19 de janeiro de 2011

O Poder Irresistível da Comunhão na Igreja

O Poder Irresistível da Comunhão na Igreja

Texto Áureo: “3Procurando guardar a unidade do Espírito pelo vínculo da paz: 4há um só corpo e um só Espírito [...]” (Ef 4.3,4)

I – Introdução

A Paz do Senhor a todos os leitores!
Através deste pequeno estudo buscaremos explanar a respeito da Lição n. 04 do primeiro trimestre do ano de 2011. Neste trimestre estamos estudando sobre o livro de Atos dos Apóstolos, e esta lição é baseada no capítulo 2, versículos 40 a 47.
Estaremos estudando sobre a comunhão da igreja, buscando aclarar o que vem a ser esta comunhão, qual o seu valor, como alcançá-la e suas consequências.

II – O que é a comunhão?

A lição em comento nos traz um conceito extraído do Dicionário Teológico da CPAD, o qual assim conceitua este termo: “vínculo de unidade fraternal mantida pelo Espírito Santo e que leva os cristãos a se sentirem um só corpo em Jesus Cristo”.
Este conceito traz dois aspectos fundamentais: primeiro, a comunhão entre os irmãos é mantida pelo Espírito Santo; segundo, esta comunhão faz com que os crentes se sintam um só corpo em Jesus Cristo.
O primeiro aspecto diz respeito ao fato de que é o Espírito Santo, o qual habita em cada um de nós crentes, que nos dá o amor ao próximo, a compaixão, a lealdade e todas as outras virtudes necessárias para mantermos comunhão com nossos irmãos em Cristo. O comentarista da Bíblia de Estudo Pentecostal enfatizou esse aspecto ao comentar o versículo 3 do capítulo 4 da Epístola de Paulo aos Efésios. Segue o versículo mencionado e, após, o seu respectivo comentário:
“3 procurando guardar a unidade do Espírito pelo vínculo da paz;”.

“’A unidade do Espírito’ não pode ser criada por nenhum ser humano. Ela já existe para aquele que creram na verdade e receberam a Cristo, conforme o apóstolo proclama nos capítulo 1-3. Os efésios devem guardar e preservar essa unidade, não mediante os esforços e organizações humanos, mas pelo andar ‘como é digno da vocação com que fostes chamados’ (v. 1). A unidade espiritual é mantida pela lealdade à verdade e o andar segundo o Espírito (VV. 1-3, 14, 15; Gl 5.22-26). Não pode se conseguida pela carne (Gl. 3.3)”.


O segundo aspecto fala de uma metáfora muito usada para caracterizar a igreja. Somos tidos como corpo de Cristo, uma vez que um corpo possui várias partes, tendo cada uma delas sua função específica, sem a qual o corpo não poderia ser considerado perfeito. Isso quer dizer que cada crente tem uma função dentro da igreja, sendo que uma não é superior á outra para Deus. O Apóstolo Paulo explana muito bem a respeito dessa metáfora em sua primeira epístola aos Coríntios, no capítulo 12, versículos 12 ao 31. Por ser o trecho deveras extenso, seguem alguns versículos chave (grifou-se):
“12Porque, assim como o corpo é um, e tem muitos membros, e todos os membros, sendo muitos, são um só corpo, assim é Cristo também. 13Pois todos nós fomos batizados em um Espírito, formando um corpo, quer judeus, quer gregos, quer servos, quer livres, e todos temos bebido de um Espírito. (...) 22Antes, os membros do corpo que parecem ser os mais fracos são necessários;(...)25Para que não haja divisão no corpo, mas antes tenham os membros igual cuidado uns dos outros. 26De maneira que, se um membro padece, todos os membros padecem com ele; e, se um membro é honrado, todos os membros se regozijam com ele. 27Ora, vós sois o corpo de Cristo, e seus membros em particular”.

Este trecho bíblico traz talvez a melhor caracterização de como deve ser a comunhão entre os irmãos, mencionando que nós crentes devemos cuidar um dos outros, sofrer o sofrimento dos demais irmãos, e nos alegrar com a alegria destes. Destaca, ainda, que todos somos necessários ao corpo de Cristo, dentro daquilo que fazemos por Ele, não sendo um ministério maior do que outro.
Os dois aspectos destacados do conceito inicialmente transcrito da palavra comunhão são mencionados pelo comentarista da Bíblia de Estudo Pentecostal, em nota ao versículo 13, supracitado:
“O batismo ‘em um Espírito’ não se refere, nem ao batismo em água, nem ao batismo no Espírito Santo que Cristo outorga ao crente como no dia de Pentecoste (...). Refere-se, pelo contrário, ao ato do Espírito Santo batizar o crente no corpo de Cristo – a igreja, unindo-o a esse corpo; fazendo com que ele seja um só com os demais crentes. É a transformação espiritual (...) que ocorre na conversão e que coloca o crente ‘em Cristo’ biblicamente (...)”.

A Pequena Enciclopédia Bíblica de Orlando Boyer conceitua o termo comunhão como sendo “Participação em comum em crenças ou idéias”.
Este conceito destaca que a comunhão vem a ser a igualdade de crenças ou idéias, isto é, a comunhão se estabelece entre aquelas pessoas que compartilham de um mesmo pensamento, que crêem em uma mesma coisa, assim por diante.
Para nós crentes, a comunhão parte da crença no mesmo Deus, nas mesmas doutrinas, na mesma Salvação, o compartilhamento da mesma fé, etc. Quando há dissensões entre o povo de Deus, a comunhão se abala.
A comunhão se estabelece na unidade de crenças. Por isso todos devemos crer da forma que escreveu o Apóstolo Paulo aos Efésios, capítulo 4, versículos 4 a 6:
“4há um só corpo e um só Espírito, como também fostes chamados em uma só esperança da vossa vocação; 5um só SENHOR, uma só fé, um só batismo; 6um só Deus e Pai de todos, o qual é sobre todos, e por todos e em todos vós”.


III – Como alcançar a comunhão?

Diante de tudo o que já foi exposto podemos ver como podemos alcançar a comunhão entre os irmãos.
A primeira coisa é deixarmos o Espírito Santo trabalhar em nossas vidas. Ele nos transforma e nos dá a capacidade de permanecermos unidos em uma mesma crença.
Se não deixamos o Espírito Santo trabalhar em nós diversos sentimentos que impedem a comunhão surgem em nosso meio, como a inveja, o rancor, o ciúme, a raiva, a tristeza, a avareza, entre outros.
Todos esses maus sentimentos não permitem que sintamos amor pelo nosso próximo e trazem dissensões para dentro de igreja.
Esses sentimentos revelam quem não é “espiritual” e sim “carnal”, ou seja, quem ainda não deixou o Espírito moldá-lo, como Paulo repreendeu os Coríntios em sua primeira epístola, capítulo 3, versículos 1 e 3 (grifou-se):
“1E eu, irmãos, não vos pude falar como a espirituais, mas como a carnais, como a meninos em Cristo. (...), 3porque ainda sois carnais; pois, havendo entre vós inveja, contendas e dissensões, não sois porventura carnais, e não andais segundo os homens?”.

A segunda coisa a fazer é reconhecermos que somos todos membros de um só corpo, tendo cada um sua função, nenhuma mais importante que a outra, como já foi exposto acima.
Muitas dissensões surgem na igreja também quando alguns de seus membros passam a achar que são mais importantes, menosprezando o trabalho dos demais. Esquecem-se que se um corpo perde qualquer de suas partes deixa de ser perfeito, sendo todo ele prejudicado.
O corpo humano é um complexo de partes interdependentes. Se uma falta, todo o corpo sente. Mesmo aquelas partes que são duplas, como os ouvidos, os olhos e os pulmões, se um dos dois é retirado do corpo a sua função fica prejudicada. A pessoa vai ouvir menos, enxergar menos ou respirar com mais dificuldade.
Assim é a igreja de Cristo: ela precisa do zelador, do operador de som, do pregador, do porteiro, do pastor, etc. Sem qualquer um desses ministérios a igreja não funciona corretamente.
Nesse sentido escreveu o Apóstolo Paulo aos Romanos, no capítulo 12, versículo 3 a 5, concluindo no versículo 10 (grifou-se):



“3Porque pela graça que me é dada, digo a cada um dentre vós que não pense de si mesmo além do que convém; antes, pense com moderação, conforme a medida da fé que Deus repartiu a cada um. 4Porque assim como em um corpo temos muitos membros, e nem todos os membros têm a mesma operação, 5assim nós, que somos muitos, somos um só corpo em Cristo, mas individualmente somos membros uns dos outros. (...).10Amai-vos cordialmente uns aos outros com amor fraternal, preferindo-vos em honra uns aos outros”.

Este último trecho grifado (“preferindo-vos em honra uns aos outros”) diz respeito ao valor que devemos dar ao trabalho de cada um dentro da Casa de Deus, devemos estar sempre dispostos a respeitar e honrar as boas qualidades dos outros crentes.
A terceira coisa a se fazer para alcançar a comunhão entre os irmãos é buscarmos sempre a unidade. Esta unidade se revela em diversos aspectos como a fé, a doutrina, a esperança, além da crença no mesmo Deus Pai, no mesmo Espírito e no mesmo Salvador.
Se há diferentes correntes de pensamento dentro de uma igreja, ela não subsiste. Jesus mesmo deu um exemplo que muito se encaixa neste aspecto em Matheus 12.25, muito embora Ele tenha dado este exemplo em outro contexto (grifou-se):
“25Jesus, porém, conhecendo os seus pensamentos, disse-lhes: Todo o reino dividido contra si mesmo é devastado; e toda a cidade, ou casa, dividida contra si mesma não subsistirá.”

Jesus quer dizer nesta passagem que não há como um reino ou uma cidade subsistir se ela se divide e luta contra si mesma, ou seja, se em um reino ou uma cidade formam-se dois ou mais grupos antagônicos em algum aspecto, e estes grupos lutam entre si, o reino ou cidade fica completamente enfraquecida e desestruturada. Da mesma forma não há como uma igreja prosperar em seus trabalhos para Deus se dentro dela houver dissensões.
Por isso Paulo exortou, em I Coríntios 1.10, aos irmãos daquela igreja:
“10Rogo-vos, porém, irmãos, pelo nome de nosso Senhor Jesus Cristo, que digais todos uma mesma coisa, e que não haja entre vós dissensões; antes sejais unidos em um mesmo pensamento e em um mesmo parecer”.
IV – O valor e os frutos da comunhão

A comunhão entre os crentes faz bem para a própria igreja e agrada a Deus.
Uma igreja unida, voltada para os mesmo objetivos, unânime em fazer a obra de Deus, é muito mais forte e alcança muito mais êxito em sua lida. Uma pessoa pode sozinha fazer grandes coisas para a obra de Deus, porém um grupo de pessoas, reunido pelos mesmos ideais, pela mesma fé e pelo mesmo propósito, pode fazer muito mais.
A comunhão de uma igreja também faz bem para seus membros, pois aquele que se encontrar necessitado de algo, seja um bem material, seja um conforto, seja uma oração de intercessão, sempre terá onde encontrar.
Lucas cita em Atos 2.44 e 45 como era a igreja primitiva:
“44E todos os que criam estavam juntos, e tinham tudo em comum. 45E vendiam suas propriedades e bens, e repartiam com todos, segundo cada um havia de mister”.

Deus não exige de nós que vendamos todos os nossos bem e repartamos com os membros mais necessitados da igreja, mas exige que estejamos sempre dispostos a ajudar aqueles que padecem de qualquer tipo de necessidade.
Nesse sentido também está escrito e Gálatas 6.9 e 10 (grifou-se):
“9E não nos cansemos de fazer bem, porque a seu tempo ceifaremos, se não houvermos desfalecido. 10Então, enquanto temos tempo, façamos bem a todos, mas principalmente aos domésticos da fé”.

A comunhão na igreja também agrada a Deus, fazendo com que Ele abençoe cada vez mais os seus membros. Deus deseja que estejamos sempre unidos, para que a Sua igreja prospere.
Davi escreveu, inspirado por Deus, um Salmo em que fica expresso como Deus se agrada da união entre os irmãos. É o Salmo 133, abaixo transcrito em sua íntegra:

“1OH! quão bom e quão suave é que os irmãos vivam em união. 2É como o óleo precioso sobre a cabeça, que desce sobre a barba, a barba de Arão, e que desce à orla das suas vestes. 3Como o orvalho de Hermom, e como o que desce sobre os montes de Sião, porque ali o SENHOR ordena a bênção e a vida para sempre”.

Davi demonstra quão maravilhosa é a comunhão entre os irmãos de fé. O texto demonstra uma intensidade, um deslumbramento muito grande de Davi ao proclamar a importância da união. Ele parece escrever em tom de rogo, para que todos que lessem percebessem que a comunhão na igreja é essencial para todos.
O próprio Senhor Jesus, em Sua oração pelos Seus discípulos, clama a Deus Pai, primeiramente, que mantenha a estes unidos, estendendo o pedido, posteriormente, para todos aqueles que, através deles, creiam em Seu nome. Esta passagem podemos encontrar em João 17. 11, 20 e 21:

“11E eu já não estou mais no mundo, mas eles estão no mundo, e eu vou para ti. Pai santo, guarda em teu nome aqueles que me deste, para que sejam um, assim como nós. (...). 20E não rogo somente por estes, mas também por aqueles que pela sua palavra hão de crer em mim; 21para que todos sejam um, como tu, ó Pai, o és em mim, e eu em ti; que também eles sejam um em nós, para que o mundo creia que tu me enviaste”.

Aqui se mostra de grande valia transcrever a nota feita pelo comentarista da Bíblia de Estudo Pentecostal ao versículo 21, a qual comenta sobre a verdadeira união espiritual entre os crentes, não uma união superficial:
“A união em favor da qual Jesus orou não era a união de igrejas e organizações, mas a espiritual, baseada na permanência em Cristo (v. 23); amos a Cristo (v. 26); separação do mundo (vv. 14-16); santificação na verdade (vv. 17-19); receber a verdade da Palavra e crer nela (vv. 6, 8, 17); obediência à Palavra (v. 6); e o desejo de levar a salvação aos perdidos aos perdidos (vv. 21, 23). Faltando algum desses fatores, não pode haver a verdadeira unidade que Jesus pediu em oração.



(1) Jesus não orava para que seus seguidores ‘se tornem um’, mas para que ‘sejam um’. Trata-se de um subjuntivo presente e significa ‘continuamente ser um’. União essa que se baseia no relacionamento que todos ele têm com o Pai e com o Filho, e na mesma atitude basilar que têm para com o mundo, a Palavra e a necessidade de alcançar os perdidos (cf 1 Jo 1.7).
(2) Intentar criar uma união artificial por meio de reuniões, conferências ou organização centralizada, pode resultar num simulacro da própria união em prol da qual Jesus orou. Ele tinha em mente algo muito mais do que ‘reuniões de unificação’, i. e., de união artificial. É uma união espiritual de coração, propósito, mente e vontade dos que estão totalmente dedicados a Cristo, à Palavra e à santidade (...)”.


V – Conclusão

A comunhão entre os crentes é essencial em uma igreja para que ela permaneça agradável a Deus, fazendo a Sua obra de forma maravilhosa. Deus quer que haja uma verdadeira comunhão espiritual entre seus servos, fazendo com que todos tenhamos plena consciência de que fazemos parte de um só corpo.
Cada um de nós tem que buscar uma real transformação por parte do Espírito Santo, para sermos capazes de estar em plena comunhão. Assim poderemos nos afastar de sentimentos que impedem a união e causam dissensões dentro da igreja.
Nunca podemos pensar que somos mais importantes que os outros para o Senhor, mas devemos aprender a dar honra àqueles que a merecem. Como dito, somos membros de um só corpo, o qual só é perfeito com cada uma de suas partes.
Esta comunhão deve se manifestar em uma unidade de pensamentos, de crenças. Devemos ter consciência de que seguimos a mesma doutrina, temos fé e esperança no Deus único, cremos no mesmo Salvador e somos transformados pelo mesmo Espírito Santo, o qual habita em cada um de nós igualmente.
Desta forma poderemos ver manifesto em nosso meio O Poder Irresistível da Comunhão na Igreja.


Comentarista: Jimmy Bruno dos Santos Silva, membro da Igreja Assembléia de Deus Ministério do Belém de Dourados-MS.

PODER IRRESISTIVEL DA COMUNHÃO COMUNHÃO IGREJA

PODER IRRESISTIVEL DA COMUNHÃO COMUNHÃO IGREJA

TEXTO ÁUREO = “Quão bom e quão suave é que os irmãos vivam em união” (Sl 133,1).

VERDADE PRATICA = Comunhão significa partilhar juntos do mesmo propósito, a fim de se fortalecer a unidade da Igreja

LEITURA BIBLICA = ATOS 4.32-37

INTRODUÇÃO

Essa passagem e a de Atos 2.42- 47 se completam. Esses dois relatos revelam a vida comunal dos que se convertiam ao Evangelho. Lucas mostra nesse breve relato como era o dia-a-dia dos primeiros cristãos.

UM SÓ PROPÓSITO

1. Comunhão dos irmãos. “E era um o coração e a alma da multidão dos que criam” (v. 32). Os cristãos, agora, já formavam uma grande multidão. Quase três mil no dia de Pentecoste. Esse número elevou- se para quase cinco mil, após a cura do coxo, na porta chamada Formosa (At 4.4). Todos viviam em torno do nome de Jesus, pois assumiram uma nova postura de vida. Gozavam do companheirismo mútuo e o Espírito Santo estava com eles.

2. Fruto do Espírito. “...mas todas as coisas lhes eram comuns”. O Espírito Santo quebrou a natureza egoísta, tão comum no gênero humano, de modo que tudo lhes era comum. Antes da formação da Igreja, já havia a comunidade dos essênios, que viviam na região do mar Morto, deserto da Judéia. Eles tinham um padrão de vida muito parecido. A diferença é que lá era uma imposição. Seus membros deviam seguir o Manual de Disciplina, regra básica deles, descoberto juntamente com os rolos nas cavernas de Uaid Qumran.

O TESTEMUNHO DOS APÓSTOLOS

1. A ressurreição de Cristo é o principal pilar do Cristianismo (v. 33). A ressurreição de Cristo é o maior acontecimento do Cristianismo e de toda a História. Pedro falou desse fato no discurso do dia de Pentecoste e no do pórtico de Salomão. Esse evento é a viga-mestra da cristandade, responsável pela unidade dos irmãos e pela comunhão no Espírito Santo.

2. A grandeza da ressurreição desfaz o escândalo da cruz. O milagre foi tão extraordinário que, para os gregos, era loucura (At 17.32). A morte de Jesus foi testemunhada por muitos em Jerusalém. A notícia do acontecimento se espalhou por toda a parte. Isso era escândalo para os judeus, admitir que seu Messias fora um réu, pendurado em um madeiro. A ressurreição desfazia esse escândalo.

A dificuldade dos judeus era crer nisso, ainda mais, quando a consciência os acusava de traição. Pedro aproveitou a descida do Espírito Santo, no dia de Pentecoste, para associar o evento à ressurreição de Cristo. Convenceu parcela da população de Jerusalém, ou de estrangeiros que peregrinavam na Cidade Santa.

3. Testemunhando o Cristo ressuscitado. Esses sinais estão ligados à ressurreição de Cristo: “E os apóstolos davam, com grande poder, testemunho da ressurreição do Senhor Jesus” (v. 33). Até então, todos sabiam da morte do Nazareno, mas só uma minoria estava ciente de sua ressuscitação. Não somente os sinais extraordinários, mas também a ação conjunta da comunidade cristã, eram a prova da ressurreição de Cristo. Essa unidade e comunhão devem ser a marca da Igreja atual. Discórdias, pelejas, disputas e competições são fatores que levam à divisão do corpo de Cristo. E isso entristece o Espírito Santo.

A NOVA VIDA DOS PRIMEIROS CRISTÃOS

1. O início de uma nova época. “Não havia, pois, entre eles necessitado algum” (v. 34). Essa passagem faz lembrar o começo da nação de Israel, quando os hebreus foram libertos do cativeiro (Êx 12.35,36). Todos saíram do Egito mais ou menos na mesma situação financeira. Deus proveu os meios para que o povo pudesse sobreviver à peregrinação no deserto, rumo à Terra Prometida. Era um novo começo. Uma nova nação despontava no horizonte, O mesmo aconteceu com a Igreja Primitiva: “E repartia-se cada um, segundo a necessidade que cada um tinha” (v. 35).

2. A generosidade dos irmãos. “Porque todos os que possuíam herdades ou casas, vendendo-as, traziam o preço do que fora vendido e o depositavam aos pés dos apóstolos” (v. 34). Barnabé é um nome aramaico que significa “filho da consolação”. Era levita e natural de Chipre, ilha grega, no Mediterrâneo. Ele vendeu suas propriedades e levou o dinheiro para os apóstolos. Por isso, Lucas o citou nominalmente. A generosidade dele, juntamente com a dos demais discípulos, era algo admirável.

3. Corrigindo uma distorção. Só pelo fato de ser uma ação voluntária, mostra que não devemos dizer que isso seja uma doutrina a ser seguida pelas igrejas cheias do Espírito Santo. Os comunistas costumam citar essa passagem, para justificar sua teoria demoníaca e materialista. Uma interpretação arbitrária e totalmente desprovida de consistência. Essa venda de propriedades, trazendo o valor, “depositando aos pés dos apóstolos” (hebraísmo que significa confiar aos apóstolos), era algo voluntário (At 5.4). Há também os exploradores da fé do povo que usam essa passagem, para extorquir suas vítimas. Nenhum apóstolo pediu que os discípulos vendessem suas propriedades. O que devemos fazer é estudar e procurar imitar o cuidado pelos necessitados, “somente para que em ti não haja pobre” (Dt 15.4). Infelizmente, há igrejas que não atentam para esse lado social. O apóstolo Paulo ensina que quem dá ao pobre, Deus multiplica sua sementeira (2 Co 9.9,10).

IV. ATITUDE DE BARNABÉ


1. Barnabé. Seu nome é José. Seu cognome era Barnabé, nome aramaico que significa “filho da consolação”. Levita natural de Chipre. Era tio de Marcos (Cl 4.10). Tinha coração aberto para contribuir com a obra de evangelização (At 4.36, 37). Era homem de bem, cheio do Espírito Santo e de fé (At 11.22-24).

É chamado de apóstolo, em Atos 14.14. Foi buscar Paulo, em Tarso, para trabalhar junto com ele em Antioquia da Síria (At 11.25,26). Convenceu a Igreja em Jerusalém da real conversão do apóstolo dos gentios (At 9.26-28). Foi indicado pelo Espírito Santo para a obra missionária,juntamente com Saulo (At 13.2- 4).

2. Lei da propriedade levita. Não sabemos se essa propriedade era em Chipre ou na Palestina. Os levitas não tiveram possessão da terra (Nm 18.23, 24; Dt 12.12). Eles eram sustentados pelos dízimos (Nm 18.2; Dt 18.1-4) e tinham permissão para residir em 48 cidades separadas para sua habitação (Nm 35.1; J5 21.1). Seis delas foram designadas como locais de refúgio. A função deles estava ligada ao ritual da purificação, transporte do tabernáculo e auxilio aos trabalhos dos sacerdotes (Nm 3.6-10; 4.3; 8.5, 24-26). Suas terras não podiam ser vendidas, pois eram heranças perpétuas (Lv 25.32, 34).

Barnabé era levita e vendeu suas propriedades. O Talmude diz que essa lei cerimonial já não era observada nos dias dos apóstolos. Os expositores têm apresentado várias especulações sobre isso. Uns afirmam que era herança da esposa. Mas, considerando o aspecto jurídico, na legislação judaica vigente, Barnabé podia vender a sua herdade, mesmo que ela estivesse em Jerusalém. Diante disso, o judeu cristão está isento da lei de Moisés, na nova aliança. O apóstolo Paulo declara que o tal morreu para a lei. Por isso, está livre dela (Rm 7.1-4). Não seria problema para um levita vender suas propriedades.

CAPÍTULO 2 = Versículos 1-4 - 42-47

Vv. 1-4. Não podemos nos esquecer com que freqüência, ainda que o mestre estivesse entre eles, houve discussões entre os discípulos sobre qual deles seria o maior, mas agora todas estas discórdias haviam terminado. Oravam juntos, mais do que antes. Se desejamos que o Espírito seja do alto derramado sobre nós, sejamos unânimes. Ponderemos as diferenças de sentimentos e interesses, como as que haviam entre os discípulos, coloquemo-nos de acordo para amarmo-nos uns aos outros, porque onde os irmãos habitam em unidade, ali o Senhor ordena a sua bênção.

Um vento veemente e impetuoso chegou com muita força. Isto era para significar as influências e a obra poderosa do Espírito de Deus nas mentes dos homens, e por meio deles no mundo. Desta forma, as convicções do Espíríto Santo dão lugar às suas consolações, e as fortes rajadas deste vento bendito preparam a alma para as suas brisas suaves e amáveis.
Apareceu algo com aparência de chamas de fogo, que iluminou a cada um deles, segundo o que João Batista dizia de Cristo: Ele vos batizará com o Espírito Santo e com fogo. O Espírito, como fogo, derrete o coração, queima a escória, e acende afetos piedosos e devotos na alma, na qual, como o fogo do altar, são oferecidos sacrifícios espirituais. Foram cheios com o Espírito Santo, mais do que anteriormente.

Foram cheios da graça do Espírito, e mais do que antes, foram colocados sob o seu poder santificador; mais separados deste mundo, e mais familiarizados com o outro. Foram ainda mais cheios com as consolações do Espírito, se regozijaram, mais que antes no amor de Cristo e na esperança do céu; e nisto todos os seus temores e pesares foram desfeitos. Foram cheios dos dons do Espírito Santo; receberam poderes milagrosos para o avanço do Evangelho. Falaram, não de pensamentos ou meditações previas, mas como o Espírito lhes concedia que falassem.

Vv. 42-47. Nestes versículos encontramos a história da Igreja verdadeiramente primitiva, de seus primeiros tempos; seu estado de verdadeira infância, e, como tal, o seu estado de maior inocência. Mantiveram-se próximos às santas ordenanças e abundaram em piedade e devoção; o cristianismo, uma vez que admite alguém em seu poder, dispõe a alma à comunhão com Deus em todas estas formas estabelecidas, para que nos encontremos com Ele, e em que Ele tem prometido reunir-se conosco.

A grandeza deste acontecimento os colocou em uma posição mais elevada que o mundo, e o Espírito Santo os encheu com tal amor, que cada um era para o outro como para si mesmo. E deste modo, fez com que todas as coisas fossem comuns, sem destruir a propriedade, mas suprimindo o egoísmo e incentivando o amor. Deus, que moveu-os a isto, sabia que eles seriam rapidamente expulsos de suas propriedades na Judéia. O Senhor, dia após dia, inclinava mais os corações a abraçarem o Evangelho; não os simples professos, mas os que eram realmente levados a um estado de aceitação diante de Deus, sendo participantes da graça regeneradora. Aqueles que Deus tem designado para a salvação eterna serão eficazmente levados a Cristo até que a terra seja cheia do conhecimento de sua glória.

COMBATENDO O ESPÍRITO LITIGIOSO NA IGREJA = I Co 6: 1-8

Paulo havia acabado de lidar com o problema de um membro sexual- mente imoral (I Co 5.1-8). Agora, ele esforça-se para pôr fim ao litígio que fracionava a unidade da igreja de Corinto. Alguns crentes levavam suas pendências para serem julgadas perante tribunais ímpios (I Co 6.1). Permitiam que os pecadores julgassem suas desavenças!


a) Litígio entre os membros é sinal de irreverência - Os crentes estavam nos tribunais, litigando uns contra os outros perante juízes pagãos. O conselho de Paulo é para que a pureza da igreja fosse preservada, erradicando-se as contendas entre os irmãos. Esses casos, aparentemente, eram civis, porque os cristãos não possuíam jurisdição sobre casos criminais. Os judeus tinham permissão das autoridades romanas para julgar casos civis, e Paulo quer que essa prática seja transferida a Corinto. Porém, seu interesse primordial não é resolver as pendências entre membros, mas que essas não existissem (I Ts 5.15).

b) Litígio e egoísmo produzem ressentimentos - Os coríntios se preocupavam sempre com seus direitos e objetivos egoístas. Em resultado disso, eram extremamente sensíveis quando alguém infringia seus direitos ou inibia sua liberdade. Inevitavelmente, isso induzia os ressentimentos mútuos que paravam nos tribunais. Ir aos tribunais envolvia, como ainda hoje, um processo demorado e dispendioso, que em nada melhorava os relacionamentos dentro da igreja (I Co 6.8).

c) O litígio fragmenta a comunhão cristã - Em Corinto, o método dos partidários da “liberdade” consistia em reivindicarem direitos aqui, ali e em toda aparte. A prática dos crentes levarem uns aos outros aos tribunais havia, provavelmente, se tornado um hábito regular. É lamentável ver até mesmo igrejas acorrendo aos tribunais terrenos, muitas vezes por interesses mesquinhos de posse ou rebeldia. Este espírito litigioso que permeia a igreja do século XXI deve ser combatido com oração e a Palavra de Deus (I Co 6.1-7)

OS LITÍGIOS EXPÕEM A IGREJA PERANTE O MUNDO

Os incrédulos zombam e escarnecem da igreja quando os crentes se envolvem em contendas, rixas e debates. Os escândalos envolvendo religiosos sempre foram atrativos para o mundo sem Deus, o qual espera qualquer descuido de um cristão para denegrir toda a igreja (I Co 6.1).

a) Os cristãos têm responsabilidade perante o mundo - Paulo censura os coríntios devido a sua excessiva avidez por litígio, e isso tinha sua origem na ganância. Esta reprovação, porém, consiste em que, ao processar suas disputas perante os tribunais regidos por incrédulos, estavam dando um péssimo testemunho, reduzindo o evangelho a objeto de escárnio público. Portanto, é algo grave tomar a iniciativa, instaurando processos contra irmãos num tribunal de ímpios. Entretanto, é correto comparecermos diante de um tribunal e conduzirmos nossa causa, se a acusação é feita contra a nossa pessoa (Mt 10.16-20).

b) Os cristãos hão de julgar o mundo - Paulo argumenta que é uma injúria depositar nas mãos dos incrédulos nossas causas, como se não houvesse no colegiado dos santos alguém capaz de julgar (I Co 6.2).
Ele ainda reitera que Deus considerou os santos (cristãos) qualificados para serem designados juízes do mundo inteiro, portanto é intolerável que sejam eles impedidos de exercer o juízo em questões triviais, como se não fossem capazes para isso (I Co 6.3).

c) Os cristãos são dotados de sabedoria celestial – I Coríntios 6.2 tem seu paralelo nas palavras de Jesus: “... Quando, na regeneração, o Filho do Homem se assentar no trono da sua glória, também vos assentareis em doze tronos para julgar as doze tribos de Israel” (Mt 19.28). Jesus dará aos seus santos a honra de serem seus assessores. Além disso, eles julgarão o mundo, como de fato já começaram a fazer, porquanto sua piedade, fé, amor e integridade de vida deixarão os ímpios sem justificativa, justamente como se diz de Noé (Hb 11.7).

PELA CONSIDERAÇÃO MÚTUA OS LITÍGIOS ACABAM

Na relação interpessoal, os cristãos coríntios abusavam da liberdade cristã ultrapassando as normas da Palavra de Deus. Paulo requeria deles consideração mútua, mas eles contradiziam a vontade de Deus movendo ações judiciais uns contra os outros (I Co 6.4).

a) A base do ensinamento de Paulo é a unidade - A igreja é um corpo espiritual separado do mundo, e também uma família. Os irmãos não devem recorrer ao juízo de terceiros, para a solução de seus conflitos internos. Tal ação, que geralmente resulta em litígio, gera as piores divisões e ressentimentos, sendo uma ignomínia para a igreja. Em Romanos 13.1,2, Paulo reitera que devemos obedecer às leis e respeitar nossos governantes. Mas condena os membros do Corpo de Cristo que ventilam suas contendas em tribunal público. Ele salienta as diferenças entre o mundo e a igreja (I Co 6.1,6, 9,11). A igreja deve ter irmãos maduros, sábios e respeitados para apaziguar os ânimos alterados e evitar processos judiciais (I Co 6.4,5).

b) É melhor sofrer injustiça que prejudicar a igreja - Paulo chama a atenção dos coríntios para a importância da unidade do Corpo de Cristo, assegurando-lhes que eles eram incapazes de sofrer injúrias pacientemente (I Pe 2.19,20). De acordo com as palavras de Cristo, não devemos ser dominados por sentimentos ruins, mas, antes, extrair o melhor das injustiças através de atos de benevolência (Mt 5.44; Rm 12.21). Se a falta de paciência se revela em disputas entre cristãos, a conclusão é que tais disputas serão prejudiciais à igreja (I Co 6.7).

c) Os cristãos carnais não estão dispostos a perdoar - E melhor voltar à outra face do que exigir olho por olho no tribunal da igreja. Jesus disse que se alguém nos toma a túnica, devemos dar-lhe também a capa. Se um discípulo de Cristo pode fazer isto pelo pecador, quanto mais deveria ele dispor-se a fazê-lo por seu irmão. Não é de admirar que o crente carnal não deseje que a igreja julgue seu caso. Ele não está disposto a obedecer às leis de Jesus.A justiça do crente é justiça do perdão, da segunda milha (Mt 5.38-42).

VENCENDO AS INJÚRIAS COM ATITUDES CRISTÃS

A igreja tem sido freqüentemente tentada a enfrentar o desafio do mundo por meios carnais. Mas, não podemos substituir à oração perseverante a obediência à Palavra de Deus pelas armas mundanas (II Co 6.3-10).

a) Vencendo através do amor - Há pessoas que se dedicam ao evangelho, falam em línguas, realizam grandes obras de fé, mais são incapazes de amar o próximo, muito menos aqueles que lhes ofendeu. Diante de Deus, a sua espiritualidade e profissão de fé são vãs (I Co 13.1-7). Não basta nos envolver na obra de Deus, precisamos amar: “Aquele que ama não conhece a Deus, porque Deus é amor” (I Jo 4.8).

b) Vencendo através da compaixão - Ressentir-se em razão dos sofrimentos causados contra nós não trará nenhum beneficio. Como cristãos, precisamos compreender que mais razoável atitude aos atos condenáveis é ter compaixão de quem os pratica. Quando pedimos a Deus que nos ajude a ter compaixão em cada relacionamento conturbado, ele ilumina nosso adversário de modo que possamos ver não um inimigo, mas alguém em desesperada necessidade de cura e de esperança (Jó 6.14).

c) Vencendo através do perdão - Devemos encarar o desafio de aprender a resolver conflitos usando o poder do perdão. Infelizmente, há pessoas que levam o ódio para o túmulo, sem nunca antes ter atentado para os malefícios que o ressentimento pode causar (Hb 12.15). As mágoas e ressentimentos são os cânceres da alma que mantêm abertas as feridas do espírito.Gradativamente, estas feridas vão se alastrando na alma até nos levar a uma profunda debilidade espiritual (Mt 18.21,22).

VIVENDO NO LIMIAR DA ETERNIDADE = 1 PEDRO 4.7-11; 3.8,9

1. O fim está próximo. O primeiro versículo adverte-nos com a sentença: “Está próximo o fim de todas as coisas”. Diante dessa afirmação, qual a maneira correta de vivermos perante a sociedade? Se o fim é iminente, como devemos nos preparar? A perspectiva profética e certeira do fim dos tempos deve nos estimular a estar sempre prontos quanto a nossa vida aqui, e principalmente a vida espiritual. Pedro usou a esperança da vinda de Cristo como incentivo para uma vida reta e um serviço responsável diante de Deus, através da ajuda ao próximo. No texto em estudo, o apóstolo nos apresenta quatro linhas de condutas a serem observadas: sobriedade com oração diária (At 10.9; Cl 4.2,12), amor fraternal com sinceridade e fervor (1.22; Mt 22.37-39; 1 Ts 4.9,10; 2 Pe 1.7), hospitalidade e generosidade sem murmuração (v.9) e mordomia generosa dos dons (v.10).


2. Sobriedade e vigilância em oração. É necessário que o crente tenha absoluto autocontrole, mantendo-se tranqüilo, esperando sempre a direção de Deus em meio as situações difíceis. E, além disso, deve manter-se em constante oração, pois é através da oração que ele se sustenta em vigilância, com seus olhos voltados na direção certa. A expressão “vigiai em oração” aponta para uma só coisa: a necessidade de moderação, de sobriedade e discernimento, não deixando que nada venha nos privar da capacidade de ver e pensar claramente. Assim, mesmo que o Senhor demore a retornar, seus servos estarão prontos e alertas ante aos ataques do Diabo, que sempre quer derrotá-los (cf. 2 Co 2.11; 11.14; = Ef 6.11).

O AMOR EM EVIDÊNCIA

1. Acima de tudo, o amor (v.8). A expressão “sobre tudo”destaca um tema importante neste texto: o amor entre os irmãos. O texto mostra que o amor fraternal já existe no crente; isto porque o Espírito Santo habita em nós (Rm 8.11).

Agora é preciso que ele seja mais intenso, mais ardente. Se amarmos nossos irmãos ardentemente, estaremos sempre prontos a perdoá-los. Ou seja, se o nosso amor for suficientemente forte, poderemos exercê-lo a despeito das graves faltas que algum irmão possa cometer contra nós. Assim como Deus trata-nos graciosamente, a despeito dos nossos pecados, devemos tratar os outros com amor divino: “Um novo mandamento vos dou: Que vos ameis uns aos outros; como eu vos amei a vós” (...) “Nisto conhecemos o amor: que Cristo deu a sua vida por nós. E nós devemos dar a nossa vida pelos irmãos” (Jo 15.12; 1 Jo 3.16).

Isso significa que devemos amar as pessoas com o mesmo amor com que Cristo nos amou, amor ágape, divino. Em termos práticos, devemos desejar aos nossos irmãos tudo de bom que desejamos para nós mesmos. Se queremos uma boa escola para os nossos filhos, devemos esperar que os nossos irmãos e amigos também consigam uma boa escola para os seus. Se ansiamos por qualquer outro bem que nos permita viver confortavelmente, também devemos desejar essas coisas ao nosso próximo. Esta mensagem já havia sido comunicada em 1 Pel.22. Os crentes devem ser conhecidos pelo amor que demonstram uns aos outros, porque assim estarão imitando seu Senhor e Mestre (Jo 13.3 5).

2. O amor cristão. O amor divino em nós é a maior de todas as virtudes cristãs, mais importantes que a fé ou a esperança (1 Co 13.12). O amor cristão não consiste meramente em emoção; é uma qualidade da alma, mediante a qual o crente sente vontade de servir ao próximo. Ele leva a pessoa a considerar seus semelhantes sempre com benevolência, estima, respeito, justiça e compaixão. Este amor exemplificado por Cristo permeia todo o evangelho (Jo 3.16; Mt 22.34-40; Jo 15.9-13) e é, em resumo, a essência do Cristianismo.

“No Cristianismo, tudo começa no amor, se sustenta no amor e culmina no amor. ‘Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu seu Filho... = = (Jo 3.16); ‘Mas Deus prova o seu amor para conosco, em que Cristo morreu por nós, sendo nós ainda pecadores’ (Rm 5.8); ‘Andai em amor, como também Cristo vos amou, e se entregou a si mesmo por nós, em oferta e sacrifício a Deus, em cheiro suave’ (Ef 5.2)”. (Conhecidos pelo Amor, CPAD) Quando o crente, como discípulo do Senhor, rende-se inteiramente a Cristo, seu amor flui — transborda em relação aos outros, sabendo nós que o nosso amor a Deus implica também em odiarmos o mal (não as pessoas)(SL97.10).

PRATICANDO O AMOR

1. A hospitalidade (v,9). O texto bíblico a seguir aborda outro aspecto do amor entre os irmãos: a prática da hospitalidade, também lembrada pelo escritor aos hebreus: “Não vos esqueçais da hospitalidade, porque por ela alguns sem o saberem, hospedaram anjos” (Hb 13.2).

Qual o valor da hospitalidade? Naqueles tempos, as hospedarias eram escassas, muito caras e freqüentadas por meretrizes e maus elementos. Os cristãos acolhiam em seus lares outros crentes que por ali passavam de viagem. Muitos missionários foram agraciados por aqueles irmãos enquanto viajavam em suas jornadas evangelísticas. O próprio apóstolo Pedro fora recebido por Cornélio, e Cesárea (At 9.43; 10.5,23-48). Esta abençoada prática continua ainda hoje.

Não havia templos e as reuniões congregacionais eram feitas em casas, que se abriam para receber a congregação. Os lares dos crentes eram o centro da vida comunitária cristã e da missão evangelizadora e, por isso, era mister que eles fossem hospitaleiros. Todos nós devemos ser hospitaleiros(Rm 12.13). A importância da hospitalidade é também vista no fato de ela ser um dos quesitos de quem aspira o santo ministério (1 Tm 3.2; Tt 1.8). Ela deve ser prestada, sobretudo aos estranhos (Hb 13.2), aos pobres (Is 58.7; Lc 14.13,) e até mesmo aos inimigos (2 Rs 6.22,23; Rm 12.20).

2. Serviço (v.1O). O amor de Deus é expresso pelo amor ao próximo, por isso a vida cristã deve ser uma vida de serviço aos outros. Jesus “não veio para ser servido, mas para servir” (Mc 10.45). Ele se identificou com os necessitados e desabrigados, por isso considera aqueles que mais dão de si mesmos, como os que mais se assemelham a Ele, que nunca poupou coisa alguma de si mesmo em seu serviço aos outros. Aqueles que servem aos seus semelhantes, na realidade estão servindo a Deus e a Cristo (Mt 25.40).

3. A mordomia dos dons (v. 10). Todos recebemos dons e talentos para servirmos aos outros. Esses dons podem ser naturais, ativados pela ação do Espírito ou de capacitações sobrenaturais concedidas ao crente pelo Espírito Santo, para com a finalidade de servir. Cada um deve colocar o seu dom a serviço de todos, e assim o cristão se torna despenseiro da graça de Deus.
A graça divina manifesta-se de muitos modos e concretiza-se na vida humana de muitas maneiras. Deus concede dons de modo multiforme, de acordo com as necessidades da Igreja.

CONCLUSÃO

Esse exemplo de comunhão deve ser seguido pelos cristãos, pois isso fortalece a unidade da Igreja. Unidos, estamos somando as forças na luta contra as hostes infernais, e, dessa forma, a evangelização vai ganhando espaço, para a glória do nome de Jesus. Isso não pode ser conquistado, se não houver comunhão.


Elaboração pelo:- Evangelista Isaias Silva de Jesus
Igreja Evangélica Assembléia de Deus Ministério Belém Em Dourados – MS


BIBLIOGRAFIA

Lições bíblicas CPAD 1996
Lições bíblicas CPAD 2001
Bíblia de Estudo Pentecostal
Comentário Bíblico Mathew Henry