11 de junho de 2020

ATRIBUTOS DA UNIDADE DA FÉ: HUMILDADE, MANSIDÃO E LONGANIMIDADE


ATRIBUTOS DA UNIDADE DA FÉ: HUMILDADE, MANSIDÃO E LONGANIMIDADE

Texto Áureo

Rogo-vos, pois, eu, o preso do Senhor, que andeis como é digno da vocação com que fostes chamados,
Efésios 4.1

Paulo falou do poder extraordinário de Deus (Efésios 3.20), mas o próprio apóstolo ainda era prisioneiro! Em vez de exigir liberdade, ele usa sua condição de sofredor por Cristo para acrescentar peso ao apelo aos cristãos em Éfeso para viverem de modo que glorifiquem ao Senhor (Efésios 4.1).

Paulo roga (suplica) aos irmãos de Éfeso que andem “conforme um cristão deve andar”, por assim dizer. O termo “cristão” significa “parecido com cristo”. Em outras palavras, Paulo rogava aos irmãos que, absorvessem e pusessem em prática todo o ensinamento que estavam recebendo de Deus, por intermédio de Paulo.

Russell Norman Champlin (notável estudioso bíblico) diz que a frase “andeis como é digno da vossa vocação com que fostes chamados” refere-se a vida espiritual em todas as suas atividades.

1-   Para Haver Unidade é Preciso Humildade
1.     O modo digno do viver cristão.

O cristão deve viver e se comportar de modo que não “dê escândalo” a ninguém.
Portai-vos de modo que não deis escândalo nem aos judeus, nem aos gregos, nem à igreja de Deus.
1 Coríntios 10.32

O cristão deve ser (na sua forma de se vestir, se comportar e agir) guiado pelo Espírito Santo. Quando uma pessoa se torna cristã ela deve por um fim na sua forma mundana de se vestir, se comportar e agir.

É lastimável ver homens que se dizem cristãos se mostrando na rua sem camisa, falando em gírias, usando palavras torpes ou coisas do tipo.
É lastimável ver mulheres que se dizem cristãs andando pelas ruas ou nas “igrejas” com roupas decotadas, excesso de maquiagem ou coisas do tipo.

É lastimável ver pessoas que se dizem cristãs colocando piercings ou fazendo tatuagens depois de se converterem (se é que se converteram). É lastimável ver pessoas que se dizem cristãs proferindo “palavrões” em momentos de ira, pois a boca fala daquilo que há em abundância no coração (Mateus 12.34). 

Aqueles que são verdadeiramente cristãos, agem como verdadeiros cristãos, certa vez alguém disse que o verdadeiro cristão prega só com a sua presença (conduta, jeito de falar, agir, se vestir e se comportar), e isto é verdade. O andar do cristão está diretamente relacionado com o nível de unidade que ele tem com Deus e com os irmãos.

2.     A humildade.

Vamos definir o termo “humildade” dentro do contexto que nos interessa:
- Virtude caracterizada pela consciência das próprias limitações; modéstia, simplicidade. reverência ou respeito para com superiores; acatamento, submissão, sobriedade, modéstia.


John Stott diz que a “humildade” era muito desprezada no mundo antigo. Os gregos nunca empregavam a palavra “humildade” num contexto de aprovação, muito menos de admiração. Pelo contrário, expressavam com ela uma atitude abjeta (desprezível), servil, subserviente, “a submissão bajuladora de um escravo”.

 Foi só na vinda de Jesus Cristo que se reconheceu uma humildade
verdadeira. Ele, pois, humilhou-se a si mesmo. E somente ele, dentre
os mestres religiosos e éticos, colocou diante de nós, para nosso modelo,
uma criancinha (Mateus 18.1-4).

Além disso, a palavra que Paulo emprega aqui é “tapeinophrosune”
que significa “humildade de mente”, o reconhecimento da dignidade e do
valor de outras pessoas, a mentalidade humilde (ou, qualidade mental que repudia o orgulho) que havia em Cristo, que o levou a esvaziar-se a si mesmo e tornar-se um servo.

3.     A verdadeira humildade.

Podemos dizer que a verdadeira humildade está descrita em Filipenses 2.1-11. O próprio Cristo poderia demonstrar arrogância, ar de superioridade, status de “ser superior”, mas Cristo não agiu desta forma, isto significa que, nem em sonhos o cristão deve agir de tal forma.

Cristo tinha tudo e não precisava de nada, mas, mesmo assim optou por pagar um altíssimo preço em favor da humanidade que não valia o preço a ser pago, mas, mesmo assim Jesus demonstrando uma verdadeira humildade aceitou pagar o preço por todos nós.

Podemos dizer que, a verdadeira humildade para o cristão significa colocar Cristo em primeiro lugar, os outros em segundo e a si mesmo em último.

É impossível existir humildade em uma vida onde impera o orgulho.
Há uma seríssima advertência para aqueles que preferem o orgulho ao invés da humildade.

 Deus resiste aos soberbos, dá, porém, graça aos humildes.
Tiago 4.6

2-   Para Haver Unidade é Preciso Mansidão

1.     Mansidão, um fruto do Espírito.

- Qualidade ou condição do que é manso, brandura de gênio ou de índole; brandura na maneira de expressar-se; doçura, meiguice, suavidade, ternura, gentileza, cortesia, paciência.

Podemos dizer que a mansidão é um estado que deriva da humildade. O próprio Jesus declarou ser manso e humilde de coração.

Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração, e encontrareis descanso para a vossa alma.
Mateus 11.29

O cristão precisa ser (assim como declarou Jesus) manso e humilde de coração. Quando Jesus disse “manso e humilde de coração”, queria dizer que a verdadeira mansidão (e humildade) devem vir do intimo do ser de uma pessoa.

Note que, existe aquela humildade e mansidão superficial, por exemplo, um empregado pode demonstrar humildade e mansidão para com um patrão, mesmo sem gostar do mesmo e sem admirá-lo. Certamente não é de uma humildade e mansidão superficiais que Jesus e Paulo falavam.

Mansidão no grego é “pra u te s” que significa gentileza, cortesia, consideração.

A saber, aquela qualidade que dá valor aos outros, que nos leva a agir para com eles com consideração, ao mesmo tempo que nos conserva em atitude humilde, para com nossos próprios interesses e desejos, o que é um sentido intimamente aliado ao da palavra anterior (humildade). Essa qualidade figura em Gálatas 5.22,23 como um dos aspectos do fruto do Espirito.

2.     Grandes exemplos de mansidão: Moisés e Jesus

Moisés é descrito na Bíblia como sendo o homem mais manso da terra.

E era o varão Moisés mui manso, mais do que todos os homens que havia sobre a terra.
Números 12.3

Anos antes de a Bíblia descrever Moisés como sendo o homem mais manso da terra, ele matou um egípcio ao ver que o mesmo feria um homem hebreu (Êxodo 2.11,12). Embora o texto não diga que o egípcio estava prestes a tirar a vida do hebreu, Moisés exagerou, não havendo como desculpar o crime. Na época em que matou o egípcio Moisés ainda não conhecia a Deus, mas, anos mais tarde, ao se tornar um homem de Deus (guiado por Deus), Moisés foi descrito como sendo o homem mais manso da face da terra. Verdadeiramente aqueles que se entregam ao Senhor são maravilhosamente transformados pela ação do Espírito Santo.

O outro exemplo de mansidão como virtude foi demonstrado por Jesus Cristo, ele sofrera diversas calúnias, difamações e ameaças no seu ministério terreno; contudo, sempre manteve o seu infinito poder sobre controle enquanto era constante e injustamente atacado e perseguido. Jesus poderia ter posto fim as perseguições, calúnias, aflições e desrespeitos sofridos a qualquer momento (Mateus 26.53). Mas com sua mansidão ele nos mostra como devemos nos portar, sempre confiando em Deus.

3.     A verdadeira mansidão.

Pessoas com essa virtude são disciplinadas e capacitadas a perseverar na perseguição e nas lutas.
(Romanos 12.12-14; 2 Coríntios 12.7-9).

Note que a verdadeira mansidão (assim como a humildade) são contrárias ao orgulho.

Humildade e mansidão formam um par natural. É que “o homem
manso pensa bem pouco nas suas reivindicações pessoais, assim como o
homem humilde pensa bem pouco nos seus méritos pessoais”.

Essas duas virtudes foram achadas juntas em perfeito equilíbrio no caráter do Senhor Jesus que se descreveu como sendo “manso e humilde de
coração”.

4.     Mansidão pressupõe conciliação.

Mansidão não é fraqueza, mas poder sob controle. Moisés era um homem manso (Números 12.3), no entanto, podemos ver o poder enorme que exercia. Jesus Cristo era "manso e humilde de coração" (Mateus 11.29), mas expulsou os cambistas do templo. A mansidão de Deus demonstrada em Jesus faz parte dos atributos de Deus que nos permite ter o perdão e a reconciliação com Deus.

Note que, todo aquele que possui a virtude bíblica da mansidão tem um comportamento de conciliação. Assim, o comportamento conciliador é a demonstração prática da conduta daquele que detém a mansidão. Isso se refere à postura comedida e equilibrada diante de circunstâncias adversas (1 Pedro 2.23) e transmite a ideia de pacificação, um meio harmonioso de administrar os conflitos (2 Coríntios 2.10).

Desse modo, o ideal cristão é que todos os membros de uma igreja desenvolvam a virtude da mansidão. Ao alcançar tal propósito, os conflitos desapareceriam entre o povo de Deus.

3-   Para Haver Unidade é Preciso Longanimidade para o Exercício do Perdão

Podemos dizer que “Unidade” dentro do contexto bíblico significa: estar em união com Deus e com os irmãos, em verdade e em amor, unidos colocando Deus em primeiro lugar, os irmãos em segundo e nós mesmos em terceiro. A unidade precisa estar presente não só na “igreja”, mas também dentro de nossos lares. A verdadeira unidade não é a união entre luz e trevas, não é a união entre o Evangelho e heresias, a unidade verdadeira não pode existir a qualquer maneira, a qualquer preço. Não. A unidade verdadeira está fundada em verdade e amor.

Para compreender melhor a importância da unidade (união entre irmãos) medite em Salmo 133.1-6 e Eclesiastes 4.9,10.

1.     Longanimidade, um fruto do Espírito.

Longanimidade pode ser interpretada como: Generosidade, paciência, suportar o fato de outrem não agir da forma que você espera.

Longanimidade no grego é “makrothumia”, que tem o sentido de paciência, tolerância. Esta qualidade também é listada como um dos aspectos do fruto do Espírito (Gálatas 5.22,23), esta palavra (no grego) subentende a paciência diante do sofrimento, 
paciência para com os nossos semelhantes, suportar afrontas, suportar quando alguém age de forma contrária a forma esperada.

Note que, é impossível o cristão ter humildade, mansidão e longanimidade sem a ajuda do Espírito Santo.

2.     Suportando uns aos outros.

Aquele que não está disposto a suportar seus irmãos, não deve se iludir, considerando-se um cristão. Assim como o amor é a marca do verdadeiro cristão, podemos dizer que o sofrimento também é. É necessário estar preparado espiritualmente com orações, jejuns e meditações na Palavra para suportar uns aos outros. Um cristão de pouca oração, jejum e meditação na Palavra não conseguirá suportar nem a si mesmo, quem dirá aos “outros”.

Devemos ter em mente que, os cristãos (a “igreja”) cresce para a maturidade mediante a verdade e o amor. Assim aprendemos que através da verdade e do amor (com a ajuda do Espírito Santo), os cristãos “suportam uns aos outros”, em amor, em verdade, formando assim a verdadeira unidade na “igreja” (Salmo 133.1).

3.     O perdão como premissa do amor.

O amor é um atributo divino (1 João 4.8), o principal aspecto do fruto do
Espírito (Gálatas 5.22). É uma virtude altruísta que nos conduz a tratar aos outros como gostaríamos de ser tratados (Mateus 7.12). Aquele que não ama, não conhece a Deus, quem conhece a Deus, ama.

E, quem ama, perdoa. Há uma frase que diz: “Deus perdoou o imperdoável em você, então você deve perdoar o seu irmão, mesmo que ele tenha cometido em ato imperdoável contra você”.

Conclusão

Vimos o convite de Paulo aos crentes para um viver digno de uma perfeita unidade. Para garanti-la, mostramos que algumas virtudes são essenciais:
a humildade, que fortalece a unidade; a mansidão, que acaba com os conflitos; a longanimidade, que suporta os erros alheios. Quando os crentes vivem essas virtudes, as dissensões desaparecem e o nome de Jesus Cristo é glorificado (Mateus 5.16; 1 Coríntios 1.10).

Fontes

Bíblia de Estudo Pentecostal,
Enciclopédia Bíblica R. N. Champlin,
Comentário Bíblico Africano,
Bíblia de Estudos Holman,
Bíblia do Expositor,
Livro de Apoio 2º Trimestre de 2020, Subsídios EBD 20 – A Igreja Eleita, A mensagem de Efésios – John Stott,
Apontamentos teológicos Professor José Junior