ATRIBUTOS
DA UNIDADE DA FÉ: HUMILDADE, MANSIDÃO E LONGANIMIDADE
Texto
Áureo
Rogo-vos, pois, eu, o preso do Senhor,
que andeis como é digno da vocação com que fostes chamados,
Efésios 4.1
Paulo falou do poder extraordinário de Deus (Efésios 3.20), mas o próprio apóstolo ainda era
prisioneiro! Em vez de exigir liberdade, ele usa sua condição de sofredor por
Cristo para acrescentar peso ao apelo aos cristãos em Éfeso para viverem de
modo que glorifiquem ao Senhor (Efésios 4.1).
Paulo roga (suplica) aos irmãos de Éfeso que andem
“conforme um cristão deve andar”, por assim dizer. O termo “cristão” significa
“parecido com cristo”. Em outras palavras, Paulo rogava aos irmãos que,
absorvessem e pusessem em prática todo o ensinamento que estavam recebendo de
Deus, por intermédio de Paulo.
Russell Norman Champlin (notável estudioso bíblico)
diz que a frase “andeis como é digno da vossa
vocação com que fostes chamados” refere-se a vida espiritual em todas as
suas atividades.
1-
Para Haver Unidade é Preciso
Humildade
1. O
modo digno do viver cristão.
O cristão deve viver e se comportar de modo que não
“dê escândalo” a ninguém.
Portai-vos de modo que não deis
escândalo nem aos judeus, nem aos gregos, nem à igreja de Deus.
1 Coríntios 10.32
O cristão deve ser (na sua forma de se vestir, se
comportar e agir) guiado pelo Espírito Santo. Quando uma pessoa se torna cristã
ela deve por um fim na sua forma mundana de se vestir, se comportar e agir.
É lastimável ver homens que se dizem cristãos se mostrando
na rua sem camisa, falando em gírias, usando palavras torpes ou coisas do tipo.
É lastimável ver mulheres que se dizem cristãs andando
pelas ruas ou nas “igrejas” com roupas decotadas, excesso de maquiagem ou
coisas do tipo.
É lastimável ver pessoas que se dizem cristãs
colocando piercings ou fazendo tatuagens depois de se converterem (se é que se
converteram). É lastimável ver pessoas que se dizem cristãs proferindo
“palavrões” em momentos de ira, pois a boca fala daquilo que há em abundância
no coração (Mateus 12.34).
Aqueles que são
verdadeiramente cristãos, agem como verdadeiros cristãos, certa vez alguém
disse que o verdadeiro cristão prega só com a sua presença (conduta, jeito
de falar, agir, se vestir e se comportar), e isto é verdade. O andar do
cristão está diretamente relacionado com o nível de unidade que ele tem com
Deus e com os irmãos.
2. A
humildade.
Vamos definir o termo “humildade”
dentro do contexto que nos interessa:
-
Virtude caracterizada pela consciência das próprias limitações; modéstia,
simplicidade. reverência ou respeito para com superiores; acatamento,
submissão, sobriedade, modéstia.
John Stott diz que a “humildade”
era muito desprezada no mundo antigo. Os gregos nunca empregavam a palavra “humildade”
num contexto de aprovação, muito menos de admiração. Pelo contrário,
expressavam com ela uma atitude abjeta (desprezível), servil, subserviente, “a
submissão bajuladora de um escravo”.
Foi só na vinda de Jesus Cristo que se
reconheceu uma humildade
verdadeira. Ele, pois, humilhou-se
a si mesmo. E somente ele, dentre
os mestres religiosos e éticos,
colocou diante de nós, para nosso modelo,
uma criancinha (Mateus 18.1-4).
Além disso, a palavra que Paulo
emprega aqui é “tapeinophrosune”
que significa “humildade de mente”,
o reconhecimento da dignidade e do
valor de outras pessoas, a
mentalidade humilde (ou, qualidade mental que repudia o orgulho) que havia em
Cristo, que o levou a esvaziar-se a si mesmo e tornar-se um servo.
3.
A verdadeira humildade.
Podemos dizer que a verdadeira
humildade está descrita em Filipenses 2.1-11.
O próprio Cristo poderia demonstrar arrogância, ar de superioridade, status de
“ser superior”, mas Cristo não agiu desta forma, isto significa que, nem em
sonhos o cristão deve agir de tal forma.
Cristo tinha tudo e não precisava
de nada, mas, mesmo assim optou por pagar um altíssimo preço em favor da
humanidade que não valia o preço a ser pago, mas, mesmo assim Jesus
demonstrando uma verdadeira humildade aceitou pagar o preço por todos nós.
Podemos dizer que, a verdadeira
humildade para o cristão significa colocar Cristo em primeiro lugar, os outros
em segundo e a si mesmo em último.
É impossível existir humildade em
uma vida onde impera o orgulho.
Há uma seríssima advertência para
aqueles que preferem o orgulho ao invés da humildade.
Deus resiste
aos soberbos, dá, porém, graça aos humildes.
Tiago
4.6
2- Para
Haver Unidade é Preciso Mansidão
1.
Mansidão, um fruto do Espírito.
- Qualidade ou condição do que é
manso, brandura de gênio ou de índole; brandura na maneira de expressar-se;
doçura, meiguice, suavidade, ternura, gentileza, cortesia, paciência.
Podemos dizer que a mansidão é um
estado que deriva da humildade. O próprio Jesus declarou ser manso e humilde de
coração.
Tomai sobre vós o meu
jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração, e encontrareis
descanso para a vossa alma.
Mateus
11.29
O cristão precisa ser (assim como
declarou Jesus) manso e humilde de coração. Quando Jesus disse “manso e
humilde de coração”, queria dizer que a verdadeira mansidão (e humildade) devem
vir do intimo do ser de uma pessoa.
Note que, existe aquela humildade e
mansidão superficial, por exemplo, um empregado pode demonstrar humildade e
mansidão para com um patrão, mesmo sem gostar do mesmo e sem admirá-lo.
Certamente não é de uma humildade e mansidão superficiais que Jesus e Paulo
falavam.
Mansidão no grego
é “pra u te s” que significa gentileza, cortesia, consideração.
A saber, aquela qualidade que dá
valor aos outros, que nos leva a agir para com eles com consideração, ao mesmo
tempo que nos conserva em atitude humilde, para com nossos próprios interesses
e desejos, o que é um sentido intimamente aliado ao da palavra anterior
(humildade). Essa qualidade figura em Gálatas
5.22,23 como um dos aspectos do fruto do Espirito.
2.
Grandes exemplos de mansidão: Moisés e Jesus
Moisés é descrito na Bíblia como
sendo o homem mais manso da terra.
E era o varão Moisés mui
manso, mais do que todos os homens que havia sobre a terra.
Números
12.3
Anos antes de a Bíblia descrever
Moisés como sendo o homem mais manso da terra, ele matou um egípcio ao ver que
o mesmo feria um homem hebreu (Êxodo 2.11,12).
Embora o texto não diga que o egípcio estava prestes a tirar a vida do hebreu,
Moisés exagerou, não havendo como desculpar o crime. Na época em que matou o
egípcio Moisés ainda não conhecia a Deus, mas, anos mais tarde, ao se tornar um
homem de Deus (guiado por Deus), Moisés foi descrito como sendo o homem mais
manso da face da terra. Verdadeiramente aqueles que se entregam ao Senhor são
maravilhosamente transformados pela ação do Espírito Santo.
O outro exemplo de mansidão como
virtude foi demonstrado por Jesus Cristo, ele sofrera diversas calúnias, difamações
e ameaças no seu ministério terreno; contudo, sempre manteve o seu infinito
poder sobre controle enquanto era constante e injustamente atacado e
perseguido. Jesus poderia ter posto fim as perseguições, calúnias, aflições e
desrespeitos sofridos a qualquer momento (Mateus
26.53). Mas com sua mansidão ele nos mostra como devemos nos portar,
sempre confiando em Deus.
3.
A verdadeira mansidão.
Pessoas com essa virtude são
disciplinadas e capacitadas a perseverar na perseguição e nas lutas.
(Romanos
12.12-14; 2 Coríntios 12.7-9).
Note que a verdadeira mansidão
(assim como a humildade) são contrárias ao orgulho.
Humildade e
mansidão
formam um par natural. É que “o homem
manso pensa bem pouco nas suas
reivindicações pessoais, assim como o
homem humilde pensa bem pouco nos
seus méritos pessoais”.
Essas duas virtudes foram achadas
juntas em perfeito equilíbrio no caráter do Senhor Jesus que se descreveu como
sendo “manso e humilde de
coração”.
4.
Mansidão pressupõe conciliação.
Mansidão não é fraqueza, mas poder
sob controle. Moisés era um homem manso (Números
12.3), no entanto, podemos ver o poder enorme que exercia. Jesus Cristo
era "manso e humilde de coração" (Mateus
11.29), mas expulsou os cambistas do templo. A mansidão de Deus
demonstrada em Jesus faz parte dos atributos de Deus que nos permite ter o
perdão e a reconciliação com Deus.
Note que, todo aquele que possui a
virtude bíblica da mansidão tem um comportamento de conciliação. Assim,
o comportamento conciliador é a demonstração prática da conduta daquele que detém
a mansidão. Isso se refere à postura comedida e equilibrada diante de circunstâncias
adversas (1 Pedro 2.23) e transmite a ideia
de pacificação, um meio harmonioso de administrar os conflitos (2 Coríntios 2.10).
Desse modo, o ideal cristão é que
todos os membros de uma igreja desenvolvam a virtude da mansidão. Ao alcançar
tal propósito, os conflitos desapareceriam entre o povo de Deus.
3- Para
Haver Unidade é Preciso Longanimidade para o Exercício do Perdão
Podemos dizer que “Unidade” dentro
do contexto bíblico significa: estar em união com Deus e com os irmãos, em
verdade e em amor, unidos colocando Deus em primeiro lugar, os irmãos em
segundo e nós mesmos em terceiro. A unidade precisa estar presente
não só na “igreja”, mas também dentro de nossos lares. A verdadeira unidade não
é a união entre luz e trevas, não é a união entre o Evangelho e heresias, a
unidade verdadeira não pode existir a qualquer maneira, a qualquer preço. Não.
A unidade verdadeira está fundada em verdade e amor.
Para compreender melhor a
importância da unidade (união entre irmãos) medite em Salmo
133.1-6 e Eclesiastes 4.9,10.
1.
Longanimidade, um fruto do Espírito.
Longanimidade pode ser interpretada
como: Generosidade, paciência, suportar o fato de outrem não agir da forma que
você espera.
Longanimidade no grego é
“makrothumia”, que tem o sentido de paciência, tolerância. Esta qualidade
também é listada como um dos aspectos do fruto do Espírito (Gálatas 5.22,23), esta palavra (no grego) subentende a
paciência diante do sofrimento,
paciência para com os nossos semelhantes,
suportar afrontas, suportar quando alguém age de forma contrária a forma
esperada.
Note que, é impossível o cristão
ter humildade, mansidão e longanimidade sem a ajuda do Espírito Santo.
2.
Suportando uns aos outros.
Aquele que não está disposto a
suportar seus irmãos, não deve se iludir, considerando-se um cristão. Assim
como o amor é a marca do verdadeiro cristão, podemos dizer que o sofrimento
também é. É necessário estar preparado espiritualmente com orações, jejuns e
meditações na Palavra para suportar uns aos outros. Um cristão de pouca oração,
jejum e meditação na Palavra não conseguirá suportar nem a si mesmo, quem dirá
aos “outros”.
Devemos ter em mente que, os cristãos
(a “igreja”) cresce para a maturidade mediante a verdade e o amor. Assim
aprendemos que através da verdade e do amor (com a ajuda do Espírito Santo), os
cristãos “suportam uns aos outros”, em amor, em verdade, formando assim a
verdadeira unidade na “igreja” (Salmo 133.1).
3.
O perdão como premissa do amor.
O amor é um atributo divino (1 João 4.8), o principal aspecto do fruto do
Espírito (Gálatas
5.22). É uma virtude altruísta que nos conduz a tratar aos outros como
gostaríamos de ser tratados (Mateus 7.12).
Aquele que não ama, não conhece a Deus, quem conhece a Deus, ama.
E, quem ama, perdoa. Há uma frase
que diz: “Deus perdoou o imperdoável em você, então você deve perdoar o seu
irmão, mesmo que ele tenha cometido em ato imperdoável contra você”.
Conclusão
Vimos o convite de Paulo aos
crentes para um viver digno de uma perfeita unidade. Para garanti-la, mostramos
que algumas virtudes são essenciais:
a humildade, que fortalece a
unidade; a mansidão, que acaba com os conflitos; a longanimidade, que suporta
os erros alheios. Quando os crentes vivem essas virtudes, as dissensões
desaparecem e o nome de Jesus Cristo é glorificado (Mateus
5.16; 1 Coríntios 1.10).
Fontes
Bíblia de Estudo Pentecostal,
Enciclopédia Bíblica R. N.
Champlin,
Comentário Bíblico Africano,
Bíblia de Estudos Holman,
Bíblia do Expositor,
Livro de Apoio 2º Trimestre de
2020, Subsídios EBD 20 – A Igreja Eleita, A mensagem de Efésios – John Stott,
Apontamentos teológicos Professor
José Junior