18 de junho de 2021

O DIACONATO

 

O DIACONATO

Texto Áureo

 

Porque os que servirem bem como diáconos adquirirão para si uma boa posição e muita confiança na que em Cristo Jesus.

1 Timóteo 3.13


O diaconato não é uma plataforma de privilégios, mas de serviço. Não é um cargo a ser ocupado, mas um ministério de serviço aos outros. Aqueles que se esmeram no ministério de servir aos homens em nome de Deus, recebem de Deus a recompensa.

 

1 A Diaconia de Jesus Cristo

 

1.  Significado do termo.

Em Atos capítulo 6 vemos os termos gregos “diakonia” (Atos 6.1 traduzido por distribuição) e “diakoneo”, Atos 6.2 traduzido por servir) Mais na frente vemos o apóstolo Paulo falando das características exigidas aos diáconos 1 Timóteo 3.8-13 Lucas, em Atos 6 não usa a palavra “diakonos” para descrever os sete homens, mas as palavras para servir e diácono derivam da mesma raiz grega .São mencionados em Filipenses 1.1 e 1 Timóteo 3.8-13 assim, é apropriado usar este título para os sete homens que foram escolhidos para servir.

Apalavra “diácono” vem do verbo servir, usado na expressão servir às mesas (Atos 6 .2) de modo que sua função era, literalmente, diaconar às mesas.

Vejamos o que diz o Dicionário Bíblico Tyndale:

 

DIÁCONO, DIACONISA: Termos que descrevem um oficial em uma igreja local, derivado de uma palavra grega que significa “servo” ou “ministro”. O termo “diaconato” é usado para a função em si ou para o corpo coletivo de diáconos e diaconisas. Como muitas outras palavras bíblicas usadas hoje no sentido técnico, as palavras “diácono” e “diaconisa” começam como termos populares, não técnicos. Tanto na cultura grega secular do século 1, como no NT, eles descreviam uma variedade de serviços.

Origens do conceito

Uso grego:

Foram encontradas referências em escritos extrabíblicos, onde a palavra grega “diákonos”significava “garçom”, “servo”, “mordomo”, “criado” ou “mensageiro”. Em ao menos dois exemplos,ela indicava um padeiro ou um cozinheiro. No uso religioso, a palavra descrevia vários criados nos templos pagãos. Documentos antigos mostram “diáconos” presidindo a dedicação de uma estátua ao deus grego Hermes. Serápis e Isis, deidades egípcias, eram servidas por um conselho de“diáconos” presidido por um sacerdote.

 

Uso geral no Novo Testamento:

A mesma palavra foi usada por autores bíblicos em sentido geral para descrever vários ministérios ou serviços. Bem mais tarde, no desenvolvimento da igreja apostólica, o termo foi aplicado a um corpo distinto de oficiais da igreja. Entre seus usos gerais, “diácono” refere-se ao serviçal nas refeições (João 2.5,9), a um servidor do rei (Mateus 22.13), a servos de Satanás (2 Coríntios 11.15), a servos de Deus (2 Coríntios 6.4), a um servo de Cristo (2 Coríntios 11.23), a um servo da igreja (Colossenses 1.24,25) e uma autoridade política (Romanos 13.4).

O NT apresenta o servir no sentido de ministério como uma marca de toda a “Igreja”, ou seja, como norma para todos os discípulos (Mateus 20.26-28; Lucas 22.26,27). O ensinamento de Jesus sobre o juízo final define o ministério como alimentar os famintos, acolher os estrangeiros, vestir os que estão nus e visitar os enfermos e os que estão presos (Mateus 25.31-46). Todo o NT enfatiza o cuidado compassivo das necessidades físicas e espirituais dos indivíduos, bem como a autodoação para o suprimento dessas necessidades. Esse serviço é, no final das contas, um ministério ao próprio Cristo (Mateus 25.45).

2.  Serviço de escravo.

4.  levantou-se da ceia, tirou as vestes e, tomando uma toalha, cingiu-se. (Os discípulos executavam todos os tipo de serviço para seus rabinos (os mestres), mas soltar as correias das sandálias era algo a que se negavam, porque era uma tarefa servil, compatível apenas com o trabalho escravo.

 

Se Jesus tivesse pedido para que lavassem seus pés, eles possívelmente fariam com alegria, mas se Jesus tivesse pedido para que lavassem os pés uns dos outros, isso não seria bem aceito aos olhos dos discípulos, pois já haviam disputado entre eles sobre, qual dos discípulos era o maior, Lucas 22.24 ).

 

5.  Depois, pôs água numa bacia e começou a lavar os pés aos discípulos e a enxugar-lhos com a toalha com que estava cingido (As pessoas do tempo de Jesus caminhavam nas estradas empoeiradas calçadas apenas com sandálias, e os pés ficavam cobertos de sujeira. As regras de etiqueta exigiam que, quando um viajante entrasse numa casa como convidado, o anfitrião tomasse as providências para lhe lavar os pés. Essa tarefa desagradável era geralmente delegada ao criado mais

humilde da casa).

João 13.4,5

 

Donald Carrel Stamps (autor das notas de estudo da Bíblia de Estudo Pentecostal) diz que, o ato comovente de Jesus ter lavado os pés dos discípulos mostra que;

-   Jesus assim o fez para mostrar aos seus discípulos o quanto Ele os amava.

-   Para prefigurar o sacrifício de si mesmo na cruz.

-   Para comunicar aos seus discípulos a verdade de que Ele os estava chamando para servirem uns aos outros em humildade, pois a ânsia de granandeza inquietava os discípulos (Mateus 18.1-8; 20.20-27; Marcos 9.33-37; Lucas 9.46-48; 22.24).

-   É interessante observar também que, embora fosse o “Sumo Pastor” (1 Pedro 5.4), Jesus exerceu a “diaconia” (ou seja, o serviço de um “servo” mais do que todos os “servos” de Deus (Lucas 22.27; Filipenses 2.7).

Eu acho também muito interessante um comentário de Warren Wendel Wiersbe (pastor, teólogo, escritor conferencista e autor do Comentário Bíblico Expositivo Wiersbe), ele observa que; “Convém notar que vários líderes mencionados nas Escrituras foram provados antes como servos. José foi um servo no Egito durante treze anos antes de se tornar o segundo no poder sobre aquela terra. Moisés cuidou de ovelhas durante quarenta anos antes de ser chamado por Deus.

Josué foi servo de Moisés antes de se tornar seu sucessor. Davi cuidava das ovelhas de seu pai quando Samuel o ungiu rei de Israel. Até mesmo Jesus veio como servo e trabalhou como carpinteiro; e o apóstolo Paulo fazia tendas. Primeiro um servo; depois um líder”.

12.  Depois que lhes lavou os pés, e tomou as suas vestes, e se assentou outra vez à mesa, disse-lhes: Entendeis o que vos tenho feito?

13.  Vós me chamais Mestre e Senhor e dizeis bem, porque eu o sou.

14.  Ora, se eu, Senhor e Mestre, vos lavei os pés, vós deveis também lavar os pés uns aos outros.

15.  Porque eu vos dei o exemplo, para que, como eu vos fiz, façais vós também.

16.  Na verdade, na verdade vos digo que não é o servo maior do que o seu senhor, nem o enviado, maior do que aquele que o enviou.

17.  Se sabeis essas coisas, bem-aventurados sois se as fizerdes.

João 13.12-17

 

3. O discípulo é um serviçal.

35.  E aproximaram-se dele Tiago e João, filhos de Zebedeu, dizendo: Mestre, queremos que nos faças o que pedirmos.(A respeito deste versículo,Jimmy Swaggart diz:Este sem dúvida foi um pedido egoísta, quantas vezes nos aproximamos de Deus fazendo o mesmo?).

36.  E ele lhes disse: Que quereis que vos faça? (Jesus sabia sobre o pedido egoísta dos discípulos, mas mesmo assim, perguntou-lhes, para lhes ensinar uma lição. Muitas vezes Deus faz o mesmo conosco, nos “corda” para nos ensinar preciosas lições).

37.  E eles lhe disseram: Concede-nos que, na tua glória, nos assentemos, um à tua direita, e outro à tua esquerda.(A demonstração de coragem moral, nem sempre é uma demonstração de sabedoria e poder espiritual, pois eles, embora muito corajosos no pedido, não sabiam o que estavam dizendo).

Marcos 10.35-37


Até este ponto os discípulos ainda não haviam compreendido a mensagem de Jesus. Jesus foi um “servo”, e Ele espera que seus discípulos também o sejam.

Com o tempo eles (os discípulos) aprenderiam, especialmente João, que com o passar dos anos passou a compreender bem que para “servir bem a Deus e aos irmãos” é preciso um amor genuíno. Cerca de 60 anos depois do fato narrado em Marcos 10.35-37 João declarou;

3.  E nisto sabemos que o conhecemos: se guardarmos os seus mandamentos.

4.  Aquele que diz: Eu conheço-o e não guarda os seus mandamentos é mentiroso, e nele não está a verdade.

5.  Mas qualquer que guarda a sua palavra, o amor de Deus está nele verdadeiramente aperfeiçoado; nisto conhecemos que estamos nele.

6.  Aquele que diz que está nele também deve andar como ele andou.

1 João 2.3-6

 

2- A Instituição dos Diáconos.

1.  O conceito da função.

O vocábulo “diáconos” alude aos que serviam à congregação em funções especiais no culto. Eram responsáveis por tratar das questões materiais da igreja (Atos 6.1-7). - Novo Comentário Bíblico Novo Testamento com recursos adicionais (Earl D. Radmacher Ronald B. Allen

  H. Wayne House).

 

Diáconos eram “servos”, “mensageiros”, que prestavam serviços voluntários a “Igreja” primitiva.

Segundo Russel Norman Champlin, o famoso filósofo romano Epicteto (contemporâneo da época historiada no livro de Atos) observou que é uma honra autêntica a um homem ser um “diácono” (servo) de Deus. - Enciclopédia Bíblica Russel Norman Champlin.

 

A “Igreja” de Deus também deve reconhecer a importância (não só dos diáconos) mas de todos os seus ministros. Eles são responsáveis por alimentar, proteger e administrar o rebanho de Deus, e por isso merecem respeito especial.

Contudo, os líderes devem seguir o exemplo de nosso Senhor e dos apóstolos, não utilizando seus cargos (ou posições) privilegiados para darem ordens aos membros da “Igreja”. Em vez disso, devem ser modelos de serviço cristão. - Grifo Pessoal – Comentário Bíblico Africano.

 

2.  Origem do diaconato.

 

1.  Ora, naqueles dias, crescendo o número dos discípulos, houve uma murmuração dos gregos (ou helenistas) contra os hebreus, porque as suas viúvas eram desprezadas no ministério cotidiano.(Surgiram queixas de que os gregos ou helenistas, isto é, os judeus que falavam a língua grega e viviam fora dos limites de Israel, estavam sendo negligenciados pelos hebreus, os judeus nascidos em Israel. Uma vez que os dois grupos eram judeus, não se trata de um incidente de discriminação racial. A comunidade de bens também não havia fracassado, mas seu sistema de distribuição se mostrou falho. Os apóstolos não tinham mais como lidar sozinhos com o numeroso grupo e ainda assim garantir uma distribuição justa. O sistema funcionou, contudo, no sentido de que eles não demoraram a perceber que havia um problema. Ao que parece, quando algumas viúvas passaram necessidades , a comunidade ficou sabendo e tomou providências para que a situação não persistisse).

 

2.  E os doze, convocando a multidão dos discípulos, disseram: Não é razoável que nós deixemos a palavra de Deus e sirvamos às mesas.(Os Apóstolos não permitiam que absolutamente nada impedisse o seu trabalho de evangelizar e ensinar a Palavra de Deus, mas é claro, que não podiam desprezar uma questão tão importante quanto o socorro das viúvas).

 

3.  Escolhei, pois, irmãos, dentre vós, sete varões de boa reputação, cheios do Espírito Santo e de sabedoria, aos quais constituamos sobre este importante negócio.

 

(Os Apóstolos não deixaram os irmãos sem saber o que fazer. É interessante notar que, não foi Deus quem deu a ideia de constituir “diáconos”, mas sim os Apóstolos, e a “Igreja” prontamente apoiou. Vemos que, homens na direção de Deus, guiados pela Palavra de Deus, que não permitem que nada os impeça de “fazer a obra de Deus” tem a presença e a sabedoria de Deus para realizar a “obra de Deus”.

E assim se originou o “diaconato”, ou seja, o ministério de serviço para ajudar os líderes da “Igreja”).

Atos 6.1-3

 

3. A escolha dos diáconos.

 

É muito interessante e importante observar os requisitos necessários para a escolha dos diáconos:

Escolhei, pois, irmãos, dentre vós, sete varões de boa reputação, cheios do Espírito Santo e de sabedoria, aos quais constituamos sobre este importante negócio.

Atos 6.3

Como primeira qualificação, deviam ser homens de boa reputação (confira também 1Timóteo 3:2). A função exigia pessoas de confiança. Esse princípio deve ser levado em consideração ao eleger os membros do conselho da igreja, pois muitos líderes eclesiásticos se mostram repreensíveis ao receber a oportunidade de administrar os recursos da igreja, especialmente quando se trata das finanças.

 

A segunda qualificação consistia em ser cheios do Espírito. Mesmo as tarefas administrativas possuíam caráter espiritual, e a plenitude do Espírito era tão essencial para cuidar da distribuição dos alimentos quanto para a pregação da Palavra. A unidade dos cristãos, pela qual esses indivíduos deviam zelar, era um testemunho tão importante quanto o ensino em nome de Jesus (confira também João 17:21).

 

Por fim, a fim de realizar sua incumbência com eficácia, eles precisavam ser homens de sabedoria para distinguir necessidades genuínas de meros desejos. De acordo com o princípio da distribuição, não devia faltar nada a ninguém, mas isso também significava que ninguém devia receber mais que os outros (confira também 2 Coríntios 8:15). Era preciso que os assistentes soubessem avaliar a quantidade exata de que cada pessoa precisava. Ao delegar essas incumbências a outros, os apóstolos puderam concentrar-se na pregação e oração (Atos 6:4). As tarefas dos assistentes, porém, não se restringiam à distribuição de alimentos, pois pelo menos dois deles, Estêvão e Filipe, participavam do ministério evangelístico (Atos 6:5; 6:8;7:60; 8:5- 40).

 

3- O Perfil e Função do Diácono

 

 

1. Qualificações do diácono.

 

8. Da mesma sorte os diáconos sejam honestos, não de língua dobre, não dados a muito vinho, não cobiçosos de torpe ganância,

9.   guardando o mistério da em uma pura consciência.

1 Timóteo 3.8,9

Os diáconos devem ter as mesmas qualidades que os pastores (3:8), pois sua tarefa é tão importante quanto a deles (a despeito da percepção muito difundida de que os pastores são superiores aos diáconos) e porque os diáconos (dependendo da situação) também podem assumir responsabilidades pastorais . Pelo fato de os diáconos também tomarem parte no ensino e (muitos diáconos) não serem responsáveis apenas pelo trabalho social na “Igreja”, eles precisam ter uma compreensão segura conservando o mistério da fé (3:9), segundo Jimmy Swaggart o “mistério da fé” é uma alusão a “obra redentora de Cristo”. Essas verdades profundas só podem ser compreendidas pelos filhos de Deus que são iluminados pelo Espírito.

 

2.  A função dos diáconos em Atos.

3.  A função dos diáconos hoje.

 

A função dos diáconos em Atos já foi bem abordada neste PDF, por isso vou falar um pouquinho sobre a função dos diáconos hoje:

Diaconato é (como já vimos) um ministério de serviços a outros (a Deus e a “Igreja”), e não simplesmente um “cargo”. Portanto, o diaconato hoje (isto é, a função de diáconos) é hoje, em suma, o que era nos tempos da “Igreja” primitiva, um ministério de “serviços” a Deus e a “Igreja”.

 

Conclusão

 

O diaconato foi instituído pelos Apóstolos de Cristo quando a comunidade cristã cresceu e precisou ter pessoas que pudessem resolver questões relacionadas a problemas sociais que demandavam atenção e cuidado. Hoje, os diáconos servem à igreja e a Deus em trabalhos diferentes, e a liderança das igrejas locais deve valorizar o seu trabalho e reconhecê-los como excelentes servidores do Reino de Deus, pois, no sentido lato (extenso), todos somos diáconos da Igreja de Deus.

Fontes

O Novo Testamento Interpretado Versículo po Versículo – Russel Norman Champlin,

Bíblia de Estudo Holman,

Comentário Bíblico Africano,

O Novo Comentário Bíblico Com Recursos Adicionais- Earl D. Radmacher,

Ronald B. Allen, H. Wayne House, Bíblia de Estudo do Expositor,

Encontrando Presbíteros e Diáconos Fiéis -Thabiti Anyabwile ,

Bíblia de Estudo Arqueológica,

Dicionário Bíblico Tyndale,

Revista Cristão Alerta – 2º Trimestre de 2021,

Comentários Expositivos Hagnos,

Apontamentos teológicos professor José Junior