O PODER
DE JESUS SOBRE A NATUREZA E OS DEMÔNIOS.
Texto Áureo = “E disse-lhes: Onde está a vossa fé? E eles, temendo,
maravilharam-se, dizendo uns aos outros: Quem é este, que até aos ventos e à
água manda, e Lhe obedecem?” (Lc 8.2 5).
Verdade Prática = Ao mostrarem o poder de Jesus sobre as
forças naturais e sobrenaturais, as Escrituras sublinham sua natureza divina e
identidade messiânica.
LEITURA
BIBLICA = Lucas 8.22-25,35-39
PODER
SOBRE A NATUREZA E OS DEMÔNIOS
“E
navegaram para a terra dos gadarenos, que está defronte da Galileia. E, quando
desceu para terra, saiu-lhe ao encontro, vindo da cidade, um homem que, desde
muito tempo, estava possesso de demônios e não andava vestido nem habitava em
qualquer casa, mas nos sepulcros. E, quando viu a Jesus, prostrou-se diante
dele, exclamando e dizendo com alta voz: Que tenho eu contigo Jesus, Filho do
Deus Altíssimo? Peço-te que não me atormentes. Porque tinha ordenado ao
espírito imundo que saísse daquele homem; pois já havia muito tempo que o
arrebatava.
E
guardavam-no preso com grilhões e cadeias; mas, quebrando as prisões, era
impelido pelo demônio para os desertos.
E
perguntou-lhe Jesus, dizendo: Qual é o teu nome? E ele disse: Legião; porque
tinham entrado nele muitos demônios. E rogavam-lhe que os não mandasse para o
abismo. E andava pastando ali no monte uma manada de muitos porcos; e
rogaram-lhe que lhes concedesse entrar neles; e concedeu-lho. E, tendo saído os
demônios do homem, entraram nos porcos, e a manada precipitou-se de um
despenhadeiro no lago e afogou-se. E aqueles que os guardavam, vendo o que
acontecera, fugiram e foram anunciá-lo na cidade e nos campos.
E
saíram a ver o que tinha acontecido e vieram ter com Jesus. Acharam, então, o
homem de quem haviam saído os demônios, vestido e em seu juízo, assentado aos
pés de Jesus; e temeram. E os que tinham visto contaram-lhes também como fora
salvo aquele endemoninhado. E toda a multidão da terra dos gadarenos ao redor
lhe rogou que se retirasse deles, porque estavam possuídos de grande temor.
E,
entrando ele no barco, voltou. E aquele homem de quem haviam saído os demônios
rogou-lhe que o deixasse estar com ele; mas Jesus o despediu, dizendo: Torna
para tua casa e conta quão grandes coisas te fez Deus. E ele foi apregoando por
toda a cidade quão grandes coisas Jesus lhe tinha feito”(Lc 8.26-39).
Na Terra do Gadareno
Em
outubro de 2013 comandei uma caravana para Israel. No roteiro da viagem estava
incluso um tour pela Jordânia, país que faz fronteira com Israel. Na Jordânia,
conhecemos o monte Nebo, local onde Moisés contemplou a Terra Prometida antes
da sua morte (Dt 34.5); passamos pelo Vau de Jaboque, local onde Jacó lutou com
o anjo de Deus (On 32.28); conhecemos o local apontado pela arqueologia onde
Jesus de fato fora batizado e também conhecemos Gerasa, também denominada de
Gadara (Mt 8.28), local onde Jesus libertou o endemoninhado.
Ali
chegando, pude logo perceber porque os evangelistas usam de forma
intercambiável os termos “Gadara” e “Gerasa” para se referirem ao local onde se
deu a libertação do endemoninhado.
Na
verdade, Gadara e Gerasa faziam parte de um complexo de cidades conhecidas como
“Decápolis”, isto é, um conjunto de dez cidades. Foi ali na região da Decápolis
que fiquei espantado com as maravilhas da arquitetura romana, presente por toda
parte, principalmente em Gerasa onde as ruínas da cidade continuam
testemunhando todo o esplendor do que fora o Império Romano. Ali vi o arco de
Adriano, feito em homenagem a esse imperador romano.
Atravessando o Mar
Os meus
olhos se enchiam com todas aquelas belezas arquitetônicas, mas a minha mente
procurava fazer a reconstituição da passagem que Jesus tivera por Gerasa. “Meu
Deus!” pensei eu, “o Senhor cruzou o Mar da Galileia, enfrentou uma tempestade
sem precedentes simplesmente para ir atrás de um homem endemoninhado, Um
moribundo, um homem considerado louco pela sociedade.” Mas era exatamente isso
o que o texto mostra. De fato Lucas registra:
“E
aconteceu que, num daqueles dias, entrou num barco com seus discípulos e
disse-lhes: Passemos para a outra banda do lago.
E
partiram. E, navegando eles, adormeceu; e sobreveio uma tempestade de vento no
lago, e o barco enchia-se de água, estando eles em perigo. E, chegando-se a
ele, o despertaram, dizendo: Mestre, Mestre, estamos perecendo. E ele,
levantando-se, repreendeu o vento e a fúria da água; e cessaram, e fez-se
bonança. E disse-lhes: Onde está a vossa fé? E eles, temendo, maravilharam-se,
dizendo uns aos outros: Quem é este, que até aos ventos e à água manda, e lhe
obedecem? E navegaram para a terra dos gadarenos, que está defronte da Galileia
(Lc 9.22-26).
Quando
o Senhor se dirigia para confrontar as forças do mal em Gadara, as forças da
natureza se levantaram contra ele: “E sobreveio uma tempestade de vento no
lago, e o barco enchia-se de água, estando eles em perigo” (Lc 9.23).
E
interessante que Lucas usa o vocábulo grego epitimao (repreender) em relação às
forças da natureza da mesma forma que o usa em relação à libertação dos demônios
e da cura da sogra de Pedro (Lc 4.35; 4.39).
Era
como se a natureza, como uma força viva, se levantasse contra Jesus e seus
discípulos naquele momento. A natureza, portanto, era uma força a ser detida.
Isso não significa dizer que forças impessoais ganham pessoalidade nem tampouco
que seres inanimados ganham vida. O fato é que a entrada do pecado no mundo
trouxe desequilíbrio e desarmonia ao universo e a natureza também está inclusa
(Rm 8.19-22).
Tendo
repreendido o vento e a fúria das águas, Jesus chegou a Gadara, seu destino
final.
Fazendo o Caminho de Volta
Pois
bem, quando ainda me encontrava em Gadara, fiquei a meditar na passagem de Lucas
8.26-39. O final da narrativa desse grande milagre de libertação, diz: “E
aquele homem de quem haviam saído os demônios rogou-lhe que o deixasse estar
com ele; mas Jesus o despediu, dizendo: Torna para tua casa e conta quão
grandes coisas te fez Deus. E ele foi apregoando por toda a cidade quão grandes
coisas Jesus lhe tinha feito” (Lc 8.38,39).
O
gadareno, agora liberto, queria acompanhar Jesus, mas a orientação do Senhor
foi que ele voltasse para a sua terra e anunciasse tudo o que Deus tinha feito com
ele. De fato, os Evangelhos registram que ele se tornou o primeiro evangelista
na região da Decápolis (Mc 5.20).
Esse
texto mostra de forma enfática o poder de Jesus sobre todos os demônios.
Todavia revela também como fica o estado daqueles a quem Satanás escraviza.
Em
primeiro lugar, o Diabo põe as pessoas na zona de exclusão, “E navegaram para a
terra dos gadarenos, que está defronte da Galileia” (Lc 8,26). A frase
“defronte da Galileia” é traduzida na Almeida Revista e Atualizada como
“fronteira da Galileía”.
A
palavra grega antiperan, traduzida como oposto, na margem oposta, do outro
lado, mantém essa ideia de região fronteiriça, As regiões fronteiriças são
distantes de tudo, Em relação ao estado ou nação da qual fazem parte, se tornam
uma verdadeira zona de exclusão.
O
gadareno vivia na fronteira, uma terra de ninguém. Não tenho dúvidas de que o
Senhor foi para Gadara com o objetivo único de procurar aquele homem,
libertá-lo e fazer com que ele saísse da zona de exclusão.
Em
segundo lugar, o Diabo rouba a identidade do homem. O texto diz: “desde muito
tempo, estava possesso de demônios” (Lc 8.27) e “como fora salvo o
endemoninhado” (Lc 8.36).
Em
Lucas 8.27 o gadareno aparece como “tendo” (gr. echo) demônios e em Lc 8.36,
como quem se encontra “possuído” (gr. daimonizomai) por demônios. O renomado
léxico da língua grega de Walter Bauer traduz dairnonizomai como “ser possuído
por demônios”.
Em
outras palavras, o gadareno encontrava- se totalmente dominado por demônios.
Ele não era mais ele, havia perdido por completo a sua identidade. Havia
deixado de ser gente para se tornar uma coisa. Todos o evitavam porque ele não
era aquela pessoa que haviam conhecido, Jesus o liberta e faz com que ele volte
a ser gente como os demais (Lc 8.35).
Em
terceiro lugar, o Diabo tira todos os valores. “e não andava vestido” (Lc
8.27). A palavra grega endidysko tem o sentido de vestir, vestir-se, cobri rse,
estar vestido em. Usada com a negativa “não” mantém o sentido de “estar
descoberto”. E uma forma de dizer que ele andava sem roupa. Somente alguém que
perde a noção de valores éticos-morais consegue andar nu. Mas é isso que o
Diabo faz — deixar as pessoas totalmente nuas e despidas de tudo aquilo que as
valoriza. Quando Jesus libertou o gadareno, as pessoas o viram “vestido”
novamente (Lc 8.35). A missão do Diabo é despir as pessoas, enquanto o Senhor
Jesus veste-as e reveste-as com sua graça.
O
pastor Jack Haiford, pastor de uma igreja pentecostal na Califórnia, Estados
Unidos da América, conta que certa vez uma jovem o procurou para ser
aconselhada. Quando a jovem começou a contar a sua história, o pastor Haiford
disse que precisou interrompê-la. O Espírito Santo lhe revelara que a jovem não
estava contando-lhe o verdadeiro motivo de o ter procurado.
O pastor
informou-lhe que o Senhor o havia instruído a dizer uma frase para ela, e que
para ele parecia sem sentido, mas que o Senhor dissera-lhe que faria todo o
sentido para ela, A jovem então quis saber que frase era. O pastor repetiu a
frase que ouvira do Senhor: “Jamais permitirei que alguém veja a sua nudez”.
Essas palavras tiveram um efeito bombástico naquela jovem. Ela começou a chorar
convulsivamente.
Depois
de se refazer, confidenciou para o pastor. Antes de se converter ela era uma
prostituta e quando entregou a sua vida ao Senhor tudo estava indo bem, mas
havia seis meses que um pensamento obsessivo parecia querer-lhe dominar a sua
mente: “Você vai andar nua novamente”. Com aquela palavra de conhecimento
liberada pelo pastor Jack Haiford a jovem foi totalmente livre.
Em
quarto lugar, o Diabo tira os referenciais. “nem habitava em qualquer casa, mas
nos sepulcros” (Lc 8.27), Esse homem não possuía mais uma família. Havia
perdido a sua referência social. Havia perdido os seus valores morais e também
os sociais. O homem é um ser gregário e como tal necessita viver em sociedade,
O Diabo sabe disso e por isso procurou jogar aquele pobre coitado em um total
isolamento social. Estava vivo, mas vivia com os mortos. Era um morto vivo.
Jesus o libertou e devolveu ao convívio familiar.
Em
quinto lugar, o Diabo torna a vida do homem árida. “Era impelido pelo demônio
para os desertos” (Lc 8.29). O deserto é o lugar dos extremos. Durante o dia a
temperatura é escaldante e durante a noite elas despencam. Vi isso quando
estive no deserto do Sinai. Durante o dia, a temperatura no monte Sinai é
elevadíssima, sendo possível medir cinquenta graus na sombra. Por outro lado,
as madrugadas são geladas, ficando alguns graus abaixo de zero.
Devido
a esses fenômenos, o deserto é um lugar árido. O Diabo fez com que o deserto
fosse a casa do gadareno. A sua vida era, portanto, árida. Foi somente quando
Jesus o libertou que ele voltou a viver a vida abundante. As referências que
mostram Jesus confrontando o poder de Satanás são abundantes nos evangelhos. No
Evangelho de Lucas esse embate ocorre nos primeiros momentos do ministério
público de Jesus.
“E
desceu a Cafarnaum, cidade da Galileia, e os ensinava nos sábados. E
admiravam-se da sua doutrina, porque a sua palavra era com autoridade. E estava
na sinagoga um homem que tinha um espírito de um demônio imundo, e este
exclamou em alta voz, dizendo: Ah! Que temos nós contigo, Jesus Nazareno?
Vieste a destruir-nos? Bem sei quem és: o Santo de Deus.
E Jesus
o repreendeu, dizendo: Cala-te e sai dele. E o demônio, lançando-o por terra no
meio do povo, saiu dele, sem lhe fazer mal. E veio espanto sobre todos, e
falavam uns e outros, dizendo: Que palavra é esta, que até aos espíritos
imundos manda com autoridade e poder, e eles saem? E a sua fama divulgava-se
por todos os lugares, em redor daquela comarca (Lc 4.31-37).
Como no
caso dos milagres, Lucas também não tem a preocupação de provar a existência
dos demônios. Isso não era necessário, pois eles estavam por toda parte. A
Bíblia mostra o moclus operandi do Diabo em vários textos. Ele resiste à oração
(Dn 10,10-13); influencia a mente (Mt 16.21-23; At 5.3); corrompe a mente (2 Co
11.1-3); opóe-se à pregação do evangelho (At 13.8); procura destruir as vidas
(Mc 9.22; Jo 10.10).
O registro
dos Evangelhos é que havia muitas pessoas oprimidas e possuidas pelos demônios
no antigo Israel, De fato a missão de Jesus, como o Messias prometido, incluía
a libertação das pessoas dominadas pelo Diabo. “Chegando a Nazaré, onde fora
criado, entrou num dia de sábado, segundo o seu costume, na sinagoga e
levantou-se para ler. E foi-lhe dado o livro do profeta Isaias; e, quando abriu
o livro, achou o lugar em que estava escrito: O Espírito do Senhor é sobre mim,
pois que me ungiu para evangelizar os pobres, enviou-me a curar os quebrantados
do coração, a apregoar liberdade aos cativos, a dar vista aos cegos, a pôr em
liberdade os oprimidos, a anunciar o ano aceitável do Senhor” (Lc 4.16-19).
Nesses
confrontos urna coisa ficou logo evidente — Jesus, durante o seu ministério
terreno exerceu autoridade sobre todas as castas de demônios! As pessoas viram
isso e admiradas, se perguntavam que poder era aquele, pois Jesus ordenava aos
demônios que eles saíssem e eles obedeciam! Até os próprios demônios estavam
conscientes do poder de Jesus sobre eles: “Ah! Que temos nós contigo, Jesus
Nazareno? Vieste para perder-nos? Bem sei quem és: o Santo de Deus!” (Lc 4.34).
Lucas
mostra que Jesus não apenas possuía autoridade sobre os demônios como também
delegou para seus discípulos essa autoridade. “E voltaram os setenta com
alegria, dizendo: Senhor, pelo teu nome, até os demônios se nos sujeitam. E
disse-lhes: Eu via Satanás, como raio, cair do céu. Eis que vos dou poder para
pisar serpentes, e escorpiões, e toda a força do Inimigo, e nada vos fará dano
algum” (Lc 10.17-19).
O
cristão, portanto, possui autoridade sobre o reino do mal. Isso se tornou
possível porque Jesus conquistou a vitória sobre Satanás na cruz do calvário:
“havendo riscado a cédula que era contra nós nas suas ordenanças, a qual de
alguma maneira nos era contrária, e a tirou do meio de nós, cravando-a na cruz.
E, despojando os principados e potestades, os expôs publicamente e deles
triunfou em si mesmo” (Cl 2.14-15).
Estando
em Cristo, o crente agora encontra-se em posição de domínio sobre o poder das
trevas: “Que manifestou em Cristo, ressuscitando-o dos mortos e pondo-o à sua
direita nos céus, acima de todo principado, e poder, e potestade, e domínio, e
de todo nome que se nomeia, não só neste século, mas também no vindouro. E
sujeitou todas as coisas a seus pés e, sobre todas as coisas, o constituiu como
cabeça da igreja” (Ef 1.20-22).
Mas
Deus, que é riquíssimo em misericórdia, pelo seu muito amor com que nos amou,
estando nós ainda mortos em nossas ofensas, nos vivificou juntamente com Cristo
(pela graça sois salvos), e nos ressuscitou juntamente com ele, e nos fez
assentar nos lugares celestiais, em Cristo Jesus(Ef 2.4-6).
A Peneira do Diabo
Se o
cristão tem autoridade sobre o Diabo, como de fato tem, então porque Satanás
leva vantagens sobre muitos deles? Primeiramente porque lhe dão lugar (Ef
4.27); não são totalmente convertidos (Lc 22.31) e também possuem uma mente
mundana (1 Co 10.21).
Algo
parecido com o que vivenciou Simão Pedro: “Disse também o Senhor: Simão, Simão,
eis que Satanás vos pediu para vos cirandar como trigo. Mas eu roguei por ti,
para que a tua fé não desfaleça; e tu, quando te converteres, confirma teus
irmãos. E ele lhe disse: Senhor, estou pronto a ir contigo até à prisão e à
morte. Mas ele disse: Digo-te, Pedro, que não cantará hoje o galo antes que
três vezes negues que me conheces” (Lc 22.31-34).
Pelo
menos seis coisas podemos deduzir do comportamento de Pedro revelados nesse
texto.
1. Pedro demonstrou presunção “estou
pronto para morrer”. Isso não passava de presunção, pois quando foi confrontado
por ser discípulo de Jesus, ele negou temendo a morte.
2. Pedro possuía “brechas” —
“Satanás vos reclamou”. O Diabo viu áreas no comportamento de Pedro que
revelavam que ele não parecia ser aquela pessoa que demonstrava. Ele queria
tirar isso a limpo. Não há dúvidas de que havia área na vida de Simão que o
Diabo conhecia como sendo vulneráveis.
3. Pedro possuía vida devocional pobre —
“Roguei por ti” — O Senhor orou por Pedro. O que o texto parece mostrar é que Pedro
não vivia uma vida devocional profunda. Quando Jesus orava no Getsêmani, ele
logo adormeceu na oração.
4. Pedro também não demonstrou ser
totalmente convertido — “Quando te converteres”. O Senhor não iria
dizer essas palavras se Pedro fosse um homem convertido por completo. Eu não
sei precisar o que era essa falta de conversão, mas que ele não era ainda
convertido por completo, não era.
5. Pedro demonstrou egoísmo —
“fortalece aos teus irmãos”. Pedro sempre aparece como sendo o primeiro em
tudo. Era hora do Senhor lembrar que ele precisava pensar em seus companheiros.
Crentes Possessos?
Lucas
nada diz sobre a possessão de demônios em cristãos nem em seu evangelho nem
tampouco em Atos.
Todavia
alguns escritores vão além e defendem a possibilidade de um crente ficar
possuído pelo Diabo. Eu não compartilho dessa ideia. Estou convencido de que
nenhum ensino tem demonstrado ser tão nocivo à Igreja de Jesus Cristo, quanto
esse que afirma que o cristão pode ser possuído por demônios. Nos anos 90, esse
ensino se tornou como uma praga e era só no que se falava nos meios
evangélicos. Em um manual de libertação de autoria do neozelandês Bill
Subritzky encontramos a pergunta: “pode um cristão ter demônios? O mesmo autor
responde sem rodeios: “a resposta é enfaticamente sim!”
O
problema com esta afirmação está no fato da mesma não ser baseada na Bíblia
Sagrada, mas na experiência do autor. Tentando fundamentar a sua resposta, ele
diz: “Estou ciente do muito que se tem ensinado a respeito de os cristãos não
poderem ter demônios. Contudo, através de minha experiência no ministério há
quatorze anos, constatei que tal opinião é totalmente incorreta.”
Partindo
desse princípio a posteriori (fundamentado em sua experiência), Subritzky faz
uma exegese falaciosa sobre a “possessão demoníaca” no cristão: “Em primeiro
lugar”, escreve ele, “precisamos compreender que alguém pode ter um demônio sem
estar possuído por ele. A versão King James (Bíblia em Inglês) traduz
incorretamente a palavra ‘endemoninhado’ como ‘possuído’.
Isso dá
as pessoas a impressão de que se um espírito as ataca, ou se apenas possuem um
espírito estão conseqüentemente possuídas por demônios. Não há nada na tradução
grega que revele a palavra ‘possuído’. Estudiosos insistem no fato de que esta
palavra tem amedrontado muitas pessoas, por pensarem que, se possuem um demônio
estão ‘possuídas.
Como já
escrevi em outro lugar, essa crença que dá amplos poderes aos demônios sobre os
cristãos é falsa pelo menos por cinco razões:
1. É a
“posteriori”, isto é, baseia-se na experiência e não na Bíblia.
2. É
fruto de uma teologia errada sobre a segurança do crente.
3. É
fundamentado numa concepção equivocada sobre a tricoto- mia humana.
4. É
falho em definir o que seja um “cristão” segundo o modelo do Novo Testamento.
5. É
fundamentado na má compreensão da terminologia usada no Novo Testamento para a
possessão demoníaca.
Não
podemos negar o valor que a experiência tem para nós, cristãos. A vida cristã é
experimental. Todavia uma experiência cristã alicerça seus princípios na
Palavra de Deus — a Bíblia Sagrada. Uma experiência divorciada das Escrituras
não tem valor para a fé genuinamente evangélica. Aqueles que defendem a possessão
demoníaca em cristãos não conseguem enquadrar essa experiência no modelo dado
no Novo Testamento. A interpretação dada à palavra grega dairaonizomai, com o
sentido de “ter” demônios sem contudo estar possuido por ele, é falha e não
conta com o apoio do Novo Testamento grego
Por
outro lado, quando aceitamos a Cristo como nosso Salvador, mudamos de
cidadania, de propriedade e conseqüentemente de reino e senhor (Cl 1.13).
Quando pertencemos ao reino de Deus não existe, portanto, a ideia de
copropriedade ou ocupação conjunta. Não podemos ser habitados ao mesmo tempo
pelo Espírito Santo e por demônios. Neste aspecto, o cristão em comunhão com
Deus está guardado e não há porque temer as forças do mal (Rm 8,38,39; Lc
10.18,19; Ef 6.10-18).
Elaboração
pelo:- Evangelista Isaias Silva de Jesus
Igreja Evangélica Assembléia de
Deus Ministério Belém Em Dourados – MS
Lucas – O Evangelho de Jesus, O
Homem Perfeito, Pr José Gonçalves- CPAD