9 de outubro de 2012

OSEIAS A FIDELIDADE NO RELACIONAMENTO COM DEUS


OSEIAS A FIDELIDADE NO RELACIONAMENTO COM DEUS

TEXTO ÁUREO = Porque estou zeloso de vós com zelo de Deus; porque vos tenho preparado para vos apresentar como uma virgem pura a um marido, a saber, a Cristo (2 Co 11.2).

VERDADE PRÁTICA = O casamento de Oseías ilustra a infidelidade de Israel e mostra a sublimidade  do amor de Deus.

LEITURA BIBLICA = OSEIAS 1: 1,2; 2: 14-17, 19,20

INTRODUÇÃO 

Os estudiosos consideram Amós o líder dos que libertariam a religião de sua relação antinatural com a tirania, o egoísmo, o cerimonialismo e a superstição. Em comparação com ele, Oséias é considerado o profeta mais antigo que interpretou a vontade de Jeová relacionada ao amor. Conforme observou George Adam Smith: “Não há verdade dita pelos antigos profetas sobre a graça divina que não encontremos embrionariamente neste profeta. {...} Ele é o primeiro profeta da graça, o primeiro evangelista de Israel”.’
O teor da profecia é um testemunho dinâmico e severo contra o Reino do Norte por ter se apostatado do concerto. Todos conheciam bem a corrupção que campeava pela nação no âmbito das questões públicas e particulares.

O propósito de Oséias era o de convencer seus compatriotas sobre a necessidade de se arrependerem, restabelecerem a relação de concerto e dependerem do Deus paciente, compassivo e perdoador. “Oséias apresenta a ameaça e a promessa do ponto de vista do amor de Yahweh (Jeová) por Israel como seus filhos queridos e como a sua esposa do concerto”.
A doutrina do amor de Deus apresentada por Oséias não era inédita; contudo, foi expressa com clareza e propósito. Ainda que sua mensagem não esteja na lista dos principais profetas por causa da brevidade de suas declarações, deve constar entre as mais importantes em termos de compreensão das Escrituras. Oséias era mais poeta que teólogo — o apóstolo João do Antigo Testamento.

Autoria e Data

O nome “Oséias”, como “Josué” e “Jesus”, é derivado do radical hebraico que significa “salvação”. E idêntico ao nome do último rei de Israel.
A erudição bíblica reconhece amplamente que Oséias era nativo do Reino do Norte, pois ele conhecia profundamente todos os aspectos da vida de Efraim. Escreve na qualidade de testemunha ocular. Exceto o nome de seu pai e o casamento com Gômer, há poucos detalhes sobre sua vida. 

Supõe-se que era sacerdote, apesar de não haver indicativo a esse respeito. Tinha em alto conceito o dever sacerdotal e faz numerosas referências aos sacerdotes (4.6-9; 5.1; 6.9), à Torá ou lei de Deus (4.6; 8.12), às coisas impuras (9.3), às abominações e à opressão da “casa de Deus”. ‘ Entendia bem a lei escrita e conhecia Israel pessoalmente. Sabemos pouco acerca de seu ministério efetivo, a não ser que foi perseguido muito provavelmente por causa de seu trabalho profético (9.7,8).

Oséias concede-nos a data de sua profecia no título do livro: “Palavra do SENHOR que foi dita a Oséias, filho de Beeri, nos dias de Uzias, Jotão, Acaz, Ezequias, reis de Judá, e nos dias de Jeroboão, filho de Joás, rei de Israel” (1.1).

Há notável diferença de julgamento quanto à duração do ministério de Oséias. O caráter fragmentário das profecias sugere que nem todas foram entregues no mesmo período da vida do profeta. Archer deduz que parte da escrita deve ser datada antes da morte de Jeroboão II (753 a.C.), “visto que o capítulo 1 interpreta o significado simbólico de Jezreel com o sentido de que a dinastia de Jeú deve ser exterminada com violência”.

Quando Salum assassinou Zacarias, filho de Jeroboão, a profecia se cumpriu. Por outro lado, parece que o capítulo 5 é dirigido ao rei Menaém (752-742 a.C.). Levando em conta que o capítulo 7 trata da “dupla-diplomacia” de lançar a Assíria contra o Egito (fato não conhecido antes do reinado do rei Oséias, 732-723 a.C.), temos de admitir que este capítulo vem de 10 a 20 anos depois do capítulo 5. E lógico que o livro apresenta trechos selecionados de sermões entregues durante certo período de tempo. Archer conclui que o ministério de Oséias abrangia um período de pelo menos 25 anos, sendo que a compilação final foi concluída e publicada em 725 a.C., uns 30 anos depois do início do ministério deste profeta.

Por outro lado, Carl Keil, estudioso alemão, acredita que Oséias manteve seu ofício profético entre 60 e 65 anos. (A discrepância está entre a duração do “ofício” em oposição ao tempo efetivo das declarações proféticas.) Este cálculo é 27 a 30 anos sob o reinado de Uzias, 31 anos sob o reinado de Jotão e Acaz, e de 01 a 03 anos sob o reinado de Ezequias. Ainda que tenhamos justificativa em presumir que o ministério de Oséias durou o tempo indicado em 1.1, as evidências internas do livro apontam épocas extensamente divergentes das efetivas declarações proféticas — um período de tempo que pode ter sido consideravelmente mais curto que o indicado pelo título.

Mesmo que a verdadeira extensão do ministério de Oséias possa permanecer em dúvida, sabemos que Amós foi seu contemporâneo nos primeiros anos de seu ministério, e que Isaías, Miquéias e Obadias conviveram com ele durante os seus últimos anos.


Pano de Fundo Histórico

Para entendermos os escritos de Oséias em relação ao conceito do amor divino, que é o tema central do livro, é necessário examinarmos brevemente as circunstâncias sob as quais ele exerceu seu ministério. Como acontece com todos nós, não podemos entender a pessoa ou sua mensagem independentemente de seu ambiente peculiar. O profeta é influenciado pela cultura na qual vive e a influencia.

O reinado de Jeroboão II em Israel foi uma época de paz, prosperidade e luxo. Contudo, após a morte deste monarca sobrevieram anarquia, disputa e concerto quebrado. Knudson, ao resumir a situação, escreve: Jeroboão [...] foi sucedido por seu filho Zacarias, que depois de um breve reinado de seis meses foi assassinado por Salum. Este subiu ao trono e, após reinar por um mês, foi morto por Menaém, o qual reinou por dois ou três anos, e foi sucedido por seu filho, Pecaías, que, depois de um reinado de dois anos, foi assassinado por Peca. Este reinou por um ano ou dois, e depois foi morto por Oséias, que subiu ao trono como vassalo assírio e foi o último dos reis de Israel. Assim, em um período de oito ou nove anos, de 740 a.C. a 732 a.C., houve não menos de sete reis de Israel, e destes, quatro foram assassinados por seus respectivos sucessores.

O período após a morte de Jeroboão II caracterizou-se pela ausência de um governo capaz de equilibrar a estrutura religiosa, política, social e econômica. O reino estava a caminho da ruína. Esta situação é vista com clareza nos últimos 11 capítulos do livro de Oséias.

Depois da morte de Jeroboão, Israel encontrava-se politicamente fracassado. Estava minado por tramas, fraudes e intrigas. A nação estava madura para a conquista. Em acréscimo ao quadro decadente, Yates observa que “príncipes tolos, que levaram o povo a confiar no Egito, apressaram o fim. Os egípcios prometiam muito, mas nunca puderam cumprir o que prometeram. Israel estava totalmente desprovido de aliados”. O resultado era inevitável e a primeira investida ocorreu em 733 a.C., quando Tiglate-Pileser invadiu Damasco, saqueou o território de Israel e levou a maioria dos líderes para o exílio. Em 722-721 a.C., Sargão tomou a capital Samaria. Oséias não tinha ilusão acerca deste trágico desastre. O castigo dos pecados de Israel era iminente, mas ainda estava no futuro.

A desintegração política em Israel nos dias de Oséias foi, possivelmente, indicação de uma moléstia social muito grave. Foi um tempo de crime, corrupção e imoralidade. A degradação do sacerdócio, a impotência dos governantes, o desatino do pecado e a injustiça contribuíram para o declínio e queda do Reino do Norte. Havia relaxamento na conduta individual. O caráter era negligenciado. A dignidade do indivíduo era sacrificada em função da indisciplina pessoal, e a incerteza dominou a nação.

A presença disseminada de cultos à fertilidade causou seu efeito na desintegração da vida familiar. O lar já não era sagrado e os votos matrimoniais quase nada significavam. As orgias relacionadas aos cultos sobre a fertilidade transformaram muitos israelitas em bêbedos, e havia suspeita de que muitas das mulheres tornaram-se prostitutas cultuais.

Entre todas as classes sociais havia ódio. Os ricos ficavam cada vez mais ricos e os pobres, mais pobres. Os ricos oprimiam os pobres e até os escravizavam. ‘
  
A situação estava no ponto certo para Oséias cumprir o papel tradicional de profeta, ou seja, ser paladino dos pobres e defensor das reformas sociais.
E claro que o profeta logo identificou o cerne da degradação política e social: falhas religiosas e morais — o pecado. A idolatria era a causa da doença de Israel. Oséias a rotula de “prostituição” (1.2; 6.10), “luxúria” (4.10), “incontinência” (4.11; cf. “se prostituem”, 4.13,14; “corrompem-se”, 4.18; “te tens prostituído”, 5.3). Eiselen escreve acerca da situação: “Israel, a esposa de Jeová, mostrou-se infiel ao marido. As provas da infidelidade evidenciavam-se no âmbito da religião, da ética e da política, e os pecados que provocaram a ira de Jeová e de seu profeta concentravam-se em torno destas três esferas”.’1 Há somente uma consideração nominal a Jeová (8.2). O povo se entregou à superstição e licenciosidade.

Os sacerdotes fracassaram em seu dever para com Deus e o povo. Alegravam-se com os pecados do povo, porque isso lhes aumentava a renda. Tornaram-se bandoleiros (6.9). A própria nação se tornou “prostituta”. O estado de Israel foi de uma apostasia religiosa tal que resultou em degradação moral, social e política.

O CASAMENTO DE OSÉIAS (1.2,3)

O princípio da palavra do SENHOR por Oséias; disse, pois, o SENHOR a Oséias: Vai, toma uma mulher de prostituições e filhos de prostituição; porque a terra se prostituiu, desviando-se do SENHOR (1.2).

1. O inicio do ministério de Oséias. O princípio da palavra do SENHOR por Oséias (v.2). A idéia do texto hebraico tehilat diber YHWH beHoshea é: “a primeira vez que o Senhor falou com Oséias”, ou “por Osélas”. A ARA diz: “Quando, pela primeira vez, falou o SENHOR por intermédio de Oséias”, fraseologia similar encontramos na NVI. Assim podemos afirmar que foi logo no início de seu ministério que Deus mandou o próprio Oséias tomar por esposa uma mulher de baixa moral. Não sabemos a idade do profeta nessa época, pois ele teve um ministério prolongado, e também os jovens se casavam muito cedo naquela época. Podemos arriscar uma idade não muito inferior a 20 anos.

2. A ordem divina. Toma uma mulher de prostituições... (v. 2). A palavra hebraica usada aqui para “prostituição” é zenunim, que significa “fornicação, prostituição, meretrício, infidelidade, libertinagem”.
A LXX traduziu essa palavra pelo substantivo porneia, que significa: “prostituição adultério, fornicação, incastidade, qualquer relação sexual ilícita”. A expressão esheth zenunim quer dizer que a ordem em hebraico lech khach lechach “vai, toma”, é mesmo tomar uma mulher da vida, uma rameira.

3. As interpretações do casamento de Oséias. Há três interpretações gerais desse casamento: sonho ou visão, alegoria ou parábola e a linha literal. Cada uma delas apresenta explicações diferentes dos pormenores.

a) Sonho ou visão. A primeira delas, dada a sua fragilidade, não há o que comentar. É a linha que afirma que o profeta sonhou ou teve uma visão. Não é isso que o texto sagrado está dizendo. Muitos sequer consideram-na como uma interpretação, como se ela não existisse.

b) Alegoria. Agostinho defendia essa interpretação com muita garra. Segundo Agostinho, a interpretação literal é incongruente e moralmente imprópria. O livro de Oséias faz uso indistintamente do termo “prostituição” tanto num casamento literal quanto no sentido espiritual. Isso acontece em toda a Bíblia e se aplica também ao culto pagão.Tal prática era considerada adultério, prostituição ou fornicação espiritual (Jr 3.8; 13.27; Ez 16.32).

c) A interpretação literal. A maioria dos expositores da Bíblia admite tratar-se de um casamento literal. A forma direta do relato do profeta torna claro e inconfundível sua historicidade. O texto sagrado não parece oferecer condições para interpretação alegórica, parece ser literal.

A esposa é identificada pelo seu nome “Gomer” ou “Gômer”; da mesma forma, o sogro de Oséias é chamado pelo seu nome “Diblaim” (v.3) e fala que desse casamento nasceram filhos, Jezreel, Lo-Ruama e Lo-Ami. A interpretação de Agostinho está hoje fora de cogitação pela maioria dos expositores da Bíblia.

Dentro dessa interpretação literal há interpretações diferentes de pormenores, O Dr. A. R. Crabtree vê dificuldade em aceitar o fato de Jeová ordenar um santo homem se casar com uma mulher de baixa moral. Seu argumento é baseado unicamente no princípio da moralidade judaico-cristã. Nesse caso ele vê a possibilidade de Gomer se prostituir só depois do casamento.

Essa é outra linha de pensamento sobre o casamento de Oséias. Discorda da linha alegórica, admite que esse matrimônio do profeta foi literal. Mas afirma que Gomer era pura quando se casou e que a expressão “mulher de prostituições e filhos de prostituição” (v. 2) aponta para a presciência de Deus, ou seja, Deus sabia de antemão que Gomer seria infiel. Essa linha é também defendida por Charles L. Feinberg.

Um casamento desse parece-nos, de fato, incoerente, mas é o que está escrito. Nem por isso devemos inventar interpretações, pois a hermenêutica tem regras e limites. O casamento de Oséias foi literal e serviu para ilustrar a situação pecaminosa de Israel. De qualquer forma, o que não devemos é dogmatizar, pois são interpretações literais possíveis. Além disso, nenhuma delas compromete à fé cristã e nem afeta a salvação.

A proibição de se casar com uma meretriz é só para os sacerdotes e não para todos (Lv 21.7). E em nenhum lugar da Bíblia afirma textual- mente que Oséias era sacerdote. A ordem divina foi para Oséias se casar e não adulterar com ela. A prostituição é condenada em toda a Bíblia, e mui especialmente no livro do profeta Oséias. A proibição da união com uma prostituta (1 Co 6.16) não é mesma coisa que um casamento com alguém dessa origem que se converteu à fé cristã (1 Co 6.11).

4. A analogia do casamento de Oséias. Porque a terra se prostituiu, desviando-se do SENHOR (v.2). Após a ordem de Jeová para Oséias se casar vem a justificativa. A comparação desse casamento com o então estado espiritual da nação não nos fornece subsídios suficientes para uma interpretação alegórica.

As Dez Tribos do Norte estiveram sempre envolvidas numa apostasia generalizada. A idolatria é comparada ao adultério e à prostituição espiritual e até porque em muitos cultos idólatras, dedicados à fertilidade, era praticada a prostituição de maneira literal. Deus queria que Oséias compreendesse o paradoxo da maldade do povo e a grandeza do amor de Jeová através da experiência com sua esposa infiel, que ele tanto amava. Isso levou Oséias a compreender com profundidade o amor de Jeová pelo seu povo.

E foi-se e tomou a Gomer, filha de Diblaim, ela concebeu e lhe deu um filho (1 .3).

5. Gomer. A esposa de Oséias é identificada pelo seu nome “Gomer” ou “Gômer”, conforme a versão. É o mesmo nome de um dos filhos de Jafé (Gn10.2). Nada sabemos sobre Diblaim, pai de Gomer. O texto diz que ... ela concebeu e lhe deu um filho (v.3). Entendemos que essa expressão indica que esse filho nasceu de Oséias e Gomer, o que provavelmente não aconteceu com os 2 que vieram depois.

A RESTAURAÇÃO DE ISRAEL (2.14-20)

Portanto, eis que eu a atrairei, e a levarei para o deserto, e lhe falarei ao coração (2.16) (2.14).
1. O tema do livro de Oséias. Encontramos no v. 14 uma demonstração do grande amor de Jeová pelo seu povo: ... eis que eu a atrairei, e a levarei para o deserto, e lhe falarei ao coração (v.]4). O amor de Jeová pelo seu povo é o grande tema de Oséias, ver comentário 11.8,9.
O deserto aqui diz respeito ao lugar de união entre a esposa e o marido, falar ao coração. No deserto é uma linguagem figurada para descrever a segunda lua-de-mel. Foi para o deserto que Deus chamou o seu povo para uma comunhão íntima (Êx 3.12; 5.1).

E lhe darei as suas vinhas dali e o vale de Acor, por porta de esperança; e ali cantará, como nos dias da sua mocidade e como no dia em que subiu da terra do Egito ([2.171 2.15).
2. A volta ao marido. E lhe darei as suas vinhas... (v. 15). Linguagem figurada para indicar a volta de Gomer ao seu marido, ou Israel a Jeová. O verbo hebraico ananthah significa “responder, cantar, sofrer”. A última palavra não cabe nesse contexto. A NVI traduziu por “responder”, que indica o amor correspondido.

O vale de Acor (v. 15). Localizado na orla mediterrânea rio norte de Israel, durante mais de 500 anos estava na lembrança do povo o pecado de Acã (Jo 7.24), era lugar de perturbações. Jeová transforma esse lugar na porta da esperança.

 16 E acontecerá naquele dia, diz o SENHOR, que me chamarás:                                                                                                                                             Meu marido e não me chamarás mais: Meu Baal.
17 E da tua boca tirarei os nomes de baalins,  e os seus nomes não virão mais em memória.
18 E, naquele dia, farei por eles aliança com as bestas-feras do campo, e com as aves do céu, e com répteis da terra; e da terra tirarei o arco,  e a espada, e a guerra e os farei deitar em segurança ([2.18-20] 2.16-1 8).

3. O fim do baalismo. ... que me chamarás. Meu marido e não me chamarás mais: Meu Bani (v. 16). Interessante que Oséias usou a expressão hebraica baali, “Meu Baal”, que será substituído nos lábios dos filhos de Israel por Ishi, que significa “Meu Marido”. Uma profecia escatológica que já está se cumprindo. Hoje, embora a restauração espiritual dos judeus ainda não tenha acontecido, todavia, o baalismo e qualquer forma de idolatria é repugnância nacional em Israel. O profeta diz que no futuro Israel voltará à comunhão com Jeová e o baalismo será extinto.

Jeová tirará da boca do povo o nome dos baalins que não virão mais à memória (v.17). É até possível que muitos adoravam a Baal pensando estar adorando a Jeová. Mesmo ainda não tinham desculpas porque era proibido o uso dos nomes dos deuses (Êx 23.13). O v. 18 é uma referência ao Milênio.

E desposar-te-ei comigo para sempre; desposar-te-ei comigo em justiça, e em juízo, e em benignidade, e em misericórdias ([2.21 2.19).

4. A reconciliação com Deus. E desposar-te-ei comigo para sempre... (v. 19). Muito mais importante do que a paz universal do reino messiânico é a comunhão de cada crente com Deus.
O verbo hebraico para “desposar”, aqui, é arash, o mesmo usado para desposar uma virgem. Isso mostra a situação do mais vil pecador, que ao ser perdoado realmente se torna nova criatura (2 Co 5.17) e sem nenhuma condenação (Rm 8.1). Deus é poderoso para transformar uma prostituta numa linda donzela. A mensagem parte do casamento fracassado de Oséias e de sua reconciliação com Gomer, que serve para ilustrar a situação de Israel com Jeová, do pecador com Deus (Rm 5.8).

Além da perpetuidade desse casamento, encontramos as promessas de justiça, juízo, benignidade, misericórdia e fidelidade (vv. 19, 20). A palavra hebraica, aqui para juízo, é mishpat, tem duas acepções, a saber: as funções de um juiz, ao se inteirar da causa e emitir a sentença, um veredicto justo (Ec 12.14) e o direi- [o de uma pessoa (Êx 23.6). Aqui fala dos direitos dos crentes como filhos de Deus na eternidade.

E desposar-te-ei comigo em fidelidade, e conhecerás o SENHOR ([2.221 2.20).

...e conhecerás ao SENHOR (v. 20). o conhecimento de Deus é um dos temas principais da teologia de Oséias. Os vv. 19 e 20 mostram que conhecer ao Senhor significa comunhão, ver comentário 6.3.
O profeta usa uma metáfora do casamento para explicar a união de Israel com Jeová e da igreja com Cristo. Não há intimidade mais profunda entre os seres humanos do que um homem e uma mulher no casamento. intimidade maior do que a do casal, só entre as três Pessoas da Santíssima Trindade. Esse casamento é para sempre, assim como o casamento foi instituído por Deus como pacto indissolúvel: “e serão ambos uma carne” (Gn 2.24), o Senhor Jesus sancionou essa indissolubilidade: “Portanto, o que Deus ajuntou não separe o homem” (Mt 19.6).

A IDOLATRIA DE ISRAEL (4.16-19)

Porque, como uma vaca rebelde, se rebelou Israel; agora, o SENHOR os apascentará como a um cordeiro em um lugar espaçoso (4.16).

1. Rebelião e idolatria. Porque, como uma vaca rebelde, se rebelou Israel.. (v.16).O profeta usa aqui a figura da novilha obstinada para mostrar a dura cerviz da nação (Êx 34.9). Com essas palavras, Jeová está falando através do profeta, que Israel tornou-se como vaca indomável. Já era um povo difícil desde a peregrinação do deserto, ainda nos dias de Moisés, quanto mais na plena apostasia e rebelião, ver comentário 10.11.

Efraim está entregue aos ídolos; deixa-o (4.17).

Efraim é outro nome usado em Oséias para identificar o nome das 1 )ez Tribos do Norte. A partir daqui Efraim e Israel são nomes usados alternadamente com muita freqüência. O nome hebraico Efraim significa “frutífero”, ver comentário 9. 11.

Alguns acham que Oséias era dessa região, outros acham que na divisão do reino as Dez Tribos do norte não tinha ainda nome e por isso o nome de Efraim ficou para identificar o novo estado. Só no livro de Oséias o nome de Efraim aparece 36 vezes. Era a tribo mais importante e a mais poderosa de todas as demais tribos. Jeroboão 1, filho de Nebate, parece que era de Efraim (1 Rs 12.25).

A expressão .. .está entregue aos ídolos; deixa-o indica que a restauração da nação é irrecuperável. A palavra hebraica usada para “entregue” é chabur significa “ligado”, usada para união íntima entre marido e esposa (Ml 2.14). A dificuldade maior era que Efraim se mostrava satisfeito com seu pecado, seria inútil insistir com ele, por isso que o profeta disse: deixa-o. Só depois de todos os castigos e no fim dos dias é que Israel vai se reconciliar com Jeová, quando o vale de Acor se tornar na porta da esperança, ver comentário (2. 15).
É difícil pregar a salvação em Jesus para quem está satisfeito com o pecado, com aquilo que faz. Essa satisfação leva o pecador a rejeitar o plano de Deus para a salvação. Julgam-se não precisar de Jesus. Há pessoas que, pregar para elas, é o mesmo que dar “aos cães as coisas santas” e oferecer “aos porcos as vossas pérolas” (Mt 7.6).

A sua bebida se foi; eles corrompem-se cada vez mais; certamente amaram a vergonha os seus príncipes (4.18).

2. A embriaguez. A sua bebida se foi; eles corrompem-se cada vez mais... (v. 18). A palavra hebraica para bebida, aqui, é sobhe’, que vem do verbo denominativo hebraico sabha’“beber”, que sugere beber bastante (Is 56.12), é a mesma palavra usada para “bêbado” (Ez 23.42). O substantivo sobhe’ significa “vinho, bebida, orgia” e descreve também o adultério espiritual de Jerusalém (Is 1.21,22).

Parece que depois que esses príncipes se embriagavam, entregavam-se à licenciosidade, como sugere o texto da NVI. O substantivo hebraico que Oséias usou aqui para “príncipes” é magneia, de maguen, “escudo, protetor”. Esses príncipes, que seriam protetores do povo, corromperam-se e amaram mais a vergonha em virtude do alcoolismo e da corrupção.
Um vento os envolveu nas suas asas, e envergonhar-se-ão por causa dos seus sacrifícios (4.19).

3. O inimigo à porta. Um vento os envolveu nas suas asas...(v.19). O profeta usa com muita freqüência figura para indicar a Assíria, o chicote de Jeová para castigar seu povo. Aqui temos a figura do vento, que reaparece em outro lugar, em Oséias, ver comentário 13.15. A figura indica a Assíria, que com rapidez e violência, viria para humilhar toda a nação por casa dos seus sacrifícios oferecidos a deuses estranhos.

A grande lição que todo o mundo deve saber é que o pecado jamais ficará impune. Pecado será sempre pecado e Deus reage a ele, pois, é uma afronta à santidade divina, O velho ditado vox populi vox Dei, “a voz do povo é a voz de Deus”, nem sempre pode ser verdade, e nem se aplica no contexto espiritual. A Voz de Deus é a sua Palavra.´

A sociedade é vigia dos bons costumes e das práticas comuns e também responsável por tudo o que se pratica no seu meio. Uma sociedade sem verdade, sem benignidade e sem o conhecimento de Deus chegou ao mais baixo grau de espiritualidade, ainda mais num estado teocrático como Israel nos dias do profeta Oséias. Como Israel representa a Igreja, devemos ter em mente que a Igreja deixa de ser cristã quando faltar o conhecimento de Deus.

O BAALISMO E SUAS CONSEQÜÊNCIAS (2.8-13)

Ela, pois, não reconhece que eu lhe dei o grão, e o mosto, e o óleo e lhe multipliquei a prata e o ouro, que eles usaram para Baal ([2.10] 2.8).

1. Reconhecer as bênçãos de Jeová. ... não reconhece que eu lhe dei o grão, e o mosto, e o óleo e lhe multipliquei a prata e o ouro... (v.8). Gomer não sabia a origem de seu suprimento. Israel não imagina que seus víveres e sua segurança e a sua paz só podiam vir de Jeová. Ainda hoje os judeus não sabem que Jesus é que tem dado a provisão do seu povo.
Os irmãos de José não sabiam, a princípio, que o seu próprio irmão era o provedor deles. Jamais poderiam conceber a idéia de que o varão generoso do Egito, que os recebeu, seria seu irmão, pois estava revestido de glória, e por isso não o puderam identificar (Gn 42.8). Ainda hoje o Estado de Israel não pode reconhecer que o meigo carpinteiro de Nazaré provê o suprimento do povo.

2. A produção agrícola de Israel. ... que eles usaram para Baal (v.8). Essa expressão pode mostrar a tristeza de um marido traído. Isso fala de ingratidão e traição. Eles atribuíam, como os demais adoradores de ídolos, a abundância de sua produção e suas riquezas a Baal, ver comentários 2.13; 9.1. A palavra hebraica aqui é Baul, que significa “marido, dono, senhor, amo”. Nos cultos à fertilidade, eles ofereciam a Baal os víveres e as riquezas recebidas de Jeová, pois reconheciam Baal como seu amo, seu dono e seu marido.

Ainda hoje esse é o comportamento do ser humano. Dificilmente um profissional bem sucedido ou um mega-empreSário se lembra de agradecer a Deus ou de oferecer oferta ao Deus Criador dos céus e da terra que proporcionou-lhes tanto sucesso. Na cabeça da maioria deles, tudo isso adveio apenas de sua própria capacidade, trabalho ou esperteza. Muitas vezes oferecem suas ofertas ou doações a organizações que trabalham contra a obra de Deus.

Portanto, tornar-me-ei e, a seu tempo, tirarei o meu grão e o meu mosto, no seu determinado tempo; e arrebatarei a minha lã e o meu linho, com que cobriam a sua nudez [2.11] (2.9).

3. A maldição da carestia. ... tirarei o meu grão e o meu mosto, no seu determinado tempo... (v.9). Visto que não queriam reconhecer a verdadeira fonte de seus víveres, de suas riquezas e da abundância de suas colheitas, eles deveriam ficar privados dessas bênçãos no tempo determinado. Quando uma nação peca contra Deus Ele torna instável o sustento do pão e envia contra ela fome, e tanto homens como animais serão ceifados dela (Ez 14. 13).
 
E, agora, descobrirei a sua vileza diante dos olhos dos seus namorados, e ninguém a livrará da minha mão [2.12] ( 2.10).

4. A humilhação de Israel diante dos seus vizinhos. ... descobrirei a sua vileza diante dos olhos dos seus namorados... (v. 10). Por causa de sua infidelidade a Jeová eles vão ser expostos à vergonha e à humilhação diante das nações. Jeová vai privá-los de alimento e vestimenta, e assim nada terão para oferecer nos altares de Baal.

E farei cessar todo o seu gozo, e as suas festas, e as suas luas novas, e os seus sábados, e todas as suas festividades [2.13] ( 2.11).

5. O fim da alegria de Israel todas as suas festividades (v. 11). As festas eram anuais, Páscoa, Pentecostes e Tabernáculos; mensais e semanais. Essas solenidades foram estabelecidas por Jeová, através de Moisés (Dt 16.16). Nelas o povo manifestava sua alegria e cada um expressava seu sentimento religioso e sua gratidão a Jeová. Eram festas solenes com significados espirituais profundos na vida da nação. O profeta conclui com a expressão todas as suas festividades. Isso parece indicar que Israel misturava suas festas religiosas com as festas pagãs dos cananeus. A palavra profética anuncia o fim de tudo isso, ver comentário 9.5.

E devastarei a sua vide e a sua figueira, de que ela diz: É esta a paga que me deram os meus amantes; eu, pois, farei delas um bosque, e as bestas-feras do campo as devorarão [2.14] (2.12).

 6. A ruína de Israel. E devastarei a sua vide e a sua figueira... (v. 12). A prosperidade de Israel no Velho Testamento sempre foi representada pela vide e pela figueira (1 Rs 4.25; Jl 2.22; Zc 3.10). Essa mensagem indicava fome e miséria sobre o povo. Jeová prometeu devastar tudo como castigo pela infidelidade do povo. A razão dessa devastação era o baalismo. Depois do cativeiro as terras ficaram abandonadas e o seu plantio foi devorado pelos animais.

E sobre ela visitarei os dias de Baal, nos quais lhe queimou incenso, e se adornou dos seus pendentes e das suas gargantilhas, e andou atrás de seus namorados, mas de mim se esqueceu, diz o SENHOR (2.15] (2.13).

7. O deus Baal. E sobre ela visitarei os dias de Baal, nos quais lhe queimou incenso... (v. 13). Havia um número interminável de deuses nas nações vizinhas de Israel. O nome “Baal”, aqui nesse versículo, é plural no texto hebraico baalim, que nossas versões da Bíblia trazem muitas vezes baalins, que seria redundância, eram divindades pagãs cultuadas de diversas maneiras pelos cananeus. 

Os baalins exerceram mais influências nos filhos de Israel do que qualquer outro deus das nações vizinhas. Baal era também conhecido pelas cidades onde eram cultuados: Baal-Peor, da cidade de Peor (Dt 4.3; Os 9.10), Baal-Meon, da cidade de Meon (Nm32.38; Ez 25.9); Baal-Zefon (Nm 33.7) e assim por diante.

a) Baal Berite e Baal Zebube. No baalismo se praticava, em seus rituais, a chamada “prostituição sagrada”, culto à fertilidade, pois a prática sexual era cultuada por ser o sexo responsável pela reprodução dos seres vivos (Jz 8.33). A prostituição era tanto física como espiritual (4.13,14). O nome “Baal Berite” significa “senhor da aliança ou do concerto”, às vezes é mencionado só por Berite (Jz 9.46). Baal Zebube era o deus de Ecrom, cidade dos filisteus e cujo nome significa “senhor das moscas” (2 Rs 1.2-3, 6, 16), pois diziam que protegia o povo das pragas de moscas. Alguns expositores da Bíblia afirmam que desse nome surgiu o nome Beel-Zebu, o príncipe dos demônios (Mt 12.24).

b) Outras divindades fusas. Quemós ou Camós, divindade dos moabitas (Jz 11.24; 1 Rs 11.33). Malcan ou Milcom, a maioria afirma que é o mesmo deus Moloque adorado por outro nome, em cujos rituais ofereciam sacrifícios de crianças. Isso parece ser confirmado na Bíblia, compare os versículos 5, 7 e 33 do capítulo 1 1 de 1 Reis. Dagon, divindade nacional dos filisteus (Jz 16.23-24; 1 Sm 5.7) e Astarote, deusa dos sidônios (1 Rs 11 .5,33).

O baalismo era incompatível com a religião dos hebreus por várias razões. Eles eram monoteístas, portanto a adoração a divindades falsas era crime e pecado previsto na lei de Moisés (Êx 20.3-5). A liturgia desses cultos era de baixa moral e imoralidade conflitava com a ética dos hebreus, prevista na lei. Assim como os costumes mundanos conflitam com a ética cristã evangélica.

O POVO REJEITOU O CONHECIMENTO DEUS (4.4-6)

Todavia, ninguém contenda, nem qualquer repreenda; porque o teu povo é como os que contendem com o sacerdote (4. 4).

1. A contenda. Todo mundo acusava todo mundo. Parece que cada um se achava no direito de reprovar o outro, visto que os sacerdotes deveriam instruir o povo e não o faziam. Visto que os líderes religiosos não tomavam providências da situação caótica da sociedade, pois estavam na mesma condição pecaminosa do povo (4.9). Por causa disso o povo acusava o sacerdote dessa omissão.

....o teu povo é como os que contendem com o sacerdote (v.4). O texto sagrado, porém, permite ainda outra interpretação. Que o povo não devia intervir nesses assuntos, que são peculiaridades de Jeová. O homem está proibido de falar em seu próprio nome. O povo está sendo reprovado porque contende com o sacerdote. O que tudo indica é que o povo havia perdido a confiança no sacerdote a ponto de discutir com ele.

Por isso, cairás de dia, e o profeta contigo cairá de noite; e destruirei a tua mãe (4.5).

2. O aviso da destruição da nação. A menção de dia e noite significa que o sacerdote e o profeta estavam vulneráveis e que a qualquer momento, qualquer hora do dia e da noite, cairiam sob o juízo divino. Se o sacerdote, aqui, estava envolvido com idolatria, prostituição, mentira e violência, o que tudo indica, a situação era crítica. Embora a palavra hebraica, navi, “profeta”, aqui, pode ser uma referência aos falsos profetas, é o aviso da destruição da nação.
A expressão ... destruirei a tua mãe diz respeito à queda da capital das Dez Tribos, Samaria. Pode também, segundo o Dr. Adam Clarke, ser urna referência a Jerusalém.

O meu povo foi destruído, porque lhe faltou o conhecimento; porque tu rejeitaste o conhecimento, também eu te rejeitarei, para que não sejas sacerdote diante de mim; visto que te esqueceste da lei do teu Deus, também eu me esquecerei de teus filhos (4.6).

3. Resultados da falta do conhecimento de Deus. O mesmo verbo hebraico usado na parte final do v. anterior para “destruir”, damah, nidimu ami “destruído foi o meu povo”. Essa catástrofe veio em decorrência do indiferentismo religioso que levou o povo a não se interessar mais pelas coisas de Deus e nem pelo conhecimento da lei de Moisés. O povo perdeu a visão espiritual. Israel que foi constituído por Jeová como “propriedade peculiar dentre todos os povos reino sacerdotal e povo santo” (Êx 19.5,6), foi destruído e entregue nas mãos dos pagãos.

As coisas de Deus devem ser levadas a sério e com isso não se brinca. A Bíblia diz que de Deus não se zomba (01 6.7). O profeta Oséias diz que, quem semeia vento colhe tempestade (8.7). A Europa Ocidental, que experimentou grandes avivamentos a partir da Reforma Protestante e prestou relevantes serviços ao reino de Deus, hoje está morta pela frieza espiritual e pelo indiferentismo religioso porque rejeitou o conhecimento de Deus. Os líderes religiosos substituíram a fé pelo cientificismo, formou uma geração de céticos: “como é o povo, assim será o sacerdote” (v. 9). Hoje a Europa é uma “terra seca” e precisa ser reevangelizada.
....porque tu rejeitaste o conhecimento, também eu te rejeitarei, para que não sejas sacerdote diante de mim... (v.6). Isso parece ser uma referência ao sacerdorte Amazias, que ministrava o culto pagão em Betel (Am 7.10-17). Os sacerdotes e levitas foram constituídos para o ministério do ensino. 

Era dever deles ensinar o povo (Dt 33.10; Ez 44.23; Ml 2.7), no entanto, estavam mergulhados nesse lamaçal de pecado. Rejeitaram a Jeová e a sua palavra, desprezaram a lei de Moisés, e por isso foram rejeitados para que não exercessem o sacerdócio diante de Deus.
visto que te esqueceste da lei do teu Deus, também eu me esquecerei de teus filhos (v.6). O papel da nação de Israel como reino sacerdotal terminou com a dispensação da graça. Hoje essa tarefa de sacerdote, de ensinar o povo as coisas de Deus e interceder por ele, é da Igreja (1 Pe 2.9,10). O tempo dos filhos de Israel ainda vai chegar, depois da jornada da Igreja.

O SIGNIFICADO DO AMOR DE DEUS (3:1,2)

O capítulo 3 é o menor de todos os 14 capítulos do livro de Oséias. O grande amor do profeta por Gomer representa o grande amor de Deus para com Israel e com a humanidade. A parte final do texto sagrado é escatológico.

E o SENHOR me disse: Vai outra vez, ama uma mulher, amada de seu amigo e adúltera, como o SENHOR ama os filhos de Israel, embora eles olhem para outros deuses e amem os bolos de uvas. E a comprei para mim por quinze peças de prata, e um ômer de cevada, e meio ômer de cevada (3.1 ,2).

1. Amar uma esposa infiel? ... Vai outra vez, ama mulher amada de seu amigo e adúltera... (v.]). Essa mulher é a mesma Gomer, que se casou com o profeta Oséias. “Amigo”, aqui, é o mesmo que amante, a mesma palavra empregada para “amantes” em Jeremias 3.1, e “namorados” no v. 5 do capítulo 2 de Oséias. Apesar do sentido de “marido, companheiro”, em outras parte do Velho Testamento (Jr 3.20), o contexto aqui indica “amante” Gomer se prostituiu, deixou seu marido e foi atrás de seus amantes ou namorados. Da mesma forma a nação de Israel se prostituiu, no sentido literal e espiritual, pois os cultos pagãos eram imorais (4.13,14; Jz 8.33). Israel deixou o seu Deus Jeová, que numa linguagem figurada, é o marido de Israel, para cultuar às divindades falsas, os seus amantes.

2. Fomos alvejados pelo amor de Deus. ... como o SENHOR ama os filhos de Israel... (v. 1). Fomos alvejados pelo amor de Deus. O verbo amar, em hebraico ahabh, aparece 4 vezes só nesse v. 1. Falando-se de amor isso inclui também perdão, reconciliação, redenção. Por isso que Oséias é conhecido como o apóstolo João do Velho Testamento. A nossa situação não era diferente. Deus nos amou quando éramos ainda pecadores (Rm 5.8; 1 Jo 4.19).
...embora eles olhem para outros deuses e amem os bolos de uvas (v. 1). Apesar de os filhos de Israel olharem para outros deuses e amarem bolos de uvas, que eram oferecidos aos deuses, principalmente à “Rainha dos Céus” (Jr 44. 19), um ato de infidelidade e traição, Jeová, no entanto, amou-os de maneira tal que proveu um meio para redimi-los. Mesmo sendo uma nação adúltera, Deus continuava amando o povo de Israel.

3. O resgate. E a comprei para mim ... (v.2). Por que Oséias tinha de comprar Gomer, sendo sua mulher? O relato desse casamento não traz pormenores. O certo é que Gomer precisava ser redimida. O preço de um escravo era 30 moedas de prata (Êx 21.32), o preço que nosso Senhor Jesus Cristo foi vendido por Judas Iscariotes (Mt 26.15; 27.3, 9). Oséias não tinha todo esse dinheiro, deu a metade em dinheiro e a metade em víveres. Fica claro, com isso, o esforço de Oséias para restaurar a esposa. Jesus assumiu a forma de servo para pagar a nossa redenção a preço de sangue (Fp 2.7;l Pe 1.18, 19). Nós mesmos não pagamos nada (Is 55.1-3).


Elaboração pelo:- Evangelista Isaias Silva de Jesus

BIBLIOGRAFIA

Comentário Bíblico Beacon
CPAD - Comentário Bíblico Oséias – Ezequias Soares