A ILUMINAÇÃO
ESPIRITUAL DO CRENTE
Texto Áureo
Para que o Deus de nosso Senhor Jesus
Cristo, o Pai da glória, vos dê em seu conhecimento o espírito de sabedoria e
de revelação,
Efésios 1.17
As
palavras “o Deus de nosso Senhor Jesus Cristo”,
devem ser comparadas com Efésios 1.3 ( ..o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo..), o
Senhor Jesus chamava o Pai de “meu Deus” ( João
20.17), o Pai era o “Deus de Jesus” desde que o filho tomou sobre si
mesmo a forma humana, embora Deus, Jesus e o Espírito Santo sejam um em
essência, são 3 personalidades diferentes por assim dizer, embora muitos
teólogos digam que na trindade há igualdade, isto é verdade apenas em certo
sentido, é verdade no sentido de que os 3 são Deus ( isto é visível nas
Escrituras, principalmente no Novo Testamento), mas é Deus Pai quem dita as
regras, por assim dizer, isto é biblicamente inegável.
A
expressão “o Pai da glória” significa que é
Deus quem confere glória, Ele é a fonte da glória, não há nada e nem ninguém
mais glorioso do que o Pai.
Na
frase “vos dê em seu conhecimento o espírito de
sabedoria e de revelação”, não podemos ter a certeza de se a palavra “espírito” aqui se refere ao Espírito Santo ou a
outro espírito ou atitude qualquer, por quê o texto grego não deixa isto bem
claro, por isso não temos meios de distinguir se está em foco o Espírito Santo
ou um espírito ( atitude, disposição) do coração, por assim dizer.
Mas
como é óbvio, não há outro meio de alguém adquirir sabedoria divina a não ser
através do Espírito Santo de Deus. O que Paulo queria dizer, provavelmente é
que, a parte espiritual do ser humano, iluminada pelo Espírito Santo será
possuidora de sabedoria divina ( desde que, o ser humano busque essa sabedoria
divina, através do “andar em obediência a Deus e sua Palavra”), esta é a
oração, o desejo de Paulo e também um ensino para os irmãos de Éfeso ( e é
claro para nós também).
1 – A Esperança da Vocação e as Riquezas da
Glória.
1.
Ação de graças e
intercessão.
Paulo ensina que os salvos precisam ser iluminados Pelo
Espírito Santo para compreenderem quais são a esperança da vocação e as
riquezas da glória da sua herança. Afinal é o Espírito Santo quem convence o
ser humano da justiça, do juízo e do pecado (João
16.8), sem a iluminação do Espírito Santo é impossível “enxergar o
caminho, conhecê-lo e permanecer nele”, por assim dizer.
Em Efésios 1.16-19, vemos
que Paulo ora para que Deus permita que sua “igreja” tenha mais conhecimento
sobre Deus e sua Palavra.
16. não cesso
de dar graças a Deus por vós, lembrando-me de vós nas minhas orações,
17. para que o Deus de
nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai da glória, vos dê em seu conhecimento o
espírito de sabedoria e de revelação,
18. tendo iluminados os
olhos do vosso entendimento, para que saibais qual seja a esperança da sua
vocação e quais as riquezas da glória da sua herança nos santos
19. e qual a
sobreexcelente grandeza do seu poder sobre nós, os que cremos, segundo a
operação da força do seu poder,
Efésios 1.16-19
É muito interessante notar que nas orações que Paulo fez
na prisão (Efésios 1.15-23; 3.14-21; Filipenses
1.9-11; Colossenses 1.9 12),encontramos as bênçãos que ele desejava que
seus convertidos desfrutassem. Em nenhuma dessas orações, ele pede coisas
materiais. Sua ênfase é sobre a percepção espiritual e sobre o verdadeiro
caráter cristão. Não pede que Deus lhes dê aquilo que não têm, mas sim que Deus
lhes revele o que já possuem (quando estava em prisão Paulo escreveu as cartas
aos Efésios, Filipenses, Colossenses e Filemom).
Reflita sobre, como tem sido as suas orações, sobre qual tem
sido o foco das suas orações, você tem pedido para que Deus o ilumine e lhe dê
mais conhecimento sobre Ele e sua Palavra, ou o foco das suas orações sem sido,
bençãos materiais ou talvez até que Deus lhe dê vitória sobre aqueles que estão
sendo usados pelo inimigo?
Você tem sido grato a Deus por tudo o que ele fez, faz e
fará por você e pelos seus familiares e amigos?
Tem havido gratidão em suas orações?
Paulo não cessava de agradecer e reconhecer o agir de Deus
na vida dele e na vida da “igreja”, Paulo também não cessava de interceder
(pedir, rogar, suplicar) em favor dos irmãos. Que venhamos a
aprender com a atitude do apóstolo.
2.
A esperança da vocação.
Em sua petição a Deus, Paulo intercede para que o Espírito
Santo ilumine os crentes a fim de saberem“qual seja a esperança da sua
vocação”(Efésios1.18).
Tendo iluminados os
olhos do vosso entendimento, para que saibais qual seja a esperança da sua
vocação,
e quais as riquezas da glória da sua herança nos santosEfésios 1.18
Era comum entre o povo judeu orar por “olhos iluminados”
para entender a Palavra de Deus. O Antigo Testamento também menciona a ideia de
“abrir os olhos” para a Palavra de Deus (Salmo 119.18),
ou para outras realidades espirituais (2 Reis 6.17).
A iluminação espiritual do cristão refere-se a obra
sobrenatural do Espírito Santo sobre a mente humana tornando-a apta para
compreender os mistérios divinos, essa iluminação espiritual começa quando se
ouve a Palavra de Deus (Romanos 10.17),
quando se lê a Palavra de Deus ( João 5.39)
e quando se obedece a Palavra de Deus (2 Coríntios
5.7).
É fundamental que o cristão nunca pare de aprender e
conhecer sobre Deus e sua Palavra, o cristão precisa ser santo e se santificar
a cada dia mais, o cristão precisa conhecer os seus direitos e deveres como
membro da “igreja” de Cristo.
Você como cristão, precisa estar mais próximo de Deus hoje
do que estava ontem, precisa conhecer mais sobre Deus hoje, do que conhecia
ontem.
É impossível o cristão poder dizer; Eu estou do mesmo jeito
agora do que estava a 2 anos atrás, ou você está melhor agora ou está
regredindo na sua caminhada com Deus.
Paulo se preocupava e orava incessantemente para que os
irmãos se aprofundassem no conhecimento sobre Deus e sua Palavra.
Para que o cristão nunca perca ou diminua a sua esperança e
fé em Deus e sua Palavra é preciso se aprofundar a cada dia mais no
conhecimento sobre Deus e sua Palavra.
3.
As riquezas da glória da
sua herança.
Na oração, o apóstolo pede para que os crentes entendessem
“as
riquezas da glória da sua herança” (Efésios
1.18b). A expressão “sua herança” enfatiza o que Deus deu aos seus
eleitos, veja Colossenses 1.12.
Dando graças ao
Pai, ( Paulo nunca se esquecia de agradecer a Deus pelas bençãos
recebidas) que nos fez
idôneos (A palavra “idôneos” tem o sentido de “preparado, qualificado,
adequado, ou seja, aqueles que recebem Cristo estão adequados, qualificados,
preparados para participar da herança dos santos) para participar da herança dos santos ( A
herança dos santos é tudo quanto Deus nos dá em Cristo e através dele) na luz ( A
palavra luz aqui está associada a retidão, a presença, a glória e majestade de
Deus, bem como a sua presença).Colossenses 1.12
O termo “riquezas” em Efésios
1.18, refere-se às maravilhosasbênçãos que acompanham oplano da
salvação, tais como: o perdãodos pecados, a adoção de filhos e asbênçãos que
serão desfrutadas no porvir e etc., (Colossenses
1.27; 1 Pedro 1.4,5).
2 – A Sobre- Excelente
Grandeza e Força do Poder Divino
1. A sobre-excelente grandeza do seu poder.
Na época de Paulo (e hoje
não é muito diferente) o mundo era cheio de pessoas que cultuavam outros
deuses, havia inúmeras divindades tais como Atena (deusa da sabedoria)
era muito cultuada na Grécia antiga e em várias partes da Ásia menor, por sua
“entre aspas”, “sabedoria”.
Havia também o deus Zeus
(considerado o rei dos deuses), havia também Caos, considerado o
primeiro deus a surgir no universo, dentre inúmeras outras “divindades”.
E Paulo conhecia toda esta
crença, por isso Paulo explica aos Efésios detalhadamente sobre Deus, Jesus, e
o Espírito Santo, a fim de fazê-los entender que Deus existia antes da fundação
do mundo (Efésios 1.3,4) e não o “deus
Caos”, que Deus é muito mais sábio do que Atena e outros deuses ( Efésios 1.4), capaz de eleger e predestinar antes
da fundação do mundo, que Deus é muito mais poderoso do que Zeus por criar e
sustentar o universo ( Efésios 1.3).
Paulo falava e explicava
detalhadamente sobre Deus, Jesus e o Espírito Santo a fim de “tirar da cabeça
de todos”, por assim dizer, as crenças e mitos pagãos.
Paulo mostrava que Deus é
todo poderoso e que nada e nem ninguém pode se comparar a Deus e a grandeza de
seu poder, precisamos ter em mente que, em Éfeso e em todo o mundo antigo,
havia um grande “pano de fundo” em volta da igreja primitiva, e este “pano de
fundo” era a crença e o culto a várias
divindades, havia várias histórias e mitos sobre o surgimento de “divindades”,
sobre a criação do mundo, sobre a sabedoria dos deuses e etc.
Paulo lutava para tirar todas estas crenças
pagãs da “igreja” e arredores.
Paulo ensinava que só Deus
é o todo poderoso, para fazer tudo o que fez e para fazer tudo o que prometeu
fazer.
2. A força do poder divino.
Em Efésios
1.19 Paulo diz:
E qual a sobreexcelente grandeza do seu poder sobre nós, os que cremos,
segundo a operação da força do seu poder,
Efésios 1.19
O que Paulo queria dizer é
que, o poder de Deus é inigualável.
O poder de Deus é extraordinário
e supera todo e qualquer outro poder. Esse maravilhoso poder opera no interesse
de salvar a humanidade caída.
Lembre-se que havia um
“grande pano de fundo” ( a crença e o culto a várias divindades), e Paulo se
esforçava para fazer os irmãos compreenderem que Deus é todo poderoso de
maneira tal que enviou a Cristo, resgatou os que “creem” e preparou bençãos
indizíveis, nos adotou e tornou-se nosso Pai, graças a obra redentora de Cristo
e tudo isto Deus já havia preparado antes da fundação do mundo ( Efésios 1.3-14).
Paulo explicava tudo isto
em detalhes, para refutar o “grande pano de fundo” da crença em outras
divindades e nas histórias famosas oriundas (originárias) do paganismo.
No mundo grego dos tempos
dos apóstolos, o deus grego “Zeus” também era considerado como o “pai
dos deuses” e também o “pai dos homens”.
Paulo explicava em detalhes
que Deus era o todo poderoso, por suas obras incomparáveis.
O próprio Deus deixa bem
claro nas Escrituras que Ele é o Deus todo poderoso (Gênesis
17.1; Salmo 62.11; Ezequiel 10.5; Isaías 43.13; Jeremias 32.27; Lucas 1.37).
3 – Cristo Nosso Exemplo de Exaltação
1. Cristo: As primícias dos que dormem.
Paulo enfatiza que o poder de Deus se “manifestou em Cristo, ressuscitando -o dos mortos”.
20. que manifestou em
Cristo, ressuscitando-o dos mortos e pondo-o à sua direita nos céus,
21. acima de todo
principado, e poder, e potestade, e domínio, e de todo nome que se nomeia, não
só neste século, mas também no vindouro.
22. E sujeitou todas as
coisas a seus pés e, sobre todas as coisas, o constituiu como cabeça da igreja,
23. que é o seu corpo,
a plenitude daquele que cumpre tudo em todos.
Efésios 1.20-23
Paulo mostra que Deus com seu inigualável poder ressuscitou
a Cristo e lhe deu uma posição acima de todo principado e poder, e potestade e
domínio e de todo o nome que se nomeia não só neste século, mas também no
vindouro.
Em outras palavras, Paulo estava mostrando aquela “igreja” e
ao mundo daquela época, que Deus é tão poderoso que colocou Cristo acima de
todas as “divindades” existentes e respeitadas naquela época e também acima de
qualquer “ser” ou poder existente. (Efésios 1.21,22),
Paulo mostrava que Cristo estava acima dos deuses gregos e acima de todo
governo humano e acima de qualquer poder pagão.
Paulo também mostrava que o mesmo poder de Deus que
ressuscitou a Cristo e o colocou em uma posição inigualável também está
disponível para agir na vida daqueles que servem a Deus.
6. e nos ressuscitou
juntamente com ele, e nos fez assentar nos lugares celestiais, em Cristo Jesus;
7. para mostrar nos
séculos vindouros as abundantes riquezas da sua graça, pela sua benignidade
para conosco em Cristo Jesus.
8. Porque pela graça
sois salvos, por meio da fé; e isso não vem de vós; é dom de Deus.
9. Não vem das obras,
para que ninguém se glorie.
10. Porque somos
feitura sua, criados em Cristo Jesus para as boas obras, as quais Deus preparou
para que andássemos nelas.
Efésios 2.6-10
2. Cristo elevado a direita de Deus.
Analisemos
o que diz Efésios 1.20:
que manifestou em Cristo,
ressuscitando-o dos mortos e pondo-o à sua direita nos céus,
Efésios 1.20
Em Efésios 1.20está em foco a ascensão de Cristo como
cumprimento da promessa messiânica “Disse o Senhor ao meu Senhor: Assenta-te à minha mão direita(Salmo 110.1a).
Estêvão, o primeiro mártir cristão, contemplou
o Cristo ressurreto à direita de Deus (Atos 7.56).
Tanto
a ressurreição quanto a ascensão (elevação) de Cristo são obras do poder de
Deus. Quanto a ressurreição, havia uma oração diária judaica que via a
habilidade divina de ressuscitar os mortos no futuro como sendo o principal
exemplo do grande poder de Deus.
Efésios 1.20 diz que Deus o colocou a
sua direita nos céus. A posição “ao lado direito” de um governante era uma
posição de grande honra e autoridade. Assentar-se a direita de Deus significava
ser entronizado como o governante do cosmo (do universo em sua totalidade).
3. Cristo exaltado sobremaneira.
Cristo foi exaltado acima
de toda eminência dobem e do mal e de todo título que se possa conferir nessa
era e também no porvir. O resultado desse triunfo traz duplo benefício para a
Igreja: primeiro,que Deus fez Cristo o cabeça da Igreja (Efésios 1.22); e, segundo, que Deus designoua Igreja
para ser a expressão plena de Cristo (Efésios 1.23).
Isso significa que nenhumpoder pode prevalecer contra a Igrejado Senhor (Mateus 16.18).
Na época de Paulo os judeus
em geral reconheciam que poderes demoníacos/ou angelicais atuavam por trás das
estruturas políticas do mundo.
Os pagãos em geral
acreditavam nas suas várias divindades pagãs e na influência das mesmas na
humanidade.
Paulo tinha de “lutar” para
fazer com que todos (não apenas os irmãos de Éfeso, mas de todas as partes)
entendessem que Deus é o todo poderoso e que Deus exaltou a seu Filho Jesus
Cristo acima de todas as divindades, forças e poderes.
Conclusão:
Embevecido com as bênçãos
espirituais,Paulo mantém adoração contínua ao Eterno Deus, atitude que deve ser
seguida por todos os salvos. A compreensão das dádivas da salvação demonstra o
excelso valor daquilo que Deus fez por nós. Seus atos poderosos viabilizam a
transformação e a glorificação dos que creem. Aleluia!
Por = Professor José Junior
Fontes:
Enciclopédia Bíblica R. N.
Champlin,
Livro de Apoio do 2°
Trimestre de 2020,
E-BOOK: Subsídios EBD 20- A
Igreja Eleita,
Comentário Histórico
Cultural da Bíblia Craig S. Keener, Apontamentos teológicos professor José
Junior
A Iluminação
Espiritual do Crente
Texto Áureo
“Para
que o Deus de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai da glória, vos dê em seu
conhecimento o espírito de sabedoria e de revelação,” (Ef 1.17)
Verdade
Prática
A
vocação do crente inclui a herança de preciosas riquezas conferidas aos eleitos
pela grandeza do poder de Deus.
LEITURA
BÍBLICA EM CLASSE = Efésios 1.15-23
INTRODUÇÃO
A importância da oração para o apóstolo
Paulo tinha vital importância em seu ministério. Aos crentes de Éfeso, no
versículo anterior, ele mesmo escreveu dizendo que rogava constantemente ao
Senhor para que lhes desse um espírito de sabedoria e entendimento das coisas
do Alto, de modo que pudessem compreender a palavra do Senhor e fossem corretamente
instruídos da sã doutrina legada a todos os santos. Agora, após esta primeira
sentença petitória diante do Criador, o apóstolo se põe a clamar que o Senhor
também confirme em seus corações a esperança que possuíam em Cristo, a fim de
que pudessem ter um melhor entendimento da vida com o Salvador.
A ESPERANÇA DA VOCAÇÃO E AS RIQUEZAS DA GLORIA
Observemos a sequência que a Santa Palavra nos revela:
Em primeiro lugar, Paulo
parte da pressuposição de que o Senhor de fato lhes daria um espírito de sabedoria
em revelação. Notemos como ele diz que, "Tendo
iluminados os olhos do vosso entendimento" - isto é, devido ao espírito de
entendimento concedido graciosamente pelo Senhor, os crentes teriam os olhos do
seu entendimento (uma linguagem antropomórfica) iluminados e já não seriam mais
desconhecedores da eterna revelação de Deus.
Em segundo lugar, uma vez
iluminados, a igreja de Éfeso seria cônscia de seus deveres para com o Senhor -
"para que saibais".
Em terceiro lugar, uma vez
tendo deixado da ignorância quanto ao mistério do Senhor (v. 9) e abandonado os
rudimentos deste mundo, passariam a conhecer "qual seja a esperança da sua vocação".
E, em quarto lugar, o
apóstolo clama ao Senhor para que não somente soubessem das coisas no presente
tempo, mas sim que anelassem e firmemente fossem estimulados a algo superior -
"quais as riquezas da glória da sua
herança nos santos".
Assim, se tem um pequeno vislumbre de
como a oração pelos irmãos deve ser tratada. Não devemos somente orar
por questões terrenas como curas e livramentos de males físicos, mas igualmente
precisamos recordar da grandiosa importância de rogar para que o Senhor
fortaleça a todos os irmãos e irmãs sobre a necessidade de olharem para trás e
recordarem do sacrifício de Cristo e também olharem para frente e colocarem as
suas esperanças não no presente momento, e sim nas coisas futuras que todos os
santos haverão de herdar - "Portanto nós também, pois que estamos
rodeados de uma tão grande nuvem de testemunhas, deixemos todo o embaraço, e o
pecado que tão de perto nos rodeia, e corramos com paciência a carreira que nos
está proposta" (Hb 12.1).
O autor de Hebreus é enfático ao dizer
que precisamos deixar " todo o embaraço, e o pecado que tão
de perto nos rodeia". À semelhança do cego Bartimeu
que após ter sido curado lançou para fora de si sua capa (Mc 10.46-52), os cristãos também precisam deixar tudo aquilo que
neste mundo lhes impede de correr e "segui[r] a Jesus pelo caminho" (v. 52). Não há melhor crente neste mundo do que aquele que deixa
tudo para seguir o mestre e salvador de suas vidas. Bartimeu pôde ouvir as
melhores palavras um homem poderia receber: "Tem bom ânimo; levanta-te, que ele te chama" (v. 49). Sim! Jesus mandou chamar um cego, um pobre homem
destituído da glória de Deus, imundo em seus pecados, mas que haveria de ser
salvo pela graça!
Isto nos leva a quatro aplicações do
presente versículo que estamos a analisar.
1. O cristão tem o seu entendimento
iluminado - "Tendo iluminados os olhos do vosso entendimento".
A palavra do Senhor não consiste em uma
coletânea de boas sugestões e meros princípios norteadores de práticas
cotidianas. As Sagradas Escrituras são o guia, a linha mestra, o norte e o
campo magnético de todo o cristão neste mundo. Sendo isto de fato verdade,
então é mister que compreendamos que uma vez tendo recebido "o espírito de sabedoria e de revelação"
(Ef 1.17), desdobra-se com alta
clarividência que o entendimento, anteriormente obscurecido pelo pecado e cego
para a revelação Eterna, agora passa a ser iluminado.
O homem em Cristo em Jesus já não vive
mais envolto em trevas, pois passou da escuridão para luz - "O povo, que estava assentado em trevas, Viu uma grande luz; E, aos que
estavam assentados na região e sombra da morte, A luz raiou" (Mt 4.16). O espírito de sabedoria revela e abre os olhos do entendimento. Não é
possível crermos que o coração do homem, sem qualquer influência divina, possa
abrir os seus próprios olhos e passar a enxergar a beleza da santidade e
salvação no Senhor. O crente verdadeiramente transformado pelo Senhor é alguém
que transborda de alegria, pois tal qual as escamas caíram dos olhos do
apóstolo Paulo e ele passou a ver (At
9.17-18), assim também se depreende a transformação que o Senhor efetua em
todos os eu filhos. Todavia, ao homem não regenerado resta somente chorar
a sua miséria, lamentar por suas feridas expostas e ir definhando rumo à
sepultura eterna.
Que possamos, aqui, refletir em nossos
corações se de fato temos recebido o entendimento; se temos nos desembaraçado
de todo vil pecado que nos assedia; se as escamas têm caído de nossos olhos e
podemos enxergar "as riquezas da glória da sua herança nos
santos". Um cristão convicto de seu
pecado não é alguém morno e indiferente para o evangelho, mas sim um homem que
valentemente combate o bom combate, acaba a carreira que lhe foi proposta
e guarda a fé em seu íntimo (2Tm 4.7).
2. O cristão passa a enxergar o reino
de Deus - "para
que saibais".
O cristão é alguém repleto de
conhecimento de Deus. Todavia, embora muitas vezes não saiba expressar
exatamente aquilo que pensa e nem defender todas as doutrinas estabelecidas na
Bíblia, sabe dizer como fez o cego curado em Siloé - "uma coisa sei, é que, havendo eu sido cego, agora vejo" (Jo 9.25). Esta é a
atitude de um verdadeiro cristão: ele reconhece sua miséria anterior e passa
desfrutar de uma nova vida em Cristo Jesus. Ainda que o cego de Siloé não fosse
um mestre da lei ou algum outro erudito da época, ele sabia delinear a
diferença entre sua vida passada e a que levava agora com a cura advinda do
Senhor. É necessário que os cristãos compreendam que precisam saber trazer uma
linha divisória entre o "antes" e "depois" da
conversão.
Aqui, que cada um responda em seu
coração se de fato conhece a respeito do Senhor. Que possa se lembrar das
palavras divinas que dizem: "Assim que, se alguém está em Cristo, nova
criatura é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo" (2 Co 5.17).
Sob nenhuma hipótese podemos acreditar
que alguém pode estar em Cristo e continuar a viver na prática deliberada do
pecado - "Sabendo isto, que o nosso homem velho foi
com ele crucificado, para que o corpo do pecado seja desfeito, para que não
sirvamos mais ao pecado" (Rm 6.6).
Embora o cristão ainda lute ferozmente
- no poder do Espírito Santo - contra o pecado e frequentemente leve duros
golpes nesta batalha, uma coisa lhe é patente e visível em sua vida: ele não
serve mais ao pecado, pois é servo de Cristo. Observemos como os próprios
apóstolos afirmavam isto em suas cartas:
"Tiago, servo de
Deus, e do Senhor Jesus Cristo" (Tg 1.1);
"Judas, servo de
Jesus Cristo" (Jd 1.1);
"Paulo, servo de
Jesus Cristo" (Rm 1.1);
"Simão
Pedro, servo e apóstolo de Jesus Cristo" (2 Pe 1.1).
Assim como eles, os cristãos também
precisam compreender que após terem descoberto o mistério da vontade de Deus (Ef. 1.9) e terem seus olhos do
entendimento iluminados, já não podem mais viver como outrora; precisam
diligentemente passar a vislumbrar novas concepções, ideias, filosofias e
ensinamentos. O apóstolo não ora para que "talvez vós saibais" - pelo
contrário, é cirúrgico em dizer "para que saibais", como que instruindo os irmãos de Éfeso sobre que se isso não
acontecesse na vida de alguns, seria bastante provável que ainda não
tivessem reconhecido o senhorio de Cristo e nunca houvesse sido verdadeiramente
transformados pelo Poder.
3. O cristão vive com uma esperança
superior a que o mundo oferece - "qual
seja a esperança da sua vocação".
Uma vez tendo o entendimento alinhado
com a revelação da vontade de Deus e sendo conhecedor das bênçãos eternas e
celestiais em Cristo (Ef 1.3), o
cristão passa a ter descortinado diante de si uma nova e viva esperança neste
mundo. Assim como centurião romano, embora fosse homem com certa autoridade
militar, achou graça diante do Senhor que curou seu filho (Mt 8.5-10), também os fieis em Cristo precisam compreender que
mais vale a esperança da salvação do que as ovações e poderes recebidos de
homens vis e pecadores.
Também é importante notar como que não
devemos viver neste mundo, isto é, precisamos levar cativo as palavras de
Hebreus que nos dizem: "Saiamos, pois, a ele fora do arraial, levando
o seu vitupério. Porque não temos aqui cidade permanente, mas buscamos a futura" (Hb 13.13-14). O
cristão não deposita seu tesouro e esperança neste mundo, pois é alertado de
que, "Porque onde estiver o vosso tesouro, aí
estará também o vosso coração" (Mt 6.21). A vida cristã precisa ser radicalmente oposta ao que o
mundo vive:
- "Dei-lhes
a tua palavra, e o mundo os odiou, porque não são do mundo, assim como eu não
sou do mundo" (Jo 17.14);
- "E
não sede conformados com este mundo, mas sede transformados pela renovação do
vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável, e
perfeita vontade de Deus" (Rm 12.2).
- "Mas a nossa cidade está nos céus, de onde também esperamos o Salvador, o
Senhor Jesus Cristo" (Fp 3.20).
Uma vez que o cristão compreende a sua
esperança, ele trabalha arduamente em sua vocação. Chega a ser uma extrema
insensatez afirmar que se é um cristão e viver para ajuntar "tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem tudo consomem, e onde os
ladrões minam e roubam" (Mt 6.19). É tão estúpido proceder desta forma como um homem que
após receber a maior recompensa deste mundo, vai, recebe o prêmio e queima-o
por completo. O modo de viver do cristão deve ser de desapego as coisas
materiais (embora elas sejam também uma bênção de Deus). A atitude do cristão
deve ser de ajuntar "tesouros no céu, onde nem a traça nem a
ferrugem consomem, e onde os ladrões não minam nem roubam" (Mt 6.20).
O cristão igualmente compreende sua
vocação: "Vós sois o sal da terra" (Mt 5.13) e "Vós sois a luz do mundo" (Mt 5.14). Embora seja verdadeiro que o sal e a luz tenham
propriedades (também), respectivamente, de dar gosto e revelar as coisas
ocultas, também é fato de que ambos os elementos são muitas vezes desgostosos
para as pessoas. Jogue sal por cima de uma ferida exposta e você entenderá o
que Jesus está dizendo; acenda um grande holofote de luz enquanto alguém está
dormindo e você entenderá o modo com o mundo lhe tratará. A vocação do cristão
precisa ser absurdamente diferente daquele que o mundo vive.
Enquanto os ímpios maquinam o mau e
vivem para ser próprios prazeres, o crente precisa encher os pulmões com o ar
do Senhor e firmemente bradar: "Já estou crucificado com Cristo; e vivo,
não mais eu, mas Cristo vive em mim; e a vida que agora vivo na carne, vivo-a
na fé do Filho de Deus, o qual me amou, e se entregou a si mesmo por mim" (Gl 2.20).
4. O cristão compreende que possui mais
riquezas que todos os homens da terra - "quais as riquezas da glória da sua herança nos santos".
Costuma-se dizer que o dinheiro não
compra a felicidade - e isto é bastante verdadeiro. Entretanto, há uma riqueza
que não somente nos fornece felicidade, mas também imortalidade: as riquezas da
glória de Cristo.
As riquezas que o Senhor tem preparado
para todos os Seus filhos é demasiadamente bela, incalculavelmente grande e
abismalmente mais profunda do tudo o que o homem possui na terra. "Outrossim, o reino dos céus é semelhante ao homem, negociante, que busca
boas pérolas; E, encontrando uma pérola de grande valor, foi, vendeu tudo
quanto tinha, e comprou-a" (Mt 13.45-46).
Observe que a parábola de Jesus nos
fala sobre um homem que negociava pérolas, isto é, ele já possuía algumas e
frequentemente as vendia, trocava e adquiria novas. Mas um dia este homem
encontrou "uma pérola de grande valor".
Assim como este homem ao encontrar tal
preciosidade "foi, vendeu tudo quanto tinha, e
comprou-a" (moradia, meio de transporte,
barcos, tendas), igualmente o cristão precisa compreender que nos céus há uma
riqueza muito mais elevada do que tudo o que ele julga possuir nesta vida.
Isto nos estimula, por fim, a ansiarmos
e frequentemente nos recordarmos de que um dia haveremos de ter todo o choro e
lágrima enxugados de nossas faces. Porém, só cessarão as lágrimas daqueles que
viveram neste mundo com um coração contrito e que semearam com súplicas e rogos
da bênção divina, afinal, que lágrimas haveriam de ser enxugadas daqueles que
nunca labutaram e sofreram pela causa de Cristo? Tais homens
ouvirão: "Nunca vos conheci; apartai-vos de mim,
vós que praticais a iniqüidade" (Mt 7.23).
Que o Senhor nos estimule a pensarmos
em coisas mais elevadas, em termos as posses deste mundo como sendo
completamente passageiras e destituídas de qualquer relevância eterna para
nossas almas. Pela graça do Senhor, que Ele nos leve a um maior conhecimento de
Sua palavra e Sua revelação, de modo que possamos ressoar em uníssono as
palavras do apóstolo: "E, na verdade, tenho também por perda
todas as coisas, pela excelência do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor;
pelo qual sofri a perda de todas estas coisas, e as considero como escória,
para que possa ganhar a Cristo" (Fp 3.8).
A SOBRE EXCELENTE GRANDEZA E FORÇA DO PODER DIVINO
"E qual a sobreexcelente grandeza do seu poder sobre nós, os
que cremos, segundo a operação da força do seu poder" (Ef
1.19).
Aqui, se vislumbra a continuação necessária da
oração de Paulo. Após ter instado e proclamado aos irmãos (no versículo
anterior) sobre que o Senhor de fato iria continuamente lhes abrir "os
olhos do vosso entendimento" para que eles soubessem "qual
seja a esperança da sua vocação, e quais as riquezas da glória da sua herança
nos santos", no presente versículo o apóstolo escreve sobre algo
profundamente importante para a vida cristã: a grandeza do Seu poder sobre os
Seus filhos.
A falta de compreensão sobre a sublime grandeza
do Alto sobre nós é a causa de muitos esfriamentos (em oposição aos
avivamentos) que infelizmente têm acontecido na igreja. Digo "igreja"
porque a verdadeira Igreja (os reais cristãos de todo o mundo) constantemente
trilha o devido caminho designado pelo Senhor e não se desvia "nem
para a direita nem para a esquerda" (Pv 4.27), e, quando ocorre de tropeçar, "lembra
de onde caiu, arrepende-se, e pratica as primeiras obras"
(Ap 2.5 - tempo verbal modificado).
Esta pequenez de entendimento acerca do grandioso poder que habita em todos os
crentes muitas vezes ocorre porque os professos da fé cristã já não se maravilham
(se é que isto uma vez aconteceu em alguns corações) com as obras e feitos do
Senhor.
1. "E qual
a sobreexcelente grandeza do seu poder sobre nós"
Uma narrativa bíblica nos exemplifica este
ponto: "E aqueles homens se maravilharam, dizendo: Que homem é este,
que até os ventos e o mar lhe obedecem?" (Mt 8.27). A vida cristã não deve ser indiferente para com os
feitos do Senhor. Esta sentença nos admoesta sobre a importância e necessidade
de muitíssimas vezes ficarmos maravilhados e perplexos diante do Poder do
Altíssimo.
Note como aqueles homens que estavam paulatinamente sendo
ensinados e transformados por Cristo Jesus ficaram maravilhados diante do poder
onipotente do Senhor - "Que homem é este, que até os ventos e o mar lhe
obedecem?" - estarrecidos diante da majestade e comparando-a com
suas fraquezas, não sabiam sequer o que pensar.
Assim também deve ser em nossos dias: os cristãos que nunca
se maravilharam com o Senhor, talvez jamais tenham percebido sua real miséria,
de modo que, para estes, é impossível perceber que no tocante ao poder e
soberania de Deus, até "os ventos e o mar lhe obedecem".
Observemos atentamente como de forma similar à
narrativa, o apóstolo escreve os crentes de Éfeso: "E qual
a sobreexcelente grandeza do seu poder sobre nós". Aqui,
importa-nos fazer a pergunta e cabe a cada um perscrutar a resposta em seu
próprio coração: compreendemos qual é a mais do que excelente grandeza de Deus
que habita em todos os seus filhos? Conseguimos ter alguma visualização das
grandezas de Deus como o salmista nos diz, "Quando
vejo os teus céus, obra dos teus dedos, a lua e as estrelas que preparaste; Que
é o homem mortal para que te lembres dele? e o filho do homem, para que o
visites?" (Sl 8.3-4)?
Em outras palavras, a soberania plena de Deus e Seu
estrondoso poder nos deixam estarrecidos como os discípulos de Jesus no barco e
nos leva à pergunta, "Que homem é este, que até os ventos e o
mar lhe obedecem?" (Mt 8.27)?
Isto é, que tão grande poder é este que até mesmo as forças
"indomáveis" da natureza lhe são sujeitas?
Você sabe do que estamos dizendo - aquele senso
de impotência diante do algo surpreendentemente maior, mais poderoso, mais
forte e indescritivelmente indomável diante de nossas forças. Se maravilhar com
os feitos do Senhor é semelhante àqueles momentos em que uma grande tempestade
vem até nós e simplesmente pensamos, atônicos: "que poderia eu fazer para
cessar tão grande tormenta? Diante desta inigualável chuva e vento que se
abatem sobre a terra, poderia o homem fazer alguma coisa a fim de apaziguar tão
grande fenômeno?".
Esta noção preciosa do quão pequeninos somos diante de outros
fatores naturais, deve ser significativamente aumentado quando entendemos que
tudo o que ocorre e nos espanta é controlado milimetricamente pelo Eterno e
sapientíssimo Deus - este foi o entendimento dos discípulos - "Que
homem é este, que até os ventos e o mar lhe obedecem?".
Frequentemente e corretamente se tem citado o profeta Oséias
para demonstrar um dos motivos da falta de verdadeiro conhecimento e poder
vivificar do Senhor em nossos tempos: "O meu povo foi
destruído, porque lhe faltou o conhecimento; porque tu rejeitaste o
conhecimento, também eu te rejeitarei, para que não sejas sacerdote diante de
mim; e, visto que te esqueceste da lei do teu Deus, também eu me esquecerei de
teus filhos" (Os 4.6).
Olhemos atentamente e entendamos o que o Senhor diz através do profeta:
Em primeiro lugar, há um motivo
específico dito pelo Senhor pelo qual o povo era desconhecedor dos decretos do Soberano
e, por isso, perecia: "lhe faltou o conhecimento".
Embora seja verdade que "o justo pela sua fé viverá"
(Hc 2.4; Rm 1.17; Gl 3.11; Hb 10.38),
é igualmente real que a fé verdadeira é uma fé conhecedora das coisas de Deus.
De fato analisamos anteriormente o cego de Siloé e sua compreensão do poder de
Deus - "uma coisa sei, é que, havendo eu sido cego, agora vejo"
(Jo 9.25) -, todavia, o Senhor nos
diz que também é muitíssimo importante o conhecimento.
Em segundo lugar, há um motivo justo pelo qual o
Senhor rejeita a muitos: "porque tu rejeitaste o conhecimento".
Lembremos de que "Do SENHOR vem a salvação" (Jn 2.9) e Ele tem completo domínio sobre tudo o que faz, de modo
que aqui Ele explicita ao povo que a sua condenação estava vindo porque haviam
rejeitado o conhecimento - não quiseram conhecê-lo e sofreriam as árduas
mazelas advindas da ira divina.
Em terceiro lugar, o Todo Poderoso é cirúrgico em
dizer que rejeita (e rejeitará!) todo aquele que não se agrada em buscar
conhecer ao Senhor: "também eu te rejeitarei".
De imediato lembramo-nos das duras palavras dirigidas àquele perverso homem:
"E ninguém seja devasso, ou profano, como Esaú, que por uma
refeição vendeu o seu direito de primogenitura. Porque bem sabeis que, querendo
ele ainda depois herdar a bênção, foi rejeitado, porque não achou lugar de
arrependimento, ainda que com lágrimas o buscou" (Hb 12.16-17). O autor de Hebreus
também já nos alertou sobre que "Horrenda coisa é cair nas mãos do Deus
vivo" (Hb 10.31)
e para isso precisamos corretamente atentar.
Em quarto lugar, aqueles que se afastam do
conhecimento de Deus e não buscam conhecê-lO com todas as suas forças e não se
dedicam à meditação e ao estudo diligente da Palavra "de dia
e de noite" (Sl 1.2),
não são dignos de oferecerem orações, sacrifícios vivos e levar uma vida
denominada "cristã": "para que não sejas sacerdote diante de
mim".
Em quinto lugar, homens e mulheres, devido ao
grande pecado e por não militarem corretamente na batalha cristã, se deixam
enredar pelas vicissitudes da vida e acabam por trocar as ordenanças e
mandamentos de Deus pelos prazeres e ditames deste mundo - "e,
visto que te esqueceste da lei do teu Deus". É certo que o esquecimento da
Lei de Deus vem por causa do pecado, mas também advém porque os professos da fé
cristã muitas vezes não dedicam longos tempos no estudo das Escrituras, de
forma que o mundo vai lhes parecendo mais colorido do que a eterna e fixa
revelação de Deus (a Bíblia Sagrada).
Em sexto e último lugar, ao contrário do que Ele
promete aos filhos dos cristãos fieis, isto é, de que abençoará e guardará
"até mil gerações aos que o amam e guardam os seus mandamentos"
(Dt 7.9), para àqueles que não
buscam estudar e guardar em seu íntimo Sua lei e preceitos divinos, a
recompensa será completamente outra: "também eu me esquecerei de teus filhos".
Assim como aconteceu naqueles dias também não se
repete em nossa geração? Quantos são os homens e mulheres cujo conhecimento do
Senhor lhes falta em abundância, e, por isso, preferem mais os caminhos do
pecado do que Deus! Há quantos anos pessoas vêm assiduamente à igreja,
participam de centenas de atividades na congregação, mas seus corações estão
afastados do Senhor "porque lhe faltou o conhecimento"!
Em vez de oferecem o seu "culto racional"
(Rm 12.1) ao Deus vivo, são meros
frequentadores e perpetuadores das tradições de homens que invalidam a Palavra
de Deus (Mc 7.8). Oh! Que o Senhor
possa transformar este caos espiritual em que muitos vivem e os leve ao
verdadeiro reconhecimento de Sua grandeza acima de todas as coisas, tal qual o
profeta Isaías expressou: "Eis que as nações são consideradas por ele
como a gota de um balde, e como o pó miúdo das balanças; eis que ele levanta as
ilhas como a uma coisa pequeníssima" (Is 40.15). Deus reina acima de tudo e todos, e você precisa
conhecer o Seu poder!
O poder de Deus está acima de toda excelência
que se pode imaginar - reflita primeiramente nisto.
Observemos outra expressão de alegria pela grandeza de Cristo
que nos é registrada: "E aconteceu que, ouvindo Hirão as
palavras de Salomão, muito se alegrou, e disse: Bendito seja hoje o SENHOR, que
deu a Davi um filho sábio sobre este tão grande povo"
(1Rs 5.7). Salomão, sendo uma
expressão da sabedoria do Cristo que viria, é louvado e bendito entre os
nascentes - nós fazemos o mesmo? O apóstolo igualmente nos ensinou sobre
isto quando disse: "Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo,
o qual nos abençoou com todas as bênçãos espirituais nos lugares celestiais em
Cristo" (Ef 1.3) -
pondere também este ponto: você é cônscio desta verdade estrondosa?
As bênçãos que os cristãos têm sobre si são infinitamente e
incomparavelmente superiores a tudo que os homens podem oferecer neste mundo
vil e pecaminoso. Este precioso e vital entendimento levou o salmista a
dizer: "Muitas são, SENHOR meu Deus, as maravilhas que tens operado
para conosco, e os teus pensamentos não se podem contar diante de ti; se eu os
quisera anunciar, e deles falar, são mais do que se podem contar"
(Sl 40.5). Atente para o fato de que
o salmista não fala de "poucas", mas sim de "muitas"
coisas que o Senhor tem "operado para conosco". O melhor
crente é aquele que consegue deleitar-se em Deus e confiar em sua "sobreexcelente
grandeza" que habita em sua vida. O cristão que não reconhece a
grandeza sobreexcelente do Senhor sobre sua vida, é, na melhor das
hipóteses, um cristão confuso, e, na pior, um hipócrita e fariseu que pensa já
ser salvo.
Recordemos ainda outra vez de que anteriormente o apóstolo
escreveu à igreja de Éfeso e lhes disse: "Tendo iluminados
os olhos do vosso entendimento, para que saibais qual seja a esperança da sua
vocação, e quais as riquezas da glória da sua herança nos santos"
(Ef 1.18). O descortinar do pecado e
o aparecer da glória de Deus deve fazer com que sejamos irresistivelmente
atraídos ao senhorio de Cristo e somente a Ele passemos a render todo louvor e
árdua labuta em Seu favor.
2. "sobre
nós, os que cremos"
Porém, a fim de que ninguém se insurgisse
dizendo que Deus abençoa sobreexcelentemente a todos sem distinção, o apóstolo
é firme em escrever: "E qual a sobreexcelente grandeza do seu
poder sobre nós, os que cremos" (grifo meu). Paulo
expressou este entendimento também os romanos quando afirmou: "E sabemos
que todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus,
daqueles que são chamados segundo o seu propósito" (Rm 8.28). A ênfase dada pelo apóstolo
é a mesma em ambas as cartas: os filhos do Senhor é que são abençoados de sobremaneira.
Embora muitos sejam agraciados com coisas
comuns, tal qual um teto sobre suas cabeças, um tanto de comida e frívolas e
passageiras diversões, os predestinados "para
filhos de adoção por Jesus Cristo" (Ef 1.5) são mui mais benditos e somente estes podem desfrutar de
uma eficaz bênção salvífica do Senhor.
Esta declaração bíblica deve, por um lado, nos
encher da mais nobre alegria que um homem pudesse ter, levando cada cristão a
salmodiar ao Eterno com todas as suas energias - "Está
alguém contente? Cante louvores" (Tg
5.13). Porém, por outro lado, precisa nos fazer tremer e temer diante do
Deus onipotente, pois não pode haver maior desgraça (falta de graça) do que
levar sobre si o gigantesco fardo de seus pecados e ainda ser afligido pela
santa e pura ira do Senhor - o Israel veterotestamentário pôde perceber muito
bem isto quando ouviu: "E será objeto de opróbrio e blasfêmia, instrução e
espanto às nações que estão em redor de ti, quando eu executar em ti juízos com
ira, e com furor, e com terríveis castigos. Eu, o SENHOR, falei"
(Ez 5.15).
As Escrituras são abundantes em distinguir a
bênção e grandeza do Senhor sobre o seu povo em comparação aos ímpios e não
regenerados:
- "Os olhos do SENHOR
estão sobre os justos, e os seus ouvidos atentos ao seu clamor"
(Sl 34.15);
- "Os justos herdarão a terra e habitarão nela para
sempre" (Sl 37.29);
- "Bênçãos há sobre a cabeça do justo, mas a violência
cobre a boca dos perversos" (Pv
10.6);
- "Aquilo que o perverso teme sobrevirá a ele, mas o
desejo dos justos será concedido" (Pv 10.24).
- "Porque os olhos do Senhor estão sobre os justos, E
os seus ouvidos atentos às suas orações; Mas o rosto do Senhor é contra os que
fazem o mal" (1Pe 3.12).
3. "segundo
a operação da força do seu poder"
Todavia, para que nenhum verdadeiro filho de
Deus se orgulhasse e pensasse que poderia ser prepotente e vaidoso diante dos
ímpios, o apóstolo acrescenta: "segundo a operação da força do seu
poder".
As Escrituras são claras em nos dizer que a
sobreexcelente grandeza de Deus está sobre todos os Seus filhos, porém deixa
igualmente bastante evidente que eles têm esta bendita e divina graça segundo o
bem querer daquele que faz todas as coisas segundo a Sua vontade (Ef 1.1, 5, 9, 11, 19).
Esta declaração bíblica nos revela a
importância de jamais (nunca, sob nenhum circunstância, mesmo sob ameaças de
morte e perda de todo prestígio social) atribuirmos ao Senhor o título de
"injusto". Aqui, portanto, que cada um celebre durante longas horas a
benignidade do Senhor e o Seu imenso favor para com todos nós que outrora
chamávamos Deus de injusto por causa de Sua eleição e predestinação.
Que reconheçamos nossa mais completa miséria diante do
Artífice e sejamos prostrados rosto em terra diante "a
operação da força do seu poder". Creio que ser mais do que mister que
compreendamos o quão abençoados são os filhos de Deus e o quão magistralmente
são guiados segundo as veredas da justiça (Sl
16.11) aqueles que possuem um coração reto e humilde diante do Senhor - mas
que também, embora reconheçamos diariamente o bem que o Eterno nos tem feito,
possamos clamar às almas perdidas e lhes anunciar as boas novas do evangelho.
Assim sendo, que possamos compreender - pelo
poder do Espírito Santo - a quão grandes bênçãos estamos submetidos e que
enormes prazeres as Escrituras tem legado a todos os Seus filhos. Que não
sejamos negligentes no estudo das Escrituras, para que não nos falte
conhecimento; que não deixemos para amanhã o vislumbrar dos inúmeros benefícios
que tem o Senhor concedido a nós, para que não adoremos falsamente ao Senhor.
Que sejamos maravilhados diariamente com aquele que "que
até os ventos e o mar lhe obedecem" e sejam gravadas as
palavras ímpares do salmista em nosso coração: "O SENHOR,
Senhor nosso, quão admirável é o teu nome em toda a terra, pois puseste a tua
glória sobre os céus!" (Sl 8.1).
CRISTO NOSSO EXEMPLO DE EXALTAÇÃO
CRISTO AS PRIMICIAS DOS QUE DORMEM:
A lei determinava que as primícias da colheita fossem levadas ao templo para
serem oferecidas ao Senhor (Lv 23.10,11). Esse primeiro feixe colhido era muito
importante para Israel: (1) ele apontava que Deus havia abençoado a lavoura e
dava ao israelita a esperança de que haveria colheita naquele ano;
Nenhum israelita poderia comer de fruto
algum da terra sem primeiro trazer essa primeira oferta ao Senhor. Cristo é
chamado por Paulo de "a primícia dos que dormem". Isso nos aponta
para preciosas aplicações.
Primeiro, a ressurreição de Cristo é a benção de Deus para a humanidade
perdida. Quando o homem Jesus ressuscita, Ele
garante a todos os fiéis a sua futura ressurreição, sendo Ele próprio o
primeiro, porque é necessário que Jesus sempre tenha a primazia.
Segundo, se o primeiro homem ressuscita, os demais que andam em suas
pisadas também ressuscitarão. Por fim, pelo fato de Cristo ser
oferecido como sacrifício por todos na cruz, e também como a primícia da futura
ressurreição, agora todos nós podemos nos fartar das dádivas do reino e da
benção da vida eterna.
CRISTO ELEVADO À DIREITA DE DEUS. De forma que o poder que é colocado à
disposição dos homens é o poder demonstrado e conhecido em sua verdadeira
dimensão, pela própria operação de Deus, o qual exerceu Ele em Cristo, e isto
através de duas ações decisivas.
Primeiro, Ele
demonstrou o Seu poder ressuscitan- do-0 dentre os mortos. Ê muito freqüente o Novo
Testamento descrever a ressurreição como obra de Deus-Pai (At 2:24, 32, etc.).
O fato de levantar Seu Filho dentre os mortos é o sinal de Sua aprovação, do
reconhecimento de Cristo como sendo Seu Filho, e Sua proclamação como o Senhor
de tudo (At 3:15; 4:10; 10:40; 17:31; Rm 1:4).
Mas
é também a manifestação do poder do Pai.
Segundo,
tal poder é demonstrado fazendo-0 sentar à Sua direita. A ascensão
é pouco mencionada no Novo Testamento (Mc 16:19; Lc 24:51; At 1:9), mas é
constantemente reconhecida, e seu significado é enfatizado (Rm 8:34; Cl 3:1; Hb
1:3; 1 Pe 3:22).
Para
Paulo, e também para o Novo Testamento em geral, a cruz, a ressurreição e a
ascensão são consideradas como três partes de um único grande ato de Deus. A
ascensão, tanto quanto a ressurreição, é enfatizada como sendo obra do Pai.
Ele
está a honrar Seu Filho com a honraria mais alta possível (Fp 2:9-11), e isso
novamente constitui também demonstração do Seu poder.
Nas
palavras aqui encontradas temos uma referência ao Salmo 110:1, que é um
versículo freqüentemente citado no Novo Testamento. A exaltação do rei de
Israel como o ungido de Deus emprestou uma aplicação suprema ao Cristo. Assim
já era entendido antes de Sua vinda, mais especialmente, porém, depois de Sua
morte, ressurreição e ascensão (At 2:34; Hb 1:13; veja também Mt 26:64; At
7:55; Rm 8:34; Cl 3:1; Hb 1:3; 8:1; 10:12; 12:2; 1 Pe 3:22).
Inevitavelmente,
quando a ascensão e a exaltação são mencionadas, temos a tendência de
imaginá-las ocorrendo num determinado lugar, mas no dizer de Calvino, quando se
diz que Ele está elevado à mão direita do Pai, “Não significa um determinado
lugar, mas que o Pai tem dado o poder a Cristo, para que possa administrar em
Seu nome o governo dos céus e da terra.
Por
isso, a ressurreição e a ascensão exprimem a medida do poder do Pai que é posto
à disposição dos homens. O apóstolo orou por si mesmo para que pudesse
conhecê-lo, conhecendo também o “poder da Sua ressurreição” (Fp 3:10).
Freqüentemente
ele pensava nestes grandiosos atos de Deus não apenas como a medida do poder
que os cristãos podem possuir, mas como a indicação da força divina que pode
levantá-los para uma nova vida com Cristo (1 Co 6:14; 2 Co 4:14; Cl 2:12), e
fazê-los viver com Ele nos lugares celestiais (veja comentário sobre o v. 3).
CRISTO EXALTADO SOBREMANEIRA. Agora o pensamento sobre a ressurreição
e a exaltação de Cristo conduz à
declaração dEle como o Senhor de tudo. Sua posição é muito acima de todo principado, e potestade, e poder, e domínio. Esse
sempre foi Seu lugar no universo, porque Ele é eternamente o Deus Filho (Jo
3:31).
Para esse lugar Ele foi novamente exaltado depois de ter a Si mesmo Se
humilhado para assumir nossa humanidade (Ef 4:10). Os títulos neste versículo talvez tenham sido tirados dos poderes
espirituais venerados pelos mestres gnósticos, aos quais o apóstolo se opôs em
Colossenses. Três dos quatro títulos usados aqui encontram-se no plural em
Colossenses 1:16, onde se afirma que Cristo é o Criador de todo poder
espiritual que existe.
Aqui Paulo se preocupa em dizer que Cristo é Senhor sobre todos eles,
sobre todo nome que se possa referir, toda dignidade que possa ser reverenciada
pelo homem (Fp 2:9). Há poderes não só no presente século,
mas também no vindouro, e com isto o apóstolo concordaria com os gnósticos. Mas
ele afirmaria que nenhum destes seres tem
qualquer origem aparte de Cristo; e dentre eles, todos os que são maus foram por Eles subjugados (Cl
2:15), e estão todos sujeitos a Ele como Senhor (Km 8:38; 1 Pe 3:22).
Contra os poderes espirituais do mal, o
servo de Cristo deve realmente batalhar na força de seu Mestre (6:12), e também
Paulo dirá que para os “principados e potestades nos lugares celestiais” a
Igreja deve unicamente declarar “a multiforme sabedoria de Deus” (3:10).
O que aconteceu antes pode ser resumido
dizendo-se que o Pai pôs todas as coisas debaixo dos Seus pés, e assim, sem
dúvida alguma é de maneira intencional que são usadas as palavras do Salmo 8:6.
Este versículo é usado novamente em 1 Coríntios 15:27 é é importante perceber
que o Salmo fala do lugar do homem, conforme Deus pretendeu que fosse, coroado de “glória” e “honra”, e criado para ter
“domínio sobre as obras” das mãos de Deus.
Em grande parte o homem perdeu esta posição devido à fraqueza e ao
estado de sujeição a que foi reduzido pelo pecado. Portanto, vemos somente Um,
o verdadeiro Homem Jesus Cristo, satisfazendo este propósito divino, mas,
através dEle, e nEle, somos restaurados à nossa verdadeira dignidade. Hebreus
2:5-10 pode ser considerado como um comentário inspirado do Salmo 8, o qual se
cumpriu em Cristo e naqueles que, por meio dEle, são reconduzidos como “filhos
à glória”.
CONCLUSÃO
Diante dessas verdades espirituais, em
que o Senhor de tudo foi dado como Cabeça da Igreja, não há razão para os
salvos temerem a oposição do homem ou das forças do mal. Aliás, mais para
frente, o apóstolo vai convocar os fiéis “fortalecidos no Senhor e na força do
seu poder” para enfrentar e vencer as astutas ciladas do diabo
(6.10-12).
Por: Ev. Isaias S. de Jesus
Bibliografia
Apontamentos Isaias de Jesus
http://devocionais.amoremcristo.com
Livro
Efésios Introdução e comentário Francis Foulkes