23 de junho de 2008

CONFIANDO FIRMEMENTE EM DEUS

INTRODUÇÃO

O teólogo porto-riquenho, Samuel Pagán, discorre, mui sábia e devocionalmente, sobre alguns trechos do capítulo 37 dos Salmos: “A frase ‘confia no Senhor’ é como um antídoto contra a inveja e o ressentimento. E ‘deleita-te no Senhor’ compunge-nos a permitir, confiadamente, que Deus cuide e proteja seus filhos”.
O que inferimos de sua exegese?
Logo, se confiarmos no Senhor, não viveremos angustiados nem abatidos emocionalmente.
Assemelhar-nos-emós-aos rochedos que, apesar dos abalos e tremores, permanecem firmes e inabaláveis.
Consideremos, pois, a petição que, certa feita, o erudito e teólogo, Walter Kaschel, endereçou a Deus:

“Ajude-me, Senhor, a confiar em ti de tal maneira que eu não carregue comigo aqueles problemas que já entreguei aos teus cuidados”.
Estejamos tranqüilos; tudo está em suas mãos. No Senhor, sempre haveremos de encontrar o necessário refúgio para todas as nossas angústias. Ele é o nosso castelo forte. O que vem a ser, porém, essa confiança? De que maneira, podemos cultiva-la?

1 - 0 QUE É A CONFIANÇA EM DEUS

Confiar irrestritamente em Deus também faz parte das disciplinas da vida cristã. Se nEle confiarmos de todo o coração, andaremos como os heróis da fé: resolutos e firmes. Confia você em Deus? Tem você a necessária disciplina para entregar-lhe todas as coisas? O salmista, porquanto confiava em Deus, tudo lhe entregou; tinha ele certeza de que o Senhor tudo faria.

1- Definição. A confiança em Deus é a disposição espiritual e emocional de render-se, incondicionalmente, aos seus cuidados, sabendo que Ele trabalha em favor de seus filhos, a fim de que, em nossa vida, seja a sua glória plenamente exaltada.
Confiar em Deus é uma exposição prática de fé.
Implica em reconhecer-lhe as bondades e as grandezas; aceitar sua providência; depositar-se aos seus desvelos; e acreditar, firmemente, em sua intervenção sempre oportuna.
Por conseguinte, nossa confiança em Deus tem de estar em conformidade absoluta com o credo que professamos. Afirma E. C. McKenzie:
“Não pode haver felicidade se as coisas em que cremos são diferentes das coisas que fazemos”.

2. A confiança em Deus como disciplina teológica. A confiança em Deus não é apenas uma prática a ser cultivada; é também uma doutrina a ser frutificada.
Coluna da teologia espiritual faz que, de nosso interior, ainda que em angústias, fluam rios de águas vivas.
Não era justamente isso que experimentava o salmista? Sua lira, além de teológica, era inesquecivelmente devocional.
Basta ler, por exemplo, o Salmo 37 que serve de base para este capítulo.
O que dizer de um teólogo que, apesar da erudição, só conhece a Deus intelectualmente?
Nesse caso, não temos propriamente um teólogo; temos um pensador que se pôs a especular acerca de Deus.
Stanley Jones, porém, não ficou na superfície deste conhecimento; aprofundando suas experiências com o Senhor, escreveu:
“Entrego tudo a Deus, tendo a consciência de ter feito o que estava ao meu alcance”.

II - A BASE DA CONFIANÇA EM DEUS

Asseverou Dave Brown:- “Muitas vezes não sabemos porque nos acontecem certas coisas em determinada situação ou circunstância. Mas sabemos perfeitamente por que confiamos em Deus que sabe a razão de todas as coisas”.
Logo, há suficientes bases para confiarmos perfeitamente em Deus.

1 - A soberania de Deus. Nada ocorre sem a expressa permissão de Deus (Dn 4.34-37). Este é o princípio da soberania divina, que pode ser assim definida:

“Autoridade absoluta e inquestionável que Deus exerce sobre todas as coisas criadas, quer na terra, quer nos céus, dispondo de tudo de acordo com os seus conselhos e desígnios”. Leia o capítulo 42 do Livro de Jó.
Quem descansa na soberania de Deus, não se estressa nem se desespera; sabe que todas as coisas ocorrem de acordo com o divino querer = (Sl 4.8).
Além do mais, tudo passa a contribuir, juntamente, para o bem daqueles que amam a Deus = (Rm 8.28).
Como é bom confiar no Deus soberano e no seu Cristo.
John Oxenham, ao expressar sua fé no Filho de Deus, é meigo e incisivo:
“E mui doce confiar em Jesus”. Pode você dizer o mesmo? Você confia, de fato, nos recursos que Cristo nos providenciou no Calvário? O Pai Celeste tudo lhe confiou;
inclusive a soberania do Universo.

2 - A sabedoria de Deus. A sabedoria de Deus é o atributo por intermédio do qual o Ser Supremo dirige todas as coisas, executando-as de acordo com os seus pianos, decretos e desígnios = (Ef 3.10).
Somente Ele é capaz de operar de tal maneira na vida de seus filhos, de modo que tudo venha a contribuir para a nossa maior comunhão consigo = (1 Rs 3.28).
Se Deus assim age, devemos estar tranqüilos e confiantes.
Se você estiver atravessando alguma dificuldade, não se desespere.
O Pai Celeste fará com que as lutas de hoje sejam, amanhã, nossos maiores triunfos.

3 - O poder de Deus. O poder de Deus é a sua ilimitada capacidade para agir, de acordo com a sua soberania e de conformidade com a sua justiça, quer nos céus, quer na terra, seja no Universo, seja no microcosmo de nosso ser.
Por isso, confiamos em Deus. Ele pode nada lhe é impossível = (Mt 19.26).
Segundo opera Ele em nossa vida, cumprindo todos = (Jó 42.2).
Deus também opera eficazmente na História da Humanidade, dirigindo-a consoante aos seus eternos desígnios.
Haja vista o nascimento de Cristo. O inferno todo arvorou-se para que o Messias não viesse ao mundo.
Todavia, o Senhor interveio, eficaz e poderosamente, para que o seu Filho viesse na plenitude dos tempos = (Gl 4.4).
Por conseguinte, sendo Deus o Ser Supremo por excelência, estejamos despreocupados quanto aos percalços desta vida.
Afinal, Ele é o Todo-Poderoso; tudo lhe é possível até o próprio impossível.
Então, por que vivermos em tormentos?

4 - A provisão de Deus. Deus tudo aprovisiona, objetivando a execução de seus planos em nossa vida, O que diremos da história de José?
O que parecia uma tragédia pessoal para o jovem hebreu, transformou-se num plano de salvação nacional para Israel = (Gn 45.7).
Se num primeiro momento José é vendido como escravo para o Egito, no segundo, Deus o levanta como o senhor de todo o Egito.
E, assim, pôde ele sustentar os israelitas, dos quais adviria o Cristo. Da mesma forma ocorre em nossa vida; o que se afigura como tragédia, transforma-se, de acordo com o seu querer, num triunfo para maior glória do seu nome.

A providência divina é uma das mais importantes doutrinas das Sagradas Escrituras. Ela pode ser definida como a amorosa disposição de Deus que, sendo a mesma sabedoria, dispõe de todas as coisas, a fim de que os seus filhos de nada venham a ressentir-se, proporcionando-lhes sempre o necessário, levando-nos a resplender-lhe a majestade.
No estudo da providência divina, precisamos enfocar três importantes elementos das atividades de Deus no Universo.

Em primeiro lugar, Deus mantém tudo quanto criou, visando o bem-estar de cada uma de suas criaturas.
Ele não é um Deus ausente; Ele é um Deus bem presente e atuante.
Além da manutenção de quanto existe, há também a sua cooperação; tudo Ele faz, a fim de que todas as coisas concorram para o bem daqueles que o amam.
Em último lugar, está o seu governo.
Como o Deus que está no controle de tudo, vai Ele dirigindo cada aspecto de sua maravilhosa providência.
Afinal, Deus não é um ser apenas transcendente; é também imanente.
Embora transcenda a criação, acha-se bem junto a esta.
Portanto, não se desespere; Deus jamais o abandonará. Discipline-se a confiar no amoroso Deus.

5 - O amor de Deus. O amor é o atributo moral de Deus, que o leva a manter um permanente relacionamento com o ser humano, buscando-lhe sempre o bem e proporcionando-lhe os meios mais eficazes, a fim de que a nossa felicidade seja espiritual,.emocional e fisicamente plena.
Embora ajamos sido alijados de eu Reino, em conseqüência da transgressão de nossos primeiros genitores, continua Ele a amar-nos com um amor eterno.
Por isto, entregou o Unigênito para resgatar-nos do pecado, através de sua morte e ressurreição.
Por conseguinte, todos os atos de Deus são amorosos = (Rm 5.5).
Mesmo que nos sejam dolorosos no presente, trazem-nos inefáveis consolos no porvir.
Confiemos, pois, em Deus até mesmo onde o consolo é impossível.
Se os homens vêem apenas lágrimas, enxergamos-nós o lenitivo que emana do coração de Deus diretamente para o nosso coração = (Is 49.13).
Nos momentos mais lutuosos, ouvimos-lhe a voz:
“Não temas”. Como viver sem este amor?

III - EXEMPLOS DE CONFIANÇA EM DEUS

No Salmo 37, como vimos Davi demonstra quão grande era a sua confiança nas provisões do Todo-Poderoso.
Embora tivesse os motivos todos para viver angustiosamente, sabia ele que Deus estava cuidando de si.
Logo: não havia motivos para temer.
Vejamos, pois, outros exemplos nas Sagradas Escrituras.

1 - Abraão. Era o crente Abraão tão confiante no Senhor que, mesmo diante da desesperança, cultivava a esperança em Deus = (Rm 4.18).
Eis o testemunho que lhe dá o autor da Epístola aos Hebreus:
“Pela fé, também, a própria Sara recebeu poder para ser mãe, não obstante o avançado de sua idade, pois teve por fiel àquele que lhe havia feito a promessa”.
“Por isso, também de um, aliás, já amortecido, saiu uma posteridade tão numerosa como as estrelas do céu e inumerável como a areia que está na praia do mar” (Hb 11.11,12).

Todas as circunstâncias contra Abraão; todavia, nosso pai na fé sabia perfeitamente: aquEle que lhe fizera as promessas jamais seria pego de surpresa por aquilo que os homens consideram impossível.
Aliás, a especialidade de Deus é, justamente, trabalhar as coisas, tidas por nós, como impossíveis.

2 - Jó. No auge de suas provações, demonstra o patriarca Jó que a sua confiança em Deus continuava inabalável:
“Porque eu sei que o meu Redentor vive e por fim se levantará sobre a terra” (Jó 19.25).

Tudo na vida de Jó fora destruído: família, bens, saúde e reputação.
Aos olhos humanos, era o patriarca uma ruína.
Sob o olhar do Altíssimo, contudo, era um vaso que, na fornalha, estava depurando-se até que chegasse à máxima perfeição.
Hoje, quando lemos o livro de Jó, aprendemos: No ardor da prova, Deus nos reconstrói até que nos transformamos em vasos úteis para o seu Reino.

3 - Paulo. Apesar de enfrentar tantas dificuldades em seu ministério, Paulo possuía uma confiança singular naquele que tudo realiza e opera:
“Porque eu sei em quem tenho crido e estou certo de que é poderoso para guardar o meu depósito até àquele Dia” = (2Tm 1.12).
Quando lemos o capítulo 12 da Segunda Epístola de Paulo aos Coríntios, deparamo-nos com um homem que, à semelhança do Senhor, sofria e sabia o que era sofrer. No entanto, jamais se deixava amargurar; porque sabia em quem tinha crido. Oferecido já como libação pela Igreja de Deus, sua confiança no Senhor era incomum.
Você realmente confia em Deus? Tem absoluta confiança em sua providência? Então viva placidamente. Temos de saber em quem temos crido.

IV - COMO EXERCER A NOSSA CONFIANÇA EM DEUS

De que maneira cultivaremos a nossa confiança em Deus?
A Bíblia ensina-nos a andar de valor em valor sem jamais desfalecer.
Observemos, pois, como cultivar a nossa confiança em Deus.

1 - Vivendo pela fé. Habacuque, num momento de aparente crise espiritual, ouviu do Senhor esta maravilhosa expressão que, séculos mais tarde, seria citada pelo apóstolo:
“Mas o justo viverá pela sua fé” = (Hc 2. 4).
A fé não significa apenas acreditar na existência de Deus; significa ter absoluta confiança na intervenção divina em todas as instâncias da vida.
Crer que Deus existe é fácil; é urgente, porém, que nos depositemos incondicionalmente em suas mãos.
Viver pela fé faz do homem um justo tanto diante de Deus como perante seus semelhantes.
Afinal, como realça Paulo, os que recebemos a Cristo, somos justificados pela fé e pela mesma fé somos salvos.
Então, viva pela fé; é o melhor caminho para a nossa felicidade.

2 - Vivendo sem ansiedade. A falta de confiança em Deus gera ansiedade, e a ansiedade acaba por dar à luz a depressão.
Por isto, o conselho de Paulo tem de ser aplicado por aqueles que anseiam um viver brando e pacífico, conscientes de que Deus está no comando de tudo:
“Não andeis ansiosos de coisa alguma; em tudo, porém, sejam conhecidas, diante de Deus, as vossas petições, pela oração e pela súplica, com ações de graças” =(Fp 4.6).

O que nos representam as ansiedades?
Não passam, às vezes, de temores infundados.
Há os que tanto medo tem de um possível terremoto que acabam por morrer de um ataque cardíaco.
Então, de que nos adiantam as ansiedades?
Poderão estas proporcionar-nos longevidade?
Aliás, elas sempre terminam por nos roubar a brevidade da existência.
O que confia no Senhor, porém, mantém-se forte e inabalável diante das intempéries que se abatem sobre a nossa vida.

3 - Vivendo em oração. Aos irmãos de Tessalônica, recomenda Paulo: “Orai sem cessar”. O que isto significa?
Antes de mais nada, temos de apresentar ao Senhor todas as nossas petições, na certeza de que Ele é poderoso para no-las suprir.
O crente que vive em oração desenvolve uma profunda dependência de Deus e uma conseqüente independência em relação ao mundo.
Quanto mais dependente de Deus mais independente de um mundo cruel e pecador. Nada o abala.
Ainda que os montes transportem-se para o meio dos mares, o seu coração firme permanece; ele confia singularmente em Deus.

4 - Vivendo a Bíblia Sagrada. O general Josué recebeu do Senhor esta recomendação:
“Não cesses de falar deste Livro da Lei; antes, medita nele dia e noite, para que tenhas cuidado de fazer segundo tudo quanto nele está escrito; então, farás prosperar o teu caminho e serás bem-sucedido” = (Js 1.8).
Sempre que formos assaltados por alguma dúvida, ou surpreendidos por alguma tormenta, lembremo-nos do Santo Livro e das promessas que se acham aí consignadas.
Agindo assim, aprenderemos a viver de modo vitorioso; nenhum mal nos atingirá.

CONCLUSÃO

Confia você inteiramente em Deus? Ele se acha ao nosso redor, levando-nos a viver triunfantemente em Cristo Jesus.
“Basta confiar em Deus e crer em suas promessas que são mui ricas para nos valer”. É por isto que, em nossos cultos, louvamos a Deus, proclamando: “fimes nas pr0mess do meu Salvador”.
Não se deixe abalar pelas circunstâncias; firme-se no Deus eterno; somente Ele far-nos-á habitar nas regiões celestiais em Cristo Jesus.

Amém

As Disciplinas da Vida Cristã
Claudionor de Andrade
1º- Edição 2008 - CPAD

17 de junho de 2008

A Beleza da União entre os Filhos de Deus

Ronald J. Sider descreve, com vivas cores, a comunhão dos santos: “Para os primeiros cristãos, koinonia não era a ‘comunhão’ enfeitada de passeios quinzenais patrocinados pela igreja”. Não era chá, biscoitos e conversas sofisticadas no salão social depois do sermão. Era um compartilhar incondicional de suas vidas com os outros membros do corpo de Cristo
Não há como discordar do teólogo norte-americano. Infelizmente, conseguimos transformar a comunhão dos santos num clube seleto, cujo acesso só está disponível àqueles que se encontram em nosso substrato social. Quantos aos outros, alijamo-los de nosso meio. Na Igreja Primitiva, todavia, os meios da graça achavam-se disponíveis a todos os santos sem quaisquer distinções.
A Igreja Primitiva era constituída de ovelhas procedentes dos mais variados e longínquos apriscos. Lá estavam os judeus; ali, os altivos romanos e os orgulhosos gregos. Mais além, os desprezados samaritanos. Aqui, os bárbaros e africanos que, apesar de suas heranças multicoloridas e ricas, não falavam ainda o heleno. Sob o estandarte do Cristo, porém, constituíam-se todos num único povo. Assim, ia a Igreja de Deus universalizando-se até alcançar os confins da terra sem impedimento algum.

1 - 0 QUE É A COMUNHÃO DOS SANTOS

Antes de definirmos a comunhão dos santos, atentemos a esta declaração do pastor e teólogo inglês Mathew Henry:
“Não devemos impor nenhuma condição para a aceitação de nossos irmãos, a não ser as que Deus impôs para aceita-los”. Depreende-se, pois, que a comunhão dos santos implica, primacialmente, na plena acolhida daqueles por quem Cristo morreu.

1 - Definição. A comunhão dos santos é o “vínculo espiritual e social estabelecido pelo Espírito Santo entre os que recebem a Cristo como o seu Único e Suficiente Salvador, Tendo como base o amor, esse vínculo faz com que os crentes sintam-se ligados num só corpo, do qual Cristo é a cabeça” = (Ef 4.1-16). Dicionário Teológico da CPAD.
A comunhão dos santos é conhecida, ainda, por estas designações: comunhão dos fiéis e congregação dos santos.

Richard A. Muller assim a define: “Comunidade cristã, É a Igreja vista como o corpo dos crentes, Visto serem santos os membros da Igreja, pode esta ser cognominada de comunhão dos santos”

2 - A origem da nomenclatura teológica. “Embora tal expressão não se encontre nas páginas do Novo Testamento sua idéia acha-se permeada em toda a Bíblia Sagrada”.
“Ela foi usada, oficialmente, pela primeira vez, num sermão pregado por Nicéias de Remesiana por volta de 400”.
A definição de Nicéias foi prontamente aceita pela comunidade teológica. Passados mais de mil e duzentos anos, fazendo uso dela, Matthew Henry descreve a comunhão dos santos como a mais perfeita das sociedades, por ter como base o amor de Deus que o Espírito Santo nos derramou no coração: “O homem é feito para a sociedade, e os cristãos, para a comunhão dos santos”. Que sociólogo teria condições de chegar a uma conclusão tão cristalina como essa? A comunhão dos santos, por conseguinte, é a mais perfeita das sociedades conhecidas entre os filhos de Adão e Eva.

II - A COMUNHÃO DOS SANTOS NA BÍBLIA

A comunhão dos santos é uma expressão teológica e historicamente forte. Quer na comunidade de Israel, quer na Igreja Primitiva, seu conceito não é um mero casuísmo; é uma pratica que leva o povo de Deus a sentir-se como um só corpo.

1 - A comunhão dos santos em Israel. Nos momentos de emergência nacional, levantavam-se os hebreus como um só homem. Isto mostra que, se um israelita sofria os demais padeciam; se uma tribo via-se em perigo, as outras sentiam-se ameaçadas. A fim de manter o seu povo unido, suscitava-lhe o Senhor líderes carismáticos como Gideão e Davi.
O amor entre os israelitas era realçado na Lei e nos Profetas. Os hebreus, por exemplo, não podiam emprestar com usura para seus irmãos. Quando da colheita, eram obrigados a deixar, aos mais pobres, as respigas. Foi o que aconteceu à moabita Rute.
Quando a comunhão dos santos em Israel era quebrantada, instalava-se a injustiça social, a opressão e a violência. Para conter todas essas misérias, erguia Deus os seus profetas que, madrugando, repreendiam os injustos, buscando reconduzi-los aos princípios da Lei de Moisés. No tempo de Neemias, a tensão social a tal ponto chegou que os israelitas mais pobres vendiam-se aos seus credores, a fim de resgatar suas dívidas. Alguns viam suas filhas serem oferecidas como escravas a povos estrangeiros.

2 - A comunhão dos santos em o Novo Testamento. Ao retratar a comunhão entre os santos, escreve o português Camilo Castelo Branco: “O amor de Deus é inseparável do amor do próximo. É impossível no coração humano o incêndio suavíssimo do amor de Deus, quando o grito da miséria não desperta no coração a mágoa das aflições do próximo”. Mais adiante, acrescenta Camilo: “Vede como eles se amam’ diziam os pagãos, quando a sociedade cristã repartia seus haveres em comunas, onde o grande despojado de suas galas, vinha sentar-se ao lado do pobre, vestido de uma mesma túnica, e nutrido por um semelhante quinhão nos ágapes da caridade”.

Sem a comunhão dos santos não pode haver cristianismo. Aliás, protestou alguém certa vez: “O amor é a única forma de nos sentirmos realmente cristãos”.
Todos os escritores do Novo Testamento, a exemplo do Salvador, realçaram a Comunhão dos santos.
No Sermão do Monte, ensinou Jesus os seus discípulos a se amarem uns aos outros; doutra forma: não seriam contados entre os seus seguidores. Lucas ilustra, com vivas cores, como era o cotidiano da comunidade cristã (At 2.42-26). Aliás, um casal morreu fulminado pelo Senhor por haver infligido o princípio básico da comunhão dos fiéis. Saulo descreve a unidade dos discípulos como o vínculo da paz. Já o apóstolo Tiago critica os crentes que, apesar de se apresentarem como tais, eram movidos pelo desamor e por um preconceito social em nada justificado diante de Deus.

III - A COMUNIDADE DOS BENS

O que acontecia na Igreja Primitiva? Não era uma experiência comunista como querem os sectários de Marx e Lênin. A única coisa que o comunismo logrou produzir foi uma legião de excluídos e miseráveis. A Igreja de Cristo, porém, já em seu nascedouro, mostrou o que pode fazer o amor de Deus com o qual o Espírito Santo nos unge o coração. Um amor que se traduz em prática e não em meros conceitos, O que dizer, por exemplo, da comunidade de bens?

1 - Comunidade de bens. Prática observada nos primeiros dias da Igreja, quando os crentes, premidos pelas circunstâncias e urgências da época, “vendiam suas propriedades e fazendas e repartiam com todos, segundo cada um tinha necessidade” (At 2.45).
A Igreja em Jerusalém experimentava uma verdadeira koinonia. Stott elucida-nos este interessante aspecto da união cristã: “Assim, koinonia é uma experiência trinitária; é a parte que temos em comum com Deus Pai, Filho e Espírito Santo. Mas koinonia também expressa o que partilhamos uns com os outros, tanto o que damos como o que recebemos. Koinonia é a palavra que Paulo usou para a oferta que recolheu entre as igrejas gregas, e koinonikos é a palavra grega para generoso”.

2 - A história da comunidade de bens. Segundo alguns historiadores, a comunidade de bens nasceu entre os essênios - seita judaica que floresceu durante o período interbíblico. Todavia, não levaram eles o projeto adiante, por causa de seu legalismo e desamor. Já entre os primeiros cristãos, a prática floresceu, traduzindo-se hoje em hospitais, asilos, creches, leprosários etc. Nenhuma outra religião, em toda a história, mantém laços tão firmes de amor como o Cristianismo.
O Cristianismo, portanto, nada tem a ver com a experiência comunista que, a partir de 1917, causou a morte de milhões de pessoas e levou a miséria a várias nações.
Os camaradas da Rússia e os companheiros de Cuba, em que pese sua propaganda, jamais lograram levar o bem-estar aos seus povos através da foice e do martelo. Uma foice, aliás, que não ceifou as colheitas prometidas. E o martelo que não trouxe os empregos anunciados?

Tão cruel é o comunismo que nenhuma importância dá à vida humana, conforme afirmou Lênin: “Que importa se noventa por cento da População da Rússia morrer, se os dez por cento sobreviventes se converterem à fé comunista?” Além de ser contrário à verdadeira koinonia cristã, ele é visceralmente adversário de Deus: “Todos precisam ser ateus. Nunca alcançaremos nosso alvo enquanto o mito de Deus não for removido dos pensamentos do homem”. Pobre e miserável Lênin; morreu e foi logo esquecido. Deus, todavia, continua a ser honrado inclusive nos países dantes comunistas.

IV - COMO VIVER A COMUNHÃO DOS SANTOS

Afirmou o reformador francês, João Calvino, que os salvos não devemos jamais descurar de nossa comunhão em Cristo Jesus:
“E indubitável que a nós compete cultivar a unidade da forma a mais séria, porque Satanás está bem alerta, seja para arrancar-nos da Igreja, ou para desacostumar-nos dela de maneira furtiva”.

Eis como poderemos viver em sua plenitude, a comunhão dos santos.

1 – Amando-nos uns aos outros. “Tendo em vista o amor fraternal não fingido, amai-vos, de coração, uns aos outros ardentemente” = (1 Pe 1.22).

O amor entre os cristãos não pode ser um mero aparato social; é algo que parte de nosso interior até que venha a tornar real a koinonia exercida pelos irmãos da era apostólica. É justamente este amor que adorna a união cristã que, intensamente praticada, faz-se na forte e substanciosa doutrina.

2 - Simpatizando-nos uns com os outros. Simpatizar- se significa participar, sincera e amorosamente, com os sentimentos de nossos irmãos, conforme enfatiza o apóstolo Paulo:
“Alegrai-vos com os que se alegram e chorai com os que choram” = (Rm 12.15).

A verdadeira comunhão não se manifesta apenas nos festins; torna-se real nos momentos de luto e de dor. Por isto, choramos com os que choram; com os que se alegram também nos alegramos. Em todas as instâncias da koinonia, somos senhores de nossos sentimentos conforme realça John Stott:

“O amor cristão não é vítima de nossas emoções, mas servo de nossa vontade”.

3 - Socorrendo os domésticos na fé. Quem são os domésticos na fé? Se bem atentarmos à epístola que enviou Paulo aos gálatas, verificaremos que são aqueles que fazem parte da família de Deus. Por conseguinte, devem eles ter a primazia dos santos em suas necessidades: “Então, enquanto temos tempo, façamos o bem a todos, mas principalmente aos domésticos da fé” = (Gl 6.10).
Socorramos os santos em suas necessidades e carências. Se um irmão tem fome, tenho eu a obrigação moral e espiritual de repartir com ele o trigo que do Senhor recebi. E, assim, com alguns peixinhos e pães, vai o Senhor Jesus nos multiplicando o alimento e saciando a fome dos que, ainda, não receberam o pão de cada dia.

4 - Orando uns pelos outros. “Confessai, pois, os vossos pecados uns aos outros e oral uns pelos outros, para serdes curados. Muito pode, por sua eficácia, a súplica do justo” = (Tg 1.16).

A comunhão dos santos traduz—se, ainda, num ministério de oração e intercessão. Se oro somente por min e por minha família, que koinonia exerço eu? Mas se oro por todos e não mais me lembro de mim, que beneficio posso usufruir? Quando oro por todos e não faço mais menção de minhas carências, é sinal que estas não existem mais; há sempre alguém orando por mim.

CONCLUSÃO

Não pode haver cristianismo sem a comunhão dos santos; esta, além de ser o vínculo da perfeição, torna visível a unidade da fé. Levemos em conta, também, ser a comunhão dos santos a recomendação que nos faz o Senhor Jesus: “Um novo mandamento vos dou: Que vos ameis uns aos outros; como eu vos amei a vós, que também vós uns aos outros vos ameis” = (Jo 13.34).

Tem você mantido comunhão com os santos? Cultive-a, a fim de tornar-se, verdadeiramente, cristão. “Irmão amados - Santificados - Vivei unidos — Pois sois remidos, - Não mais temendo — O bem fazendo,/ No nome santo de Jesus!” (Harpa Cristã, 175).

As Disciplinas da Vida Cristã
Claudionor de Andrade
Primeira Edição 2008

10 de junho de 2008

Somente uma Igreja Avivada pode mudar a História do Brasil

INTRODUÇÃO

Vivia a Inglaterra um dos períodos mais críticos de sua história. A corrupção já havia tomado conta de todos os escalões do governo; a justiça estava enferma; a moral debruavase pelas enlameadas sarjetas de Londres. A prostituição e a jogatina armavam suas tendas em cada logradouro. Nesta época crivada de frustrações e desesperanças, o consumo de bebidas alcoólicas aumentara assustadoramente. Os ingleses embriagavamse tanto, que não conseguiam voltar para casa. Muitos caíam pelas ruas e lá ficavam até se enregelarem; morriam como se fossem cães sarnentos.
O século XVIII apressavase em sepultar a brava nação saxônica.

Os ministros anglicanos não diferiam muito dos representantes de Roma. Estavam mais preocupados com o seu bemestar do que com a saúde espiritual dos paroquianos. Os requisitos da Grande Comissão não eram observados, nem levados em consideração os reclamos de uma vida piedosa e santa. Para a igreja oficial britânica, religião era sinônimo de prestígio, poder e riqueza.
Foi por esta época que o filósofo Voltaíre visitou a Inglaterra. Ao retornar a Paris, optou por ficar com o seu ceticismo; parecialhe este melhor que a emproada religiosidade de Cantuária.

Deus, porém, não havia abandonado as ilhas britânicas. Estava prestes a enviar-lhes alguém com uma mensagem tão poderosa, que as abalaria do Canal da Mancha ao Mar do Norte. Centrada na plenitude do Evangelho de Cristo, esta mensagem haveria também de sacudir a América e as mais distantes possessões de Sua Majestade.
Este alguém seria John Wesley, um dos maiores evangelistas de todos os tempos. Deus o usaria de maneira singular para anunciar o Evangelho aos ingleses, e educar a Igreja de Cristo nas ilhas britânicas.

Após anos de intenso preparo espiritual, o intrépido evangelista dá inicio a um trabalho que, na opinião de abalizados historiadores, livraria o povo inglês de uma revolução semelhante àquela que tantos transtornos trouxe à França. A partir de Wesley, começa a Inglaterra a experimentar um grande progresso. Os ingleses compreendem finalmente a eficácia deste texto áureo:

“Feliz é a nação cujo Deus é o Senhor”. Em pouco tempo, ingressa o estado britânico numa nova e decisiva fase de sua história. Juntamente com a prosperidade espiritual, aportam naquelas terras a fartura e a segurança.

Confirmaria mais tarde a rainha Vitória ser a obediência à Palavra de Deus a razão da grandeza e singularidade da Inglaterra.
E de um despertamento assim que necessita o Brasil. Sem este sopro do Espírito, não conseguiremos sair do marasmo em que nos encontramos.
Nosso país há de ser sacudido pelo poder de Deus; doutra forma: não resistiremos as provações que se avizinham de nossas crônicas. Necessitamos deste mover do Espírito para que venhamos a ter, brevemente, a colheita da década.
Como os educadores cristãos fugiremos a esta responsabilidade? O avivamento começa justamente pelo ensino persistente, sistemático e amoroso das Sagradas Escrituras. A história se cala a respeito dos avivamentos deflagrados sem o imediato retorno à Palavra de Deus. Queremos, de fato, um avivamento? Voltemos urgentemente ao magistério da Bíblia? Ensinemos ao povo de Deus ser este o único caminho para a Igreja de Cristo reviver os dias de refrigérios.

1 - 0 MOMENTO MAIS DECISIVO DE NOSSA HISTÓRIA

Nesta altura tão dolorosa de nossa história, urgenos arvorar como a voz profética da Igreja de Cristo. Somente assim a pátria há de sobreviver moral e espiritualmente. As medidas tomadas, até agora, pelas autoridades, visando sanear nossas instituições, têmse revelado inócuas e ineficazes. Vivemos uma situação semelhante á de Roma. Lá, segundo o filósofo francês, Montesquieu, morriam os corruptos, mas ficava a corrupção. Exibiase esta como se fora urna hidra; morria nunca. Outras vezes, renascia como o phoenix; embora cinzas, cobria o capitólio.

Não é o que vem acontecendo ao nosso país? Com a abertura política da década de 1980, fomos induzidos a pensar que o Brasil se reergueria moralmente. Passada a primeira euforia, reparamos que a corrupção continuava a desafiar a Nova República e a afrontar nossas mais caras heranças. Davam à corrupção, agora, outros nomes; não deixava, porém, de ser corrupção. Apesar dos métodos novos, corrupção. Já se conclui, pois, que o problema de nosso país não é moral é espiritual.

Não é uma luta que se trava no campo da ética, ou no terreno do direito. E uma batalha que se rompe nas regiões celestiais, onde Satanás busca deturpar as nações para fortalecer o seu reino. Aliás, este é um conflito tão antigo, quanto a própria história do homem. E só ler o capítulo 10 de Daniel para se inteirar das astutas e inescrupulosas intervenções do adversário no governo dos Estados.

Se a luta é espiritual, as armas hão de ser espirituais. Se as leis que regem esta guerra são também espirituais, por que lançar mão de recursos tão humanos? De forças tão débeis? De aparências tão aparentes? Esta guerra mal combatida levou o nosso país a enfermarse gravemente. Para a desventura desta geração, não há mais centros de tratamento intensivo, O atendimento já é feito nos corredores do poder, nas macas do oportunismo e com os garrotes que nos deixaram os colonizadores.
Tendo em vista o gravíssimo estado clínico de nossa pátria, afirmou, certa feita, Miguel Pereira: “O Brasil é um vasto hospital”.

Como diagnosticar a doença que definha o Brasil? Rui Barbosa, diagnosticou-a desta forma: “Todas as crises, portanto, que pelo Brasil estão passando, e que dia a dia sentimos crescer aceleradamente, a crise política, a crise econômica, a crise financeira, não vêm a ser mais do que sintomas, exteriorizações parciais, manifestações reveladoras de um estado mais profundo, uma suprema crise; crise moral”
O grande tribuno baiano estava certo. Acredito, todavia, não ter ele descoberto a verdadeira gravidade da doença que, desde o seu tempo, vem debilitando o organismo deste grande pais. Neste particular, Paulo Mendes Campos foi mais feliz:-

“Imaginemos um ser humano monstruoso que tivesse a metade da cabeça tomada por um tumor, mas o cérebro funcionando bem; um pulmão sadio, o outro comido pela tísica; um braço ressequido, o outro vigoroso; uma orelha lesada, e outra perfeita; o estômago em ótimas condições, o intestino carcomido de vermes... Esse monstro é o Brasil”

Ora, nenhum exercício de lógica é necessário para se descobrir que há um tumor carcomendo o vigor de nossa pátria. Por mais que intervenham os médicos, este tumor cresce alastrase e deita raízes nos tecidos ainda sãos. Como deter esta metástase? Por mais que se abra este organismo, já desfigurado por tantas cirurgias, o velho câncer não cede. Lá está ele atacando os anticorpos e aumentando seu raio de ação. Será que as fibras deste corpo corromperseão todas?

Como povo de Deus, não podemos nos conformar com esta intumescência maligna.
Se a Igreja no Brasil cumprir cabalmente a sua missão profética e sacerdotal, o castelo da corrupção, que se ergue em todos os rincões da pátria, há de ser abalado. Sim, há de ser abalado este maldito castelo e as suas portas não hão de resistir ao ímpeto do povo de Deus. No entanto, como agiremos como modelo, se deixarmos de ser paradigma? Como nos conduziremos como voz, se já nos calamos nos comodismos de uma denominação que deveria continuar movimento? Como haveremos de modificar a política de nosso país se as armas que agora contamos são apenas os liames partidários?

Que as nossas armas, doravante, sejam as mesmas de John Knox. Este campeão de Deus conseguiu alterar profundamente, não apenas a política, como também a mesma história de seu país. Que segredo detinha Knox? Oração e confiança irrestrita na intervenção divina no curso da história. Nas caladas de sua aflição, orava: “Senhor, dá-me a Escócia senão morrerei! Dá-me a Escócia, senão morrerei!” Que intercessão dolorida e sacrificial!
Espero que ainda haja homens como John Knox em nosso país.
Embora lhes acenem os favores seculares, mantenham reservas morais necessárias para se conduzirem como profetas e sacerdotes. Nunca o mundo careceu tanto de ambos os ministérios como hodiernamente. Que os ministros do Senhor se ergam para condenar o pecado; não se esqueçam, todavia, de interceder por aqueles que caminham para o inferno. Que tenham voz e lágrimas, exemplos e conselhos! Ao invés de se curvarem ante os poderosos, demonstrem suficiente fibra para interpretar a escritura na parede, e desvendar as alucinações dos que detém o mando. Ajamos assim e haveremos de alterar nossa história.

II -. É HORA DE ALTERAR NOSSA HISTÓRIA

O que a Igreja de Cristo, no Brasil, poderá fazer para alterar nossas feições histórias? Em primeiro lugar, há de se portar como a agência educadora do Reino de Deus. Que ela cumpra todos os ditames da Grande Comissão.
Não nos esqueçamos de que foi exatamente assim que João Calvino deu novos rumos à Suíça do século XVI. É mudando o caráter dos homens que se muda a sociedade; é mudando os indivíduos que se muda o Estado e o itinerário de uma história já caótica e já viciada. De nada nos adianta, agora, propugnar por uma mudança mais radical em nossa sociedade, se não lutarmos para mudar o ser humano.

Como Igreja de Cristo, não podemos esquecer-nos de nossa tríplice missão. Fomos chamados para ser uma nação real, sacerdotal e profética. Como nação real, fomos chamados para reinar na vida através de Cristo Jesus. Como nação sacerdotal, jamais haveremos de nos esquecer de rogar para que o Senhor abençoe nossos patrícios e conduzaos à vida eterna. E, como nação profética, cumprenos proclamar a Palavra de Deus.

Quando desempenharmos plenamente nossa missão, arrancaremos o Brasil deste atoleiro. A solução para os nossos problemas não está numa mera mudança de cenário político, e, sim, numa mudança de rumos em nossa história. E isto será feito, sim, porque haveremos de buscar o avivamento de que tanto necessitamos.
Socorramos, pois, o Brasil enquanto é tempo. À semelhança de John Wesley, podemos alterar os destinos de nossa pátria, através da anunciação da Palavra de Deus.

CONCLUSÃO

Esta é a nossa sublime e intransferível missão. Como educadores a serviço do Reino de Deus, haveremos de implementar o estudo persistente, regular, sistemático e intensivo das Sagradas Escrituras. Somente assim, o Senhor Jesus enviará o avivamento de que tanto necessitamos.
Você quer este avivamento? Ensine a Palavra. Deseja este mover do Espírito? Ministre a Palavra? Almeja por estes tempos de espiritual refrigério? Divulgue a Palavra. Sonha com esta poderosa visitação dos céus? Cumpre o seu ministério; exerça o seu mister como educador cristão.

As Disciplinas da Vida Cristã
Pr.Claudionor de Andrade
1º Edição 2008 pela CPAD

Oração

Oração - O Diálogo da Alma com Deus –
Texto Áureo: Efesios 6.18
Leitura Bíblica em Classe: Mt. 6.9-13
Objetivo: Despertar os alunos para a prática contínua da oração, não com meras repetições de palavras, mas na forma de diálogo com Deus, falando e ouvindo, seguindo, sobretudo, o padrão que Jesus nos ensinou.
INTRODUÇÃO
É possível saber muito sobre oração, e mesmo assim, não orar. O principal desafio para o cristão não é começar a orar, mas continuar orando. Ademais, o aparato moderno que temos hoje à disposição contribui para que nos distanciemos da oração.
Na lição de hoje, veremos que orar é mais do que uma necessidade é um ato de obediência. A principio, definiremos o que seja oração, mostraremos sua importância, e ao final, meditaremos a respeito do ensino de Jesus sobre a oração.
1 - ORAÇÃO: DEFINIR É FÁCIL
No Antigo Testamento, a palavra bíblica para “oração” é “tepila”. Esse termo é bastante recorrente no livro dos Salmos = (Salmos. 17; = Salmos 86; Salmos 90; = Salmos 102; = Salmos 142), na verdade, a maioria desses é composta por orações.
No Salmos. 4, o autor ora pedindo a Deus que o livre dos seus inimigos (v. 1). No 102, roga a Deus que o livre do sofrimento que o atormenta (v. 1).
A oração bíblica é sempre dirigida a Deus, nunca a qualquer outra pessoa = (II Cr. 6.39; 30.27). O salmista está convicto de que Deus responde a oração = (Salmos. 102.17), principalmente, conforme aponta o autor dos Provérbios, a dos justos = (Pv. 15.29). A solução para os problemas da existência humana, nos Salmos, vem do Senhor por meio da oração = (Salmos. 88.22,13).
No Novo Testamento, a palavra oração é “proseuchê” que é sempre dirigida à divindade, a Jesus = (Ef. 1.6-17; = Ap. 5.8; 8.3,4) e a Deus = (Rm. 15.30). Jesus nos dá o exemplo do valor da oração porque Ele mesmo passou horas, às vezes, noites inteiras em oração = (Lc. 6.12).
Paulo também demonstrou ser um homem de oração = (Rm. 1.10; = Ef. 1.16; = I Ts. 1.2; Fm. 4). Orar não é fácil por uma série de razões, a principal delas é a propensão humana para a auto-suficiência.
O desafio, seguindo o exemplo de Jesus, Paulo e tantos outros, é o de transformar a oração numa prática contínua em nossas vidas, que aprendamos a desfrutar da comunhão que oração possibilita, através do diálogo com Deus.
2 - EMPECILHOS E INCENTIVOS À PRÁTICA DA ORAÇÃO
Existem alguns impedimentos humanos à oração, dentre eles, destacamos:
1) o egoísmo humano faz com que nos distanciemos da oração, e às vezes, se revela na própria oração = (Tiago. 4.3);
2) uma vida voltada para o pecado também impossibilita a prática da oração, pois quanto mais o homem peca mais distante quer estar de Deus (Is. 59.1,2); 3)
3) a entronização de ídolos no coração humano retira-lhe o elo de relacionamento com Aquele que não dá a Sua glória a outro deus = (Ez. 14.3);
4) o descaso em relação aos pobres nos é apresentado pelo autor de provérbios como uma das causas de não sermos ouvidos na oração = (Pv. 21.13);
5) a indisposição para perdoar afasta as pessoas de uma vida de oração = (Mc. 11.25);
6) um relacionamento conjugal desajustado reflete-se improdutivamente na oração = (I Pe. 3.7); e
7) a falta de fé, retratada no materialismo, distancia as pessoas da oração = (Tg. 1.5-7). Esses são alguns dos empecilhos à oração, nós, no entanto, temos muitos motivos para depender da oração, o principal deles, é o exemplo que Cristo nos deu. Jesus sabia que dependemos de Deus para viver.
Por isso, não dispensava seus momentos de oração, fosse de madrugada = (Mc. 1.35), às vezes, Ele passava a noite orando = (Lc. 6.12).
Antes de tomar decisões importantes, e nos momentos de crises, Jesus orou = (Mc. 1.35-38; = Lc. 3.21,22; = 6.12,13; = 9.18,21, 21,22; = 22.39-46).
Quando as ocupações do dia-a-dia queriam fazer com que Jesus perdesse o foco, Ele se distanciava e procurava um lugar isolado onde pudesse ficar à SÓS com o Pai (Lc. 5.15,16; = Mc. 3.20; = 6.31,33,46).
Antes das tentações da vida, Jesus colocou-se debaixo da dependência do Pai por meio da oração = (Mt. 26.36).
Se Cristo sendo quem foi orou não deveríamos nós fazer o mesmo? Lembremos, no entanto que a vida do cristão não deva se satisfazer apenas com momentos de oração, deva ser, acima de tudo, uma vida de oração = (I Ts. 5.17; = Ef. 6.18).


3 - ORANDO COMO JESUS ENSINOU
Há muitas orações na Bíblia, inclusive a de Jabez, bastante citada e imitada, especialmente, por aqueles que postulam a teologia da prosperidade e da confissão positiva.
Mas todas as orações, seja do Antigo e/ou do Novo Testamento, precisam passar pelo crivo de Jesus.
Quando os seus discípulos pediram-No que os ensinassem a orar, Ele lhes apresentou uma oração modelo, dizendo que deveríamos orar “assim” = (Mt. 6.9). A oração do Senhor não deva ser estímulo para a mera repetição = (Mt. 6.7), ela deve nos servir de padrão para que façamos as nossas próprias orações.
Destacamos, a seguir, alguns princípios para a oração cristocêntrica: a princípio, a intimidade, pois somente em Cristo podemos chamar a Deus de “Pai”, expressão aramaica “Abba”, cujo significado aproximado é o de “papaizinho”.
Segundo Paulo, recebemos o Espírito de adoção, pelo qual, clamamos “Abba”, Pai (Rm. 8.15; = Gl. 4.6). Ele não é apenas o MEU Pai, mas o NOSSO Pai, ressaltando, assim, a união de todos aqueles que foram chamados, a Igreja = (Mt. 16.18),
A fim de reconhecer que o Senhor é Santo e que todos são pecadores, necessitados de Sua graça = (Rm. 3.23; 6.23), Mas não apenas isso, que também o Seu reino é chegado entre nós = (Lc. 10.9; 17.21), ainda que ansiamos pelo dia em que se concretizará em Sua plenitude = (Ap. 20.2-6).
Que a vontade de Deus, e não a nossa, prevaleça, que ela seja feita na terra como já é no céu. Somente a vontade de Deus é boa, perfeita e agradável = (Rm. 12.2).
Para que o pão diário nos seja dado e não todas as riquezas do mundo, a fim de que tenhamos o suficiente para vivermos contentes = (I Tm. 6.6; = Hb. 13.5) e não nos inquietarmos com o dia de amanhã = (Mt. 6.34).
E não esqueçamos que a maior riqueza que o ser humano pode ter é o perdão divino, ainda que esse precise ser repartido com aqueles que nos ofendem = (Mt. 5.7; = 6.14,15; 18.21-23).
Que Deus não nos deixe cair em tentação, cientes de que também devemos vigiar para não sermos tragados pelo Mal = (Mt. 26.41; = I Co. 10.13; = I Pe. 5.8), e por fim, saibamos que somente a Deus, e não a quem quer que seja, pertence o reino, o poder e a glória para sempre (I Cr. 29.11; = I Tm. 1.17; = Ap. 19.1).
CONCLUSÃO
Ainda que não estejamos dispostos, precisamos orar. Deixar de orar é um ato de desobediência a Cristo. Afinal, sabendo Ele da importância da oração, nos instrui: “orai e vigiai” = (Mt. 26.41),
Samuel reconheceu ainda na Antiga Aliança, que deixar de orar se tornaria um pecado: “E quanto a mim, longe de mim que eu peque contra o Senhor, deixando de orar por vós; antes vos ensinarei o caminho bom e direito” = (I Sm. 12.23).
Consoante a mensagem do evangelho, fica claro, nessa passagem, que não apenas devemos orar, precisamos também agir. Lutero, o sábio reformador, já dizia: “oremos como se todo o trabalho dependesse de Deus, e trabalhemos como se tudo dependesse de nós”.
BIBLIOGRAFIABRANDT, R. L., BICKET, Z. J. O Espírito nos ajuda a orar. Rio de Janeiro: CPAD, 1997.HANEGRAAFF, H. A oração de Jesus. Rio de Janeiro: CPAD, 2002.