8 de abril de 2015

O NASCIMENTO DE JESUS 02



O NASCIMENTO DE JESUS

TEXTO AUREO = E deu a luz o seu filho primogênito, e envolveu-o em panos, e deitou-o numa manjedoura, porque não havia lugar para eles na estalagem.

VERDADE PRATICA = Deus revelou seu amor a humanidade ao enviar a este mundo o seu Filho Jesus.
LEITURA BIBLICA = LUCAS 2.1-7

O Nascimento de Jesus (Lucas 2:1-52)

2:1-7 / O propósito primordial desse primeiro parágrafo é preparar o palco para uma cena, o cântico angelical (vv. 13,14) e a visita dos pastores vv. 15-20). Outro propósito, no entanto, é colocar o nascimento de Jesus no contexto ambiental do grande imperador romano César Augusto (v. a nota abaixo).

O édito do rei persa Ciro, para que se reconstruísse Jerusalém e o tempo fizeram que os planos de Deus fossem implementados (v. 2 Crônicas i(c2.2-23; Esdras 1:1-4; Isaias 44:28—45:l), e de maneira semelhante a ordem de Augusto para que se convocasse toda a população do império para recensear-se desempenhou papel importante no plano redentor de Deus. O censo deveria apurar a renda, as propriedades e as riquezas dos habitantes para fixar os impostos. Todos iam alistar-se, cada um à sua própria cidade (v. 3), pelo que José também subiu da Galiléia... à cidade de Davi, chamada Belém (v. 4).

Para Lucas, o significado da viagem a Belém (v. Miquéias 5:2) e da visita dos pastores (Ezequiel 34:23; 37:24) se encontra no contexto de Davi. Lucas redigiu seu registro de tal modo que, diante o reinado do grande rei terreno, César Augusto, o filho de José — homem da casa e família de Davi (v. 4), o maior rei de Israel e pai do Messias — nasceu. Belém era a cidade de Davi (v. 4), pelo que foi muito pertinente que seu filho messiânico nascesse ali também.

Por que razão Maria teve de acompanhar José (v. 5) constitui enigma para muitos comentaristas, visto que a presença dela para o devido registro não era necessária. À vista, no entanto, do final da gravidez, e considerando-se as criticas negativas que se deveriam ter levantado contra Maria pelo fato de engravidar antes do casamento, não é de surpreender que ela houvesse acompanhado seu marido José (v. a nota abaixo).

É claro que para os propósitos da narrativa de Lucas, marido e mulher devem ser mantidos juntos, pois, embora só José precise ir a Belém, é o sentimento de Jesus que deve acontecer na cidade de Davi, e é nessa ocasião que o cântico angelical e a visita dos pastores ocorrerão. A descrição do fato de Jesus ter nascido num estábulo (numa caverna?) e colocado numa manjedoura (i.e., um dispositivo aumentador dos animais, v. 7) reflete a preocupação de Lucas pelos pobres e humildes, e também prepara o caminho para visita dos pastores.

2: 8-20 / A história dos pastores enseja outro testemunho celestial (i,e., de anjos. vv. 13,14), e fortalece a conexão entre Jesus e orei Davi.

Lembremo-nos deque Davi havia sido pastor de ovelhas (1 Samuel 16:11) cm alguns dos salmos, muitos dos quais lhe são atribuídos, Davi referiu Deus como o nosso Pastor, e ao povo de Deus como ovelhas (Salmos 23:1; 28:9; 100:3).

Além do mais, os profetas prometeram que um dia Deus levantaria um novo Davi, que atuaria como Pastor de Israel (Ezequiel 34:23). Na Palestina do primeiro século os pastores não tinham a reputação de ser extremamente escrupulosos com respeito à propriedade alheia. Com freqüência eram tratados com desprezo e considerados como nada menos que vagabundos e ladrões, Não podemos ter certeza se Lucas teria em mente esse conceito; se o tinha, aqueles humildes pastores estariam ante fruindo as bênçãos que muitas outras pessoas de pouco prestígio haveriam de receber de Jesus, durante seu ministério terreno (v. Talbert, p. 33-4). (Se Lucas considerasse os pastores ladrões, então estamos diante da ironia deter Jesus nascendo e morrendo na companhia de transgressores da lei (v. Lucas 23:32- 43]).

Em certa noite, quando os pastores cuidavam de seu rebanho (v. 8), um anjo do Senhor desceu aonde eles estavam (v. 9). Esse anjo provavelmente é Gabriel  (v. 1:19, 26; v. as notas sobre 1:11, acima) que, noutras ocasiões, apareceu a fim de fazer anúncios importantes. A aparição desse anjo não é razão de alarme (vv. 9,10), porque não veio para executar julgamento, como aconteceu às vezes (e.g., 2 Reis 19:35). O anjo veio a fim de trazer uma mensagem, uma boa nova de grande alegria, que o será para todo o povo (v. 10).

As boas novas são declaradas com simplicidade no v. II: É que hoje vos nasceu na cidade de Davi o Salvador, que é Cristo, o Senhor. Com freqüência Lucas usa a palavra “hoje” no sentido da chegada do dia da salvação (v. a nota abaixo). 

Cidade de Davi refere-se, naturalmente, a Belém; é bem adequado que a primeira vez que Lucas usa essa palavra seja em conexão com o nascimento do filho messiânico de Davi. O anjo chama a criança recém-nascida “Salvador”, “Messias” e “Senhor”. Tais títulos merecem nossa consideração aqui.

Salvador: embora o evangelho de João se refira a Jesus como o “Salvador” (4:42), dentre os sinóticos só Lucas chama a Jesus Salvador. Maria chama a Deus “meu Salvador” no Magnificat (1:47), mas aqui em 2:11 esse título é aplicado a Jesus. As únicas outras referências de Lucas a Jesus como Salvador estão em Atos (5:31; 13:23). Seria um título significativo tanto para os judeus como para os gentios. A palavra “salvador” ocorre no Antigo Testamento com referência a vários indivíduos (Juízes 3:9,15) e ao próprio Deus (1 Samuel 10:19; Isaías 45:15,21). Todos esses versículos da LXX usam a palavra “salvador”, a que Lucas usa em 2:11. No mundo grego e romano, a palavra “salvador” (soter, no grego) com freqüência era aplicada deuses (como Zeus) e a grandes figuras militares e políticas. Uma inscrição antiga chama Júlio César “deus manifestado e salvador comum da vida humana” (Fitzmyer, p. 204). Assim é que a referência a Jesus como Salvador” seria título prontamente entendido e apreciado entre judeus e gentios.

Cristo: o anjo também atribui a Jesus o título popular de Cristo (christos). A palavra “Cristo” é a tradução grega da palavra hebraica “messias”. Ambas querem dizer “ungido”. A pessoa que foi ungida foi reconhecida e consagrada como apta para determinada função especial, em geral para ser rei, ou para agente específico de Deus. É claro que esse título era empregado para ser designar a pessoa que Deus levantaria para ser o libertador de Israel.

Portanto, anunciar que o Messias havia nascido era o mesmo que anunciar a chegada do dia da libertação de Israel. Normalmente se entendia que essa libertação tinha sentido militar. Entendia-se que o Messias derrotaria os inimigos de Israel e exaltaria o povo de Deus (como vemos essa idéia refletida de certo modo no Magnificat, especialmente 1:51,52), Embora não aja controvérsia em 2:11 a respeito desse tipo de expectativa messiânica, a próxima vez em que essa palavra aparecer, anunciando a chegada de uma ia messiânica (4:21), tal controvérsia estará em pauta (v. o comentário obre 4:14-30). Por ora, todavia, os leitores de Lucas devem aguardar em tensa expectativa, imaginando (como o faz Maria em 2:19) que significam as coisas.

Senhor: Finalmente, o anjo também chama Jesus “Senhor” (kyrios, v. a nota abaixo). Esse é o principal e o mais comum título de Jesus, nos escritos Lucas. É palavra que tanto se usa para Deus como para Jesus. “Senhor” às vezes é a tradução do nome Iavé (“Aquele que É”; v. Êxodo 3:14) e provavelmente deve ser entendido em 2:11 em termos da encarnação; em outras palavras, o Senhor está presente em Jesus. Essa idéia é encontrada no primitivo cristianismo, como se evidencia na confissão: “Jesus é Senhor” (1 Coríntios 12:3; Romanos 10:9; v. Fitzmyer, p. 200-4).

Como no caso de Zacarias (1:18-20) e de Maria (1:36), os pastores também recebem um sinal (i.e., uma evidência comprovadora), que há de confirmar o anúncio dos anjos. Haveriam de encontrar uma criança envolta em faixas e deitada em manjedoura (v. 12). Essa declaração final representa o clímax da narrativa, quando subitamente apareceu como anjo uma multidão da milícia celestial louvando a Deus e dizendo: Glória a Deus (13).

As frases usadas por Lucas nesse versículo são derivadas do Antigo Testamento grego (v. 1 Reis 22:19; Salmos 148:2). O hino dos anjos compõe-se de duas partes: [Haja] Glória a Deus nas maiores alturas, e [haja ] paz na terra entre os homens, a quem ele quer bem (v. 14; v. a nota abaixo). É possível que a segunda parte desse hino se refira à idéia de eleição divina, a qual aparece com freqüência nos escritos de Lucas (além daquelas passagens do evangelho que serão discutidas; v. também Atos 13:48). O hino convoca a “paz” (i .e., shalom, ou bem-estar) sobre a terra (i.e., sobre os habitantes da terra), pelos quais Deus demonstrará favor especial.

É provável que Lucas entenda esse favor em termos do evangelho da salvação que se torna possível mediante o nascimento do Messias. Lucas pode estar fazendo referência à paz em contraste com a celebrada “paz de Augusto” (Pax Romana), A paz que o Messias traz é a paz reconciliadora entre a humanidade e Deus (v. Isaías 9:6; Ellis, p. 82).

Tão subitamente como apareceram, os anjos voltaram aos céus (v. 15), deixando que os pastores corressem a fim de visitar Maria e José, e a criança deitada na manjedoura (v. 16). E, vendo-o [a Jesus] divulgaram o que se lhes havia dito a respeito deste menino (v. 17). Não se sabe com clareza a quem se refere a palavra todos do v. 18. É possível que Lucas tenha em mente os hóspedes que estavam naquela hospedaria; o caso é que todos quantos ouviram as notícias ficaram admirados: Todos os que ouviram se admiraram. 

O testemunho independente dos pastores atendeu à preocupação de Lucas: que houvesse duas testemunhas dos acontecimentos celestiais, para que se observasse a exigência da lei com respeito ao emprego de provas testemunhais (Deuteronômio 19:15); v. Lucas 24, em que há dois homens no caminho de Emaús; há duas aparições do Cristo ressurreto e duas referências separadas a testemunhas sobre o cumprimento das Escrituras).

Não só o anjo do Senhor apareceu a Maria e a José para anunciar-lhes o nascimento do Messias, mas apareceu também aos pastores. Enquanto os pastores voltavam,glorificando e louvando a Deus por tudo o que tinham ouvido e visto (v. 20), Maria.., guardava todas estas palavras, meditando-as no coração (v. 19). Lucas pode estar dando a entender que a fonte das informações é a própria Maria (v. também o v. 51).

2:21-40 / A próxima seção maior da narrativa diz respeito à circuncisão de Jesus e sua apresentação no templo. Como no caso de João Batista (1:59- 60), na época de sua circuncisão, Jesus recebeu o nome que o anjo dissera a seus pais (v. 21). Além disso, assim como o ato de atribuir o nome a João Batista induziu a que fosse apresentado e ao pronunciamento de uma profecia (1:64-79), quando Jesus recebeu seu nome houve uma apresentação c uma declaração profética a seu respeito (2:22-32).

Os rituais desempenhados por José e Maria nos vv. 22-24 demonstram que os pais de Jesus são judeus piedosos que observam com fidelidade as exigências da lei do Senhor (v. Êxodo 13:1-2; Levítico 12:4). A oferta que fazem de um par de rolas ou dois pombinhos indica que José e Maria eram pessoas de posses modestas (v. Levítico 12:8). O aparecimento de Simeão (v. 25) permite que Lucas confirme de novo o anúncio anterior da identidade e destino messiânicos dc Jesus. 

Vê-se isso na descrição de Simeão como justo e piedoso, que esperava a consolação de Israel (v. 25; v. 2:38) e no que ele diz nos vv. 29- 32. É óbvio que, ao contemplar a Jesus, Simeão reconhece que a consolação (te Israel por que tanto se esperou finalmente está disponível. A referência ao Espírito Santo (vv. 25,27) prepara o caminho para a proclamação de louvor e ação de graças (i.e., o Nunc Dimittis, vv. 29-32). À semelhança de um atalaia que acha ter chegado ao final de sua tarefa (v. Fitzmyer, p. 428), Simeão pede que o Senhor permita que seu servo possa partir: Agora, Senhor, despedes em paz o teu servo (v. 29).

Ao ver a Jesus, Simeão viu a salvação (v. 30) que Deus preparou diante de todos os povos (v. 31; v. [saías 52:10). A referência à luz para revelação aos gentios (v. 32; v. Isaías 42:6; 49:6) esclarece mais ainda essa idéia e antecipa a universalidade do evangelho, tema que encontra raízes na promessa feita a Abraão (v. o comentário sobre 1:55,73). A segunda metade do v. 32, entretanto, não deve ser negligenciada. Essa salvação de Deus trará glória ao povo de Israel (Isaías 46:13). Ainda que o poderoso ato de salvação de Deus se estenda a todas as nações, o lugar de preeminência ocupado por Israel não se perderá.

É importante que se saliente esse ponto, porque com freqüência, quando se aprecia a ênfase de Lucas de que a salvação de Deus foi estendida aos gentios, presume-se que Israel deixou de desempenhar seu papel e que deixou de gozar do favor de Deus. Israel na verdade vai rejeitar o Messias e, por causa desse grave erro sofrerá uma catástrofe (v. Lucas 19:41-44); mas, se as palavras de Gabriel a Maria (1:30-33) significam alguma coisa, Israel não foi posto de lado.

Embora o caso não possa ser discutido aqui (v. a discussão na Introdução), Lucas vê grande parte, senão a maior parte de Israel num estado de desobediência empedernida, condição que nem é permanente nem fica fora das profecias escriturísticas (v. Lucas 21:22; 24:25-27; Atos 13:40,41; 28:23-28; Romanos 11:25-32). Essa idéia de uma rachadura em Israel se torna explícita nos vv. 34 e 35: Eis que este menino está destinado tanto para ruína como para levantamento de muitos em Israel, e para ser alvo de contradição (também uma espada traspassará a tua própria alma), para que se manifestem os pensamentos de muitos corações.

A última parte do v. 34 e a primeira do v. 35 antecipam a rejeição pessoal de Jesus (v. Lucas 22:66—23:5); e a rejeição judaica da pregação apostólica (v. Atos 4:18; 5:17,18; 6:13,14; 8:1; 13:45; 14:2,19; 17:5,6,13; 21:27,28; 24:2-9; 25:2,3; 28:23-28). A última parte do v. 35 refere-se a uma espada aguda que traspassará a alma de Maria. Ao longo dos séculos, numerosas explicações têm sido feitas quanto a essa declaração. Talvez a interpretação mais popular seja que a rejeição e a morte de Jesus causariam tremenda tristeza a Maria, como talvez esteja descrito em João 19:25-27 (assim o declara Marshall, p. 122-3). 

O problema dessa interpretação é que se baseia no evangelho de João. Lucas, no entanto, não retrata Maria sofrendo ao pé da cruz. Outra interpretação, que tem a vantagem de basear-se no evangelho de Lucas apenas, é que a espada se refere à divisão que Jesus causará em Israel, de que Maria faz parte (segundo Fitzmyer, p. 429-30; v. também Schweizer, p. 57).
Em Lucas 12:51-53, Jesus adverte que por causa dele as famílias se dividirão. A declaração de Simeão a Maria, entendida dessa forma, faz paralelismo com o resto do oráculo. Assim como Jesus causará divisão em Israel, de modo geral, assim também sua mãe, de modo particular, vai experimentar angústia por causa da mensagem e do ministério de seu filho.

Possivelmente com o desejo de apresentar duas testemunhas, Lucas passa a expor a reação da profetisa, chamada Ana (v. 36). O nome Ana é o mesmo nome do Antigo Testamento, e talvez tenha a intenção de trazer à memória a mãe de Samuel (1 Samuel 1,2), de modo especial tendo em mente a similaridade que há entre as apresentações das crianças no templo a de Samuel (1 Samuel 1:22-24) e a de Jesus (Lucas 2:22). Há outros paralelismos entre Samuel e Jesus, os principais dos quais são os seguintes:






De certa maneira, Ana é um paralelismo do menino Samuel. Assim como Samuel não entrou no templo (i.e., no tabernáculo) de modo permanente, enquanto não se desmamou (1 Samuel 1:22-24), assim também Ana, aparentemente não se liga ao tabernáculo continuamente enquanto não se torna viúva (Lucas 2:36,37). 

Assim como Samuel ficou no templo em comunhão com Deus, assim também Ana durante muitos anos adorava noite e dia em jejuns e orações (v. 37). Embora Lucas não registre uma única palavra do que Ana falou, ele nos diz que ela dava graças a Deus, e falava a respeito do menino a todos os que esperavam a redenção de Jerusalém (v. 38). Até mesmo esse aspecto das atividades de Ana nos traz à memória o ministério de Ana, em trazer alívio a Israel da opressão dos filisteus (v. 1 Samuel 7:3-13).

Os vv. 39 e 40 encerram a apresentação. Cumpridas todas as ordenanças segundo a lei do Senhor, voltaram para a Galiléia, para a sua cidade dc Nazaré. Crescia o menino e se fortalecia, enchendo-se de sabedoria; e a graça de Deus estava sobre ele (v. 39). Assim como João Batista crescia e se fortalecia em espírito” (1:80), também Lucas, de modo semelhante, descreve Jesus (v. o paralelismo de Samuel, acima).

2:41-52/Embora essa não seja exatamente uma história sobre a infância dc Jesus, fica bem evidente que Lucas tenciona que o episódio de Jesus, sendo encontrado no templo, faça parte de sua narrativa completa. É um episódio que se encerra com um refrão (v. 52) semelhante a outros que encerram narrativas de infância (1:80; 2:40). Esse incidente serve de transição entre a infância e a vida adulta de Jesus. Também ilustra o crescimento de Jesus e sua sabedoria (2:40). O versículo inicial não só prepara o palco para a cena, mas outra vez sublinha a fidelidade e a piedade de José e Maria, O ensino de Jesus no templo, visto no contexto da celebração da Páscoa, pode com certeza antecipar seu ensino final no templo, noutra Páscoa, durante a semana da paixão (v. Lucas 21:37).

O incidente faz levantar urna série de perguntas difíceis, quando o analisamos de uma perspectiva histórica e psicológica. Por exemplo, como poderia o menino Jesus ter sido esquecido por um dia inteiro (v. 44); e onde ele teria dormido durante aquelas três noites em que esteve sem seus pais (v. 46)? E mais, levando-se em conta sua grande sabedoria, por que não demonstrou maior consideração pelos pais? Entretanto, Lucas não está interessado em responder a essas perguntas, visto que nada têm que ver com o objetivo de sua narrativa. O objetivo de sua narrativa é estabelecer o sentido de missão de Jesus, e como o Senhor se preparou para ela. Isso fica bem evidente nas perguntas que ele formula e coloca nos lábios de Jesus, para seus pais, agora aliviados (e talvez perplexos) :Por que me procuráveis? Não sabíeis que me cumpria estar na casa de meu Pai? (v. 49). 

Esse incidente, à semelhança da visita dos pastores (vv. 16-20) sua mãe guardava no coração (v. 51). Com o refrão do v. 52 (v. o paralelismo com Samuel, acima), a narrativa da infância de Jesus, corno aconteceu no caso de João Batista (1:80), chega ao final. Quando Jesus reaparece em cena, já é adulto, pronto para iniciar seu ministério público.

Notas Adicionais

2:1 \ César Augusto: Esse imperador colocou um ponto-final nas horrendas guerras civis do Império Romano, e seu longo reinado (de 27 aC. a 14 d.C.) trouxe prosperidade e paz a todo o Império (v. Fitzmyer, p. 399-400).

2:1-2 / recenseamento: Numerosas dificuldades prendem-se à referência feita por Lucas ao primeiro recenseamento (v. 2) ordenado por César Augusto (v. 1), quando Quirino era governador da Síria (v. 2). Tais dificuldades poderiam ser resumidas da seguinte maneira, a seguir (quanto a um estudo mais completo v. Marshall, p. 100-4; Fitzmyer, p. 401-5): (1) De acordo com Mateus 2:1, Jesus nascera nos dias do rei Herodes. Visto ser fato consumado que Herodes morreu em 4 a.C., o nascimento de Jesus deve ter ocorrido antes da morte de Herodes (mas não muito antes, de acordo com a idade de Jesus em locas 3:1,23 e de acordo com Mateus 2:15, que dizem que Herodes morreu sendo Jesus muito jovem). O problema é que não existe registro de um recenseamento ordenado por César Augusto nessa época. E difícil imaginar que em nenhuma de todas as histórias antigas não houvesse urna menção sequer a um recenseamento de amplitude global. (2) Contudo, há um registro de um recenseamento feito durante a época em que Quirino era o governador da Síria, mas isso ocorreu em 6 ou 7 d.C., após o exílio do tetrarca Arquelau. Tem-se aventado hipótese deque talvez Quirino fosse o governador da Síria em ocasião anterior, mimas isso não seria solução real, visto que Quintílio Varo fora o governador durante os últimos dois anos da vida de Herodes (6-4 a.C.) e Sêncio Saturnino, nos últimos três anos anteriores (9-6 a.C.).

Não sabemos quem era o governador durante os anos 3 e 2 a.C., mas, visto que esse período seria posterior à morte de Herodes, não temos aí a solução. Tem-se mencionado com freqüência um fragmento de inscrição que demonstra ter sido Quirino o governador da Síria em ocasião anterior (v. Marshall, p. 103), mas tal fragmento não menciona o nome dc Quirino, tampouco aponta taxativamente para um segundo período de governo na Síria.
Além disso, a hipótese de ter sido Quirino uma espécie de governador militar da Síria, ao lado do governador (civil) Saturnino, não passa mie especulação, e teria ocorrido em época muito anterior, não podendo ajudar na solução do problema. (3) Em Atos 5:36,37 Lucas menciona duas pessoas que se diziam “messias”. Ficamos sabendo que um Judas Galileu levantou-se nos dias (lo recenseamento. Certamente essa é uma referência ao recenseamento de Lucas 2:1,2.

Josefo (Guerras 7.253) nos fala de um levante contra o recenseamento e os impostos que se lhe seguiriam, chefiado por esse Judas Galileu, durante o reinado de Quirino. A passagem de Atos tende a confirmar a suspeita de que Lucas 2:2 se refere de fato ao recenseamento feito durante o governo de Quirino cm 6 e 7 d .C., cerca de dez anos após o nascimento de Jesus.
Entretanto, o maior problema com referência a Atos 5:36,37 é a menção de Teudas (v. 36) e a declaração, no v. 37, de que depois desse, levantou-se Judas, o galileu. Segundo Josefo (Anti güidade, 20.97), Teudas chefiou uma revolução quando Fado era o governador (44 d.C.). Se Josefo estiver certo (e nem sempre ele é confiável) e se estiver fazendo menção ao mesmo Teudas mencionado em Atos 5:36 (e nesse caso Josefo e Lucas estão claramente em conflito), pode ser que Lucas esteja laborando em confusão (ou, melhor diríamos, que suas fontes são obscuras e incompletas). Entretanto, visto que em muitos outros casos Lucas demonstra ser muito mais confiável que Josefo, é mais sábio nesse caso deixar suspenso o julgamento.

Existe alguma evidência (Marshall, p. 104) de que, por causa das relações tensas entre Augusto e Herodes, nos últimos anos deste, o imperador romano exigiu que os súditos de Herodes fizessem um juramento de lealdade. Após a morte de Herodes e do período relativamente curto do reinado incompetente de seu filho Arquelau, como tetrarca da Judéia, ordenou-se um recenseamento. Lucas poderia ter considerado todas as seqüências com um só episódio, ou como se tudo houvesse culminado no recenseamento que fora ordenado nos dias em que Quirino era o governador. Além do mais, o uso peculiar que Lucas faz da palavra “primeiro” (protos) pode dar apoio a essa linha de raciocínio.

Como tem sido observado pela maioria dos comentaristas, ouso da palavra “primeiro” aqui é gramaticalmente esquisito. Marshall acredita (p. 104) que talvez Lucas quisesse dizer “antes” (significado legítimo de protos) no sentido de “este recenseamento (antes daquele que )fora feito quando Quirino era governador da “Síria”, num esforço para diferenciar o recenseamento a que 2:1,2 faz referência e o outro, que se conhece melhor, e que foi efetuado em 6 e 7 dc.
Essa solução, entretanto, se complica por causa de uma referência em Atos 5:37 ao recenseamento (e aqui Lucas não deixa implícita nenhuma diferenciação), e por causa da tradução proposta de 2:2 que, assim admitem os estudiosos, dá à palavra protos sentido incomum.

E possível que a conclusão dc Marshall seja a mais judiciosa: “Nenhuma solução está livre de dificuldade, e dificilmente o problema pode ser resolvido sem que haja a descoberta de nova evidência” (p. 104).

2:5 / com Maria, sua esposa: Essa palavra (grega) pode ser traduzida por “noiva”, “comprometida” (NASB), e mesmo “casada”. Dc fato, muitos manuscritos trazem a informação que Maria era “sua esposa”. Ainda que Lucas quisesse dizer que Maria agora estava casada com José, o estado avançado da gravidez ultrapassava o tempo decorrido desde que se haviam casado; a anormalidade teria ficado óbvia a todas as pessoas de Nazaré e seria possível, senão provável, que o casal sofresse críticas ferinas e insultos.

Que isso poderia ter acontecido até nos anos que se seguiram ao nascimento de Jesus podemos verificar nas observações mordazes que encontramos em João 8:41. Quer Maria já estivesse casada com José, quer ainda fosse sua noiva, não é difícil entender as razões por que ela quis acompanhar José, a despeito de estar prestes a dar à luz.

2:7 / enfaixou-o: Compare Sabedoria 7:4: “Eu estava enfaixado, e em minhas fraldas, e cuidaram de mim”; v. também Ezequiel 16:4.

2:9 / e a glória do Senhor: É expressão comum do Antigo Testamento; v. Exodo 16:7.
brilhou: O aparecimento de Deus com freqüência se associa à luz; v. Exodo 24:17.

2:11/hoje: V. Lucas4:2l;5:26; 12:28; 13:32,33; 19:5,9;22:34,61;23:43.


Cristo, o Senhor: Alguns manuscritos trazem “o Cristo do Senhor”, como em Lucas 2:26. Todavia a redação dada pela maioria dos manuscritos, que é a que originou a tradução de NVI, é a original; quanto a uma pesquisa mais profunda dessa expressão, v. Leaney, p. 95-6. “Senhor” nem sempre implica divindade, visto que há ocasiões em que significa simplesmente um pronome de tratamento, como “senhor”. Mas há casos em que “Senhor” é palavra usada em seu sentido absoluto, o que Lucas 2:11 parece fazer, referindo-se à divindade.

2:12/ E isto vos servirá de sinal: Compare-se com Êxodo 3:12; 2 Reis 19:29.

2:13/ uma multidão da milícia celestial: Compare-se com 1 Reis 22:19.

2:14 / Glória a Deus nas maiores alturas: Embora um texto exato equivalente a esse não ocorra no Antigo Testamento, há paralelismos nos livros apócrifos: 1 Esdras 9:8 (“dá glória ao Senhor”); Bar. 2:18 (“dará glória a ti... ó Senhor”).

paz: O Messias deveria trazer a paz; Isaías 52:7; 57:19; Leaney, p. 96. A tradução, entre os homens, a quem ele quer bem é a traducão preferível, em vez daquela baseada na versão do rei Tiago, que se valeu de manuscritos posteriores, cuja tradução é defeituosa: “boa vontade para com os homens”. Há expressões paralelas a essa nos rolos do mar Morto (v. Fitzmyer, p. 411-2).

2:22 / Passados os dias da purificação deles segundo a lei de Moisés: a expressão de Lucas, “deles”, de certo modo é desorientadora, pois, falando de modo estrito, só a mãe é que precisaria de purificação (não o pai, nem o filho). Durante sete dias a mulher estaria imunda e durante outros 33 dias precisaria licar confinada (Levítico 12:2-8; v. Lachs, p. 31).

Jerusalém: O nome dessa cidade histórica aparece nos escritos de Lucas com mais freqüência do que em qualquer outro livro do Novo Testamento. A tradição identificou a cidade com Salém; v. Gênesis 14:18; HBD, p. 463-73.


2:23 / Todo primogênito: Literalmente: “Todo o macho que abre a madre”. Esse versículo é paráfrase de Exodo 13:2. Lucas queria que o leitor entendesse, é lógico, que a dedicação de Jesus transcende as dedicações rotineiras de todos os demais filhos primogênitos judeus.

2:25 / a consolação de Israel: A esperança de Simeão fundamenta-se nas promessas escriturísticas da “restauração do reino a Israel” (Tiede, p. 75; v. [saías 40:1; 49:6; 61:2).

2:29-32 / O cântico Nunc Dimittis, como o Magnificat (1:46-55), e o Benedictus (1:68-79), também traz à memória várias passagens escriturísticas:

2:29 / despedes em paz o teu servo: LXX Gênesis 15:15; cf. Atos 15:33.

2:30,31/porque os meus olhos já viram a tua salvação, a qual preparaste diante de todos os povos: Isaías 40:5 (v. Lucas 3:6); 52:10. Apalavra que Lucas usa para “salvação” (soterion) é relativamente rara no Novo Testamento. Três das quatro ocorrências estão em Lucas/Atos. Tannehill (p. 40-42) observa que Lucas tomou emprestada essa palavra da LXX (como vemos na citação que o evangelista faz de Isaias 40:5), e é provável que desejasse que o leitor entendesse um fato: Simeão era uma das primeiras testemunhas que viriam a salvação de Deus. Tal salvação, graças à obra missionária apostólica, seria pregada por todo o Império Romano.

2:32 /luz para revelação aos gentios: Isaías 42:6: 49:6; 60:1. Isaías 49:6 será citado mais tarde em Atos 13:47; 26:23.

e para glória do teu povo de Israel: LXX Isaías 46:13.

2:34 / tanto para ruína como para levantamento de muitos em Israel: J. T. Sanders (p. 161) crê corretamente que a referência aqui se faz a toda a história de Lucas-Atos. Mas está errado ao pensar que Atos 1—5 reflete o “levantamento” de Israel, e que Atos 6—28 reflete a “ruína” de Israel.
Não só esse autor fez a reversão, sem a menor justificativa, da seqüência da ruína e do levantamento, como ainda é improvável, em primeiro lugar, que Lucas atribua algum sentido temporal,de qualquer tipo, a essas palavras.


E muito possível que Lucas quisesse dizer simplesmente que algumas pessoas cairiam, enquanto outras se ergueriam (v. Schweizer, p. 57), talvez no sentido de uma reversão (v. Tannehill, p. 29; e a seguir, na p. 29, o n’ 37. Tannehill, com referência a Lucas 2:34, refere-se a uma “levantamento dentro de Israel”).

Por implicação, Israel será dividido quanto à forma por que reagirá perante Jesus (v. Atos 28:24,25).

2:36 / uma profetisa chamada Ana: “Ana” é a forma grega do nome hebraico Hannah. Já discutimos a história de Hannah, que deu à luz Samuel, e o criou, história que está registrada em 1 Samuel 1 e 2, e que contribuiu para a narração da infância de Jesus (v. o comentário e as notas sobre 1 :46-55, acima).

E interessante notar que, de acordo com uma tradição judaica, Ana, a mãe deSamuel, era profetisa (b. Megilla 14a; conforme o observou Lachs, p. 32-13).

2:42/doze: Não havia a exigência de as crianças participarem dc atividades
religiosas dos adultos, senão após os 13 anos de idade. Ao mostrar Jesus, que participava de atividades religiosas antes dessa idade, Lucas de novo sublinha a piedade e a retidão da familia sagrada.

Todavia, pode haver algo mais do que isso. Lachs (p. 34) propõe com grande plausibilidade que Locas poderia ter sido influenciado pela tradição segundo a qual Samuel iniciou suas atividades proféticas com a idade de doze anos (v. Josefo, Antiguidade 5.348).

Talvez haja verdade nessa afirmativa, à luz das alusões deliberadas e freqüentes à história do nascimento e educação de Samuel (o v. 40, acima, faz-nos lembrar de 1 Samuel 2:21,26; o Magnficat [Lucas 1:46-55] foi modelado segundo o cântico de agradecimento de Ana, em 1 Samuel 2:1-10). Quanto a uma lista de meninos prodígios de doze anos, v. Schweizer, p. 63.
2:46 / assentado no meio dos mestres: Lendas apócrifas de urna época posterior (e.g., O Evangelho da Infância, de Tomé) falam de Jesus no templo, ou na sinagoga, deixando admirados os mestres da lei, por causa de sua sabedoria profunda e grande conhecimento.


Elaboração pelo:- Evangelista Isaias Silva de Jesus                                                                     Igreja Evangélica Assembléia de Deus Ministério Belém Em Dourados – MS 
                        
Comentário Bíblico Contemporâneo Edição Contemporânea de Almeida





O NASCIMENTO DE CRISTO



O NASCIMENTO DE CRISTO

TEXTO ÁUREO = “Portanto o Senhor mesmo vos dará um sinal: Eis que a virgem conceberá, e dará à luz um filho, e lhe chamará Emanuel” (Is 7.14).

VERDADE PRÁTICA = A doutrina do nascimento virginal de Cristo é um dos pilares da nossa fé, claramente, exarados na Palavra de Deus.

LEITURA EM CLASSE = MATEUS 1.18-25

INTRODUÇÃO

A data do nascimento de Jesus é desconhecida, e nada tem a ver com o início de sua existência como o Verbo de Deus, e, sim, com a sua encarnação, a fim de cumprir a obra redentora da humanidade.

I. A PREEXISTÊNCIA DE CRISTO

São numerosos os textos bíblicos que falam da existência de Cristo, desde a eternidade, antes do seu nascimento em Belém de Judá.

1. Existia com o Pai, na Criação. “No princípio era o verbo, e o verbo estava com Deus, e o verbo era Deus. Ele estava no princípio com Deus. Todas as coisas foram feitas por ele, e sem ele nada do que foi feito se fez” (Jo 1.1-3). O autor da Epístola aos Hebreus aplica as palavras d Salmo 102.25, ao Filho: “No princípio, Senhor, lançaste OS fundamentos da terra, e os céus são obras das tuas mãos; eles perecerão; tu, porém, permaneces...” (Hb 1.10 - ARA).

2. Existia na glória, antes que houvesse mundo. Isto é revelado pelo próprio Cristo em sua oração sacerdotal: “E agora, glorifiCa-me ó Pai, contigo mesmo, com a glória que eu tive junto de ti, antes que houvesse mundo” ( Jo 17.5 - ARA).

3. Designado Salvador, desde os tempos eternos. É o que afirma o apóstolo Paulo: “Conforme a sua própria determinação e graça que nos foi dada em Cristo Jesus antes dos tempos eternos” (2 Tm 1.9). Pedro ensina: “Fostes resgatados da vossa vã maneira de viver.., com o precioso sangue de Cristo..., conhecido, ainda antes da fundação do mundo” (1 Pe 1.18-20).

4. Cristo existia antes de Abraão. Pela fé, Abraão o contemplou, representado pelo cordeiro que substituiu Isaque no monte Moriá (Gn 22.10-13). Quando Jesus disse aos judeus: “Vosso pai Abraão alegrou-se por ver o meu dia, viu-o e regozijou-Se. perguntaram-lhe pois, os judeus: Ainda não tens cinqüenta anos, e viste a Abraão? Respondeu-lhes Jesus: Em verdade, em verdade eu vos digo: Antes que Abraão existisse, eu sou”  ( Jo 8.56-5 8). O Verbo Divino existia antes da fundação do mundo (Jo 1.1).

5. Cristo, o Cordeiro Pascoal. Depois de vários milagres, diversas pragas e muitas promessas de Faraó, o povo israelita ainda continuava escravo. Quando, porém, o cordeiro pascoal foi imolado e seu sangue aspergido nas umbreiras e vergas das portas, Israel saiu do Egito. 

Isto fala de Cristo que já existia, designado por Deus, para encarnar-Se no ventre da virgem, a fim de proporcionar a libertação dos escravos do pecado. Esta é a interpretação de Paulo, ao escrever: “Cristo, nossa páscoa, foi sacrificado por nós” (1 Co 5.7).

6. Cristo no Éxodo. Custo é o centro das atenções e de todas as revelações de Deus. Na libertação de Israel e na peregrinação pelo deserto, Ele estava presente. Quando o povo teve sede, o Senhor disse: “Eis que estarei ali diante de ti sobre a rocha em Horebe; ferirás a rocha, e dela sairá água, e o povo beberá” (Ex 17.6). Na expressão: “Estarei ali diante de ti sobre a rocha”, aparece o Cristo, a Fonte da Água Viva. Paulo explica este fenômeno, ao afirmar: “E beberam da mesma fonte espiritual; porque bebiam de uma pedra espiritual que os seguia. E a pedra era Cristo” (1 Co 10.4).

7. Cristo, revelado no Antigo Testamento. Além dos numerosos tipos relacionados a sua pessoa, existem claras revelações atinentes a sua vinda: a concepção (Is 7.14); o lugar onde nasceria (Mq 5.2); o seu ministério (Dt 18.15); o seu sacerdócio (1 Sm 2.35,3 6); a sua morte (Si 22; Is 53); a sua ressurreição (Si 16.10); e o seu reinado (Jr 23.5,6).

II. CRISTO, DIVINO E HUMANO

Só mediante o nascimento virginal, Ele seria, ao mesmo tempo, divino e humano.

1. A virgem dará à luz um filho. Tanto Mateus como Lucas concordam que Jesus foi concebido pelo Espírito Santo (Mt 1.18; Lc 1.34) e nasceu de uma virgem. A doutrina da encarnação de Jesus, durante anos, enfrenta várias oposições dos teólogos liberais. Entretanto, é inegável o cumprimento do que Deus determinou mais oumenos700 anos antes do nascimento de Cristo, através do profeta Isaías.

2. A importância da encarnação de Cristo. Para ser qualificado como Redentor que pagaria o preço dos nossos pecados e trazer-nos-ia a salvação, era necessário que Jesus fosse totalmente humano, mas, sem pecado, e plenamente divino (Hb 7.25,26). Cristo satisfez estes requisitos:

a. Nasceu de uma mulher (Lc 2.6,7);

b. Concebido pelo Espírito Santo (Mt 1.20);

c. Filho de Deus (Jo 3.16).

Como resultado, sua concepção não foi natural e, sim, sobrenatural. O anjo disse a Maria: “Descerá sobre ri o Espírito Santo e o poder do Altíssimo te envolverá com a sua sombra; por isso também o ente santo que há de nascer, será chamado Filho de Deus” (Lc 1.35).

3. Cristo, divino e humano. Jesus viveu e sofreu como pessoa humana, e compadeceu-se dos fracos (Hb 4.15); como Filho de Deus, Ele tem poder para libertar-nos do domínio do pecado e do poder de Satanás (At 26.18; Hb 2.14-16). Divino e humano, foi qualificado para servir de sacrifício pelos pecados de todos os homens, e, como sumo sacerdote, para interceder pelos que se aproximam de Deus(Hb7.24-28; 10.9-12).

III. A DIVINDADE DE CRISTO

Cristo tornou-se humano, mas não deixou de ser divino. A sua deidade é claramente revelada no Novo Testamento. Paulo escreve: “Aprouve a Deus que nele residisse toda a plenitude”; “porquanto nele [em Cristo] habita corporalmente toda a plenitude da Divindade” (Cl 1.19; 2.9).

1. Nomes divinos de Cristo:

a. Deus - De eternidade a eternidade Jesus é Deus” (Hb 1.8,9). Tomé convertido, confessou: “Senhor meu, e Deus meu” (Jo 20.28);

b. Senhor - Ananias disse a Saulo: “O Senhor me enviou, a saber, o próprio Jesus que te apareceu no caminho por onde vinhas” (At9.17). A expressão Senhor Jesus aparece muitas vezes no Novo Testamento.

c. Filho de Deus - Por ocasião do batismo de Jesus, foi ouvida a voz do Pai: “Tu és meu Filho amado, em ti me comprazo”; e, Pedro, inspirado pelo Espírito Santo, disse a Jesus: “Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo” (Lc 3.22; Mt 16.16).

2. Atributos divinos conferidos a Cristo:

a. Eternidade. Em relação a Jesus, lemos: “Tu, porém, és o mesmo e os teus anos jamais terão fim” (Hb 1.12). “Não tendo princípio de dias, nem fim de vida” (Hb 7.3).

b. Onipotência. Cristo, após ressuscitar dos mortos, disse: “É-me dado todo o poder no céu e na terra” (Mt 28.18). Ele é “o soberano dos reis da terra”; “Rei dos reis e Senhor dos senhores” (Ap 1.5; 19.16).

c. Onisciência. É uma qualidade que só pertence a Deus. Pedro declarou: “Senhor, tu sabes todas as coisas...”(Jo2l.l 7).

d. Onipresença. Antes de sua ressurreição, Jesus estava sujeito às limitações do corpo humano, impossibilitado de estar presente em mais de um lugar ao mesmo tempo (veja Jo 11.6-15, 21-32). No entanto, antes de sua ascensão, Ele disse: “Eis que estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos” (Mt 28.20b). Esta declaração de Cristo é corroborada pela experiência de milhões de cristãos espalhados por todo o mundo, que são ajudados pelo amado Salvador.

3. Adoração prestada a Cristo. Jesus exerceu o seu ministério entre as “ovelhas” da casa de Israel. Os seus primeiros discípulos eram judeus e o adoravam, como prova de que reconheciam a sua divindade, pois eles, desde o cativeiro em Babilônia, curados da idolatria, reverenciavam somente a Deus, conforme instrução de Moisés (Dt 6.4).

“E todos os anjos de Deus o adorem” (Hb 1.6). O próprio Jesus perguntou ao cego de nascença a quem restaurara a vista: “Crês tu no filho do homem?” A resposta foi: “Creio, Senhor; e o adorou” (Jo 9.35-38). Outras passagens: o leproso purificado (Mt 8.2); Jairo (Mt9.18-25) a mulher Cananéia (Mt 15.25); todos esses o adoraram, porque reconheceram a sua divindade.

IV. OBRAS DIVINAS ATRIBUÍDAS A CRISTO

Jesus disse: “Tudo o que este [o Pai fizer, o Filho também semelhantemente o faz” (Jo 5.19).

1. Criador. No tocante a Cristo, Paulo disse: “Pois nele foram criadas todas as coisas, nos céus e sobre a terra, as visíveis e as invisíveis, seiam tronos, sejam soberanias, quer principados, quer potestades. Tudo foi criado por meio dele e para ele” (Cl 1.16).

2. Sustentador de todas as coisas. Em Hebreus 1.3, lemos: “Ele, que é o resplendor da glória e a expressão exata do seu Ser, Sustentando todas as coisas pela palavra do seu poder..,”. A mais, diz Paulo: “Ele é antes de todas as coisas. Nele tudo subsiste” (Cl 1.17). 3. Cristo perdoa pecados. Quando Jesus disse ao paralítico: “Perdoados estão os teus pecados”, os escribas retrucaram: “Quem pode perdoar pecados, senão Deus?” (Mc 2.5-7). À mulher pecadora, arrependida, chorava aos pés do Mestre, Ele disse: “Perdoados são os teus peca- dos”, e acrescentou: “A tua fé te salvou; vai-te em paz” (Lc 7.48-50). Se Cristo tem poder para perdoar pecados, é Deus!

4. Cristo ressuscitou dos mortos. Jesus disse: “Pois assim como o Pai ressuscita e vivifica os mortos, assim também o Filho vivifica aqueles a quem quer” (Jo 5.21). Disse mais: “Eu sou a ressurreição é a vida. Quem crê em mim, ainda que morra, viverá” (Jo 11.25). Isto ficou provado, quando Ele ressuscitou a filha de Jairo (Mc 5.41,42), o filho da viúva de Naim (Lc 7: 14-15) e a Lazaro no quarto dia de morto (Jo 11.43,44). Mas Jesus tem poder não apenas para ressuscitar em casos como estes. Quanto ao que crê no seu nome, Ele disse: “...eu o ressuscitarei no último dia” (Jo 6.40).

5. Cristo proclama a sua divindade. Ele nunca procurou glória para si mesmo, mas não negava a sua divindade, quando isto era requerido dele. Quando o sumo sacerdote o interrogou: “És tu o Cristo, o Filho do Deus bendito? Jesus respondeu: Eu sou, e vereis o Filho do homem assentado à direita do Todo-poderoso, e vindo com as nuvens do céu” (Mc 14.61,62). Em João 10.30, Jesus afirma: “Eu e o pai somos um”. Assegurou que não blasfemava, ao dizer: “Sou Filho de Deus” (Jo 10.36). Estas são provas irrefutáveis da divindade de Cristo.


Elaboração pelo:- Evangelista Isaias Silva de Jesus
Igreja Evangélica Assembléia de Deus Ministério Belém Em Dourados – MS
Lições bíblicas CPAD 1994