A CONDIÇÃO
DOS GENTIOS SEM DEUS
Texto Áureo
Portanto,
lembrai-vos de que vós, noutro tempo, éreis gentios na carne e chamados
incircuncisão pelos que, na carne, se chamam circuncisão feita pela mão dos
homens; Efésios 2.11
A
maioria dos Efésios eram gentios (isto é não judeus). Paulo diz lembrai- vos.
Uma memória piedosa é aqui recomendada. O que Paulo queria dizer era que:
- Eles aguçassem o seu senso de
gratidão.
- Que se fortalecessem em sua fé.
- Que fizessem um claro contraste entre
seu passado e sua presente restauração de que agora desfrutavam.
Paulo
fê-los lembrarem-se de sua anterior degradação moral, mas também de sua
condição “religiosa” impotente conforme isto era visto pelos olhos dos judeus,
condição esta que é aqui sumariada (resumida) pela palavra “incircuncisão”, que indica aqueles
que estavam religiosamente separados dos pactos de Deus, não fazendo parte dos
mesmos. Provavelmente não fazia muito tempo que aqueles irmãos gentios haviam
sido libertos do paganismo, Paulo estava fazendo com que eles refletissem sobre
a sua condição passada (sem Cristo) e sua condição presente (agora com Cristo).
Os
gentios eram assim denominados pelos judeus geralmente como uma demonstração de
desprezo.
Mas
por meio de Cristo, os gentios (isto é, os não judeus) tornaram-se herdeiros da
promessa e descendência de Abrão, pela fé (Gálatas 3.26-29).
1-
Chamados Incircuncisão
1. O
conceito de circuncisão.
Na era antes de Cristo, além de mortos
espiritualmente, os gentios eram desprezados pelos judeus e identificados como
incircuncisos (Efésios
2.11).
Circuncisão
(Efésios 2.11)
é a remoção cirúrgica do prepúcio do órgão sexual masculino. Foi prescrito como
sinal externo de quem pertencia ao povo da aliança com Deus. Essa era a marca
do Pacto Abraâmico e deveria ser rigorosamente observada por todos do sexo
masculino (Gênesis
17.10-11). O procedimento era realizado no oitavo dia de vida dos
nascidos em Israel ou estrangeiros comprados a dinheiro (Gênesis 17.12; Levítico 12.3).
Na
Bíblia não está registrado o passo-a-passo da execução do ritual, mas, na
extração da pele que recobre o órgão sexual masculino aparentemente eram usados
instrumentos cortantes de pedra (Êxodo 4.24-26).
2. O
significado religioso da circuncisão.
Quem
não era circuncidado era considerado “incircunciso” e, portanto, excluído da
aliança (Gênesis
17.14). O significado religioso apontava para a pureza espiritual e
a santificação (Êxodo
19.5,6).
Pelo
fato de a corrupção e as práticas idólatras estarem fortemente ligadas as
práticas sexuais ilícitas e a sexualidade depravada, a circuncisão representava
a aliança de purificação requerida ao povo escolhido por Deus (Jeremias 5.7;
Oséias 4.14; Gálatas 5.19). A circuncisão era algo tão sério que os
judeus até mesmo se recusavam a comer com “incircuncisos” (Atos 11.3).
Alguns
estudiosos acreditam que, para os antigos judeus, a circuncisão ficava (na
visão dos antigos judeus) apenas abaixo da “guarda do sábado”.
3. A
circuncisão do coração.
O
Antigo Testamento enfatiza a circuncisão tanto no sentido espiritual quanto no
sentido carnal. O Novo Testamento valoriza somente o sentido espiritual ao
atribuir-lhe um significado mais profundo, relacionando-a com a crucificação e
a ressurreição de Cristo.
Paulo
mostra aos gentios que eles não faziam parte do pacto da circuncisão do Antigo
testamento, mas, também mostra que a circuncisão dos judeus era um sinal físico
feito por mãos humanas (Efésios 2.11b). Paulo explica aos irmãos Efésios
que a “verdadeira circuncisão” não se tratava apenas de uma operação externa
feita por seres humanos, mas a verdadeira circuncisão é aquela que foi feita no
interior do coração (Romanos 2.29), este conceito de circuncisão não é
uma inovação de Paulo, pois ocorre também no Antigo Testamento, veja o que diz
Jeremias 9.26:
..
porque todas as nações são incircuncisas, e toda a casa de Israel é
incircuncisa de coração. Jeremias 9.26b
O
ato físico de circuncidar-se era apenas um sinal físico de um uma circuncisão
no coração (isto é, no interior), os israelitas deveriam viver os princípios e
a ética de Deus, muitos judeus eram (ou se circuncidavam), mas interiormente
não viviam os princípios e a ética de Deus, ou seja, muitos israelitas eram apenas
“religiosos”, tinham aparência de “servos aprovados por Deus”, mas não eram.
Assim,
em Cristo, o sinal de quem pertence a Deus não é a circuncisão nem a
incircuncisão, mas sim “o ser uma nova criatura” (Gálatas 6.15).
4. A
circuncisão na nova aliança.
O
assunto da circuncisão gerou discussões acaloradas entre judeus e gentios.
Vejamos alguns versículos sobre isto:
2.
Eis que eu, Paulo, vos digo que, se vos deixardes circuncidar, Cristo de nada
vos aproveitará.
3.
E, de novo, protesto a todo homem que se deixa circuncidar que está obrigado a
guardar toda a lei.
Gálatas
5.2,3
Guardai-vos
dos cães, guardai-vos dos maus obreiros, guardai- vos da circuncisão! Filipenses
3.2
1.
Então, alguns que tinham descido da Judéia ensinavam assim os irmãos: Se vos
não circuncidardes, conforme o uso de Moisés, não podeis salvar-vos.
2.
Tendo tido Paulo e Barnabé não pequena discussão e contenda contra eles,
resolveu-se que Paulo, Barnabé e alguns dentre eles subissem a Jerusalém aos
apóstolos e aos anciãos sobre aquela questão.
5. Alguns, porém, da seita dos fariseus que tinham
crido se levantaram, dizendo que era mister circuncidá-los e mandar-lhes que
guardassem a lei de Moisés.
6.
Congregaram-se, pois, os apóstolos e os anciãos para considerar este assunto.
Atos
15.1,2,5,6
Vemos
que Paulo sempre lutou para tirar o judaísmo de dentro do cristianismo, e hoje
na época da “igreja contemporânea” muitos líderes religiosos (infelizmente)
lutam para colocar o judaísmo dentro do cristianismo através de campanhas,
cópias de arcas da aliança, cópias do tabernáculo e outras bizarrices, que
fazem parecer que o sacrifício de Cristo não foi suficiente para resgatar e
abençoar o seu povo. Lembre-se que nem Jesus, nem os apóstolos nunca orientaram
o povo a fazer campanhas, cópias de arcas da aliança, tabernáculos, ungir
objetos para quebras de maldições e etc.
Quanto
a discussão sobre circuncisão, a resposta dos apóstolos, na direção do Espírito
Santo ( Atos 15.28,29) passou a
enfatizar que na nova aliança “a circuncisão somos nós, que servimos a Deus no Espírito, e
nos gloriamos em Jesus Cristo, e não confiamos na carne” (Filipenses 3.3).
2-
Estranhos ao Concerto da Promessa
1. Uma vida
sem Cristo.
...que,
naquele tempo, estáveis sem Cristo, separados da comunidade de Israel e
estranhos aos concertos da promessa, não tendo esperança e sem Deus no mundo.
Efésios
2.12
Quando
Paulo diz: “naquele
tempo”, refere-se a vida que os irmãos de Éfeso levavam sem Cristo,
presos no paganismo, espiritualmente mortos, “estáveis sem cristo”, quer dizer
que os gentios estavam sem a promessa messiânica, sem as vantagens e o pacto
com Israel. A maior de todas essas vantagens é o próprio Cristo Jesus, o qual
cumpriu as promessas feitas através dos profetas, dadas aos patriarcas
israelitas.
Os
gentios, antes da obra redentora de Cristo não tinham tais vantagens.
Uma
vida sem Cristo é a maior de todas as tristezas, uma pessoa que leva uma vida
fora de Cristo está sem as bençãos que Deus concede por intermédio de Cristo.
2. Separados
da comunidade de Israel.
No
versículo 12
de Efésios 2
ainda podemos refletir sobre 7 grandes perdas que os gentios tinham, e estas
perdas estão presentes na vida de todos que se afastaram de Deus.
que,
naquele tempo, estáveis sem Cristo, separados da comunidade de Israel e
estranhos aos concertos da promessa, não tendo esperança e sem Deus no mundo.
Efésios
2.12
-
Perda de comunhão, Gênesis 3.8
-Perda
de alegria, Salmo
51.12
-Perda
do lar, Lucas Lucas
15: .11-17
-Perda
de paz, Romanos
3.17
-Perda
de liberdade, Romanos 6.19
-Perda
de esperança, Efésios
2.12
-Perda
de autoridade, 2
Pedro 2.4
3. Alienados
aos pactos das promessas.
Uma
vez separados da comunidade de Israel, os gentios desconheciam totalmente os
vários pactos que Deus estabelecera com os patriarcas israelitas.
Com
relação aos gentios, Deus ainda não lhes havia estendido a mão (antes de
Cristo) para lhes estabelecer uma relação baseada em uma aliança (isto é, o
cumprimento dos pactos), mas, através de Cristo, Deus deu aos gentios a
oportunidade de voltarem a se relacionar com seu criador.
No
pacto que Deus estabeleceu com Abraão cerca de 1400 anos a.C, podemos perceber
uma abertura para a inclusão dos demais povos (..em ti serão benditas todas as famílias da
terra. Genesis 12.3b).
Os judeus, no entanto, não se aperceberam
desse detalhe, ou ignoraram essa possibilidade, não a entendendo, ou preferindo
interpretá-la de outra maneira. Com o passar dos anos os judeus permitiram que
o orgulho os fizesse se considerarem superiores a todos que não fossem judeus.
Mas Deus nunca quis que os judeus tivessem esse pensamento.
Lembre-se
que “qualquer tipo de orgulho torna-se a sala de espera para todo e qualquer
tipo de fracasso” a curto, médio ou longo prazo.
3-
Sem Esperança e Sem Deus
1. Desprovidos
de esperança.
Esperança:
confiança, acreditar que aquilo que se espera que aconteça acontecerá.
A
esperança é tão importante que é uma das 3 virtudes destacadas por Paulo em 1 Coríntios 13.13.
A
esperança infalível é aquela que é embasada na Palavra de Deus. Quando o
indivíduo está na direção de Deus, sua esperança é infalível. Os gentios por
estarem fora da direção de Deus, não tinham a verdadeira esperança. Eles eram
destituídos da esperança de salvação e vida eterna.
Toda
pessoa que anda fora da direção de Deus está na verdade, desprovida de
(verdadeira e infalível) esperança.
2. Sem Deus
no mundo.
A
expressão “sem Deus” não significa que os gentios não serviam ou não
acreditavam em divindades (1 Coríntios 8.4; Gálatas 4.8). Ao contrário, eles
eram politeístas (ou seja, acreditavam na existência de vários deuses) e
idólatras, acreditavam e adoravam muitos “deuses”, mas estavam sem o
conhecimento do Deus que se havia revelado a Israel (Gênesis 17.1,2; Êxodo 3.1-10). No
seu paganismo, viviam em total desconhecimento do Deus único e verdadeiro.
Isso
implica concluir que os gentios estavam sendo conduzidos por falsos deuses que
os mantinham em escravidão e densas trevas espirituais. Trata-se de uma
descrição calamitosa. Felizmente, esse quadro foi alterado pela intervenção dos
desígnios eternos do verdadeiro Deus (João 17.3). Na
sequência do texto aos Efésios (2.13ss.), o apóstolo Paulo “compara a miséria
original em que os gentios viviam antes de aceitarem a Cristo pela fé, com a
felicidade em que foram integrados pela fé nele, de modo a fazer que a grande e
misericordiosa bênção de Deus fosse a maior de todas”, tema que será abordado
na próxima lição.
Conclusão:
Noutro
tempo éramos incircuncisos e estávamos excluídos da aliança com Deus. Separados
de Cristo e de Israel vivíamos alienados ao concerto da promessa,
desesperançados e longe de Deus. Um dia, porém, a magnitude do amor divino
circuncidou os nossos corações, aproximou-nos de Cristo e de Israel,
incluiu-nos na esperança da promessa e revelou a nós o único e verdadeiro Deus.
Bendito seja o seu santo nome para sempre!
Por
Porf José Junior
Referências
Bíblia
para pregadores e líderes Geziel Gomes,
Enciclopédia
Bíblica R. N. Champlin,
Bíblia
de Estudo Holman,
Bíblia
de Estudo Pentecostal,
Livro
de apoio 2º Trimestre de 2020- Adultos, E- Book Subsídios EBD – A igreja
eleita,
Novo
Comentário Bíblico com Recursos NT,
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teológicos professor José Junior.
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graça recebestes, de graça dai.
Mateus
10.8b