29 de janeiro de 2024

A Missão da Igreja de Cristo

 

A Missão da Igreja de Cristo

TEXTO ÁUREO

“E perseveravam na doutrina dos apóstolos, e na comunhão, e no partir do pão, e nas orações.” (At 2.42)

Entenda o Texto Áureo

- 2.42 doutrina dos apóstolos. O conteúdo fundamental para o crescimento espiritual e amadurecimento do crente era a Escritura, a verdade revelada de Deus, que os apóstolos receberam (Jo 14.26; 15.26-27; 16.13) e ensinaram fielmente (2Pe 1.19-21; 3.1-2,16). comunhao. Literalmente "parceria" ou "compartilhamento".

Pelo fato de os cristãos se tomarem parceiros com Jesus Cristo e com todos os outros crentes (1Jo 1.3), e seu dever espiritual estimular uns aos outros a justiça e obediência (Rm 12.10; 13.8; 15.5; Cl 5.13; Ef 4.2,25; 5.21; Cl 3.9; 1Ts 4.9; Hb 3.13; 10.24-25; 1Pe 4.9-10).

Partir do pão. Referência a mesa do Senhor ou comunhão, que e obrigatória para todos os cristãos (IC o 11.24-29).

Orações. Dos crentes individualmente e da igreja corpo/ativamente (At 1.14,24; 4.24-31; cf. Jo 14.13-14).

 

VERDADE PRÁTICA

 

Como o sal fora do saleiro cumpre a sua função de salgar, assim a Igreja quando adora e discipula, testemunha das insondáveis riquezas de Cristo.

Entenda a Verdade Prática:

- As bem-aventuranças em Mateus 5.13-16 descrevem o caráter essencial dos discípulos de Jesus; o sal e a luz são metáforas que denotam a sua influência para o bem no mundo.

 

O sal dá sabor e preserva. A eficácia do sal, entretanto, é condicional: tem de conservar a sua salinidade. A salinidade do cristão é o seu caráter conforme descrito nas bem-aventuranças, é discipulado cristão verdadeiro, visível em atos e palavras!

 

 

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE = Marcos 16.14-20; Atos 2.42-47

 

16.14 = aos onze. Os 12 menos Judas, que cometera suicídio (Mt 27.3-10). Incredulidade e dureza de coração. Por não acreditar no testemunho da ressurreição (vs. 1 2-13; cf. Lc 24.10-11).

16.15-16 = Semelhante ao relato de Mateus da Grande Comissão, com o contraste adicional entre aqueles que foram batizados (crentes) e os que se recusaram a crer e são condenados. Mesmo se o v. 16 for parte genuína do Evangelho de Marcos, ele não ensina que o batismo salva, uma vez que os perdidos são condenados pela descrença, e não por não terem sido batizados (At 2.38).

Quem crer e for batizado será salvo – O batismo é aqui colocado para a assinatura externa da fé interior do coração, assim como “confessar com a boca” está em Romanos 10:10; e lá também como aqui esta manifestação externa, uma vez mencionada como o fruto apropriado da fé, não é repetida no que se segue (Romanos 10:11). Mas quem não crer será condenado – Estas questões terríveis da recepção ou rejeição do Evangelho, embora muitas vezes registradas em outras conexões, são dadas neste contexto somente por Marcos. [Jamieson; Fausset; Brown, aguardando revisão]

17 - E estes sinais seguirão aos que crerem. Tais evidências foram necessárias no início do Cristianismo, para atrair a atenção para a doutrina; mas as palavras de nosso Senhor não significam que deviam ser perpétuas, como uma evidência continuamente recorrente da verdade do Cristianismo. Em meu nome expulsarão demônios. Marcos, de todos os evangelistas, talvez se detenha mais nisso, como característica da obra de nosso Senhor e como evidência de seu domínio supremo sobre o mundo espiritual.

18 - pegarão serpentes com as mãos. O caso de Paulo em Malta (Atos 28:3-5) seria familiar para os leitores de Marcos. e se beberem algo mortífero, não lhes fará dano algum. Existem alguns poucos relatos tradicionais do cumprimento desta promessa; como no caso de “Justus Barsabas”, mencionado por Eusébio, e de João, mencionado por Santo Agostinho.

19 - 16.19 à destra de Deus. O lugar de honra que Cristo assumiu depois de sua ascensão (At 2.33).

Essas palavras são mencionadas em várias passagens por Justino Mártir. Eles constituem uma introdução adequada aos Atos dos Apóstolos. Cornelius a Lapide conclui seu Comentário sobre Marcos com a seguinte bela apóstrofe de Santo Agostinho:- “Ó reino de bem-aventurança eterna, onde a juventude nunca envelhece, onde a beleza nunca desaparece, onde o amor nunca esfria, onde a saúde nunca falha, onde a alegria nunca diminui, onde a vida nunca acaba!”

Atos 2:42-47

2.42 = doutrina dos apóstolos. O conteúdo fundamental para o crescimento espiritual e amadurecimento do crente era a Escritura, a verdade revelada de Deus, que os apóstolos receberam (Jo 14.26; 15.26-27; 16.13) e ensinaram fielmente (2Pe 1.19-21; 3.1-2,16. comunhão. Literalmente, "parceria" ou "compartilhamento". Pelo fato de os cristãos se tornarem parceiros com Jesus Cristo e com todos os outros crentes (1Jo 1.3), é seu dever espiritual estimular uns aos outros à justiça e obediência (cf. Rm 12.10; 13.8; 15.5; C l 5.13; Ef 4.2,25; 5.21; Cl 3.9; 1 Ts 4.9; Hb 3.13; 10.24-25; 1Pe 4.9-10). partir do pão. Referência à mesa do Senhor ou comunhão, que é obrigatória para todos os cristãos (cf. IC o 11.24-29). orações. Dos crentes individualmente e da igreja corpo/ativamente (veja 1.14,24; 4.24-31; cf. Jo 14.13-14).

2.43 = Muitas maravilhas e sinais – Veja Atos 2.22. Isso foi prometido pelo Salvador em Marcos 16.17. Alguns dos milagres que eles realizaram são especificados nos capítulos seguintes.

2.44 = tudo em comum. Veja At 4.32. Essa frase não quer dizer que os cristãos primitivos viviam em comunidade ou associação e redistribuíam tudo em igualdade, mas que eles mantinham suas posses sem estarem presos às mesmas, estando dispostos a usá-las a qualquer momento em favor de alguém, à medida que as necessidades surgissem.

2.45 = Vendiam suas propriedades e bens. Isso indica que eles não juntaram seus recursos, mas venderam suas posses a fim de dar dinheiro aos necessitados na igreja (At 2.46; 4.34-37; 2Co 8.13-14).

2.46 = Diariamente... no templo. Os crentes iam ao templo para louvar a Deus (v. 47), observar as horas diárias de oração (cf. 3.1) e testemunhar do evangelho (v. 47; 5.42). partiam pão de casa em casa.

Isso tem a ver com as provisões diárias que os crentes dividiam entre si. alegria e singeleza de coração. A igreja de Jerusalém era alegre; porque seu único foco centrava-se em Jesus Cristo (2Co 11.3; Fp 3.13-14).

2.47 = acrescentava-lhes o Senhor. A salvação é uma obra soberana de Deus.

 

INTRODUÇÃO

 

A igreja tem uma tarefa suprema sobre a terra: proclamar as Boas Novas do Reino a todos os povos. Os seguidores de Cristo têm como prioridade nas suas funções neste mundo, pregar o Evangelho, as boas-novas da Salvação para que cheguem a cada coração humano, seja idoso, jovem ou criança.

 

A pregação do Evangelho em todos os lugares, alcançando todos os povos ou etnias concomitantemente, deve ser uma realidade para o crente, caso contrário, há uma deficiência na prática ou um desvio conceitual sobre a nossa missão na terra. A razão principal da existência da Igreja é a proclamação do seu Reino ao mundo perdido e para isso precisamos ter consciência de que somos instrumentos no mistério da graça celestial para levar outros a conhecer a suprema verdade: Jesus.

 

PALAVRA-CHAVE: Grande Comissão

 

 - “Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo” Mateus 28.19 - Jesus ressuscitou e, antes de subir aos céus, deu à sua igreja a grande comissão. Quatro verdades devem ser destacadas na grande comissão:

 

a) A primeira é a autoridade do comissionador. Jesus tem toda autoridade e todo poder no céu e na terra (Mt 28.18). Aquele que envia a igreja ao mundo tem competência para fazê-lo.

 

b) A segunda verdade é o grande desafio dado por Jesus à igreja (Mt 28.19a). Na medida em que ela caminha, na dinâmica da vida, ela deve fazer discípulos de todas as nações. O campo é o mundo. A igreja não faz a obra aqui e depois lá, mas aqui e lá concomitantemente.

 

c) A terceira verdade é a necessidade de integrar os novos convertidos para um programa contínuo de discipulado (Mt 28.19b).

Os discípulos devem ser batizados em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo. Não há crentes desigrejados. Não há ovelha fora do rebanho. Não há ramo desligado da Videira.

 

d) A quarta verdade é a promessa do comissionador de estar com a igreja até à consumação dos séculos (Mt 28.20). A igreja não caminha sozinha no cumprimento da grande comissão. Jesus, o dono e protetor da igreja, caminha com ela para lhe dar direção e poder. Você é um discípulo discipulador? Todo aquele que é chamado para a salvação é enviado a fazer discípulos de todas as nações. Hernandes Dias Lopes. Disponível em: https://www.ipb.org.br/conteudos_detalhe?conteudo=707. Acesso em: 23 JAN 24.

 

I. PREGAÇÃO E INSTRUÇÃO

 

1. Proclamando as Boas-Novas. Todos os quatro evangelistas deram ênfase à grande comissão. Lucas a repete no livro de Atos. Na Grande Comissão (Mt 28.18-20), Jesus delega a seus seguidores a tarefa de irem e fazerem discípulos de todas as nações, ensinando-os a guardar todos os ensinamentos de Jesus. O imperativo nesta passagem é “fazer discípulos”. Naturalmente, isto significaria que seus seguidores ensinariam tudo o que tinham aprendido com Jesus.

 

A obra da cruz não fará diferença alguma na vida daquele que a ignora. O perdão e a vida eterna são estendidos a todos, desde que invoquem o nome do Senhor. Parafraseando Paulo em Romanos 10.14: “: “Como, porém, invocarão aquele em quem não creram? E como crerão naquele de quem não ouviram falar? E como ouvirão, se não há quem pregue?””. O que basicamente Paulo quer dizer nessa série de perguntas retóricas é que uma apresentação clara da mensagem do evangelho deve preceder a verdadeira fé salvadora. A verdadeira fé sempre tem conteúdo — a Palavra revelada de Deus. A salvação vem para aqueles que ouvem o evangelho e creem nos seus fatos.

 

2. O objeto da pregação. O Evangelho é a maior notícia que, apenas nós, a Igreja, temos conhecimento dela. Nós fomos incumbidos de uma grande responsabilidade. Deus escolheu a Igreja para levar o Evangelho às pessoas. Deus não escolheu anjos para pregarem o Evangelho; eles gostariam de pregar, mas não podem pregar porque nenhum anjo foi salvo, Jesus não morreu por eles.

Nenhum anjo foi regenerado. Somente nós, que um dia experimentamos a graça da salvação, temos essa responsabilidade. O evangelho é a boa notícia da parte de Deus, em primeiro lugar, de que “Cristo morreu pelos nossos pecados”. “Cristo morreu pelos nossos pecados” no sentido de que, na cruz, Ele fez expiação pelos delitos que cometemos contra Deus, nosso Rei. Jesus, morrendo como nosso substituto, absorveu em Si mesmo toda a ira de Deus contra a real culpa moral do seu povo.

 

Ele não deixou nenhuma dívida não paga. Ele mesmo disse: “Está consumado” (Jo 19.30). A mensagem completa do Evangelho é a mensagem de que Jesus Cristo veio à terra como Deus-Homem, viveu entre nós, morreu por nossos pecados, foi sepultado e ressuscitou ao terceiro dia (1Co 15.3, 4). Não existe nada mais profundo ou mais poderoso do que a mensagem de Cristo morto e ressurreto.

 

3. Discipulando os convertidos. Fazer discípulos — a missão que Deus nos deixou (Mt 28.18–20) — começa com pregar o Evangelho. Portanto, compartilhar o Evangelho não é uma questão de preferência ou dons, mas de obediência ao nosso Salvador, que deu Sua vida em nosso favor. Quanto mais entendermos quem Cristo é e o que Ele fez por nós, mais desejaremos transmitir essa mensagem de esperança às pessoas. A ordem de Jesus para fazer discípulos só será possível para aqueles que se tornarem, primeiramente, seus verdadeiros imitadores.

 

Essa é a essência e a condição do discipulado, pois, não há como ajudar alguém a seguir Jesus sem antes pagar o preço de ser um imitador de Cristo. E os que vão pagar esse preço são aqueles que, um dia, descobriram algo muito mais encantador do que o próprio espelho. São aqueles que experimentaram um amor tão profundo e tão intenso que nenhuma definição humana é capaz de exprimir. Um amor de Alguém que trouxe uma mensagem genuinamente nova e maravilhosamente transformadora. São aqueles que, pela Graça, enxergaram a beleza de Cristo, que foram cativados por Ele e, por isso, passaram a imitá-lO e a desejar que outros também O imitem.

 

II. ADORAÇÃO E EDIFICAÇÃO

 

1. Uma comunidade adoradora. Aqui vale discutir o tipo de adoração que o Senhor exige: culto racional (Rm 12.1). "Racional" vem do grego "lógica".

À luz de todas as riquezas espirituais que os cristãos desfrutam exclusivamente como o fruto das misericórdias de Deus (Rm 11.33,36), segue-se logicamente que eles elevem a Deus a sua mais elevada forma de culto. Aqui está subentendida a ideia de culto espiritual sacerdotal, o qual era parte integral da adoração do Antigo Testamento.

 

Na vida cristã não existe a dicotomia “sagrado/profano”. Normalmente as pessoas separam as coisas da sua vida, denominando que estas pertencem a Deus e estas outras não. Muitos são os que crêem que algumas coisas podem ser vistas e ouvidas por Deus e outras não. Em todas as ações e planos da vida; quaisquer que sejam seus planos, desejos e ações, tudo seja feito para a glória de Deus.

 

Em 1º Coríntios 10.31 Paulo exorta: “Portanto, quer comais quer bebais ou façais qualquer outra coisa, fazei tudo para a glória de Deus”. A frase “a glória de Deus” é equivalente à honra de Deus; e a direção é que devemos agir em todas as coisas para “honrá-lo” como nosso Legislador, nosso Criador, nosso Redentor; e de modo a guiar outros pelo nosso exemplo a louvá-lo e a abraçar Seu evangelho.

 

Uma criança age de modo a honrar um pai quando ele sempre aprecia pensamentos reverentes e adequados sobre ele; quando ele é grato por seus favores; quando ele guarda suas leis; quando ele tenta avançar seus planos e interesses; e quando ele age de modo a levar todos à sua volta a valorizar opiniões elevadas sobre o caráter de um pai. Ele o “desonra” quando não respeita sua autoridade; quando ele quebra suas leis; quando ele leva outros a tratá-lo com desrespeito.

 

Da mesma maneira, vivemos para a glória de Deus quando o honramos em todas as relações que ele mantém para nós; quando guardamos suas leis; quando participamos de seus favores com gratidão e com um profundo senso de nossa dependência; quando oramos a ele; e quando vivemos para levar os que estão à nossa volta a valorizar concepções elevadas de sua bondade, misericórdia e santidade. Qualquer que seja o plano ou propósito que tenderá a promover Seu reino, e torná-lo mais conhecido e amado, será para Sua glória. Podemos observar em relação a isso:

 

(1) Que a regra é “universal”. Isso se estende a tudo. Se em assuntos tão pequenos como comer e beber devemos procurar honrar a Deus, certamente devemos em todas as outras coisas.

 

(2) destina-se a que essa seja a regra constante de conduta e que devemos ser lembrados com frequência. Os atos de comer e beber devem ser realizados com frequência; e o comando está ligado àquilo que muitas vezes deve ocorrer, para que possamos ser lembrados com frequência e que possamos ser esquecidos.

 

(3) pretende-se honrar a Deus em nossa família e entre nossos amigos. Nós comemos com eles; compartilhamos juntos as recompensas da Providência; e Deus planeja que devemos honrá-Lo quando participarmos de Suas misericórdias, e que assim nossos prazeres diários sejam santificados por um esforço constante para glorificá-Lo.

 

(4) devemos dedicar a força que extraímos das recompensas de Sua mão para Sua honra e em Seu serviço. Ele nos dá comida; Ele o torna nutritivo; Ele revigora nossa estrutura; e essa força não deve ser devotada a propósitos de pecado, e devastação e corrupção. É um ato de alta desonra a Deus, quando ele nos dá força, que devemos dedicar imediatamente essa força à poluição e ao pecado.

 

(5) essa regra foi criada para ser um dos diretores principais de nossas vidas. É orientar toda a nossa conduta e constituir um “teste” pelo qual testar nossas ações. Tudo o que pode ser feito para promover a honra de Deus é certo; tudo o que não pode ser feito com esse fim está errado. Qualquer que seja o plano que um homem possa formular que tenha esse fim, é um bom plano; tudo o que não pode ser feito para ter essa tendência, e que não pode ser elogiado, continuado e terminado com um desejo distinto e definido de promover Sua honra, está errado e deve ser imediatamente abandonado.

 

(6) que mudança faria no mundo se essa regra fosse seguida em todos os lugares! Quão diferente viveriam os cristãos professos! Quantos de seus planos seriam obrigados a abandonar de uma vez! E que poderosa revolução faria ao mesmo tempo na terra, caso todas as ações das pessoas comecem a ser realizadas para promover a glória de Deus!

 

(7) pode-se acrescentar que sentimentos como o do apóstolo foram encontrados entre os judeus e até entre os pagãos. Assim, Maimônides, como citado por Grotius, diz: “Seja tudo em nome do céu”, ou seja, em nome de Deus. Capellus cita vários escritores rabínicos que dizem que todas as ações, inclusive comer e beber, devem ser realizadas “em nome de Deus”. Veja o “Critici Sacri”. Até os escritores pagãos têm algo que se assemelha a isso. Assim, Arrian Efésios 1:19 diz: “Olhando para Deus em todas as coisas pequenas e grandes”. Epicteto, também, ao ser perguntado como alguém pode comer para agradar a Deus, respondeu: “Ao comer de maneira justa, moderada e felizmente”. Comentário de E.W. Bullinger

 

2. Uma comunidade edificadora. Além de promover e regular a adoração coletiva de Deus pela congregação, o propósito de missão da igreja inclui fomentar a adoração a Deus por parte dos indivíduos. A adoração não acontece somente nos cultos e reuniões públicos. Deve acontecer no viver diário do cristão. O propósito da igreja é, em parte, encorajar os cristãos individuais na fé e no relacionamento com Cristo.

 

Com esse alvo em mente, Paulo rogou que a igreja em Éfeso crescesse “em tudo naquele que é a cabeça, Cristo, de quem todo o corpo, bem ajustado e consolidado pelo auxílio de toda junta, segundo a justa cooperação de cada parte, efetua o seu próprio aumento para a edificação de si mesmo em amor” (Ef 4.15-16).

 

Quando o autor de Hebreus exortou seus leitores a se congregarem regularmente, indicou o propósito de se encorajarem mutuamente: “Consideremo-nos também uns aos outros, para nos estimularmos ao amor e às boas obras. Não deixemos de congregar-nos, como é costume de alguns; antes, façamos admoestações e tanto mais quanto vedes que o Dia se aproxima” (Hb 10.24-25).

 

A vida de toda a congregação junta deve ter como alvo a edificação coletiva, uma ideia que tem suas raízes no povo de Deus do Antigo Testamento.

 

Deus criou um povo, no Antigo Testamento, para ser especialmente abençoado por sua presença, promessas e poder. O alvo de Deus para eles era que manifestassem a sua fidelidade e o seu senhorio, por olharem com expectativa para o dia prometido de sua vinda.

A nação deveria ser um povo marcado por santidade. No Novo Testamento, o povo de Deus é a igreja.

 

Numa congregação local, a comunhão como um todo deve manifestar a santidade de Deus por meio de sua santidade. O amor de Deus deve ser refletido no amor que eles demonstram uns para os outros. A unidade de Deus deve ser refletida na unidade deles – Paulo discorre sobre todos esses temas na sua 1ª Carta aos Coríntios. A comunhão de crentes em uma congregação deve ser um companheirismo no labutar por edificação mútua e por fidelidade na evangelização.

 

III. COMUNHÃO E SOCIALIZAÇÃO

 

1. A fé na esfera fraternal. A comunhão na Igreja Primitiva era o seu ponto mais notável. O crescimento vinha como decorrência da comunhão observada na vida da comunidade. Todos queriam participar de um grupo que se amava tanto, que se respeitava tanto e que tinha tudo em comum. Quando crescemos em comunhão o Espírito de Deus age no seio da igreja enviando novas pessoas. A comunhão madura na vida da igreja é o indicador de que ela está pronta para receber novas pessoas.

 

“Lucas não poderia estar equivocado quando utilizou o vocábulo “comunhão” quando se referiu à Igreja Primitiva. A descrição subsequente, esplanada no tópico sobre unidade da igreja, expõe de forma muito clara as considerações dessa igreja. Assim, deve-se ressaltar que os primeiros cristãos “eram perseverantes (…) na comunhão“. E como foi anteriormente ressaltado, isso implica em dizer que eles eram fundamentados na experiência comum do corpo.

 

Assim, como os outros pontos ressaltados por Lucas, a comunhão era essência da vitalidade da Igreja. Contudo, antes de prosseguirmos para outros tópicos, devemos compreender a ideia de “Comunhão“. O termo grego utilizado é “koinonia“. Em suas diversas formas o termo não é usado mais que 19 vezes no Novo Testamento. Contudo, sua ideia é visível em várias de suas partes. Um exemplo disso é At.20.36-38: “Tendo dito estas coisas, ajoelhando-se, orou com todos eles. Então, houve grande pranto entre todos, e, abraçando afetuosamente a Paulo, o beijavam, entristecidos especialmente pela palavra que ele dissera: que não mais veriam o seu rosto.

E acompanharam-no até ao navio”. Nenhuma vez neste texto nós encontramos o termo Comunhão, mas não podemos negá-la aqui. É evidente que a intimidade e comunhão entre Paulo e os cristãos de Éfeso, que por razão da partida de Paulo, houve choro e tristeza. A vida de mutualidade entre Paulo e os cristãos de Éfeso demonstra a Comunhão que existia entre eles.

 

Em At.4.32-35 vemos outro exemplo fantástico e marcante: “Da multidão dos que creram era um o coração e a alma. Ninguém considerava exclusivamente sua nem uma das coisas que possuía; tudo, porém, lhes era comum“ Embora vamos comentar com mais detalhes esse versículo pouco adiante, vale a pena observar que a vida da Igreja primitiva estava alicerçada na Comunhão, também.

 

Os cristãos estavam tão próximos uns dos outros que não ousavam considerar seu o que possuía, mas estava pronto a dividir com seus irmãos conforme havia necessidade. Isto é a demonstração da Comunhão que a Igreja deveria ter hoje. Diante desses fatos, qual é o papel da liderança nesse ponto? A liderança da Igreja deve promover a Comunhão da Igreja. Suas atividades devem viabilizar a Comunhão do Corpo de Cristo.

 

Isso deve ser estudado e planejado de acordo com as reais disponibilidades da Igreja e de seus participantes. De fato, a comunhão na Igreja primitiva era espontânea, por causa da experiência que cada um dos membros tinham com Cristo. Mesmo correndo o risco de ser redundante, digo: “A comunhão da Igreja depende da vida de Comunhão com Deus que cada membro do corpo de Cristo desfruta”.

 

Tal verdade é bem colocada por João em sua primeira epístola, observe: “Se, porém, andarmos na luz, como ele está na luz, mantemos comunhão uns com os outros” (1Jo.1.7a).

 

Aqui está o segredo da Comunhão entre os participantes da Igreja de Cristo. Não há separação entre os que estão na Luz, como Deus é: “Deus é luz e nele não existe trevas nenhuma” (1Jo.1.5).

 

Todo o que participa de uma vida de intimidade com Deus, desfruta da intimidade dos que procuram intimidade com Deus. Quanto mais perto de Deus os participantes da igreja estão, mas próximos uns dos outros.

Portanto, se o papel do líder da igreja é promover a Comunhão entre os irmãos, e tal comunhão só é possível quando eles estão desfrutando de intimidade com Deus, o líder deve auxiliá-los a buscar intimidade com Deus.

 

O papel do líder não é ser um “dono-da-igreja”, mas ser um “servo-facilitador” da busca das virtudes bíblicas por parte dos seus liderados. Portanto, o líder deve dar sua vida pela santificação da Igreja que dirige. Se isto é buscado e efetivamente executado, a Comunhão é o resultado. Tal ideia é muito semelhante a colocação de Paulo em 2Co.11.2: “Porque zelo por vós com zelo de Deus; visto que vos tenho preparado para vos apresentar como virgem pura a um só esposo, que é Cristo“”. https://marceloberti.wordpress.com/2009/02/10/a-vida-da-igreja-de-cristo-em-atos-at242-47/

 

2. Unidade e Fraternidade. A comunhão entre os crentes, fruto do amor de Deus em nós, é uma das características mais singulares da Igreja de nosso Senhor Jesus. A Igreja não é um clube de amigos ou uma associação humana secular. Também não é uma empresa.

 

Todavia, é o conjunto ou comunhão dos redimidos em Cristo, que compartilham da “unidade do Espírito pelo vínculo da paz” (Ef 4.3). A Igreja é o corpo místico de Cristo, e, cada crente em particular, é membro desse corpo glorioso (1 Co 12.12,13).

 

Por conseguinte, a comunhão no Espírito (Fp 2.1) é vital à unidade e à paz da Igreja. Segundo Efésios 4.3, a comunhão, unidade e paz na Igreja não são produtos dos esforços humanos, mas uma ministração do Espírito Santo. Uma vez que o crente é templo e habitação do Espírito de Deus (Jo 14.16,17; Rm 8.14; 1 Co 3.16; 6.19), somos todos “um só corpo” (Ef 4.4), servindo e amando a “um só Senhor”, compartilhando de “uma só fé”, “um só batismo”, “uma só esperança”, “um só Deus e Pai de todos” (vv.5,6). Guardemos, pois, a “unidade do Espírito pelo vínculo da paz” (v.3).

 

- Cinco expressões da comunhão em Cristo na Igreja:

 

1. Amor Fraternal. Nas páginas do Novo Testamento, encontramos as expressões “amor fraternal” (Rm 12.10; 2 Pe 1.7) e “caridade fraternal” (1 Ts 4.9; Hb 13.1; 1 Pe 1.22).

Trata-se literalmente do amor e afeição entre irmãos (1 Pe 3.8).

No plano espiritual, isto significa muito mais do que “irmandade” ou “concórdia entre irmãos”. Nos textos de Romanos 12.10; 1 Pedro 1.22; 3.8, o amor fraternal refere-se ao estado e atitude do cristão humilde e compassivo, que continuamente prefere dar honra aos outros em vez de recebê-la. Observe o que afirma Romanos 12.10: “Amai-vos cordialmente uns aos outros com amor fraternal, preferindo-vos em honra uns aos outros”. Ver também Filipenses 2.3,4. Portanto, amar o irmão na fé em Cristo é: (1) honrá-lo acima e independente dos interesses pessoais; (2) ser sincero, compassivo, afável; (3) ser entranhavelmente misericordioso com ele em seus sofrimentos e faltas (1 Pe 3.8,9); (4) levar as cargas uns dos outros (Cl 6.2).

 

2. A Unidade (Jo 17.21-23; Ef 4.5,6). Jesus, em sua oração intercessória, fez sua mais ardente petição ao Pai: “Que todos sejam um, como tu, ó Pai, o és em mim, e eu, em ti; que também eles sejam um em nós” (Jo 1 7.21).

 

A comunhão é includente e excludente. É includente, pois a comunhão do corpo de Cristo em um “só Espírito”, “um só Senhor”, “uma só fé”, “um só batismo” e “um só Deus”, é possível somente entre os que nasceram de novo (Jo 3.2-8). É excludente, porque todos os que não receberam a Cristo como seu Salvador pessoal, não podem participar da comunhão ( koinōnia ) da igreja. Os incrédulos não desfrutam dessa comunhão, porque a luz e as trevas, a justiça e a injustiça, o fiel e o infiel, não se associam (2 Co 6.14-16).

 

3. A Filantropia. O termo filantropia aparece no texto original de Tito 3.4 (ARA), referindo-se ao incomensurável amor de Deus pela humanidade: “A benignidade de Deus, nosso Salvador, e o seu amor para com todos”. A expressão “amor para com todos” é a tradução da palavra original filantropia. Por conseguinte, significa “benevolência, amor ao próximo”. De acordo com Tito 3.4, a filantropia bíblica é a manifestação do amor divino para com o homem. Na Igreja do Novo Testamento, os cristãos reuniam-se a fim de participarem de uma festividade filantrópica denominada “ ágape ”. Era o “partir do pão” em cada casa de forma a quebrar toda e qualquer diferença social ou étnica. Também os cristãos vendiam suas propriedades e colocavam o dinheiro arrecadado aos pés dos apóstolos, para ser dividido entre os necessitados (At 2.45). O amor divino os impulsionava à prática de boas obras (Ef 2.8-10).

 

4. A Comunidade. O texto de Atos 2.42 diz que “perseveravam na comunhão”. Os fiéis se reuniam fraternalmente e tinham uma causa comum. A igreja cristã era a comunidade dos remidos. Todos compartilhavam dos mesmos interesses. Ninguém se sentia excluído, pois as diferenças sociais e espirituais não eram superiores à fraternidade comunitária. Tal comunhão vinha do Espírito Santo que os enchia, como em Atos 4.31,32. Assim deve ser numa comunidade cristã autêntica, cheia do Espírito Santo e do seu fruto, como está patente em 1 Coríntios 13.4-7, Gálatas 5.22,23 e Efésios 4.9,10.

 

5. O Amor (1Co 13.1-8). Em 1 Coríntios 13, a Bíblia destaca o amor divino como a virtude que deve reger na igreja o relacionamento das pessoas. É esse santo amor, de que trata a presente lição, que promove a comunhão dos santos, conforme 1 Coríntios 13.4 e Filipenses 2.1b. Esse amor faz-nos acolher e aceitar o próximo como irmão..

 

3. A fé na esfera social. O Pacto de Lausane, discorrendo sobre a Responsabilidade Social Cristã, afirma: “Afirmamos que Deus é o Criador e o Juiz de todos os homens. Portanto, devemos partilhar o seu interesse pela justiça e pela conciliação em toda a sociedade humana, e pela libertação dos homens de todo tipo de opressão. Porque a humanidade foi feita à imagem de Deus, toda pessoa, sem distinção de raça, religião, cor, cultura, classe social, sexo ou idade possui uma dignidade intrínseca em razão da qual deve ser respeitada e servida, e não explorada.

 

Aqui também nos arrependemos de nossa negligência e de termos algumas vezes considerado a evangelização e a atividade social mutuamente exclusivas. Embora a reconciliação com o homem não seja reconciliação com Deus, nem a ação social evangelização, nem a libertação política salvação, afirmamos que a evangelização e o envolvimento sociopolítico são ambos parte do nosso dever cristão.

 

Pois ambos são necessárias expressões de nossas doutrinas acerca de Deus e do homem, de nosso amor por nosso próximo e de nossa obediência a Jesus Cristo. A mensagem da salvação implica também uma mensagem de juízo sobre toda forma de alienação, de opressão e de discriminação, e não devemos ter medo de denunciar o mal e a injustiça onde quer que existam. Quando as pessoas recebem Cristo, nascem de novo em seu reino e devem procurar não só evidenciar, mas também divulgar a retidão do reino em meio a um mundo injusto.

A salvação que alegamos possuir deve estar nos transformando na totalidade de nossas responsabilidades pessoais e sociais. A fé sem obras é morta” https://www.ultimato.com.br/pagina/pacto-de-lausanne

 

CONCLUSÃO

 

 “A missão da igreja é ir ao mundo e fazer discípulos, proclamando o evangelho de Jesus Cristo, no poder do Espírito, e reunindo esses discípulos em igrejas, para que eles adorem o Senhor e obedeçam aos seus mandamentos, agora e na eternidade, para a glória de Deus, o Pai” (Kevin DeYoung e Greg Gilbert, Qual a Missão da Igreja? [São José dos Campos: Fiel, 2012], 82).

 

Segundo o teólogo suíço Karl Barth, o papel missionário da igreja “significa enviar, enviar às nações com propósito de testificar o evangelho, o qual representa a raiz da existência e, ao mesmo tempo, a raiz também de toda a tarefa do povo de Cristo” (Citado In: ATAÍDES, Florencio de. A Vocação Missionária da Igreja. Aleluia. 2006, p. 45)

 

A missão principal da igreja é missões, sem essa consciência ela falha no seu papel missionário, pois não se pode separar missão e missões, as duas coisas estão intrinsecamente relacionadas. A Igreja é chamada para fazer missões e essa é uma responsabilidade de cada cristão. Cada crente deve colocar-se à disposição para servir ao Senhor sem se importar com alguns fatores estranhos no campo transcultural como comportamento, valores e crenças que, às vezes, parecem inaceitáveis aos nossos olhos.

 

Concluímos afirmando que a igreja precisa entender com urgência o seu papel no mundo, empenhando todas as suas forças para cumprir a sua missão: fazer missões “enquanto é dia; a noite vem, quando ninguém pode trabalhar” (Jo 4.34) como disse o Senhor Jesus. Que Deus, em sua infinita graça, ajude-nos a cumprir com alegria e seriedade o ministério que recebemos do Senhor e não sejamos achados em falta no último dia.

 

Amém!