7 de maio de 2020

A CONDIÇÃO DOS GENTIOS SEM DEUS


A CONDIÇÃO DOS GENTIOS SEM DEUS

Texto Áureo

Portanto, lembrai-vos de que vós, noutro tempo, éreis gentios na carne e chamados incircuncisão pelos que, na carne, se chamam circuncisão feita pela mão dos homens;   Efésios 2.11

A maioria dos Efésios eram gentios (isto é não judeus). Paulo diz lembrai- vos. Uma memória piedosa é aqui recomendada. O que Paulo queria dizer era que:

-           Eles aguçassem o seu senso de gratidão.
-           Que se fortalecessem em sua fé.
-           Que fizessem um claro contraste entre seu passado e sua presente restauração de que agora desfrutavam.

Paulo fê-los lembrarem-se de sua anterior degradação moral, mas também de sua condição “religiosa” impotente conforme isto era visto pelos olhos dos judeus, condição esta que é aqui sumariada (resumida) pela palavra “incircuncisão”, que indica aqueles que estavam religiosamente separados dos pactos de Deus, não fazendo parte dos mesmos. Provavelmente não fazia muito tempo que aqueles irmãos gentios haviam sido libertos do paganismo, Paulo estava fazendo com que eles refletissem sobre a sua condição passada (sem Cristo) e sua condição presente (agora com Cristo).

Os gentios eram assim denominados pelos judeus geralmente como uma demonstração de desprezo.

Mas por meio de Cristo, os gentios (isto é, os não judeus) tornaram-se herdeiros da promessa e descendência de Abrão, pela fé (Gálatas 3.26-29).

1- Chamados Incircuncisão

1. O conceito de circuncisão.

 Na era antes de Cristo, além de mortos espiritualmente, os gentios eram desprezados pelos judeus e identificados como incircuncisos (Efésios 2.11).

Circuncisão (Efésios 2.11) é a remoção cirúrgica do prepúcio do órgão sexual masculino. Foi prescrito como sinal externo de quem pertencia ao povo da aliança com Deus. Essa era a marca do Pacto Abraâmico e deveria ser rigorosamente observada por todos do sexo masculino (Gênesis 17.10-11). O procedimento era realizado no oitavo dia de vida dos nascidos em Israel ou estrangeiros comprados a dinheiro (Gênesis 17.12; Levítico 12.3).
 
Na Bíblia não está registrado o passo-a-passo da execução do ritual, mas, na extração da pele que recobre o órgão sexual masculino aparentemente eram usados instrumentos cortantes de pedra (Êxodo 4.24-26).

2. O significado religioso da circuncisão.

Quem não era circuncidado era considerado “incircunciso” e, portanto, excluído da aliança (Gênesis 17.14). O significado religioso apontava para a pureza espiritual e a santificação (Êxodo 19.5,6).

Pelo fato de a corrupção e as práticas idólatras estarem fortemente ligadas as práticas sexuais ilícitas e a sexualidade depravada, a circuncisão representava a aliança de purificação requerida ao povo escolhido por Deus (Jeremias 5.7; Oséias 4.14; Gálatas 5.19). A circuncisão era algo tão sério que os judeus até mesmo se recusavam a comer com “incircuncisos” (Atos 11.3).

Alguns estudiosos acreditam que, para os antigos judeus, a circuncisão ficava (na visão dos antigos judeus) apenas abaixo da “guarda do sábado”.

3. A circuncisão do coração.

O Antigo Testamento enfatiza a circuncisão tanto no sentido espiritual quanto no sentido carnal. O Novo Testamento valoriza somente o sentido espiritual ao atribuir-lhe um significado mais profundo, relacionando-a com a crucificação e a ressurreição de Cristo.

Paulo mostra aos gentios que eles não faziam parte do pacto da circuncisão do Antigo testamento, mas, também mostra que a circuncisão dos judeus era um sinal físico feito por mãos humanas (Efésios 2.11b). Paulo explica aos irmãos Efésios que a “verdadeira circuncisão” não se tratava apenas de uma operação externa feita por seres humanos, mas a verdadeira circuncisão é aquela que foi feita no interior do coração (Romanos 2.29), este conceito de circuncisão não é uma inovação de Paulo, pois ocorre também no Antigo Testamento, veja o que diz Jeremias 9.26:

.. porque todas as nações são incircuncisas, e toda a casa de Israel é incircuncisa de coração. Jeremias 9.26b

O ato físico de circuncidar-se era apenas um sinal físico de um uma circuncisão no coração (isto é, no interior), os israelitas deveriam viver os princípios e a ética de Deus, muitos judeus eram (ou se circuncidavam), mas interiormente não viviam os princípios e a ética de Deus, ou seja, muitos israelitas eram apenas “religiosos”, tinham aparência de “servos aprovados por Deus”, mas não eram.

Assim, em Cristo, o sinal de quem pertence a Deus não é a circuncisão nem a incircuncisão, mas sim “o ser uma nova criatura” (Gálatas 6.15).

4. A circuncisão na nova aliança.

O assunto da circuncisão gerou discussões acaloradas entre judeus e gentios. Vejamos alguns versículos sobre isto:

2. Eis que eu, Paulo, vos digo que, se vos deixardes circuncidar, Cristo de nada vos aproveitará.
3. E, de novo, protesto a todo homem que se deixa circuncidar que está obrigado a guardar toda a lei.
Gálatas 5.2,3
Guardai-vos dos cães, guardai-vos dos maus obreiros, guardai- vos da circuncisão! Filipenses 3.2
1. Então, alguns que tinham descido da Judéia ensinavam assim os irmãos: Se vos não circuncidardes, conforme o uso de Moisés, não podeis salvar-vos.
2. Tendo tido Paulo e Barnabé não pequena discussão e contenda contra eles, resolveu-se que Paulo, Barnabé e alguns dentre eles subissem a Jerusalém aos apóstolos e aos anciãos sobre aquela questão.
 5. Alguns, porém, da seita dos fariseus que tinham crido se levantaram, dizendo que era mister circuncidá-los e mandar-lhes que guardassem a lei de Moisés.
6. Congregaram-se, pois, os apóstolos e os anciãos para considerar este assunto.
Atos 15.1,2,5,6

Vemos que Paulo sempre lutou para tirar o judaísmo de dentro do cristianismo, e hoje na época da “igreja contemporânea” muitos líderes religiosos (infelizmente) lutam para colocar o judaísmo dentro do cristianismo através de campanhas, cópias de arcas da aliança, cópias do tabernáculo e outras bizarrices, que fazem parecer que o sacrifício de Cristo não foi suficiente para resgatar e abençoar o seu povo. Lembre-se que nem Jesus, nem os apóstolos nunca orientaram o povo a fazer campanhas, cópias de arcas da aliança, tabernáculos, ungir objetos para quebras de maldições e etc.

Quanto a discussão sobre circuncisão, a resposta dos apóstolos, na direção do Espírito Santo       ( Atos 15.28,29) passou a enfatizar que na nova aliança “a circuncisão somos nós, que servimos a Deus no Espírito, e nos gloriamos em Jesus Cristo, e não confiamos na carne” (Filipenses 3.3).

2- Estranhos ao Concerto da Promessa

1. Uma vida sem Cristo.

...que, naquele tempo, estáveis sem Cristo, separados da comunidade de Israel e estranhos aos concertos da promessa, não tendo esperança e sem Deus no mundo.
Efésios 2.12

Quando Paulo diz: “naquele tempo”, refere-se a vida que os irmãos de Éfeso levavam sem Cristo, presos no paganismo, espiritualmente mortos, “estáveis sem cristo”, quer dizer que os gentios estavam sem a promessa messiânica, sem as vantagens e o pacto com Israel. A maior de todas essas vantagens é o próprio Cristo Jesus, o qual cumpriu as promessas feitas através dos profetas, dadas aos patriarcas israelitas.

Os gentios, antes da obra redentora de Cristo não tinham tais vantagens.
Uma vida sem Cristo é a maior de todas as tristezas, uma pessoa que leva uma vida fora de Cristo está sem as bençãos que Deus concede por intermédio de Cristo.

2. Separados da comunidade de Israel.

No versículo 12 de Efésios 2 ainda podemos refletir sobre 7 grandes perdas que os gentios tinham, e estas perdas estão presentes na vida de todos que se afastaram de Deus.
que, naquele tempo, estáveis sem Cristo, separados da comunidade de Israel e estranhos aos concertos da promessa, não tendo esperança e sem Deus no mundo.
Efésios 2.12

- Perda de comunhão, Gênesis 3.8
-Perda de alegria, Salmo 51.12
-Perda do lar, Lucas Lucas 15: .11-17
-Perda de paz, Romanos 3.17
-Perda de liberdade, Romanos 6.19
-Perda de esperança, Efésios 2.12
-Perda de autoridade, 2 Pedro 2.4

3. Alienados aos pactos das promessas.

Uma vez separados da comunidade de Israel, os gentios desconheciam totalmente os vários pactos que Deus estabelecera com os patriarcas israelitas.

Com relação aos gentios, Deus ainda não lhes havia estendido a mão (antes de Cristo) para lhes estabelecer uma relação baseada em uma aliança (isto é, o cumprimento dos pactos), mas, através de Cristo, Deus deu aos gentios a oportunidade de voltarem a se relacionar com seu criador.

No pacto que Deus estabeleceu com Abraão cerca de 1400 anos a.C, podemos perceber uma abertura para a inclusão dos demais povos (..em ti serão benditas todas as famílias da terra. Genesis 12.3b).

 Os judeus, no entanto, não se aperceberam desse detalhe, ou ignoraram essa possibilidade, não a entendendo, ou preferindo interpretá-la de outra maneira. Com o passar dos anos os judeus permitiram que o orgulho os fizesse se considerarem superiores a todos que não fossem judeus. Mas Deus nunca quis que os judeus tivessem esse pensamento.

Lembre-se que “qualquer tipo de orgulho torna-se a sala de espera para todo e qualquer tipo de fracasso” a curto, médio ou longo prazo.

3- Sem Esperança e Sem Deus

1. Desprovidos de esperança.

Esperança: confiança, acreditar que aquilo que se espera que aconteça acontecerá.
A esperança é tão importante que é uma das 3 virtudes destacadas por Paulo em 1 Coríntios 13.13.

A esperança infalível é aquela que é embasada na Palavra de Deus. Quando o indivíduo está na direção de Deus, sua esperança é infalível. Os gentios por estarem fora da direção de Deus, não tinham a verdadeira esperança. Eles eram destituídos da esperança de salvação e vida eterna.
Toda pessoa que anda fora da direção de Deus está na verdade, desprovida de (verdadeira e infalível) esperança.

2. Sem Deus no mundo.

A expressão “sem Deus” não significa que os gentios não serviam ou não acreditavam em divindades (1 Coríntios 8.4; Gálatas 4.8). Ao contrário, eles eram politeístas (ou seja, acreditavam na existência de vários deuses) e idólatras, acreditavam e adoravam muitos “deuses”, mas estavam sem o conhecimento do Deus que se havia revelado a Israel (Gênesis 17.1,2; Êxodo 3.1-10). No seu paganismo, viviam em total desconhecimento do Deus único e verdadeiro.

Isso implica concluir que os gentios estavam sendo conduzidos por falsos deuses que os mantinham em escravidão e densas trevas espirituais. Trata-se de uma descrição calamitosa. Felizmente, esse quadro foi alterado pela intervenção dos desígnios eternos do verdadeiro Deus (João 17.3). Na sequência do texto aos Efésios (2.13ss.), o apóstolo Paulo “compara a miséria original em que os gentios viviam antes de aceitarem a Cristo pela fé, com a felicidade em que foram integrados pela fé nele, de modo a fazer que a grande e misericordiosa bênção de Deus fosse a maior de todas”, tema que será abordado na próxima lição.

Conclusão:

Noutro tempo éramos incircuncisos e estávamos excluídos da aliança com Deus. Separados de Cristo e de Israel vivíamos alienados ao concerto da promessa, desesperançados e longe de Deus. Um dia, porém, a magnitude do amor divino circuncidou os nossos corações, aproximou-nos de Cristo e de Israel, incluiu-nos na esperança da promessa e revelou a nós o único e verdadeiro Deus. Bendito seja o seu santo nome para sempre!

Por Porf José Junior

Referências

Bíblia para pregadores e líderes Geziel Gomes,
Enciclopédia Bíblica R. N. Champlin,
Bíblia de Estudo Holman,
Bíblia de Estudo Pentecostal,
Livro de apoio 2º Trimestre de 2020- Adultos, E- Book Subsídios EBD – A igreja eleita,
Novo Comentário Bíblico com Recursos NT,
Apontamentos teológicos professor José Junior.






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..de graça recebestes, de graça dai.
Mateus 10.8b