16 de maio de 2013

O DIVÓRCIO




O DIVÓRCIO – Ev. José Costa Junior


CONSIDERAÇÕES INICIAIS

O assunto desta lição diz respeito a um tema muito difícil e doloroso; o divórcio. Nenhum homem precisa envergonhar-se das dificuldades no casamento, mas será que não está tudo de cabeça para baixo quando o divórcio se torna uma possibilidade desejada, quando a convivência serve somente ainda para a busca apressada de bases legais para uma separação, que são saudadas com prazer sádico e empilhadas com cuidado como munição? O sentimento de vergonha de ter de levar o próprio casamento ao tribunal é pervertido pela espera ansiosa do momento. Com um último sofrimento, poderíamos nos perguntar: Temos de nos divorciar? As esperanças antigas têm de ser sepultadas, o juramento de fidelidade tem de ser devolvido, a vida emocional das crianças tem de ser abalada e a igreja de Deus tem de ser entristecida? Não existe mais cura, só divórcio?

Para a maioria das coisas na vida, parece que há propósitos primários e secundários. Por exemplo, o propósito mais importante de um automóvel é levar às pessoas do ponto A ao ponto B; o propósito secundário é levá-las confortavelmente. Seria uma pena se a prioridade desses objetivos fosse invertida. Então viajantes ficariam sentados confortavelmente em cabines luxuosas de carros quebrados, paralisados na beira da estrada.

              Muitos, infelizmente, inverteram o objetivo primário e secundário do casamento, transformando o secundário — felicidade — em primário. Na verdade, o objetivo mais alto do casamento é desenvolver a vida de Cristo em nós, esforçarmos para revelar a Cristo dentro de nós, nos levar de uma existência autocentrada, para o viver cristocêntrico, e revelar a alegria de entregar nossas vidas pelos outros sem nos ofendermos, amando e nos dispondo a perder. Quando o propósito primário é cumprido, o propósito secundário da felicidade inevitavelmente será alcançado.

              Quem crer que a felicidade é mais que o efeito colateral do casamento pode rejeitar seu cônjuge e procurar satisfação em outro lugar. Continuar a buscar felicidade sem primeiro alcançar o propósito primário de Deus no casamento, não apenas é extremamente egoísta, mas também é como comprar um carro sem um bom motor. Não importa quão atraente seja; não vai a lugar nenhum!

              Invariavelmente escuta-se reclamações de uma esposa ou marido que satanás cegou; uma história de destruição, derrota profunda e engano. A efusão dos sentimentos é transcultural. É um bom exemplo do obstáculo da amargura, que se desenvolve muito devagar das fases iniciais de um relacionamento e que, se não reconhecidas e rejeitadas, impede a presença de Deus. Esse obstáculo em particular pode resultar no seguinte: "Meu cônjuge não satisfaz minhas necessidades [necessidades que um cônjuge nunca poderia satisfazer, porque apenas por Deus podem ser satisfeitas.] Se continuar com ele (ou ela), sufocarei. Logo toda a minha vida terá se escoado à minha frente. Preciso desistir agora, enquanto ainda há tempo para a felicidade. Não há nada que eu possa fazer para agradar a meu cônjuge. Nunca mudará, e porque eu deveria mudar?"

              Uma vez que esses pensamentos se enraizaram firmemente no coração do cristão, um divórcio emocional, que sempre precede o divórcio intelectual e físico, acontecerá. Uma pessoa atravessa conflito considerável antes de passar pelo divórcio emocional, e raramente retorna a seu cônjuge, uma vez que isso ocorreu. Para chegar ao ponto do divórcio, alguém precisa considerar e lutar com todas as conseqüências que resultam dessa decisão — filhos, amigos, família, respeito de outros, posição na igreja e sociedade, e mesmo o respeito e a moral própria — até que, de algum modo, todas as variáveis são ajeitadas para lhe favorecer. A "vítima vingada" retrata-se como um tipo de santo martirizado aos seus próprios olhos por ter dado tanto por tanto tempo e recebido tão pouco. Agora merece, em recompensa, uma vida livre do "feio tirano" que causou tanta aflição. Não adianta demonstrar as falhas na lógica da pessoa, porque para ela o assunto é claro e faz perfeito sentido. Tudo o que precisa é um conselheiro que concorde com a decisão e a louve por seus anos de sacrifício e pelo passo ousado que agora tomou para se salvar.

              O cônjuge ("feio tirano") do outro lado de um divórcio emocional será rejeitado e confundido por esse comportamento. A vida para ele se tornará bem intolerável, porque para o cônjuge em divórcio emocional prosseguir com o divórcio físico precisa ser uma decisão racionalmente justificada. O cônjuge é alvejado; cada ofensa que tiver cometido ser-lhe-á lembrada. Numa escala de um a dez cada deficiência que demonstrou no passado se tornará dez. Tentar-se-á fazê-lo irado, violento, recolhido ou irracional para que o agressor possa proclamar ao mundo (depois de ter conduzido seu cônjuge para tal comportamento) que isso evidencia a sábia decisão de abandonar o casamento.

              Nesse ponto a pessoa que busca o divórcio foi obscurecida em seu entendimento: dança com o demônio, anda sem luz, e mesmo permite a satanás que use justificativas da Escritura para sustentá-lo. "O amor de Deus é incondicional, e mesmo se for um pecado divorciar-se, todo pecado tem perdão. O que faz isso pior que qualquer outro pecado?" "Davi cometeu adultério, e veja como Deus o usou." "Pode me custar algo, mas as crianças vão superar. Afinal, eles têm de saber o que é viver num mundo em que as pessoas se divorciam." Simultaneamente o inimigo mostra todos os cristãos hipócritas e preconceituosos que mudarão de tratamento, que não o apoiarão no período de sofrimento, e que devem ser todos cegos ao fato de que ele foi quem realmente sofreu todos esses anos.

              Nesse ponto é como se Satanás tivesse ganho um devoto, que fará o que mandar, que está cego às conseqüências, que comeu de novo do fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal, que agora parece saber mais que Deus. A raiz de amargura está firmemente enraizada no coração endurecido. O que se pode dizer ou fazer por alguém assim? Exaltou-se à posição de saber o que é melhor, embora se oponha à palavra de Deus. Está tão persuadido de que seu cônjuge o oprimiu e fez sua vida miserável que na realidade sentirá um falso alívio quando se divorciar juridicamente.

              O divórcio emocional não revela a fraqueza do cônjuge abandonado; antes revela a dureza do coração de quem abandona. Precisamos lembrar que há apenas dois tipos de pessoas que lidam com ovelhas: açougueiros e pastores. A voz do açougueiro é rude, crítica, controladora, auto-justificadora, condenadora de outros, busca defeitos e é imoral. A voz de nosso Pastor não mantém um registro de erros, encoraja, dá vida, traz luz a nosso caminho, e concede a graça de receber os insultos dos outros (Cl 3.12-14). Procuraremos a voz desse meigo Pastor para chegarmos ao coração dessa dificil questão; o divórcio.

              O objetivo deste estudo é trazer algumas informações, colhidas dentro da literatura evangélica, com a finalidade de apresentar uma posição eminentemente bíblica sobre o divórcio, essa posição não deixa de ser também uma posição pessoal deste compilador, que difere um pouco da posição do autor da lição. Não há nenhuma pretensão de esgotar o assunto ou de dogmatizá-lo, mas apenas trazer ao professor da EBD alguns elementos e ferramentas que poderão enriquecer sua aula.

I. O DIVÓRCIO NO ANTIGO TESTAMENTO

O divórcio no Antigo Testamento se apresenta no contexto, basicamente, de Dt 24, que menciona a carta de divórcio só de passagem, no meio de uma série de outras afirmações preliminares. A frase longa descreve um caso de recasamento pretendido. A decisão judicial começa somente no v 4, e não trata nem de divórcio nem de carta de divórcio. Para os professores da lei, porém, esta passagem bastou para, em sua prática, sentirem-se abrigados na religiosidade da Torá. Em termos positivos pode ser dito sobre a instituição da carta de divórcio que ela punha um pouco de ordem nas conseqüências da rejeição de uma esposa. Se um homem pudesse mandar sua esposa embora sem ser obrigado a dar-lhe um documento como prova, ele poderia reverter ou negar seu ato à vontade. Apesar da sua necessidade de ajuda, ela não poderia colocar-se sob a proteção de outro homem, pois correria perigo de ser tachada de adúltera ou até apedrejada. Por mais cruel que fosse o significado do documento: “Você foi rejeitada!”, ele proporcionava certa humanização do processo.

Mesmo assim o egoísmo masculino encontrou um caminho. A justificativa mosaica para o divórcio: "Por ter ele achado coisa indecente nela", foi espichada. Exegeses generosas começaram a incluir idéias como a negligência das obrigações da mulher na cozinha, a fofoca com os vizinhos, a impossibilidade de ter filhos e a atração do homem por outra mulher. Seja como for, a carta de divórcio tornou-se um truque pelo qual o homem podia livrar-se sem problemas da sua esposa. Para tanto ele comprava um formulário ou tirava um do seu estoque, preenchia nome e data, levava-o à sinagoga para autenticação e o fazia entregar à sua esposa. O texto terminava com a frase: "Qualquer um pode ter você, e isto, da minha parte, serve de escrito de rejeição e documento de divórcio e carta de expulsão, de acordo com a lei de Moisés e de Israel" (Bill. I, 311). Era o homem, portanto, e não o juiz que decidia sobre o divórcio. Hauck registra um exemplo grosseiro em que um rabino, em cada cidade em que chegava, oferecia às mulheres um casamento por um dia. Neste processo, tudo tinha sua "ordem". 

A mulher judia, por sua vez, não podia mandar seu marido embora, assim como não fora ela que o desposara, antes fora ele que casara com ela. A comunidade da sinagoga, contudo, podia exercer uma pressão forte sobre o homem para que desse a ela o documento de divórcio, caso ele, por exemplo, sofresse de determinadas doenças, tivesse abraçado uma profissão repugnante ou não desse conta de sustentá-la. Para isto ela usava intermediários.

O divórcio era um assunto debatido, e havia duas escolas de ensino. O pronunciamento mosaico rezava que o homem podia lavrar uma carta de divórcio se achasse infidelidade nela (Dt 24.1-4). Tudo girou em torno da interpretação de infidelidade. A escola de Sammai mantinha-se firme na interpretação rigorosa da lei que o casamento é indissolúvel exceto no caso da infidelidade da mulher. A escola de Hillel adotava uma posição acomodatícia, permitindo o divórcio para diversas razões. Na sua réplica, Jesus aponta para o fato que a legislação mosaica era uma concessão à fraqueza humana cuja introdução na lei era necessária para regular o divórcio numa sociedade imperfeita.

II. O ENSINO DE JESUS A RESPEITO DO DIVÓRCIO

E, aproximando-se alguns fariseus, o experimentaram, perguntando- lhe: E lícito ao marido repudiar sua mulher? No texto paralelo de Mateus (cap. 19), os fariseus nem perguntam sobre a permissão ao divórcio. Os debates internos dos judeus em termos gerais já tinham deixado essa questão para trás há tempo, e só se discutiam ainda os motivos para o divórcio - se este era justificado só por motivos graves ou "por qualquer motivo" (Mt 19.3). Mesmo assim, no judaísmo a pergunta básica, se o casamento podia mesmo ser anulado, não se calara de todo. Isto prova, por exemplo, a proibição total ao divórcio em Qumran (Os Essênios formaram uma comunidade no deserto, com conceitos e crenças religiosas específicas, que contrastavam com as dos outros grupos). Por isso é bem possível que, no debate detalhado com Jesus, uma e a outra questão eram abordadas, e não uma sem a outra. Além do conteúdo da pergunta, porém, é necessário pensar também em seu ambiente. Precisa-se levantar o que sabemos sobre a miséria do divórcio na época. O homem judaico em termos gerais nem estava tão preocupado com a aprovação de Deus, como a formulação da pergunta pode dar a entender. Senão ele teria cuidado melhor da dádiva de Deus. A "mulher" aqui não parece mais ser um presente de Deus, companheira, complementação, enriquecimento, ajuda e alegria, mas somente um ser sexual oposto, perante o qual os interesses masculinos tinham de ser defendidos. Por isso eles perguntaram sobre que possibilidades a lei abria, para conseguir o máximo para si, dentro do permitido.

Os que fizeram a pergunta em nossa história não tinham dúvidas sobre a posição de Jesus. É possível sentir o que combina com ele. De forma alguma ele era o servente deles. Por isso eles podiam contar com que ele negaria o divórcio e assim se colocaria em oposição a Moisés, como eles o entendiam. Como em Mc 7.1; 12.13,15 eles estavam ocupados com as investigações para um processo religioso contra ele, e juntavam material. A perspectiva política também é possível. O lugar do interrogatório era a Peréia que, como a Galiléia, pertencia aos domínios de Herodes Antipas. Este já dera cabo de João Batista por causa da questão do divórcio (Mc 6.18). 

A idéia era que agora também Jesus se tornasse intolerável em termos políticos e religiosos. Por isso se diz"que o experimentaram". De todo modo sua pergunta era um subterfúgio. O que podiam fazer com suas mulheres, eles tinham combinado há muito entre si.

              Tornaram eles: Moisés permitiu lavrar carta de divórcio e repudiar. Logo com a primeira frase eles deixam escapar triunfantes: Nós podemos! A carta de divórcio permite o divórcio. Isto é totalmente lógico. Como é típico este método para surrupiar uma aprovação da Escritura. Segue uma investida em direção ao centro da pessoa deles. Mas Jesus lhes disse: Por causa da dureza do vosso coração, ele vos deixou escrito esse mandamento. A expressão "dureza do coração", que não se encontra fora da Bíblia, tem profundidade teológica, significa mais do que falta de sensibilidade e teimosia diante do cônjuge. A lxx (Septuaginta)usa-a para traduzir a expressão do at "coração incircunciso" (Lv 26.41; Dt 10.16; Jr 9.25; Ez 44.7). Portanto, o endurecimento se volta contra os atos salvadores de Deus. Em Mc 16.14 a expressão é explicada como incredulidade. Essa rebeldia contra Deus faz também com que o casamento não progrida.

No que tange à prescrição de Dt 24.1ss, pode-se constatar claramente que Jesus não a abordou basicamente. Ele simplesmente a classificou diferentemente dos judeus, e isto recorrendo ao próprio Moisés. De acordo com isso, a carta de divórcio é tolerada por necessidade, para enfrentar determinada situação, mas não faz parte do plano básico de Deus. É verdade que o estatuto de uma associação sempre inclui um artigo que predispõe sobre a sua dissolução, mas Deus não instituiu o casamento e o divórcio como equivalentes.

Com isto Jesus passa ao ensino positivo sobre o casamento. Por isso, deixará o homem a seu pai e mãe. O texto da Bíblia hebráica diz que "um homem" deixará pai e mãe. O termo da lxx, "um ser humano", que é seguido por Marcos, permite a aplicação também à mulher. Homem e mulher, por amor ao seu casamento, são liberados dos seus laços de sangue mais íntimos. Nada e ninguém - nem o próprio filho - podem sugá-los. Isto cria espaço e liberdade para esta novidade maravilhosa: e serão os dois uma carne. O processo zomba da aritmética (um mais um igual a um). Os dois são mais uma vez barro na mão do Criador e se tornam um utensílio da sua bênção. Isto não é operado pelo amor deles - este nem é mencionado aqui - mas pelo amor de Deus. Eles experimentam sua unidade como criação e presente dele. Por isso o casamento - como a igreja - não pertence ao grupo das uniões meramente humanas. Jesus repete expressamente a declaração do objetivo, para depois tirar conclusões dela: De modo que já não são dois, mas uma só carne.

A criação de Deus engloba sempre também os mandamentos de Deus. Assim, finalmente Jesus se volta para o tema do divórcio. Portanto, o que Deus ajuntou não separe o homem. Se o casamento, por natureza, é uma instituição divina, e não um contrato particular, uma união de interesses, um costume ditado pela sociedade, se o próprio Deus faz parte da definição do casamento, então homem, mulher e sociedade perdem o direito de legislar sobre o casamento. Por este motivo, quem os separa se defronta com Deus. "O Senhor, Deus de Israel, diz que odeia o divórcio" (Ml 2.16), "Deus julgará os adúlteros" (Hb 13.4). 

Na sua réplica, Jesus aponta para o fato que a legislação mosaica era uma concessão à fraqueza humana cuja introdução na lei era necessária para regular o divórcio numa sociedade imperfeita. Depois, Jesus os leva além de Moisés até o princípio onde o ideal divino para o homem é que o casamento seja uma instituição permanente, "o indissolúvel vínculo do matrimônio". Quando mais tarde os Seus discípulos interrogaram-nO particularmente sobre o assunto, Ele desenvolveu mais o tema para mostrar-lhes a igualdade dos sexos neste contexto. A lei judaica não permitiu que a mulher divorciasse o marido.

A não ser por causa de infidelidade. Há dificuldades de se comentar adequadamente aqui este assunto dificílimo, quanto à sua aplicação à sociedade moderna. Muito depende da interpretação dada à cláusula exceptiva de Mt 5.32 e Mt 19.9. O que está patente é que o ensino de Jesus reconhece, para os descrentes, provisões que de maneira nenhuma subtraem do ideal divino, e endossa a concessão mosaica (aos que estão debaixo da Lei), enquanto para os discípulos (sob a graça) entra em vigor o mais elevado padrão inalterável. Portanto, fica clara a abrangência da exceção descrita por CRISTO. Guardados em JESUS, não somos mais contados com os que estão sob a Lei, vivemos o Evangelho da reconciliação, da graça, do perdão; do indissolúvel vínculo matrimonial.

III. O ENSINO DE PAULO A RESPEITO DO DIVÓRCIO

Paulo estuda o assunto, à luz da nova situação, dentro da igreja, do membro convertido depois de casado, cujo companheiro não aceita a fé. Não há dúvidas quanto à posição do crente individual. "Para sua própria proteção e prosperidade, a sociedade humana faz bem em aceitar a orientação positiva de Cristo, quando se definem os motivos justos para o divórcio que ameaça a vida pessoal e familiar" (Vincent Taylor).

O apóstolo declara, em termos categóricos, que o voto do matrimônio vigora por toda a vida. E tem o cuidado de lembrar aos coríntios o ensino de Cristo sobre esta questão. A mulher não se separe do marido (se, porém, ela vier a separar-se, que não se case)... o marido não se aparte de sua mulher (pensando em casar com outra). O apóstolo interpreta o ensino de nosso Senhor, portanto, como permitindo a separação, porém não o divórcio.

CONCLUSÃO

Não obstante a cláusula exceptiva “a não ser por causa da prostituição, o assunto não pode ser abandonado aqui, pois esta relutante permissão de Jesus continua precisando ser considerada pelo que é, a saber, uma acomodação sustentada por causa da dureza dos corações humanos. Além disso, deve-se sempre ler no contexto imediato (o endosso enfático de Cristo à permanência do casamento no propósito de Deus) e também no contexto mais amplo do Sermão do Monte e de toda a Bíblia, que proclama um evangelho de reconciliação. Não significa muito o fato de que o Amante Divino estivesse sempre pronto a atrair novamente Israel, sua esposa adúltera? Portanto, que ninguém comece uma discussão sobre este assunto, indagando sobre a legitimidade do divórcio. 

Estar preocupado com os motivos para o divórcio é ser culpado daquele mesmo farisaísmo que Jesus condenou. Toda a sua ênfase na discussão com os rabinos foi positiva, isto é, foi colocada sobre a instituição original divina do casamento como um relacionamento exclusivo e permanente, no qual Deus junta duas pessoas numa união que nenhum homem pode interromper; e (é preciso acrescentar) ele enfatizou a sua ordem dada a seus seguidores para amarem-se e se perdoarem uns aos outros, e para serem pacificadores em cada situação de luta e discórdia. Crisóstomo reuniu, adequadamente, esta passagem às bem-aventuranças e comentou em sua homília: "Pois aquele que é manso, pacificador, humilde de espírito e misericordioso, como poderia repudiar sua esposa?

Aquele que está acostumado a reconciliar os outros, como poderia discordar daquela que é a sua própria carne?" Com este ideal, propósito e chamamento divinos, o divórcio só pode ser considerado uma trágica deterioração, um lamentável pecado.

Deus é tão contra a dissolução do casamento exatamente porque quer salvar. E ele quer salvar o que criou. Tudo aqui está permeado de evangelho. A mensagem do casamento indissolúvel é parte integrante do evangelho. Aquele que ama, compreende, sustenta e domina o nosso casamento como nenhum outro, entra em cena. Portanto, fora com a confiança nas muletas da lei! Creiam com base no evangelho (Mc 1.15), e prefiram crer até à morte a morrer na incredulidade!

É importante entender a unidade bíblica. Unidade no casamento é freqüentemente retratada como um círculo com uma linha no meio. Uma metade representa o homem e a outra a mulher; as duas partes representam dois indivíduos tentando viver como um. Essa mesma ilustração também é usada para descrever o Pai e o Filho, Cristo em nossos espíritos, e nosso relacionamento mútuo no corpo de Cristo.

              Unidade bíblica, entretanto, é bem diferente. Imagine colocar numa vasilha tanto leite quanto farinha. Não são um até que sejam misturados, e depois disso não podem ser separados. Se for adicionado corante durante a mistura, a cor de toda a mistura é alterada.

              Quando um homem e uma mulher se casam, não são dois indivíduos tentando viver como um. Deus coloca o homem e a mulher na vasilha, liga Sua batedeira divina, e os dois se tornam um. Porque a batedeira divina está sempre ligada, se um cônjuge suja o outro, inevitavelmente suja seu próprio ser também. Muitos precisam perder sua individualidade (não sua personalidade) e vir a entender que são um com seus cônjuges, o Senhor Jesus, e o corpo de Cristo. Uma vez que se revele a realidade da unidade, faremos o máximo que pudermos para edificar nossos cônjuges, veremos claramente que o que é verdade sobre Cristo será verdade sobre nós, e nos recusaremos a causar dano ao corpo de Cristo. O que Deus juntou ninguém separe. João 10.30; 14.9; 17.11-12; João 15; I Coríntios 6.16; 12.12.

              Pai, liberta Teu povo desse monstro chamado divórcio; liberta-nos da incredulidade, a mãe de todo pecado, e ensina-nos Teus caminhos! "Pois eu detesto o divórcio, diz o Senhor Deus de Israel" (Ml 2.16).
Concluindo, espero em DEUS ter contribuído para despertar o seu desejo de aprofundar-se em tão maravilhoso tema e ter lhe proporcionado oportunidade de agregar algum conhecimento sobre estes assuntos. Conseguindo, que a honra e glória seja dada ao SENHOR JESUS.




EV. JOSÉ COSTA JUNIOR