5 de maio de 2015

MULHERES QUE AJUDARAM JESUS



MULHERES QUE AJUDARAM JESUS

Texto Áureo = “E também algumas mulheres que haviam sido curadas de espíritos malignos e de enfermidades [...] e muitas outras que o serviam com suas fazendas.” (Lc  8.2,3).

Verdade Prática = A mulher sempre teve um papel importante na expansão do Reino de Deus.
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE = Lucas 1.30,31; Lucas 8.1-3; Marcos 16.1,2,9.

PONTO DE CONTATO

 Faça a seguinte pergunta a seus alunos: De que forma as mulheres eram tratadas na sociedade judaica? E qual foi a atitude de Jesus para com elas durante o seu ministério?
Israel era uma sociedade definitivamente patriarcal. Em geral, os homens eram os chefes da família e do governo. Embora aos olhos de Deus as mulheres fossem de importância igual à dos homens, estes não as viam assim. Haviam algumas leis que impunham sérias restrições à mulher. No primeiro século, havia uma célebre oração que os judeus recitavam, na qual agradeciam a Deus por não terem nascido mulher. Porém, com o advento do Messias essas barreiras foram quebradas. Jesus reservou para as mulheres um grande privilégio: elas foram as primeiras a gozar da enorme alegria de ver as evidências da sua ressurreição.
  
ORIENTAÇÃO DIDÁTICA

 Peça a seus alunos que relacionem numa folha de papel as atitudes de Jesus em seu relacionamento com as mulheres. Exemplo: a) Aceitou mulheres em seu grupo de discípulos; b) Ensinou verdades espirituais às mulheres (Jo 4 e 11); c) Entrou em suas casas (Lc 10.38); d) Conversava com mulheres em público (Jo 4.27); e) Permitia que as mulheres tocassem nele (Lc 7.38); f) Permitia que as prostitutas se aproximassem dEle (Lc 3.3; Mt 21.32).

Outra atividade:

Inicie, no quadro de giz, uma lista contendo episódios neotestamentários nos quais as mulheres aparecem com notoriedade e distinção. Depois, peça a seus alunos que continuem a lista.

Utilize os exemplos abaixo:

1. Última pessoa ao pé da cruz (Mc 15.47).
2. Primeira pessoa no túmulo (Jo 20.1).                                                                                              3. Primeira pessoa a proclamar a ressurreição (Mt 28.8).
4. Primeira pessoa a pregar aos judeus (Lc 2.37,38).                                                                          5. Presente na primeira reunião de oração (At 1.14).
6. Primeira pessoa a saudar missionários cristãos na Europa (Mt 16.13).                                     7. Primeira pessoa convertida na Europa (At 6.14).

INTRODUÇÃO

 Do primeiro ao último livro da Bíblia, vemos a presença da mulher, direta ou indiretamente, como parte importante do plano de Deus para a humanidade. No princípio, criada à imagem de Deus (Gn 1.27), a mulher foi protagonista inicial da Queda. Recebeu, no entanto, a promessa de que, de sua semente, nasceria o Salvador. E Jesus, desde o seu nascimento, até à sua morte, teve participação feminina no cumprimento de sua missão.

A MULHER 

1. Uma mensagem do céu (Lc 1.28,30,31). Nazaré, na Galileia, era uma cidade sem grande importância política ou econômica. Certamente, nunca recebia a visita de pessoas de destaque. Entretanto, num dia especial, uma de suas filhas, a jovem Maria, recebeu nada menos que a visita de um mensageiro, enviado diretamente do céu, para lhe anunciar a maior notícia que o mundo jamais ouvira: O anjo Gabriel lhe saudou, dizendo: “Salve, agraciada; o Senhor é contigo; bendita és tu entre as mulheres... Maria, não temas, porque achaste graça diante de Deus... eis que em teu ventre conceberás, e darás à luz um filho, e pôr-lhe-ás o nome de Jesus”. Era o início do cumprimento da promessa que Deus fizera à mulher, em Gn 3.15.

2. O milagre da encarnação. Pela ação sobrenatural do Espírito Santo, Maria concebeu Jesus (Lc 1.34,35). Cumpria-se a profecia de Is 7.14, que previra sua concepção virginal. No ventre de Maria, Deus se fez presente entre os homens (Mt 1.23), redimindo a mulher da tremenda mancha que lhe atingiu, no Éden, quando se tornou culpada, ao lado do homem, pela entrada do pecado no mundo (Rm 5.12).

3. Nascido de mulher. A promessa feita a Eva, no Paraíso, teve seu cumprimento pleno, quando Maria “deu à luz seu filho primogênito, a quem pôs-lhe o nome de JESUS” (Mt 1.15). Jesus não nasceu antes nem depois da hora, “mas, vindo a plenitude dos tempos, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei” (Gl 4.4).

MULHERES NO MINISTÉRIO DE JESUS

1. Jesus valorizou a mulher. Entre os judeus, de modo geral, as mulheres eram vistas como inferiores aos homens. O historiador Josefo relata que as mulheres podiam dar graças, desde que houvesse um homem presente, e que cem mulheres não valeriam mais do que dois homens. 

A mulher não podia ler as Escrituras na sinagoga, mas um escravo, homem, podia. Certos rabinos desconfiavam até que a mulher tivesse alma. No entanto, Jesus valorizou a mulher em seu ministério. Dialogava com elas, em diversas ocasiões (Mt 15.21-28; Jo 4);
Enquanto o Talmude dizia que era preferível destruir a Torá (Lei) do que transmiti-la às mulheres, Jesus lhes ministrava o ensino (Lc 10.38-42). Certo rabino escreveu a Deus: “Eu te agradeço porque não nasci escravo, nem gentio, nem mulher”. 

Enquanto isso, Jesus ouvia as mulheres, curava suas enfermidades (Lc 13.11), e usava-as como exemplo em suas parábolas (cf. Lc 15.8-10; 18.1-8). Sem dúvida, ao nascer de uma mulher, Jesus dignificou a maternidade (Lc 1.28; Gl 4.4).

2. Jesus valorizou o trabalho da mulher. Ele as admitiu como suas cooperadoras em seu ministério, até a sua morte (Mt 27.55b; Mc 15.41). Quando andava pelas cidades e aldeias, pregando o evangelho, além de seus discípulos, Jesus tinha a inestimável cooperação de mulheres, de diversas classes sociais, incluindo Joana, esposa de um procurador do rei Herodes, além de Maria Madalena, a quem libertou, Suzana e outras, cujos nomes a Bíblia omite (Lc 8.1-3).

MULHERES NA MORTE E RESSURREIÇÃO DE JESUS

1. Diligência e coragem. Enquanto os homens, como discípulos, estavam “com medo dos judeus” (Jo 20.19,26), as mulheres estavam observando o triste espetáculo da crucificação. Diz Marcos: “E também ali estavam algumas mulheres, olhando de longe, entre as quais também Maria Madalena, e Maria, mãe de Tiago, o menor, e de José, e Salomé” (Mc 15.40), as quais serviam a Deus. Depois, diligentemente, foram ver o local, no qual Jesus fora sepultado por Jose de Arimatéia (Lc 23.50,55,56). 

Passado o Sábado, “Maria Madalena, Salomé e Maria, mãe de Tiago, compraram aromas para irem ungi-lo. E, no primeiro dia da semana, foram ao sepulcro, de manhã cedo, ao nascer do sol” (Mc 16.1,2). De certo, aí, vemos o cuidado e o desvelo feminino, por parte daquelas mulheres, que foram beneficiadas por Jesus, o seu Salvador. Ao vê-lo sepultado, quiseram demonstrar o carinho por Ele, levando aromas para ungir seu corpo.

2. Espanto e privilégio. Quando se aproximaram do sepulcro, estavam preocupadas com a pedra que fora posta à sua entrada (Mc 16.3). No entanto, não havia mais razão para tal, pois a pedra já estava removida por um anjo por que Deus ressuscitara Jesus, (Mt 28.2; At 2.32; 3.15; 4.10). A experiência vivida pelas mulheres, ali, no Horto do Sepulcro, talvez não tenha sido observada por outra pessoa. À direita do túmulo, estava um anjo, que a Bíblia chama de “jovem”, “vestido de roupa comprida e branca, e ficaram espantadas”. Elas foram as primeiras e únicas pessoas a ouvirem a palavra tranquilizadora do anjo, dizendo: “Não vos assusteis; buscais a Jesus, o Nazareno, que foi crucificado; já ressuscitou”.

3. Testemunhas especiais. Parece-nos significativo o fato de Jesus, após sua ressurreição, ter aparecido, “primeiramente a Maria Madalena, da qual tinha expulsado sete demônios” (Mc 16.9). Ele não apareceu a Pedro, a Tiago ou a qualquer dos seus discípulos, não obstante ter compartilhado mais o seu ministério com eles. Após ouvirem a mensagem do anjo, Maria Madalena correu a anunciar o auspicioso fato aos discípulos, que estavam entristecidos e chorando. Lamentavelmente, quando aqueles ouviram a notícia da ressurreição, da boca de uma mulher, não o creram (Mc 16.11). Será que eles teriam perdido a fé? Ou será que descreram porque as boas novas foram transmitidas por uma mulher? O fato é que as primeiras testemunhas do grande milagre da ressurreição de Jesus foram as mulheres que o serviram em seu ministério.

 CONCLUSÃO

 Os judeus, acostumados numa sociedade oriental e patriarcal em que o homem tinha todos os privilégios, enquanto a mulher era considerada como cidadã de segunda classe, Jesus demonstrou interesse e atenção às mulheres, não só curando-as, libertando-as, mas admitindo-as como cooperadoras em seu profícuo ministério. Certamente, isso chocou a muitos, sendo, inclusive, considerado um desrespeitador das leis do país em que vivia. Que o Senhor nos ajude a entender os ensinos sábios do Mestre da Galileia.

AUXÍLIOS SUPLEMENTARES

“Uma leitura mais atenta dos versículos que registram a atuação da mulher nos tempos do Novo Testamento revela o destaque que elas tiveram no trabalho de expansão da Igreja. Destacamos a seguir o comentário da Bíblia de Estudo Pentecostal (CPAD) a respeito de duas referências bíblicas - Lc 8.3 e Rm 16.1:

Lc 8.3. Essas mulheres, que tinham recebido cura e atendimento especial da parte de Jesus, honravam-no, contribuindo fielmente para o seu sustento e dos seus discípulos. O serviço e a devoção delas continuam sendo um exemplo para toda mulher que nEle crê. As palavras de Jesus em Mt 25.34-40 aplicam-se a nós na proporção em que lhe servimos.

Rm 16.1. Provavelmente, foi Febe a portadora desta epístola. Ela era uma servidora (ou, que fazia o trabalho de diaconisa) na igreja em Cencréia, próximo a Corinto. A construção linguística do versículo em apreço, no original, indica que ela desempenhava a função de diácono, talvez porque no momento havia falta, ali, de elementos masculinos para o diaconato. Febe ministrava aos pobres, aos enfermos e aos necessitados, além de prestar assistência a missionários tais como Paulo. As saudações de Paulo a nada menos de oito mulheres neste capítulo, indicam que as mulheres prestavam serviços relevantes às igrejas.

Elaboração pelo:- Evangelista Isaias Silva de Jesus
Igreja Evangélica Assembléia de Deus Ministério Belém Em Dourados – MS
Lições Bíblicas 2000 – CPAD

COMPLEMENTO ADICIONAL LIÇÃO 06 = MULHERES QUE AJUDARAM JESUS

Jesus Ministra a Algumas Mulheres (Lucas 7:36—8:3)

7:36-50 / O episódio da mulher pecadora que unge os pés de Jesus apresenta algumas semelhanças com os registros da unção do Senhor um pouco antes de ele ser preso e crucificado (v. Mateus 26:6-13; Marcos 14:3- 9; João 12:1-8). Visto que Lucas não apresenta outro episódio que teria ocorrido mais tarde, e visto que há vários paralelismos específicos entre o relato de Lucas e os dos outros evangelhos (v. Fitzmyer 684-5), alguns comentaristas crêem que Lucas 7:36-50 nada mais é do que uma variante da unção de Jesus durante a semana da paixão.

Entretanto, há numerosas diferenças (na Galiléia, em vez de na Judéia; os pés são ungidos, em vez de a cabeça; na presença de um fariseu em vez de discípulos). Isso indica que, para Lucas, esse episódio era distinto daquele que teria visto em Marcos 14:3-9. É possível também que Lucas teria sido influenciado por alguns detalhes de Marcos; mas a tendência de Lucas para evitar repetições pode explicar a inexistência do episódio de unção mais tarde, durante a semana da paixão (quanto a uma discussão mais profunda, v. Marshall, p. 306-7).

Há certos aspectos curiosos a respeito da visita de Jesus à casa de Simão, o fariseu. Parece-nos estranho que Jesus fosse convidado para um jantar e lhe fossem negadas as cortesias costumeiras. Que a mulher pecadora conseguisse invadir a sala de jantar da casa de um fariseu também nos parece mais estranho ainda. Entretanto, essas e outras perguntas que possam surgir não podem deter-nos.

Na seção anterior, Jesus referiu-se a si mesmo como alguém que “comia e bebia com pecadores” e como “amigo dos pecadores” (v. 34). Pode ser, então, que Lucas entendeu ser esse episódio uma ilustração dessa declaração, visto que nesse episódio Jesus é visto comendo e bebendo na companhia de um pecador (Talbert, p. 85). Para Lucas a questão mais importante surge nu comentário do fariseu, no v. 39: Se este fora profeta, bem saberia quem e qual é a mulher que lhe tocou, porque é pecadora. O fariseu presume (que Jesus, sendo homem santo, e não desejando tornar-se imundo, deveria te peitar todo contato com a mulher e talvez ordenar a ela que se retirasse.

Pode ser, assim raciocina o fariseu, que Jesus não esteja ciente do verdadeiro caráter dessa mulher (v. a nota abaixo). Então ele conclui que esse pregador It Galiléia talvez não seja profeta. Mas a reação de Jesus dá evidência de sua função profética, porque percebe os pensamentos de seu hospedeiro. O título que Simão usa para dirigir-se a Jesus, mestre, pode indicar um respeito recentemente adquirido pela pessoa de Jesus (v. a nota abaixo). A seguir, Jesus lhe conta a parábola de certo credor que perdoou as dívidas de dois devedores porque nenhum dos dois podia pagar (vv. 4 1-42).

E a seguir Jesus aplica a parábola ao amor que aquela mulher demonstrara pelo Senhor. Essa aplicação faz um contraste com o respeito mínimo que Simão demonstrara por Jesus. Visto que essa mulher recebera pleno perdão de seus muitos pecados (é provável que a mulher houvesse recebido o perdão antes de entrar na casa de Simão), ela demonstra grande amor e gratidão. Todavia, pessoas cheias de auto-retidão como Simão, que acham que seus pecados são poucos e, portanto, precisam de pouco perdão (a quem pouco se perdoa), demonstram pouco amor (vv. 44-47).

Uma segunda questão se levanta nos vv. 48-50, quando Jesus assegura à mulher: Perdoados são os teus pecados. Mas os que estavam com ele à mesa reagiram, imaginando quem poderia ser Jesus que até perdoa pecados. As outras palavras de Jesus à mulher no v. 50 demonstram que sua fé tornou possível o perdão e a salvação. Nesses últimos três versículos, Lucas leva os leitores até sua maior preocupação, qual seja, que Jesus tem autoridade para perdoar pecados, e sua autoridade deve ser aceita pela fé (v. Lucas 5:20-26).

8:1-3 / Uma das características espantosas do ministério de Jesus foi a presença de mulheres como discípulas, como companheiras no meio de seus seguidores. Mulheres que acompanhassem a Jesus e seus discípulos era algo que contrariava de modo total os costumes judaicos (v. Tannehill, p. 137- 39). Nessa breve seção, Lucas identifica por nome três das mulheres que viajavam pela Galiléia ao lado dos Doze (v. a nota abaixo). Ele nota ainda que havia muitas outras que lhe prestavam assistência com os seus bens (v. 3). 

É provável que Lucas tivesse três razões para mencionar essas mulheres:

(1) mostrar que as mulheres que haviam testemunhado a crucificação (Lucas 23:49) e a sepultura vazia (24:10,22,24) haviam estado com Jesus desde o tempo de seu ministério galileu (o que com efeito satisfaz as qualificações exigidas para o apostolado em Atos 1:21,22);

(2) mostrar que as mulheres podem ter e exercer, e de fato exercem papéis de influência na igreja (v. Atos 1:14; 8:12; 16:13-15; 17:4,12; 18:24-26); e

(3) demonstrar que a liberalidade em questões de dinheiro e bens é marca do discipulado real, sendo essencial para a continuidade do ministério.

Notas Adicionais

7:36-50/ Brodie (p. 176-89) sustenta que a versão de Lucas dessa história recebeu a influência da história da mulher sunamita e do ministério de Eliseu a ela, em 2 Reis 4:8-37. Ele crê que o tema comum a ambas as passagens é esse: o recebimento de nova vida da parte do profeta de Deus (como Jesus é chamado em Lucas 7:39).

7:37 / uma mulher da cidade, pecadora: Lit., “uma mulher que era pecadora”. E provável que essa mulher tenha sido uma prostituta, mas o adultério é outra possibilidade. Matthew Black (Ao Aramaic Approach to the Gospeis and Acts [Estudo do Ponto de Vista do Aramaico dos Evangelhos e de Atos], 3a. cd. [Oxford: Clarendon, 1967], p. 181-83), entretanto, sugere que o texto grego é resultante de confusão com o texto original aramaico, segundo o qual a mulher era uma “devedora”. Se ele tiver razão, a parábola dos dois devedores (7:41,42) enquadra-se melhor no contexto. Leaney (p. 147) tem razão em observar que não existe evidência dc que a mulher pecadora seria Maria Madalena (v. também Tiede, p. 164-5).

7:40 / mestre: Ser chamado “mestre” (usualmente entendido como equivalente a “rabi”, v. João 1:38) era marca de reverência e respeito.

7:41 / denários: A forma singular latina é “denarius”. O denário era uma moeda romana equivalente a um dia de trabalho. A soma equivalente ao débito menor, nessa parábola, é significativa, mas o débito maior representa uma soma inimaginável para o camponês palestino do primeiro século.

8:2 / Maria, chamada Madalena: E assim chamada por ser da cidade de Magdala (que possivelmente significa “cidade da torre”). Ela aparece de modo preeminente na tradição dos evangelhos, de modo particular na crucificação e ressurreição de Jesus (Mateus 27:56, 61; 28:1; Marcos 15:40, 47; 16:1, [9]; Lucas 24:10; João 19:25; 20:1, 11, 16, 18).
Só Lucas menciona que saíram sete demônios dessa mulher (a segunda finalização do evangelho de Marcos repete a declaração de Lucas [Marcos 16:9]. O número de demônios indica a severidade da possessão demoníaca (Ellis, p.128; Fitzmyer, p. 698). De acordo com uma tradição rabínica, o anjo da morte “disse a seu mensageiro: ‘Vá buscar Miriã [Maria], a cabeleireira de mulheres!’ Ele foi e lhe trouxe Miriã” (b. Hagiga 4b). “Cabeleireira” é megaddela, que poderia ser um trocadilho com Madalena, O contexto mais amplo dessa tradição rabínica revela que Madalena foi confundida com Maria, a mãe de Jesus.

8:3 / Joana, mulher de Cuza, procurador de Herodes: E referência a Herodes Antipas. Fitzmyer (p. 698) entende que o marido de Joana poderia ter sido administrador dos bens de Herodes. O fato de a esposa de tal personagem ser seguidora de Jesus indica que nem todos os seguidores de Jesus eram de origem humilde e de pequenas posses. Além desse versículo e de Lucas 24:10, não existem menções a essa mulher em outras passagens.

Suzana: Além dessa referência de Lucas, nada se conhece a respeito dessa mulher. E o nome da bela heroína de uma parte das adições apócrifas de Daniel.

Com os seus bens: Lit, “de suas próprias posses”, A palavra traduzida por “bens” ocorre com freqüência em Lucas 11:21; 12:15,33,44; 14:33; 16:1;19 Atos 4:32) e reflete a preocupação de Lucas com as riquezas e nossa atitude adequada para com elas.

BIBLIOGRAFIA

Comentário Bíblico Contemporâneo Edição Contemporânea de Almeida






MULHERES QUE AJUDARAM JESUS



MULHERES QUE AJUDARAM JESUS

Texto Áureo = “E também algumas mulheres que haviam sido curadas de espíritos malignos e de enfermidades [...] e muitas outras que o serviam com suas fazendas.” (Lc  8.2,3).

Verdade Prática = A mulher sempre teve um papel importante na expansão do Reino de Deus.
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE = Lucas 1.30,31; Lucas 8.1-3; Marcos 16.1,2,9.
Mulheres em Evidência

Não faz muito tempo fui convidado para ministrar em uma convenção de pastores. A minha palestra versava sobre o valor da apologética cristã no ministério pastoral. Durante os dias que ali passei naquele conclave, pude observar um debate acirrado sobre a ordenação de mulheres para o ministério pastoral. As posições estavam polarizadas e os enfrentamentos se tornaram bastante calorosos! Como não havia sido convidado para esse propósito, não tive participação ativa naquele debate.

Não é meu propósito neste capítulo tratar da ordenação ou não de mulheres ao ministério pastoral. Nem tampouco é meu objetivo entrar no mérito dessa questão emitindo um juízo de valor sobre esse assunto. Isso fugiria completamente do nosso foco aqui que é procurar entender o lugar que as mulheres ocuparam no ministério publico de Jesus. Todavia acredito que precisamos conhecer o que a história registrou sobre esse assunto a fim de entendermos melhor como a mulher tem sido tratada ao longo dos anos, quer dentro da cultura judaica, cristã ou secular.

O Catolicismo Medieval e as Mulheres!

Embora o debate em torno da participação feminina nos contextos social e religioso é bastante atual, todavia, como observaram os escritores Bonnidell Cluse e Robert G. Bonnidell, ele não é novo. Bonnnidell faz um excelente apanhado histórico sobre a participação feminina no movimento evangélico através dos séculos. Aqui sintetizarei essa análise.

No contexto católico romano, por exemplo, as mulheres possuem atribuições religiosas bastante limitadas. Isso se deve ao fato da analogia que o catolicismo criou entre o sacerdócio levítico e o sacerdócio católico.
Sendo o sacerdócio católico uma adaptação do sacerdócio levítico, inclusive com sua função de mediador, somente homens, como era no antigo judaísmo, poderiam participar do culto.

As mulheres estavam excluídas por uma série de razões. Uma delas é que a Lei considerava uma mulher, no período menstrual, cerimonialmente impura para o culto. Dessa forma o catolicismo medieval entendia que as mulheres também estavam excluídas para as atividades religiosas pelas mesmas razões.

Mulheres no Contexto da Reforma

No contexto evangélico ou protestante, no que se refere ao papel das mulheres, os debates têm se restringido à participação ou não das mesmas no ministério pastoral. Em outras palavras, a questão gira em torno da ordenação ou não de mulheres para o exercício pastoral ou para a função de liderança. Robert G. Clouse explica como é vista essa questão nas igrejas protestantes.

Na maioria das igrejas, observa ele, a ordenação para o ministério se entende como a eleição de algumas pessoas que vão ocupar posições de autoridade dentro da congregação. Isso as qualifica para pregar, administrar os sacramentos e supervisionar os assuntos da congregação. Devido a importância da pregação nas igrejas protestantes, o tema da ordenação está muito relacionado com essa função.

Com o advento da Reforma Protestante de 1517, a visão bíblica do sacerdócio universal de todos os crentes foi restaurada dentro do contexto evangélico. Seguindo o ensino neotestamentário, Lutero ensinou que o cristão era seu próprio sacerdote (1 Pe 2.9).

Isso abolia a figura do sacerdote católico e também tornava desnecessária a figura de um mediador. Apesar de alguns historiadores acharem que Lutero, graças a sua grande influência, deveria ter olhado com mais atenção para a função de liderança das mulheres na igreja, ele não o fez. Mas ele acreditava que sob circunstâncias especiais as mulheres poderiam exercer algumas funções na igreja, como por exemplo, a da pregação.

Essa sua posição mais maleável para com as mulheres exerceu influência entre luteranos e reformados, seguidores de João Calvino. Esse ponto de vista do reformador alemão se fundamentava no relato da criação. Ele acreditava que antes da queda tanto o homem quanto a mulher desfrutavam da mesma posição diante de Deus, mas com a entrada do pecado no mundo esse quadro mudou, O homem passou então a exercer a função de liderança. Por outro lado, João Calvino partia do princípio de que a mulher havia sido criada a partir do homem e como tal deveria ser subordinada a ele.

Os Anabatistas e as Mulheres

A posição dos anabatistas sobre a participação das mulheres na liturgia do culto era muito mais maleável do que a dos reformadores. Os anabatistas radicalizaram mais ainda a Reforma exigindo o batismo de adultos e a participação de leigos no ministério da igreja. Na verdade os anabatistas eram totalmente contra toda forma de elitização clerical. Não há dúvida de que esse posicionamento dos anabatistas fez com que as mulheres tivessem muito mais espaço entre eles. 

De fato os batistas do século XVII e os Quakers, claramente influenciados pelo movimento anabatista de onde surgiram, permitiram a participação ativa de mulheres em suas liturgias.

As Mulheres e o Movimento Pietista Alemão

Essas e outras controvérsias surgidas por conta da Reforma fez com que as igrejas institucionalizadas procurassem definir seus credos doutrinários de forma muito mais precisa. A consequência natural dessa ortodoxia foi a classificação desses movimentos como sendo de natureza sectária e herética.

Muitos cristãos não ficaram satisfeitos com esse enrijecimento doutrinário da igreja institucional e procuraram um retorno ao fervor bíblico primitivo. Passaram a enfatizar a conversão, a ansiar por uma vida mais santa e uma vida devocional mais dinâmica. Esses crentes foram apelidados de “pietistas”. Eles enfatizam a vida interior e não apenas os rituais exteriores. No movimento pietista as mulheres voltaram a ter um papel de destaque.

O Metodismo e as Mulheres

É com o movimento metodista, fundado por John Wesley, que as mulheres vão receber a visibilidade que ainda não possuíam, tanto na Inglaterra como nos Estados Unidos. Wesley acreditava que as restrições de Paulo quanto à função das mulheres na igreja era uma norma a ser seguida. Todavia, ele cria que Deus havia chamado a todos para a sublime missão de pregar o evangelho. Pensando assim, ele permitiu que leigos e mulheres tivessem participação ativa no seu movimento.

Os Movimentos de Reavivamento e as Mulheres

Entre os anos de 1725 e 1770, os Estados Unidos foram abalados pelo que se chama comumente de “O Grande Avivamento”. Tendo origem nas igrejas reformadas holandesas, influenciando posteriormente as igrejas congregacionais da Nova Inglaterra, esse avivamento trouxe conversões em massas e gerou também o famoso pregador Jonathan Edwards.
Nesse avivamento, as mulheres tiveram uma participação especial. A mais famosa delas foi Sarah Osborn que desenvolveu um ministério público de pregação.

Um outro avivamento, que se seguiu a esse, denominado de “O Segundo Grande Despertamento”, ocorreu em meados do século XIX. Cerca de dois terços dos convertidos nesse movimento eram mulheres que em sua grande maioria estavam na casa dos trinta anos. Esse fato fez com que as mulheres também tivessem proeminência dentro desse movimento.

Com o advento do pentecostalismo no início do século XX, o papel da mulher na igreja ganhou muito mais expressão. Todavia, o mesmo fenômeno que ocorreu dentro de outros movimentos evangélicos passados se repetiu dentro do pentecostalismo e a posição de liderança das mulheres ficou outra vez limitada.

Observa-se que embora as mulheres tenham exercido diferentes funções dentro do movimento protestante, o protestantismo se manteve sempre conservador ao restringir a função de liderança eclesiástica ao sexo masculino.

O Movimento Feminista e as Mulheres

No contexto secular o movimento feminista surge com a bandeira que promete acabar com toda e qualquer discriminação que existe contra a mulher.

De acordo com a Enciclopédia Barsa, o movimento feminista defende a igualdade de direitos e status entre homens e mulheres, que devem ter garantida a liberdade de decisão sobre suas próprias carreiras e padrões de vida,

A origem desse movimento está associado à revolução francesa de 1789. Durante esse período de convulsão social o sistema político e social então vigente na França e no resto do Ocidente foi abalado. Ainda de acordo com a Barsa, esse movimento “encorajou as mulheres a denunciar a sujeição a que eram mantidas e que se manifestava em todas as esferas da existência: jurídica, política, econômica, educacional, etc. “

Como se observa, esse movimento de contestação francês em seu início centrava-se mais na conquista de direitos civis para as mulheres, situação que viria a mudar radicalmente no século XX. O movimento feminista contemporâneo acredita que a mulher vive marginalizada e oprimida pela cultura masculina, descrita por ele como patriarcal e machista. Pensando nisso, o movimento procura denunciar os supostos mecanismos psicológicos e psicossociais que favorecem essa marginalização ao mesmo tempo em que oferece recursos que possibilitem à mulher se livrar dessas amarras.


Acreditam que somente assim a mulher se torna livre em seu corpo e em seus desejos! Fundamentado nessa tese, reivindica a interrupção voluntária da gravidez (aborto) a radical igualdade nos salários e o acesso a postos de responsabilidade.9 Em muitos países esse movimento tem se tornado radical entrando constantemente em confronto com as autoridades constituídas.

Jesus, o Judaísmo e as Mulheres

Pois bem, tendo dado essa visão panorâmica sobre como foi tratado o sexo feminino ao longo dos séculos, é nosso objetivo agora voltar para a Palestina do primeiro século a fim de entendermos como Jesus tratou as mulheres.

Tem causado espanto em muitos pesquisadores o relato dos evangelhos sobre a participação feminina no ministério público de Jesus. Essa admiração existe em razão da atenção que os evangelistas, especialmente Lucas, dão às mulheres. O relato lucano mostra que as mulheres tiveram participação ativa no ministério de Jesus. “E aconteceu, depois disso, que andava de cidade em cidade e de aldeia em aldeia, pregando e anunciando o evangelho do Reino de Deus; e os doze iam com ele, e também algumas mulheres que haviam sido curadas de espíritos malignos e de enfermidades: Maria, chamada Madalena, da qual saíram sete demônios; e Joana, mulher de Cuza, procurador de Herodes, e Suzana, e muitas outras que o serviam com suas fazendas” (Lc 8.1-3),

O escritor José A. Pagola destaca essa atenção especial que o terceiro evangelho dispensa às mulheres. “Em seu relato aparecem personagens femininos de uma força extraordinária: Maria mãe de Jesus, Isabel, Ana, a viúva de Naim, a pecadora na casa de Simão, suas amigas Marta e Maria, Maria de Magdala, uma mulher anônima que tece elogios à sua mãe... Lucas tem um interesse especial em apresentar Jesus curando mulheres enfermas — a sogra de Simão, a mulher que sofria de hemorragia, a anciã encurvada, Maria de Magdala, da qual liberta “sete demônios” (8.2).

Também sublinha sua compaixão e sua ternura com a mulher pecadora (7.36-50), com a viúva de Naim (7,11-17), com as que saem chorando ao seu encontro no caminho da cruz (23.27- 31). Pagola destaca ainda que essas “mulheres são seguidoras de Jesus e acompanham os Doze: Maria Madalena; Joana, mulher de Cuza; Susana e ‘muitas outras que o serviam com seus bens’ (8.1-3).

Quando os varões abandonaram Jesus, elas permanecem fiéis até o fim junto à cruz (23.49). São elas as primeiras a anunciar a ressurreição de Jesus, embora os discípulos não acreditem nelas (24.22).

O Evangelho de Lucas nos ajudará a olhar a mulher como Jesus a olhava, para defender sua dignidade e para fazer com que elas ocupem em sua comunidade o lugar quê lhes corresponde.

Essa forma de enxergar a mulher, não a tratando como objeto como fazia, por exemplo, o antigo judaísmo, era totalmente inusitada na Palestina dos dias de Jesus. Jesus, portanto, mudou o paradigma que via as mulheres como “coisa” e não como um ser especial formado por Deus.

Assim como Pagola, outros teólogos têm procurado também entender o papel desempenhado pelas mulheres nas comunidades da Palestina dos dias de Jesus. Dentre eles estão J. Jeremias, John P. Meier, Gerd Theissen e os escritores Ekkehard e Wolfgang Stegemann.

A obra desses autores procura reconstruir a vida cotidiana das mulheres nos dias bíblicos. John P. Meier, por exemplo, em sua obra Um Judeu Marginal observa que embora Lucas não use o substantivo mathetes ou a sua forma feminina equivalente mathetria para se referir a uma discípula, todavia o substantivo masculino em sua forma plural hoi mathetai pode ser usado em referência tanto para homens como para mulheres.

O que pode ser afirmado, diz Meier, com razoável probabilidade sobre a existência ou a natureza de discípulas em torno do Jesus histórico? Para começar, havia seguidoras? E, se havia mulheres seguindo Jesus em um sentido literal e físico, eram elas chamadas ou consideradas “discípulas” durante a vida de Jesus? Tais questões, embora pareçam simples, são surpreendentemente difíceis de responder.

Na verdade, quando várias passagens do Evangelho falam em geral de grupos de “discípulos” com Jesus, sem maiores especificações sobre a composição do grupo, é lícito assinalar que o substantivo masculino plural hoi mathetai pode ser entendido inclusivamente, pois pelo menos alguns substantivos masculinos plurais em grego eram entendidos assím (p. ex., o masculino plural hoi goneis para “pai [pai e mãe]”). Ao contrário da tendência contemporânea do uso no inglês dos Estados Unidos, o masculino plural em grego admite uma interpretação inclusiva se o contexto não dá outra indicação.

Portanto, a forma gramatical hoi mathetai poderia se referir a discípulos masculinos e também femininos. Pode-se montar um argumento para mostrar que Lucas em particular interpreta o plural dessa maneira, embora ele nunca use clara e diretamente mathetai apenas para um grupo de mulheres,


O fato de um grupo de mulheres serem citadas como seguidoras de Jesus tem chamado a atenção dos estudiosos. Isso mostra que a missão do Filho do Homem não se limitou aos excluídos economicamente, mas também aquelas que haviam sido excluídas socialmente. E possível observar que essas mulheres, embora discípulas de Jesus, não se sentiram constrangidas a renunciar os seus bens. Como bem observou Meier, se assim tivessem feito não poderiam servir de forma contínua a Jesus e a seus apóstolos (Lc 8.1-3)

O contraste existente, portanto, entre o tratamento que Jesus deu às mulheres e aquele que elas recebiam da sociedade de seus dias é de fato enorme. Na verdade, Jesus promoveu uma verdadeira “inversão” de valores naqueles dias. O objeto passou a ser sujeito! Os escritores Ekkehard e Wolfgang Stegemann na obra História Social do Protocristianismo, fizeram resgate histórico sobre a participação feminina nas culturas do mundo mediterrâneo.

Citando o escritor judeu Filo de Alexandria, contemporâneo de Jesus, eles resumem o pensamento que se tinha sobre as mulheres no judaísmo do primeiro século.

“Praças, reuniões do conselho, tribunais, associações, ajuntamentos de grandes massas e o relacionamento cotidiano a céu aberto, por meio da palavra e da ação, na guerra e na paz, são apropriados apenas aos homens; o sexo feminino, em contrapartida, deve cuidar do lar e permanecer em casa; mais exatamente, as virgens devem (ficar) nos aposentos mais retirados e encarar as portas de acesso como seu limite; as mulheres casadas, por sua vez, as portas da casa.

Pois há dois tipos de complexos urbanos, casas (oikíai); destes dois, com base na divisão, os homens têm a direção dos maiores, que constitui a administração da cidade (politeia), e as mulheres dirigem os menores, as chamadas economias domésticas (oikonomía). A mulher, portanto, não deve se preocupar com qualquer coisa que vá além das obrigações da economia doméstica.

Por outro lado, as culturas gregas e romanas eram muito mais flexíveis com a participação das mulheres na vida pública. Mas, de uma forma geral, a cultura oriental era bastante rígida com a participação feminina na coletividade. Ainda sobre a presença feminina na vida pública na Palestina nos dias de Jesus, o escritor e historiador J. Jeremias destaca que as mulheres não podiam sair de casa sem terem seus rostos cobertos por uma espécie de burca. Dessa forma não era possível nem mesmo reconhecer seu rosto.



É conhecido o caso de um sacerdote que mandou acoitar a própria mãe porque não a reconheceu por causa da indumentária que ela vestia! Jeremias destaca que a mulher que saía de casa sem ter a cabeça coberta, que dizer, sem o véu que ocultava o rosto, faltava de tal modo aos bons costumes que o marido tinha o direito, até mais, tinha o dever de despedi-la sem ser obrigado a pagar a quantia que, no caso de divórcio, pertencia à esposa, em virtude do contrato matrimonial.

As regras do decoro, observa ainda J. Jeremias, proibiam encontrar-se sozinho com uma mulher, olhar para uma mulher casada, e até mesmo cumprimentá-la. Seria vergonhoso para um aluno de escriba falar com uma mulher na rua. Aquela que conversasse com alguém na rua ou ficasse do lado de fora de sua casa podia ser repudiada sem receber o pagamento previsto no contrato de casamento.’8 Isso nos permite entender outros textos dos Evangelhos onde Jesus aparece conversando com mulheres! No Evangelho de Lucas, por exemplo, vemos Jesus dialogando com as irmãs Marta e Maria e no Evangelho de João a clássica história da samaritana, Até mesmo os apóstolos, que acompanhavam Jesus de perto, admiraram-se dessa ousadia do Mestre.

Mulheres que tiveram um Encontro Pessoal com Jesus

Aprecio o esboço feito pela escritora Wanda de Assumpção sobre as mulheres que tiveram um encontro pessoal com Jesus. Ela divide em quatro grupos todas as mulheres que de alguma forma se encontraram com Jesus. No grupo das que tiveram Jesus como seu sustento e consolo, estão: Ana, a profetisa, a viúva de Naim e a viúva pobre. No grupo das mulheres que tiveram Jesus como a sua justificação, estão: a pecadora que ungiu os pés de Jesus e a mulher adúltera.

No grupo das que tiveram Jesus como a cura, estão: a sogra de Pedro, a mulher com hemorragia, a mulher curvada por enfermidade, a mulher sito-fenícia e Maria Madalena. Por último, no grupo das mulheres que tiveram Jesus como a água viva que sacia a sede, encontram-se: a mulher samaritana, Marta, Maria de Betânia, a mãe de Tiago e João e Maria, a mãe de Jesus.

De todas essas histórias, a narrativa sobre a mulher pecadora que ungiu os pés de Jesus se mostra como uma das mais belas e fascinantes. Ela mostra que Jesus valorizou as mulheres e devolveu-lhes a dignidade perdida.

“E rogou-lhe um dos fariseus que comesse com ele; e, entrando em casa do fariseu, assentou-se á mesa. E eis que uma mulher da cidade, uma pecadora, sabendo que ele estava á mesa em casa do fariseu, levou um vaso de alabastro com unguento. E, estando por detrás, aos seus pés, chorando, começou a regar-lhe os pés com lágrimas, e enxugava-lhos com os cabelos da sua cabeça e beijava-lhe os pés, e ungia-lhos com o unguento.
Quando isso viu o fariseu que o tinha convidado, falava consigo, dizendo: Se este fora profeta, bem saberia quem e qual é a mulher que lhe tocou, pois é uma pecadora.

E, respondendo, Jesus disse-lhe: Simão, uma coisa tenho a dizer-te. E ele disse: Dize-a, Mestre. Um certo credor tinha dois devedores; um devia- lhe quinhentos dinheiros, e outro, cinquenta. E, não tendo eles com que pagar, perdoou-lhes a ambos, Dize, pois: qual deles o amará mais? E Simão, respondendo, disse: Tenho para mim que é aquele a quem mais perdoou. E ele lhe disse: Julgaste bem. E, voltando-se para a mulher, disse a Simão: Vês tu esta mulher? Entrei em tua casa, e não me deste água para os pés; mas esta regou-me os pés com lágrimas e mos enxugou com os seus cabelos. Não me deste ósculo, mas esta, desde que entrou, não tem cessado de me beijar os pés. Não me ungiste a cabeça com óleo, mas esta ungiu-me os pés com unguento.


Por isso, te digo que os seus muitos pecados lhe são perdoados, porque muito amou; mas aquele a quem pouco é perdoado pouco ama. E disse a ela: Os teus pecados te são perdoados. E os que estavam à mesa começaram a dizer entre si: Quem é este, que até perdoa peca- dos? E disse à mulher: A tua fé te salvou; vai-te em paz (Lc 7,36-50).

Algumas deduções são possíveis a partir desse texto:

1. A mulher pecadora era “cobiçada” pelos homens, mas não se sentia amada por Deus.

Essa mulher que ungiu os pés de Jesus, que não deve ser confundida com uma outra mulher citada no capítulo 12 do evangelho de João, trazia o estigma de ser “pecadora”. Esse adjetivo significava que ela era uma mulher de vida “livre” ou mais popularmente uma “prostituta”.

Isso a excluia da vida religiosa e da vida em sociedade. Não há dúvida de que essa mulher, sempre disponível para os homens, sendo cobiçada por eles, não se sentia uma mulher amada.

É somente quando ela encontra o Senhor Jesus que ela de fato vai saber o que é se sentir realmente amada. Jesus fez com que a mulher pecadora se sentisse perdoada por Deus.



2. A mulher pecadora levava consigo um frasco de perfume, mas não conseguia encobrir o fedor do seu passado.

O fariseu que convidou Jesus, ao observar a cena da mulher ungindo o Senhor, pensou: “Se este fora profeta, bem saberia quem e qual é a mulher que lhe tocou, pois é uma pecadora”. Esse fariseu tinha o olfato refinado para sentir o cheiro do “pecado”. Pela lei, aquela mulher de fato era uma pecadora! O fariseu e todos os presentes ali sabiam disso. Parece que aquela mulher fedia a pecado.
Foi somente quando teve o contado com o Mestre que o seu pecado e consequente o seu passado foram esquecidos diante de Deus. Agora ela não fedia mais a pecado, mas tornara-se o bom perfume de Cristo (2 Co 2.15).

3. A mulher pecadora vendia o seu corpo, mas não conseguia comprar a paz.

O que de fato essa mulher procurava e buscava com intensidade era encontrar a paz! Ela tinha os homens à sua volta, ganhava dinheiro com seu corpo, mas não conseguia encontrar a paz. Jesus mostra-lhe que ser amada por Deus e perdoada por Ele é o que importa. A paz vem quando o perdão de Deus é derramado em seu coração.


4. A mulher pecadora derramou diante de Jesus tudo o que tinha para que Deus juntasse o que havia sobrado dela.

O relato lucano diz que ela ungia o Senhor. Ela derramou tudo o que possuía de mais precioso sobre o Senhor. O seu gesto de entrega e de arrependimento possibilitou o Senhor restaurá-la por completo. A sua vida, que se encontrava fragmentada em retalhos foi totalmente reconstruída.

5. A mulher pecadora aprendeu que a Lei condena, mas a graça perdoa!

A Lei puniu aquela mulher, a graça a perdoou! A Lei a excluía, a graça a abraçou! A Lei foi dada através de Moisés, a graça e a verdade vieram através de Jesus Cristo (Jo 1.17).


Elaboração pelo:- Evangelista Isaias Silva de Jesus
Igreja Evangélica Assembléia de Deus Ministério Belém Em Dourados – MS
Lucas – O Evangelho de Jesus, O Homem Perfeito, Pr José Gonçalves- CPAD