alguns benefícios — os santificam, quanto à purificação da carne (13). Esta santificação era uma restauração da sua “pureza exterior” (NEB) e sua aceitabilidade formal por Deus.

Eles eram novamente membros sem dolo de uma raça santa, povo escolhido e consagrado a Deus. Mesmo esta conseqüência não era devida ao sangue usado, mas ocorria por intermédio do ato de penitência, adoração e obediência em buscar a reconciliação por meio dos sacrifícios prescritos. Portanto, a lógica é: Porque, se o sangue dos touros e bodes e a cinza de uma novilha, esparzida sobre os imundos (13; cf. Lv 16.3,14,15; Nm 19.9,17) cumprirão esta tão grande bênção, quanto mais o sangue de Cristo, que, pelo Espírito eterno, se ofereceu a si mesmo imaculado a Deus, purificará a vossa consciência das obras mortas, para servirdes ao Deus vivo? (14).

A frase quanto mais é medida pela distância qualitativa entre criaturas malcheirosas e estúpidas e o próprio Deus, seu Criador. Este sangue sagrado de Jesus Cristo Homem foi elevado a um valor infinito pelo fato de Ele ter realizado sua ação pelo Espírito eterno, não o Espírito Santo, mas seu próprio espírito, o Filho eterno.

 

Agora observamos o sexto ponto de contraste. Enquanto os animais sacrificados do AT eram vítimas desamparadas, este Cordeiro de Deus ofereceu-se a si mesmo imaculado a Deus. Jesus não foi apanhado numa armadilha que redundou em uma morte prematura e trágica; Ele deu-se a si mesmo de forma voluntária, sabendo o tempo todo que tinha o poder de rejeitar a cruz. Assim, o valor intrínseco de seu sangue foi formado pelo mérito ético do seu ato volitivo.

A bênção vastamente superior oferecida a nós por este sangue santo e precioso é muito mais profunda do que uma purificação ritualista, afetando nossa posição; ela afeta nosso estado interior — purificará a vossa consciência das obras mortas, para servirdes ao Deus vivo. A purificação da consciência aqui é semelhante ao aperfeiçoamento da consciência no versículo 9.

A impotência do sangue de animais é contrabalançada pela eficácia do sangue de Cristo, mas novamente de forma provisória (forma clássica de kathario, tempo futuro, “purificará”). O sangue de Jesus é adequado, mas é uma purificação condicional para todos. Não há uma purificação automática, que ocorre incondicionalmente pelo ato da expiação. A fé se apropria do sangue purificador. Somente a fé no sangue como base para a nossa salvação trará uma percepção completa de libertação.

O que precisa ser purificado é a consciência ou a percepção moral (almas—Phillips). Apesar da assídua observância das cerimônias levíticas, um sentimento de culpa e violação continuava controlando a consciência dos adoradores. Mas em Jesus eles podem encontrar paz perfeita. O adorador pode conhecer a doce percepção de um homem de 84 anos que testifica: “Pela primeira vez na vida me sinto puro por dentro”.

Somente o Espírito Santo pode lavar de todo o pecado e dar um sentimento pleno de novidade e pureza; mas isto Ele faz com base no mérito expiatório do sangue de Cristo e em resposta à fé neste sangue. Liberto, o crente é agora capaz de adorar o Deus vivo de maneira aceitável. O contraste entre Deus vivo e obras mortas é marcante. Obras pecaminosas que trazem morte para a alma nos desqualificam para a comunhão com Deus ou para o serviço ao Deus que é santo. Assim, esta purificação da consciência deve, por necessidade, incluir a regeneração e santificação inicial (Ef 2.1).

c) O escopo contrastante (9.15ab). Um concerto completamente novo foi instituído para que fosse possível uma purificação profunda. E, por isso, é Mediador de um novo testamento (15).

Nesta nova ordem das coisas, a morte de Cristo provê redenção para todas as transgressões que havia debaixo do primeiro testamento, cancelando, desta forma, sua reivindicação sobre elas e, por meio disso, justificando seu fim. Os chamados, i.e., aqueles que ouvem o evangelho e obedecem, podem, desta forma, escapar da escravidão da ordem antiga e compartilhar com os gentios crentes a promessa da vida eterna.

É altamente significativo que a morte de Cristo era para as transgressões cometidas debaixo do antigo concerto. Um aspecto disso é visto por Robertson: “Aqui, há uma declaração definitiva de que o valor real dos sacrifícios típicos, debaixo do sistema do AT, estava na sua realização na morte de Cristo. E a morte de Cristo que dá valor aos tipos que apontavam para Ele. Assim, o sacrifício expiatório de Cristo é a base da salvação de todos que são salvos antes da cruz e desde então”.16Mas isto não é tudo. A palavra transgressões (parabasis) é a mais forte no NT para uma violação deliberada da lei conhecida, e sempre infere plena culpa e responsabilidade pelo castigo.

A palavra é usada somente duas vezes em Hebreus, aqui e em 2.2, onde lemos que debaixo da ordem do AT “toda transgressão e desobediência recebeu a justa retribuição”. O pecador deliberado não podia escapar do castigo por meio de uma oferta casual de um sacrifício de animal. O sistema sacrificial era essencialmente para os pecados de ignorância e omissão, cometidos de forma involuntária pelo israelita que procurava andar na retidão. A situação não era fácil para o pecador que cometia um pecado de mão erguida. Ele precisava ser castigado e, em alguns casos, com a pena de morte. Visto que todos eram culpados destes pecados, mesmo que de forma menos séria, os quais muitas vezes não eram revelados, levando-os a sofrer castigo, é compreensível que o adorador sempre percebesse que um sentimento de condenação o espreitava.

Este realmente é o ponto crucial da culpa e alienação de Deus. Para que essa situação moral desagradável pudesse ser resolvida precisava haver um sangue melhor, um sacerdote melhor, um concerto melhor. E isto pôde ser encontrado em Cristo e na sua morte. Esse é o plano divino maravilhoso que harmoniza justiça e misericórdia na cruz de tal forma que agora a vida pode ser oferecida àqueles que mereciam a morte! A frase intervindo a morte indica que a morte de Cristo, embora não um substituto exato para a morte deles, era um preço de redenção aceitável no lugar da morte deles.

Encontramos aqui uma nova dimensão de salvação: a misericórdia é estendida para incluir o pecador voluntário e propositado, condenado no antigo concerto. Para ele, o antigo concerto não tinha nada a oferecer além da morte ou era desgraçadamente inadequado. Mas agora ele também pode se qualificar para a promessa da herança eterna. A única condição é que esteja entre os chamados (“que obedecem ao chamado de Deus”, Phillips).

A SINGULARIDADE  DO ULTO DA NOVA ALIANÇA

Os sumos sacerdotes levíticos entravam no santuário (a KJV traz “lugares santos”, ou seja, os dois santuários do Tabernáculo) feito por mãos, com o propósito de servir em seu ofício mediador como representantes humanos diante de Deus. Mas este Tabernáculo era apenas uma figura do verdadeiro, “a contraparte da realidade” (Moffatt).

A realidade era o próprio trono de Deus. Aqui Cristo entrou no mesmo céu. Isto não é somente uma esfera espiritual ou uma dimensão, mas um lugar definitivo, o assento da administração divina. Foi lá que Cristo nos representou e continua a fazê-lo: para agora comparecer, por nós, perante a face de Deus. A palavra face ou semblante (prosopo) traz a noção de que este lugar de representação não é meramente a presença de Deus no sentido de onipresença, ou por meio do Espírito Santo, ou como uma glória especial no Templo, mas a presença máxima e perfeita de Deus como um Indivíduo e como o Governante universal.

Se isto parece localizar ou “antropomorfizar” a Deus, nada podemos fazer. Embora a realidade frustre as nossas mentes finitas, só podemos pensar nas categorias que a Mente Divina nos proveu. O tempo aoristo de emphanisthenai, comparecer, não sugere a intercessão perpétua de Cristo (como em 7.25, onde o verbo está no tempo presente contínuo), mas sua representação oficial como o ápice da sua obra expiatória. Green traz: “apresentar-se”.

Tendo acabado a fase terrena da missão, Ele apresentou-se ao Pai como Filho do Homem. Na terra, Ele foi o Representante de Deus para o homem; agora Ele volta como Representante do homem diante de Deus, com cinco feridas descobertas como credenciais. O que o sumo sacerdote fazia na sombra do Santo dos Santos, Jesus fez em essência por nós no céu. E Ele foi aceito. E ao aceitar a Cristo, o Pai nos aceitou.

 

Uma vez — uma expiação perfeita (9.25,26). O contraste não é somente entre céu e terra — a realidade e a sombra — mas entre o caráter conclusivo daquele único sacrifício no novo concerto e o caráter não conclusivo dos muitos sacrifícios no antigo. Nem também para a si mesmo se oferecer muitas vezes (25) amplia o pensamento do versículo anterior ao afirmar que esta auto-representação crucial diante do Pai não precisa ser repetida, como o sumo sacerdote cada ano entra no Santuário [terreno] com sangue alheio. Se o ato mediador do nosso Senhor não era mais conclusivo do que o modelo levítico, então seria necessário padecer muitas vezes desde a fundação do mundo (26).

Se a eficácia salvadora do seu ato propiciatório fosse local, superficial ou temporária, então seriam necessários atos repetitivos. A suposição extraordinária é expressa para mostrar o problema incrível que qualquer tentativa de diminuir o valor da obra do nosso Senhor iria criar. Se Ele não fosse absolutamente singular como pessoa, como Sacerdote e como Oferta, e completamente diferente da ordem levítica, seria necessário que Ele morresse repetidas vezes, por mais impensável que isso possa parecer.

Mas, agora (este agora é paralelo com o “agora” do versículo 24), na consumação dos séculos, uma vez — ou “uma vez por todas no fim dos tempos” (NVI) — se manifestou, para aniquilar o pecado pelo sacrifício de si mesmo (26). Enquanto a palavra “comparecer” no versículo 24 se refere à auto-apresentação de Cristo no céu, a palavra manifestou aqui se origina de phanerao, “tornar manifesto”, e refere- se à sua “automanifestação” na terra.

 

Ele revelou-se ao homem como um Homem para um propósito: para aniquilar o pecado. No original, não encontramos um verbo, mas um substantivo, athetesin, “anulação, ab-rogação, invalidação”; literalmente “para a invalidação do pecado”. Pecado é aqui usado no sentido de culpa. O direito do pecado sobre nós pode ser cancelado; o objetivo da missão de Cristo era tornar isto possível. Esta realização é precisamente a base da graça precedente, porque esta é uma bênção racial. “O sacrifício de Cristo lidou com o pecado como um princípio; os sacrifícios levíticos tratavam de transgressões individuais”.

Cristo cumpriu sua obra pelo sacrifício de si mesmo, ou “mediante” (dia com genitivo, “por meio”). Aqui o sacrifício e a ministração tornam-se um. Os sacerdotes levíticos tinham somente o sangue alheio (25). Jesus negociou a expiação com o seu próprio sangue.

Os sacerdotes levíticos lutavam pela vida; Ele submeteu-se à morte; tamanho era o seu amor por nós. Isto o coloca à parte para sempre de todos os sacerdócios inferiores. O valor infinito da sua pessoa divina em conjunto com o sacrifício supremo da oferta de si mesmo produzem um potencial redentor absolutamente inesgotável.

Futuro — uma salvação perfeita (9.27,28). O peso da ênfase neste parágrafo está nas palavras uma vez (hapax). Cristo apareceu somente “uma vez” com o propósito de realizar a expiação (v. 26). Somente uma vez o homem está ordenado a morrer, seguindo o juízo (27). Se o autor tinha a intenção de ressaltar a morte como o destino inevitável de cada homem, as palavras uma vez seriam supérfluas; além disso, nós teríamos sido compelidos a indagar a respeito das exceções, como no arrebatamento (sugerido no versículo seguinte).

 

Há, em vez disso, mais um ponto de comparação aqui: assim também Cristo, oferecendo-se uma vez por todas, para tirar os pecados de muitos (28). Quando Cristo se ofereceu para morrer pelos pecados, este ato foi definitivo e único, não somente com base na sua suficiência qualitativa mas com base na Encarnação. Se o homem pecador é sentenciado somente a uma morte terrena, então somente uma morte deveria ser requerida do Homem Salvador. Esta comparação está baseada no correlato assim (houtos).

Encontramos mais um contraste de grande impacto nesta comparação. Os homens que morrem sem Cristo somente aguardam o juízo; mas agora que o ato da expiação foi realizado, e que nunca mais precisa ser renovado, aqueles que escolhem crer podem esperar um futuro brilhante além do túmulo.

A próxima ação de Cristo será a reunião daqueles que seu sangue redimiu: aparecerá segunda vez, sem pecado, aos que o esperam para a salvação. Três vezes neste parágrafo (w. 24-28) encontramos três palavras distintas (também no grego) relacionadas à sua aparição: “comparecer”, no v. 24, “se manifestou”, no v. 26 e “aparecerá”, no v. 28 da ARC). Aqui no versículo 28, encontramos o futuro passivo de horao, “ver”; o passivo é “ser visto”, revelar-se a si mesmo (Lc 1.11; At 2.3) e certamente inclui a idéia de uma aparição visível (cf. At 1.11).

Esta segunda vinda de Cristo será sem pecado. Sua vinda futura não acrescentará nada mais ao Calvário; não oferecerá mais um degrau à possível salvação do pecado. Se queremos ver a salvação completa do pecado devemos olhar para trás, não para frente, porque o pecado não ocorre no ambiente físico nem em corpos físicos mas no coração do homem. A salvação prometida, que precisa esperar o retorno do nosso Senhor, não é do pecado no coração do crente. Ela é do pecado terreno e suas conseqüências físicas — a maldição, as manchas, as influências sedutoras, o gemer desta criação escravizada — e da contingência probatória da nossa peregrinação terrena (Rm 8.10-25). A santidade pode ser nossa agora, e a segurança incondicional e eterna virá em seguida. Esta será a etapa final do grande programa de redenção (At 3.19-21; Rm 13.11; 2 Pe 3.10-14).

Mas a salvação final é para uma classe especial: aos que o esperam para a salvação. O tempo presente do verbo26 sugere que a prontidão instantânea é evidenciada por uma expectativa constante. Não há encolhimento ou medo, mas confiança e alegria silenciosa. Para os cristãos este é o acontecimento futuro supremo, e sua perspectiva gloriosa ofusca todo o resto. Eles nunca conseguem ficar à vontade em um mundo com um Senhor ausente.

 

Não fica claro então que aqueles que se acomodam confortavelmente nesta era presente, como se fossem ficar por muito tempo e esquecem seu destino e seu Rei vindouro, não estarão entre os receptores da grande salvação? Possivelmente, esta cláusula restritiva irradia luz sobre os muitos cuja culpa é tirada. Embora a culpa racial possa ser tirada no sentido de que a graça precedente está operante, os pecados reais são tirados somente dos muitos, daqueles cuja paixão está voltada para as coisas “de cima” e que continuam aguardando a volta do seu Senhor.

 

Conclusão

O compromisso da igreja de Cristo é com os propósitos, princípios, valores e práticas da Nova Aliança. Nada devemos à Antiga Aliança. Na Nova Aliança o Senhor Jesus apresentou as intenções e as ações divinas na reconciliação da criatura com o Criador e como viver Nele a nova vida no breve período de nossa história.

Por: Evangelista Isaias Silva de Jesus (auxiliar)

Igreja Evangélica Assembléia de Deus Ministério Belém Em Dourados – MS

Bibigrafia


Comentário Bíblico Beacon cpad Hebreus á Apocalipse


A Antiga e a Nova Alianças

Por Antiga Aliança se entende o sistema de culto estabelecido por Deus para vigorar no período do Velho Testamento, desde os dias de Moisés até a morte e ressurreição de Jesus.

Assim, uma Nova Aliança foi inaugurada desde então, para vigorar no chamado período ou dispensação da graça, uma vez que a antiga dispensação não era regida pela graça, mas pela lei de Moisés.

Em consequência disto, todos os mandamentos civis e cerimoniais da Lei de Moisés (exceto os morais), perderam o caráter de cumprimento obrigatório, como por exemplo a circuncisão do prepúcio, a distinção entre alimentos e animais e pessoas, puros e imundos; a apresentação de ofertas e sacrifícios no templo; e toda a prescrição prevista para o funcionamento da ordem sacerdotal que era segundo a descendência de Arão.

Apesar de nosso Senhor não ter revogado a validade da Lei de Moisés, e como de fato não poderia fazê-lo, porque ela possui propósitos determinados no conselho de Deus, todavia, todo o seu aparato cerimonial e civil, em não sendo mais exigido o seu cumprimento, continua servindo didaticamente para nos ensinar em figura acerca da santidade e justiça de Deus, de modo que a respeito das Escrituras do Velho Testamento, em sua totalidade o apóstolo Paulo se expressa nos seguintes termos:
“Toda Escritura é divinamente inspirada e proveitosa para ensinar, para repreender, para corrigir, para instruir em justiça; para que o homem de Deus seja perfeito, e perfeitamente preparado para toda boa obra.” (
II Timóteo 3.16,17).

Assim, encontramos na Bíblia tanto textos se referindo à manutenção da Lei e dos Profetas (modo de se referir às escrituras e à aliança do Velho Testamento), quanto à sua revogação.
Quando se afirma a manutenção o que está em foco é todo o conjuntos dos escritos do Velho Testamento, seja para cumprimento da lei moral, seja para aprendizagem por princípio didático da lei cerimonial e civil; e quando se afirma a revogação, isto abrange o sistema de culto do Velho Testamento, com todas as suas prescrições cerimoniais, e a sua substituição pela Nova Aliança instituída por nosso Senhor Jesus Cristo.


Esta substituição não fora feita por Deus, no entanto, de forma pontual e abrupta, mas gradativamente, de modo a que o novo sistema fosse assimilado sem ofender as consciências fracas daqueles que prestavam culto no antigo sistema.

Todavia, foi com todo o vigor que os apóstolos combateram a ideia errônea de que pelo antigo sistema de culto, alguém poderia obter a justificação.

De forma que não havia nenhum mal em alguém continuar observando a prática da circuncisão do prepúcio, mas seria um grande equívoco e perigo pensar-se que por ela se poderia alcançar a justificação que é somente por graça e mediante a fé.

Daí Paulo falar ironicamente na epístola aos Gálatas que aquele que procurasse a justificação por meio da circuncisão, que estava obrigado a cumprir todos os demais mandamentos cerimoniais da lei de Moisés, inclusive continuar com a apresentação de sacrifícios de animais.

Pois se alguém pretendesse ser justificado e obter a salvação pelas obras da lei, somente poderia obtê-lo por uma guarda perfeita e constante de toda a lei. E de fato ninguém é suficiente para isto. Esta foi a razão de Jesus – o único que poderia guardar toda lei com perfeição, viesse a este mundo como homem para guardá-la e morrer em nosso lugar, para que pudéssemos morrer para a maldição e condenação da lei.

O autor da epístola aos Hebreus afirma diretamente que a Antiga Aliança foi revogada para que pudéssemos servir a Deus nos termos da Nova Aliança, conforme prometido por Ele através do profeta Jeremias (Jer 31.31-34).

Isto foi possível, porque havendo mudança do sacerdócio, porque Jesus não era da tribo de Levi, mas de Judá, e não era da ordem de Arão, mas de Melquisedeque, pôde também mudar a ordem de culto prevista no Antigo Testamento, para a Nova instituída por ele no Novo.

A Antiga Aliança ou Antigo Testamento recebe também as seguintes designações na Bíblia: Primeira Aliança (Hb 8.7); Lei de Moisés (I Cor 9.9); Lei do Senhor (II Cr 31.3,4): Lei de Deus (Ed 7.21); Lei (Rom 3.19); Aliança da Letra (II Cor 3.6); Ministério da Morte (II Cor 3.7), e Ministério da Condenação (II Cor 3.9).
Foi celebrada por Deus com a nação de Israel quando esta foi libertada do cativeiro egípcio (cerca de 1440 aC).

A Antiga Aliança abrangia todos os israelitas em todas as gerações de Israel, de Moisés até a morte de Jesus, e por isso, possuía também um caráter essencialmente coletivo quanto às aplicações das suas promessas de bênçãos (Lev 26.3-13; Dt 7.12-26; 11.8-32; 28.1-14), e de maldições (Lev 26.14-42; Dt 11.26-28; 27.26; 28.15-68).

Apesar do caráter essencialmente coletivo daquela aliança, a mesma não excluía a responsabilidade individual de cada israelita perante Deus (Dt 24.16; Ez 18.20).

Mas, à responsabilidade pessoal, sobrepunha-se a coletiva, com vistas principalmente, à manutenção da unidade de Israel como nação separada para o serviço de Deus, e para preservá-la da idolatria e costumes pagãos das demais nações.

Daí o mandamento que proibia o casamento de israelitas com gentios.
Não porque os demais povos fossem desprezados por Deus, conforme os israelitas passaram a interpretar o mandamento, mas simplesmente para preservar Israel dos costumes das nações até que Jesus viesse e inaugurasse a Nova Aliança.

Ao dar a lei a Israel através da mediação de Moisés, firmando com a nação a chamada Antiga Aliança ou Testamento, Deus não tinha em vista forjar o legalismo no seu povo, mas forjar a justiça, o amor e a santidade, através da obediência à Sua santa vontade, expressada nos diversos mandamentos da lei.

A palavra LEI, recebe no texto da Bíblia, diferentes conotações. Por vezes, é usada com o significado do Pacto ajustado por Deus com os israelitas a partir de Moisés, ou seja, a Aliança Antiga propriamente dita.
Em outras passagens, refere-se aos cinco primeiros livros da Bíblia, ou Pentateuco, também conhecidos como livros da lei de Moisés.
Quando aparece a expressão a Lei e os Profetas, normalmente é uma referência ao conjunto das Escrituras do Velho Testamento (At 13.15), ou ao Pacto Antigo propriamente dito (Lc 16.16).

E, finalmente, em outras porções bíblicas, a palavra Lei, designa o conjunto de regulamentos e mandamentos civis, cerimoniais e morais, constantes sobretudo do Pentateuco.

Por exemplo, quando Jesus disse que não veio revogar a lei e os profetas (Mt 5.17), estava se referindo às Escrituras do Velho Testamento; e quando afirmou que a lei e os profetas haviam vigorado até João Batista (Mt 11.13; Lc 16.16), ao Pacto, à Aliança Antiga, que estava sendo substituída pela Nova.

Ao instituir a Nova Aliança no seu sangue, Jesus revogou a Antiga Aliança e marcou o encerramento do período da dispensação da lei, mas não revogou, isto é, não cancelou, as Escrituras do Velho Testamento (Mt 5.17).
Se as Escrituras dão testemunho do Senhor, como Ele as revogaria?
Se o fizesse estaria negando a Si mesmo e à obra que recebeu do Pai para realizar.

Abraão, Moisés e os profetas, falaram de Jesus. Os utensílios e ofícios do tabernáculo e do templo ensinam-nos acerca dEle, em figura.
A forma como o pecado entrou no mundo e a provisão que Deus fez para salvar o pecador ali também estão revelados.

A Nova Aliança não foi um plano emergencial concebido por Deus, por terem os israelitas violado a Antiga Aliança.

Em absoluto. Ela já estava no Seu coração desde antes da criação do mundo. E fora prometida a Abraão antes mesmo da celebração da Antiga (Gên 17.1-5), tendo sido a promessa posteriormente confirmada pelo ministério dos profetas.

Jesus e nenhum dos apóstolos ensinaram contra a lei, pois fora outorgada pelo próprio Deus a Moisés para vigorar como termos da Antiga Aliança, que firmara com a nação de Israel, e para servir também de testemunho a todo o mundo gentílico, acerca do Seu caráter e da Sua vontade.

Desta forma, nem Paulo ou qualquer outro dos apóstolos ensinou contra a lei.


Eles sabiam que a justiça que é pela fé, e operante segundo a graça, passou a se manifestar com o advento de Jesus. Mas também sabiam que Deus havia salvado e justificado pela graça, mediante a fé, a muitos nos dias do Antigo Testamento.

Não foi este o caso de Abraão? A ponto de ser designado como pai dos que creem.

Mas, a Antiga Aliança foi revogada, e suas ordenanças civis e cerimoniais já não são obrigatórias aos israelitas, com quem foi celebrada, e muito menos aos gentios, quanto ao seu cumprimento, bem como não é aplicável, à igreja, de forma específica, o seu sistema de bênçãos e maldições, ritos etc, desde a inauguração da Nova Aliança, que a revogou.

“Pois todos os profetas e a lei profetizaram até João.” (Mt 11.13)
“A lei e os profetas vigoraram até João; desde então é anunciado o evangelho do reino de Deus, e todo homem se esforça por entrar nele.” (Lc 16.16)
“Porque, se o ministério da condenação tinha glória, muito mais excede em glória o ministério da justiça. Pois na verdade, o que foi feito glorioso, não o é em comparação com a glória inexcedível. Porque, se aquilo que se desvanecia era glorioso, muito mais glorioso é o que permanece.” (
II Cor 3.9-11)

“Pois, com efeito, o mandamento anterior é ab-rogado por causa da sua fraqueza e inutilidade (pois a lei nenhuma coisa aperfeiçoou), e desta sorte é introduzida uma melhor esperança, pela qual nos aproximamos de Deus.” (Hb 7.18,19)

“Mas agora alcançou ele ministério tanto mais excelente, quanto é mediador de um melhor pacto, o qual está firmado sobre melhores promessas. Pois, se aquele primeiro fora sem defeito, nunca se teria buscado lugar para o segundo. Porque repreendendo-os, diz: Eis que virão dias, diz o Senhor, em que estabelecerei com a casa de Israel e com a casa de Judá um novo pacto.” (Hb 8.6-8)

“Dizendo: Novo pacto, ele tornou antiquado o primeiro. E o que se torna antiquado e envelhece, perto está de desaparecer.” (Hb 8.13)


“ Tendo dito acima: Sacrifício e ofertas e holocaustos e oblações pelo pecado não quiseste, nem neles te deleitaste (os quais se oferecem segundo a lei); agora disse: Eis-me aqui para fazer a tua vontade. Ele tira o primeiro, para estabelecer o segundo.” (Hb 10.8,9)

A Nova Aliança é designada na Bíblia como sendo As Fiéis Misericórdias Prometidas a Davi, como se lê em Is 55.3 e Atos 13.34.

“E, que Deus o ressuscitou dentre os mortos para que jamais voltasse à corrupção, desta maneira o disse: E cumprirei a vosso favor as santas e fiéis promessas feitas a Davi.” (Atos 13.34)

“Inclinai os ouvidos e vinde a mim; ouvi, e a vossa alma viverá; porque convosco farei uma aliança perpétua, que consiste nas fiéis misericórdias prometidas a Davi.” (Is 55.3)

É dito no texto de Isaías (VT) que seria feita uma aliança eterna, que estaria baseada nas misericórdias fiéis que Deus havia prometido a Davi.
Trata-se portanto de uma aliança de misericórdias, e misericórdias que não falharão, porque não foram prometidas pelo homem, mas prometidas por Deus a Davi.

Esta aliança eterna, que é a Nova Aliança, que vigoraria na dispensação da graça em que temos vivido, foi prometida em várias passagens do Velho Testamento.

Temos muitos textos na Bíblia que se referem à citada aliança de misericórdias, e de misericórdias fiéis que durarão para sempre, e pelas quais nossos pecados e transgressões são perdoados e esquecidos por Deus para sempre.

As figuras do Antigo Testamento (sacrifícios de animais, móveis e utensílios sagrados do tabernáculo e do templo etc) tiveram cabal cumprimento em Jesus.

O ofício profético de Moisés e a sua obra de libertador e legislador de Israel é tipo da obra de Jesus.

O sacerdócio de Arão é tipo do de Jesus.
O reinado de Davi é tipo do Seu reinado eterno.

Muito do Velho Testamento é figura da Sua pessoa e obra.
Podemos dizer que temos, a rigor, no velho, a promessa, e no novo, o cumprimento, a realização. Daí ter o Senhor afirmado que não veio revogar a lei e os profetas, mas cumprir.

O autor de Hebreus afirmou que a lei tem a sombra dos bens vindouros.
No caso, o uso da palavra lei se refere ao Antigo Pacto propriamente dito, que foi estabelecido com a nação de Israel, para ser a figura da Nova Aliança, isto é, do pacto que Deus faria com as pessoas de todas as nações, por meio de Jesus. Como figura, o primeiro seria removido, para dar lugar ao segundo e último, cuja validade é eterna.

“Era necessário, portanto, que as figuras das coisas que estão no céu fossem purificadas com tais sacrifícios, mas as próprias coisas celestiais com sacrifícios melhores do que estes.Pois Cristo não entrou num santuário feito por mãos, figura do verdadeiro, mas no próprio céu, para agora comparecer por nós perante a face de Deus;” (Hb 9.23,24)

“Porque a lei, tendo a sombra dos bens futuros, e não a imagem exata das coisas, não pode nunca, pelos mesmos sacrifícios que continuamente se oferecem de ano em ano, aperfeiçoar os que se chegam a Deus.” (Hb10.1)

Mas, nem tudo no Velho Testamento é figura.
Muitos dos mandamentos morais da Antiga Aliança permanecem em vigor (honrar os pais, amar ao próximo como a si mesmo, não proferir o nome de Deus em vão, não cultuar outros deuses, não invocar mortos etc).
Nosso amor ao Senhor se expressa, conforme Ele próprio definiu, como obediência aos Seus mandamentos (Jo 14.21-24).

E dentre estes, contam-se também os registrados no Velho Testamento (note-se bem: os que possam ser aplicáveis à igreja), uma vez que o Deus do Velho é o mesmo Deus do Novo Testamento.

As prescrições civis e cerimoniais da Antiga Aliança foram chamadas de jugo pesado e de escravidão, tanto pelo apóstolo Pedro (At 15.8-10), quanto pelo apóstolo Paulo (Gál 5.1-4).
Não no sentido de que fossem uma coisa ruim, pecaminosa, pois no dizer de ambos, a lei é santa boa e perfeita, mas algo demasiadamente trabalhoso para ser cumprido (distinção entre coisas limpas e imundas – animais, alimentos; lavagens cerimoniais; diversos tipos de sacrifícios de animais e outros tipos de ofertas; circuncisão; festas religiosas; etc), que havia vigorado até que Cristo viesse.

Desde a morte e ressurreição de Jesus, nem os gentios, nem os próprios judeus, estão mais obrigados a carregar tal jugo. Ao se referir à separação do cristianismo do judaísmo, por se tratarem de alianças amplamente distintas, Paulo disse aos gálatas que foi “para a liberdade que Cristo nos libertou” (Gál 5.1).

Antes de tudo, libertou tanto os crentes quanto as igrejas, na Nova Aliança, de um sistema religioso repleto de rituais e cerimônias, como era o caso da Antiga Aliança.

Havia necessidade de uma determinação legal de cobrança de dízimos e ofertas, especialmente para a administração dos serviços do templo, e pagamento e sustento de levitas e sacerdotes.

E, no entanto, isto, sabidamente, em nada contribuiria para a santificação dos levitas e sacerdotes, em razão da fraqueza da natureza humana (carne), e foi principalmente por este motivo que havia tanta corrupção no ofício dos levitas e dos sacerdotes.

Nenhum sistema religioso, por mais exigente que seja, não pode, de modo nenhum, promover a santidade de coração dos que se congregam de tal forma institucional.

É preciso uma aliança não meramente administrativa, mas sobretudo do trabalho do Espírito Santo nos corações, conduzindo os fiéis a uma verdadeira santidade e comunhão com Deus.

Foi por isso que a opção dos gálatas pelo judaísmo, com sua pregação da necessidade da circuncisão para a salvação, bem como a negação da necessidade da fé em Cristo, para obtenção da justificação pelas obras da lei (Gál 2.16; 3.1-5), levou Paulo a chamá-los de insensatos, pois estavam aceitando que o evangelho fosse pervertido (Gál 1.6,7).

Ainda hoje, quando alguém oculta o caráter da obra que Jesus realizou em favor do pecador, e a necessidade da novidade de vida em que devem andar todos quantos foram regenerados (que nasceram de novo), faz por merecer a mesma imprecação proferida aos que induziam os gálatas ao erro: “seja anátema”. (Gál 1.9)

A Nova Aliança só seria inaugurada após a morte de Jesus, posto ter sido estabelecida com base no seu sangue, que seria derramado na cruz, e até aquele momento, Jesus, como qualquer outro judeu, estava obrigado ao cumprimento de toda a lei (Lc 22.20; Hb 9.11-18).

“Semelhantemente, depois da ceia, tomou o cálice, dizendo: Este cálice é a nova aliança em meu sangue, que é derramado por vós. (Lc 22.20)
Quando o apóstolo João disse que a lei foi dada por intermédio de Moisés, mas que a graça e a verdade vieram por meio de Jesus (Jo 1.17), estava se referindo à Antiga e à Nova Aliança.É fora de qualquer dúvida que aludia a coisas distintas entre si.

E ainda que tal distinção, não configure o que é fundamental em termos de contraste, podemos citar que a Nova Aliança não possui uma prescrição variada de rituais e de regulamentos cerimoniais, como a Antiga Aliança possuía, e conforme está registrado nas páginas do Velho Testamento.

A Nova Aliança apresenta apenas dois cerimoniais (ceia e batismo), e nem alude sequer quanto à forma de se realizar a ministração de ambos.
“Agora, porém, libertados da lei, estamos mortos para aquilo a que estávamos sujeitos, de modo que servimos em novidade de espírito e não na caducidade da letra.” (
Rom 7.6)

O que caducou é o que ficou antigo e ultrapassado, e a palavra “letra” deste texto é vertida do original grego gramma, do qual vem a nossa palavra gramática, sendo que gramma é sempre usado no Novo Testamento com o significado de carta, registro, escrito, letras, e Paulo usava esta palavra com frequência para se referir à Lei cerimonial e civil do Velho Testamento, que constava de várias ordenanças que se cumpriram em Cristo, como por exemplo as leis referentes a coisas limpas e imundas, ao sacrifício de animais, dos dízimos e das ofertas levíticas etc.

Deste modo, não se trata a uma referência aos mandamentos de Cristo do Novo Testamento, nem sequer aos mandamentos morais da Lei de Moisés, ou a tudo o que se pode aprender das Escrituras, inclusive da própria Lei cerimonial e civil.

Ao chamar um viver pelos mandamentos externos civis e cerimoniais da Lei de Moisés, de letra que havia caducado, Paulo não pretendia de modo algum, falar contra a Palavra de Deus, mas afirmar a liberdade que os crentes têm na Nova Aliança do cumprimento das prescrições civis e cerimoniais da Lei, como por exemplo a circuncisão do prepúcio e de tantas outras prescrições que foram dadas por Deus a Moisés para serem cumpridas pelos israelitas no período do Velho Testamento.

Por isso, no próprio texto de Rom 7.6 no qual afirma a caducidade da letra, o apóstolo Paulo afirma também a libertação dos crentes das prescrições civis e cerimoniais da Lei de Moisés, por terem morrido com Cristo para tais exigências da Lei, de modo a poderem viver em novidade de espírito, ou seja, na Nova Aliança do Espírito Santo, na qual a Lei de Deus é escrita pelo Espírito em suas mentes e corações.

Aqui se diz que a letra mata porque a Antiga Aliança ou mesmo toda a Lei de Moisés não podia gerar vida eterna conforme a Nova Aliança em Cristo Jesus, na qual os crentes são vivificados em espírito pelo Espírito Santo.

2 Coríntios 3:7: “E, se o ministério da morte, gravado com letras em pedras, se revestiu de glória, a ponto de os filhos de Israel não poderem fitar a face de Moisés, por causa da glória do seu rosto, ainda que desvanecente,”
O crente não está na carne, mas no Espírito (
Rom 8.9), porque tem a habitação do Espírito por meio da fé em Jesus.

Sabe que é filho de Deus pela testificação do Espírito com o seu espírito (Rom 8.14-17).

Então deve viver nessa nova vida, como filho de Deus, que de fato é. E não mais na carne, que era a condição em que vivia antes do seu encontro pessoal com Cristo (Rom 8.5-8).

Por isso o apóstolo João diz que a lei foi dada por meio de Moisés, mas a graça e a verdade vieram por Jesus Cristo (Jo 1.17).
Jesus mesmo destrói as obras do diabo e da carne, e gera em nós a nova vida que procede de Deus e que é operada pelo Espírito Santo.
E isto temos recebido pela graça, que atua mediante a fé.

Assim temos recebido da plenitude de Jesus e graça sobre graça (Jo 1.16).
Vivamos então na sua graça, e o pecado não terá mais domínio sobre nós.
Nada disso pode ser obtido pelo nosso simples esforço em cumprir a Lei, ainda que tal esforço seja necessário.

Não vem de nós, é um dom de Deus.
Não estamos sozinhos, isolados, debaixo da lei, gemendo por tentar cumprir os seus mandamentos, sem que tenhamos grande sucesso nisso.

Ao contrário, estamos nAquele que não somente é poderoso para guardar-nos de tropeços e do mal.

Mas, que, por meio da Sua graça pode conduzir-nos a viver de modo inteiramente agradável a Deus, pela força operante do Seu poder em nós.
A Ele seja portanto, toda glória, honra e todo louvor, pelos séculos dos séculos. Amém!

Por Pr Silvio Dutra