31 de janeiro de 2010

O Ministério de Reconciliação – parte 1

O Ministério de Reconciliação – parte 1

1 - INTRODUÇÃO

Já estudamos em 2 Coríntios 1—4, o exemplo que Paulo nos dá como ministro eficaz do Evangelho que é a Nova Aliança. As palavras que ele oferece aos coríntios continuam ministrando-nos consolação, luz e glória. Agora, nos capítulos 5—7, contemplaremos mais um aspecto do ministério — o nosso ministério de reconciliação.

Em termos teológicos, 2 Coríntios 5.17-21 é um dos trechos mais significativos das epístolas paulinas. Paulo toca nos temas de regeneração, redenção, perdão, evangelismo e justificação. E percorrendo toda a passagem, a grande verdade da reconciliação baseada na expiação de Cristo.

Quando duas pessoas inimigas (que foram separadas por alguma disputa violenta) fazem as pazes e tornam-se novamente amigas, acontece o que chamamos de reconciliação. Veja como isso se dá no caso de Deus e dos seres humanos. O homem, criado por Deus e habitando um mundo criado por Ele, rebelou-se contra o seu Criador. Tornou-se, assim, escravo de Satanás e do pecado, tendo agora uma natureza pecaminosa e rebelde que o destrói e o impede de submeter-se ao governo de Deus. Ele é, efetivamente, um inimigo de Deus.

Deus odeia o pecado, mas ama o pecador. Sendo assim, iniciou as negociações visando à paz definitiva. A justiça exige o castigo pelos pecados. A reconciliação só se tornaria possível se os pecadores abandonassem a sua rebelião. Por isso, Deus mandou seu Filho, o Príncipe da Paz, para pagar a “multa” (receber o castigo) do nosso pecado e possibilitou a reconciliação do mundo com o seu Criador. Agora, Deus nos nomeia embaixadores de Cristo; persuadimos as pessoas a aceitarem os termos propostos por Deus e ficarem em paz com Ele. Nisso consiste o importante ministério da reconciliação.

II - A DOUTRINA DA RECONCILIAÇÃO (5.1-10)

Já vimos como Jesus Cristo, o “Segundo Adão”, veio restaurar para a humanidade tudo aquilo que o primeiro Adão perdeu. Uma parte essencial dessa perda foi a paz com Deus, ou seja, a comunhão com Ele. A podridão e morte física iniciaram seus processos na terra e nas vidas humanas, quando o homem se rebelou contra Deus, a fonte de toda a vida e perfeição. Mas um dos benefícios da restauração da comunhão com Deus é a vitória final sobre a morte.

A reconciliação com Deus subentende a nossa aceitação do plano dEle para as nossas vidas, o qual remonta à criação do mundo. Pode incluir trabalho e sofrimento agora (como vimos no capítulo 4), mas vemos ali adiante um eterno galardão de glória, delineado em 1 Coríntios 15.35-58.

Em 2 Coríntios 5.1-10, vemos que o nosso espírito vive em uma morada, que é o nosso corpo. Vemos nesses versículos que, após a morte, o espírito do indivíduo reconciliado receberá uma morada diferente. Qual a diferença entre as moradas terrestre e celestial? Em primeiro lugar, notamos que Paulo chama o nosso corpo físico de “tabernáculo” (“tenda”), como também Pedro (2 Pe 1.13). Nosso corpo celestial, por outro lado, é chamado “edifício, casa não feita por mãos, eterna, nos céus”. Seu espírito viverá na sua nova morada, bem como agora habita no seu corpo físico. Da mesma forma, uma casa sólida, feita de tijolos ou pedras, é superior a uma tenda de lona, também nosso corpo espiritual (nossa morada celestial) será muito superior ao nosso corpo atual! (releia a seção “Um corpo perfeito” no capítulo 10).

Veja bem as palavras de Paulo em 5.3,4: “... Estando vestidos, não formos achados nus... não porque queremos ser despidos...” O espírito humano precisa de um corpo para desenvolver alguma interação com o seu ambiente e realizar as suas funções. Deus fez o corpo de Adão antes de soprar-lhe o fôlego (espírito) da vida (Gn 2.7). Ao morrermos, o nosso espírito e alma irão imediatamente à presença do Senhor (5.8). Mas o Senhor tem trabalho para nós ao se estabelecer o seu Reino na terra. Teremos que funcionar simultaneamente no mundo espiritual, habitado por Deus e seus anjos, e aqui na terra. Por isso, quando Jesus voltar para levar a sua igreja, os mortos em Cristo e aqueles que ainda estiverem vivos receberão corpos glorificados (1 Ts 4.13-18). O espírito, antes “vestido” nessa tenda terrestre, vestirá sua “morada celestial”. E uma das bênçãos que Deus tem preparado para aqueles que o amam (1 Co 2.9).

Em 2 Coríntios 5.5 temos um bom resumo: Deus nos criou para “habitarmos com o Senhor”. Jesus prometeu preparar um lugar para nós. Ele diz: “Virei outra vez e vos levarei para mim mesmo, para que, onde eu estiver, estejais vós também” (Jo 14.3). Mas os seres humanos, finitos e decaídos, habitam um corpo que é mortal e perecível; por isso, não podem morar na presença de um Cristo imaculado, infinito e glorificado. O homem precisa ser transformado. Essa mudança se inicia na hora da sua conversão, pois ele nasce de novo em termos espirituais e morais. Quando se der o arrebatamento da Igreja, ele recebera seu corpo celestial. A reconciliação já preparou seu espírito e a glorificação preparou seu corpo, “e então estaremos para sempre com o Senhor” (1 Ts 4.17).

O fato de que o Espírito Santo habita agora em nós, crentes, é uma garantia de que o nosso espírito habitará finalmente um novo corpo nossa morada celestial (2 Co 5.5). Por enquanto, “andamos por fé e não por vista” (5.7).

Primeiramente, porém, teremos que comparecer “ante o tribunal de Cristo” (2 Co 5.10), onde nossas obras serão julgadas (e não as nossas almas). Receberemos um galardão conforme essas obras. Faça uma rápida revisão desse assunto na lição 3 e releia 1 Coríntios 3.11-15.

1. A motivação dos reconciliados

Efésios 2.8-10 constitui um texto-chave das epístolas paulinas. Somos salvos pela graça mediante a fé e não pelas obras (8,9). O versículo 10, porém, acrescenta que somos “criados em Cristo Jesus para as boas obras”. Em outras palavras, não somos salvos por nossas obras, mas praticamos boas obras porque somos salvos.

Durante quase vinte séculos da Era Cristã, pouquíssimas pessoas têm trabalhado tanto e sacrificado tantas coisas por amor a Deus e ao seu Reino como o apóstolo Paulo. Que força o teria motivado? Medo? Ambição? Fama? Desejo de poder? As primeiras palavras de 2 Coríntios 5.14 nos dão a resposta: “Pois o amor de Cristo nos constrange”.

A idéia central dos versículos 11-13 é a preocupação e amor que Paulo sente pelos crentes em Corinto. Os falsos apóstolos (2 Co 11.13) questionavam os motivos de Paulo e seu ministério em Corinto. Por isso, ele lembra aos coríntios seus bondosos esforços em beneficio deles, abrindo-lhes o coração (6.3-10), descrevendo-lhes os sofrimentos, açoites, labores, fome e noites passadas em claro por amor aos coríntios. Paulo padeceu muito para compartilhar as Boas Novas de Cristo com os não-evangelizados. O amor de Cristo o constrangia.

A maioria jamais experimentará o que Paulo passou e nem atingirá o seu amor total, seu zelo consumidor e seu intenso sofrimento por Cristo e pelo Evangelho. Mas é possível que uns poucos se aflijam, ou tenham sido atormentados ainda mais que ele. Seja como for, uma vez que Cristo morreu por todos: “Os que vivem não vivem mais para si mesmo, mas para aquele que por eles morreu e ressuscitou” (5.15). Na salvação morremos com Cristo e ressuscitamos com Ele (Rm 6.5). Agora vivemos por Ele, e devemos viver também para Ele.

A reconciliação com Deus traz amor às nossas vidas. Em determinada altura, antes da sua conversão, Paulo contemplava Jesus Cristo de uma perspectiva mundana, sem reconhecer a sua divindade e o propósito da sua vida e morte.

Mas após se encontrar com o Cristo glorificado no caminho de Damasco, houve uma radical transformação na vida dele! De repente, Paulo viu Cristo por outro prisma e logo se entregou a Ele como Senhor da sua vida. O antigo inimigo de Cristo tornou-se o mais entusiasta embaixador dEle; o antigo perseguidor da Igreja converteu-se no seu principal propagador. Uma vez foi motivado por seu ódio à igreja e seu zelo à Lei, mas agora Paulo estava disposto a morrer pela igreja por causa do seu grande amor por ela, e pregava por toda a parte a liberdade em Cristo.

À semelhança de Paulo, também podemos afirmar: “Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é: as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo” (5.17). Não mais contemplamos Jesus por um prisma mundano. Nascidos de novo, ganhamos não somente o perdão dos nossos pecados, mas uma nova motivação para nossa vida, no encontro com Ele. O amor de Cristo nos constrange: por isso não podemos, nem devemos mais viver só para nós mesmos. Deus chama “Ouro, prata, pedras preciosas” ao cristão que se dedica ao bem-estar de outros, em vez dos interesses egoístas. São essas as obras que sobreviverão à prova de fogo (1 Co 3.12-15).

2. A base da reconciliação

Quando duas nações, famílias ou pessoas tornam-se inimigas, geralmente brigam de qualquer forma. A inimizade só cessa quando se lavra algum tratado de paz, aceito por ambas as partes. Pode ser um tratado muito favorável para o lado “forte” e bastante prejudicial para o lado “fraco” que tem que assiná-lo ou ser destruído por ele. Ou pode ser um tipo de convênio mutuamente beneficente. Em todo caso, a reconciliação põe fim à luta e, por sua vez, baseia-se em alguma condição uma promessa solene, o reconhecimento de certos direitos, talvez o pagamento de uma importância em dinheiro ou a entrega de algum território.

Vejamos agora a reconciliação entre Deus e os seres humanos. Uma das grandes verdades ensinadas nas epístolas paulinas é a apresentação de Cristo como o grande reconciliador o mediador entre Deus e o homem (1 Tm 2.3-7). Deus Pai não podia concordar com a escolha humana de levar uma vida pecaminosa. Ele não podia fazer as pazes com um mundo que rejeitava a sua autoridade e o seu plano traçado para o futuro deles. Deus não podia reconciliar-se com um mundo amaldiçoado pelo pecado, mas amou esse mundo de tal maneira que elaborou uma estratégia de reconciliação.

O rebelde só pode ser reconciliado com Deus pela morte de Cristo no Calvário em lugar dele. Deus pagou a pena do pecado humano e estipulou os termos da paz, isto é, todos aqueles que rejeitarem o pecado e aceitarem a Jesus como seu Salvador serão libertos do pecado e se tornarão filhos de Deus! “E por ele credes em Deus, que o ressuscitou dos mortos e lhe deu glória, para que a vossa fé e esperança estivessem em Deus” (1 Pe 1.21).

Por meio da ressurreição, Deus mostrou seu agrado e sua aceitação do sacrifício (morte) de Cristo, como pagamento total dos nossos pecados. Agora nos aproximamos dEle como pecadores, mas somos reconciliados com Deus. “Nisso está a caridade: não em que tenhamos amado a Deus, mas em que Ele nos amou e enviou o seu Filho para propiciação pelos nossos pecados” (1 J0 4.10).

Paulo diz em Tito 2.11: “Porque a graça de Deus se há manifestado, trazendo salvação a todos os homens”. Se assim for, por que nem todos os seres humanos são salvos? Porque a reconciliação é bilateral. Compete ao homem crer, isto é, não somente reconhecer que Deus existe e que Ele é amor, mas aceitar os termos de reconciliação estipulados por Deus. Deve entregar sua vida ao Salvador que morreu por ele, crendo no seu coração que

Cristo o salva plenamente do castigo e poder do pecado. Veja João 3.14-16 e Atos 16.31. Paulo pergunta ainda: “Como crerão naquele de quem nada ouviram? (Rm 10.14). E por isso que percebemos bem a responsabilidade dos reconciliados. Somos chamados para ser embaixadores de Cristo, levando a mensagem da reconciliação pelo mundo inteiro em cada geração. (Leia agora Romanos 10.8-15).

3. O lado pragmático da reconciliação

3.1. O preço de reconciliar o homem com Deus

Nos últimos versículos do capítulo 5, lemos que Deus nos tem dado o ministério da reconciliação e que, portanto, somos seus embaixadores. Ora, raramente os embaixadores de Cristo chegam a ser honrados como aqueles do mundo diplomático. Nos primeiros séculos da Era Cristã, milhares de líderes da igreja e outros crentes foram martirizados pela causa de Cristo. Parece que só um dos doze apóstolos (João) morreu de morte natural; os outros morreram como mártires. Pedro foi crucificado e Paulo degolado.

Vimos no capítulo 12 que o sofrimento muitas vezes produz bênçãos, não somente para quem sofre mas também para os outros. Será que Deus permite a perseguição para estimular o crescimento e amadurecimento da sua igreja? A história parece ensinar-nos que é assim. Costumamos até dizer: “O sangue dos mártires é a semente da Igreja”. Mas cada moeda tem duas faces:

Em nossos dias, algumas religiões e governos opressivos estão limitando severamente o crescimento das igrejas.

Seja como for, a lembrança da experiência dos crentes neotestamentários nos ajudará a entender o princípio fundamental de que a perda leva ao aumento, a morte à vida, e o sofrimento à bênção.

Os primeiros capítulos de Atos falam de opressão, prisões, apóstolos açoitados e o martírio de Estevão. Depois disso, Paulo foi ameaçado, açoitado, preso e apedrejado. Ele padeceu fome, sede, sofreu devido à falta de abrigo, às dificuldades, aos naufrágios e passou por muitos outros perigos no decorrer de suas viagens evangelísticas. Os outros apóstolos e muitos outros obreiros também enfrentaram perseguições.

III - CRESCIMENTO DE UMA IGREJA PERSEGUIDA NO LIVRO DE ATOS

Durante os primeiros 25 anos após a ressurreição de Jesus, cerca de cem mil pessoas em três continentes se converteram a Jesus. Parece ter havido alguma relação entre o índice de sofrimento e perseguição e o crescimento da Igreja.

Até em nossos dias, evidencia-se um fenômeno semelhante. Em certo país da América do Sul, por exemplo, recentemente, os crentes em Cristo foram ferozmente perseguidos e houve muitos mártires. Agora, a Igreja naquele país está crescendo rapidamente.

Releia 2 Coríntios 6.4-10; 11.23-29. Você verá que Paulo escreve sobre três tipos de sofrimentos angústia mental (dificuldades, desonra, perigos e preocupações pelas igrejas), dor física imposta por outros (açoites, prisões), privações e desconfortos aceitos voluntariamente (trabalho duro, fome, insônias e viagens difíceis).

Muitos obreiros de Deus hoje em dia se dispõem voluntariamente a aceitar uma vida de dificuldades para reconciliar os seus semelhantes com Deus.

Conheço pessoalmente crentes brasileiros que caminham muitos quilômetros a pé pela chuva e lama, para celebrarem cultos evangelísticos. Nesse país, onde trabalho há mais de 25 anos, muitos alunos de instituto bíblico se levantam antes das seis horas, trabalham o dia inteiro, assistem às aulas de três a cinco noites por semana e voltam para casa à meia-noite. Quase todas as igrejas pentecostais têm vigília de vez em quando, sendo comum um período de jejum e oração. As igrejas pentecostais do Brasil estão cheias, não somente de crentes, mas também de pecadores em busca da paz com Deus. Muitas pessoas se convertem nos cultos da semana e ao ar livre. A rede evangélica continua se enchendo, e se o índice atual de conversões se mantiver durante a década de 1990, mais de um milhão de pessoas por ano se converterão a Cristo no Brasil.

Jesus sofreu perseguições por ter praticado o bem. Como seguidores dEle, devemos estar dispostos a carregar a nossa cruz também sofrendo perseguições ou sacrificando voluntariamente nosso tempo, dinheiro e conforto físico para implorarmos aos nossos semelhantes: “Reconciliai-vos com Deus!” Paulo, apesar dos seus sofrimentos pelo Evangelho, foi vitorioso no poder de Deus e como seu colaborador (6.1,7). Ele plantou igrejas em dois continentes e atingiu multidões em nome de Cristo. Temos à disposição os mesmos recursos para a realização da nossa missão.

2. A conduta dos reconciliados

Em 1 Coríntios, já vimos como Paulo apela para os crentes viverem em santidade na base da sua relação com Deus.

Veja a freqüência com que ele especifica as relações entre Deus e o homem como base de conduta. Estude o quadro acima, buscando as referências bíblicas.

Após o apelo pessoal de Paulo aos seus “filhos” em Corinto, ele oferece um sermão bem compacto acerca da santificação em 2 Coríntios 6.14—7.1. Santificar significa “tornar santo, separar de outros usos, consagrar ao uso de Deus”.

Paulo já mandara aos coríntios que se afastassem de pessoas imorais, especialmente qualquer hipócrita que se chamasse irmão. enquanto vivesse na imoralidade ou na bebedeira (1 Co 5.9- 11). Esse trecho e 2 Coríntios 2.14-18 não significam que devemos agastar-nos de todo contato com descrentes. Jesus foi amigo de pecadores e os conduziu ao seu Pai. Ele não orou para que pudéssemos ser tirados do mundo, mas que fossemos guardados do mal (Jo 17.13-19). Satanás adora aproveitar as relações entre crentes e os descrentes para afastar os fiéis do seu Deus. Precisamos da proteção divina.

Algumas dessas relações, se previamente estabelecidas, não devem romper-se, como vimos no caso do crente casado com descrente. Muitos jovens crentes têm país e irmãos incrédulos, e muitos pais cristãos têm filhos descrentes. Devemos externar o nosso amor por nossos parentes e amigos descrentes, mas não podemos participar simultaneamente de suas atividades pecaminosas e da comunhão com nosso Deus. Por isso não devemos comprometer-nos intimamente com incrédulos.

Deus nos manda: “Não vos prendais a um jugo desigual com os infiéis” (2 Co 6.14). Um jugo, ou canga, obriga os animais emparelhados a andarem juntos com passo igual e colaborarem em tudo. Imagine a frustração e atrito de ficar emparelhado com alguém que queira seguir princípios ímpios, enquanto você tenta seguir a Cristo!

Pode ser questão de matrimônio, sociedade comercial ou intimidade social. A formação de laços estreitos com pessoas não cristãs, quase sempre prejudica o testemunho do crente e enfraquece a sua experiência cristã. A maior perda, porém, seria estranhar a presença de Deus e virar as costas a Ele. E por isso que Paulo, citando Isaías 52.11, urge: “Pelo que saí do meio deles, e apartai-vos, diz o Senhor” (6.17). E um bom conselho para nós também!

Paulo encerra seu sermão de santidade (7.1) com uma exortação dupla. A primeira parte é negativa, referindo-se ao que não devemos fazer. A segunda, positiva, refere-se àquilo que devemos fazer levar uma vida santa por causa da vossa reverência para com Deus.

3. Reconciliação na Igreja

Comecemos com 2 Coríntios 7.7: “As vossas saudades, o vosso choro, o vosso zelo por mim”. Parece que os coríntios magoaram o apóstolo Paulo de qualquer maneira, e agora desejavam sarar a ferida. Na carta referida em 2.4, Paulo lhes escrevera de forma bem dura, repreendendo a falta de disciplina do irmão pecador que tinha ofendido a igreja inteira. A prova de que aquela carta surtiu efeito é dada nas palavras: “Basta ao tal essa repreensão feita por muitos” (2.5,6).

Já comentamos as emoções contrastantes de Paulo em 7.2-16. E óbvio que os coríntios tinham aberto seu coração ao apóstolo. Paulo lhes corresponde com um transbordar de alegria no trecho sob exame. E em Corinto, a tristeza provocada pelo problema conduzira ao arrependimento, resultando na tomada das providências necessárias para a solução do problema e na restauração de comunhão entre os membros.

De uma certa maneira, a reconciliação entre Paulo e os coríntios exemplifica a grande reconciliação entre Deus e os seres humanos. Paulo, que sofrera o insulto, iniciou a tentativa de reconciliação: mandou por seu colega Tito, uma carta expressando seu amor por sua preocupação, pela lamentável situação existente e seu desejo de que respondessem com autêntica confiança e amor. Deus mandou seu Filho, o verbo feito carne, para nos mostrar a verdadeira condição das nossas vidas e o imenso amor do Pai para conosco. Ele não é nosso inimigo, mas apela em favor da reconciliação, possibilitada pela morte de Cristo, nosso Redentor. Agora, uma autêntica e profunda tristeza por nosso pecado, nossa inimizade para com Deus, leva-nos ao arrependimento. Aceitamos os termos de reconciliação determinados pelo Pai e encontramos uma verdadeira alegria na paz com Deus. Houve muito júbilo quando Paulo soube, pela comunicação de Tito, que os coríntios tinham se arrependido dos seus erros. Semelhantemente, há grande gozo no céu quando um pecador se arrepende e se entrega nas mãos de Deus (Lc 15.10).

Impressiona-me, nesse trecho bíblico, a importância da comunicação no episódio referido e em nosso ministério de reconciliação:

1. A visita difícil de Paulo — possivelmente comunicação defeituosa (2.1).

2. Uma carta que conduziu a tristeza e ao arrependimento — boa comunicação (7.8).

3. A visita de Tito, embaixador da boa vontade — ótima comunicação (7.7).

4. A busca inútil em Troas (Paulo não encontra Tito) — nenhuma comunicação (2.12,13).

5. Tito traz boas notícias de Corinto — ótima comunicação (7.6,7).

6. Paulo escreve uma carta amável, confirmando sua confiança e perdão com relação aos coríntios --- ótima comunicação (2 Co).

Que exemplo para nós! Se Paulo não tivesse persistido na sua comunicação, talvez nem houvesse produzido a desejada reconciliação. Estamos dispostos a ser igualmente persistentes e longânimos no nosso próprio ministério de reconciliação entre familiares, amigos e membros da igreja? Recebemos a bênção que Jesus prometeu aos pacificadores? Que possamos realizar um ministério bem frutífero e abençoado.

Elaboração pelo:- Evangelista Isaias Silva de Jesus (auxiliar)

Igreja Evangélica Assembléia de Deus Ministério Belém Em Dourados – MS

Comentário Bíblico 1 e 2 Coríntios Thomas Reginald Hoover

O que a Bíblia diz sobre a reconciliação?

O que a Bíblia diz sobre a reconciliação?

A reconciliação pode transformar relações pessoais que tenham sido quebradas e já não têm cura. É a mensagem central do evangelho. A reconciliação acaba com relações pessoais quebradas.

É importante examinarmos cuidadosamente o que a Bíblia diz sobre a reconciliação. Vamos examinar alguns princípios bíblicos, a fim de nos ajudar a pensar sobre os motivos pelos quais os cristãos deveriam se envolver no incentivo à reconciliação. Estes princípios também podem ser compartilhados com os cristãos afetados pelo conflito, de forma que eles possam ser piedosos em suas atitudes e ações durante ou após o conflito.

Primeiro aspecto: Reconciliação com Deus

Nosso modelo para a reconciliação é a reconciliação com Deus através de Jesus Cristo.O primeiro capítulo do Gênesis fala sobre a criação de Deus. Deus criou os céus e a terra. Deus viu que o que estava criando era “bom”. Ele, então, criou o homem e a mulher e os declarou “muito bons”. Adão e Eva viviam na terra de Deus sob a benção de Deus. As pessoas tinham shalom (paz) com Deus, umas com as outras e com o meio ambiente. Entretanto, em Gênesis 3, nos é dito que a criação de Deus foi danificada pelo pecado. O shalom do jardim do Éden foi destruído. As relações das pessoas com Deus foram rompidas. Isto resultou no rompimento das relações entre as pessoas e entre as pessoas e o meio ambiente.


O resto da Bíblia é um relato do plano de Deus para restaurar Sua criação – trazer sua criação de volta para a relação certa com Ele. Isaías cap. 9 profetiza a vinda de Jesus. O versículo 6 descreve-o como o “Príncipe da Paz”. No Novo Testamento a paz vem através da morte de Jesus na cruz.


Colossenses 1:19-20 diz : “Porque foi do agrado do Pai que toda a plenitude nele em Cristo] habitasse e que, havendo por ele feito a paz pelo sangue da sua cruz, por meio dele reconciliasse consigo mesmo todas as coisas, tanto as que estão na terra como as que estão nos céus”.

Segundo aspecto: Reconciliação com os outros

Os cristãos devem comprometer-se com a reconciliação das pessoas com Deus. Paulo diz que Deus nos deu a todos o ministério da reconciliação. Ele nos chama de “embaixadores de Cristo” para compartilharmos a mensagem de reconciliação com os outros.

Este é o nosso chamado para testemunharmos para os que ainda não estão reconciliados com Deus através da cruz.

2 Coríntios 5:18-20 diz: “Mas todas as coisas provêm de Deus, que nos reconciliou consigo mesmo por Cristo, e nos confiou o ministério da reconciliação; pois que Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não imputando aos homens as suas transgressões; e nos confiou a palavra da reconciliação. De sorte que somos embaixadores em nome de Cristo, como se Deus exortasse por nosso intermédio. Em nome de Cristo, pois rogamos que vos reconcilieis com Deus”.

Relacionamentos: nossa identidade e o desafio da unidade

As pessoas com quem nos relacionamos melhor geralmente são as com quem temos algo em comum. Deus criou o homem e a mulher à Sua imagem, mas não nos fez a todos únicos. Não existem duas pessoas completamente iguais no mundo. Todos possuímos uma identidade diferente. Isto se deve, em parte, às características herdadas, tais como nossa etnia. Ela também pode ser moldada pelas pessoas com quem convivemos ou por onde trabalhamos. Achamos mais fácil nos relacionarmos com pessoas do mesmo grupo étnico, familiar, lingüístico, etário ou do mesmo sexo, ou com pessoas que possuem interesses semelhantes. Deus gosta da idéia de grupos, tais como a família e os grupos étnicos. O desejo de pertencer a um grupo faz parte da natureza humana, criada por Deus, mas não é fácil o convívio em grupo.

Amar o próximo

Muitas vezes, na Bíblia, somos chamados a amar nosso próximo. Jesus nos ensina através desta parábola que o nosso próximo não é apenas a pessoa ao lado ou mesmo alguém do mesmo país.


A parábola do Bom Samaritano explica o mandamento “amarás o teu próximo”. (Lucas 10:25-37). A mensagem importante que Jesus está transmitindo é que nos devemos amar uns aos outros sem nos limitarmos pelas fronteiras culturais e sociais. (Sacerdote – Levita – Samaritano) Entretanto, um sacerdote e um levita, que eram ambos membros da elite religiosa de Israel na época, passaram pelo homem ferido. Na época de Jesus, os samaritanos eram desprezados pelos judeus. Entretanto, nesta parábola, é um samaritano viajante quem vê o homem ferido e sente compaixão por ele.

Amar os inimigos


Muitas vezes, é difícil mostrar compaixão para com as pessoas que não conhecemos ou com quem achamos difícil nos relacionar. É ainda mais difícil, quando somos odiados ou ameaçados pelas pessoas que poderíamos ajudar devido à nossa situação. O ensinamento bíblico sobre a questão de como abordar nossos inimigos é bastante clara.

Em Mateus 5:43-48, Jesus pede a seus ouvintes que amem seus inimigos. Ele usa o exemplo de Deus, que faz com que o sol se levante e a chuva desça igualmente sobre justos e injustos. Ele está falando do amor incondicional. A maior mostra de amor incondicional é a graça de Deus através de Jesus Cristo. Ele nos ama apesar do nosso pecado. É muito fácil amar e estar com aqueles que nos amam. Embora nunca venhamos a ser perfeitos nesta terra, devemos procurar seguir o exemplo de Deus, mostrando graça para com nossos inimigos.

Bem-aventurados os pacificadores (Atos 15.1-4; 36-41)

Em Mateus 5:9, Jesus diz a seus discípulos: “Bem-aventurados os pacificadores, porque eles serão chamados filhos de Deus". A pacificação é um aspecto essencial do caráter cristão. Observe a palavra “pacificadores”. É necessário fazer as pazes; isto não é algo que simplesmente acontece. É interessante que nossa natureza pecadora nos torna perturbador da paz. Isto é visto no mundo de hoje tanto quanto na época de Jesus.

Por causa do pecado, as pessoas perturbam a paz com demasiada facilidade. Isto pode ocorrer através de guerras em grande escala, conflitos destrutivos entre indivíduos e, infelizmente, conflitos entre as igrejas. Significa também que o conflito nas igrejas seja resolvido. Há muitas passagens no Novo Testamento que lidam com a questão do conflito nas igrejas. Este problema existiu no início da igreja assim como ainda existe hoje em dia.

Perdoar uns aos outros

O perdão é um elemento importante da reconciliação. Para a vítima, o perdão significa “desprender-se” do ressentimento resultante da dor que lhe foi causada. Isto consiste em encontrar alívio em Cristo, como aquele que suporta a nossa dor. Na Bíblia, muitas vezes, somos chamados a perdoarmos uns aos outros (por exemplo: Mateus 6:15, Mateus 18:21-22 e Colossenses 3:13). Philip Yancey, em seu livro - O que é tão surpreendente sobre a graça? mostra como o perdão é necessário para romper a cadeia da falta de graça que existe no mundo.

A falta de graça é um estado humano natural, enquanto que o perdão é um ato desnatural. Assim como a graça, não há nada de justo sobre o perdão. Perdoar é uma coisa muito difícil de se fazer. Yancey explica:

Por que devemos perdoar? A graça e o perdão fazem parte do caráter de Deus, e somos chamados a sermos como Deus. Uma das frases da oração do Pai Nosso é: “Perdoai as nossas ofensas assim como perdoamos a quem nos tem ofendido". Jesus pede que perdoemos neste mundo onde há falta de graça . Ao não perdoarmos uns aos outros, estamos, na verdade, sugerindo que as outras pessoas não sejam dignas do perdão de Deus. O perdão rompe o círculo de dor e culpa. Ao desprender-se do ressentimento, a pessoa que perdoa cicatriza suas feridas. Há também a possibilidade de que o transgressor possa se transformar.


Como vemos que somos capazes de perdoar? Nossa experiência de sermos perdoados por Deus ajuda-nos a achar cada vez mais fácil perdoar os outros. O perdão é um ato desnatural. Portanto, precisamos da força e da graça de Deus para sermos capazes de perdoar os outros. Onde a justiça se enquadra neste princípio de perdão? Romanos 12:17-21 ajuda-nos a compreender isto. Depois de ler essa passagem, Yancey deu-se conta de que “Ao perdoar o outro, estou confiando no fato de que Deus sabe melhor do que eu como fazer justiça. Ao perdoar, largo mão do meu próprio direito de vingança e deixo todas as questões de justiça para que Deus as resolva”

Por:- aureaguiar.blogspot.com

A Doutrina da Reconciliação

A Doutrina da Reconciliação

INTRODUÇÃO

A doutrina da Reconciliação é, certamente, uma das mais doces nas Escrituras. Nela encontramos a manifestação do amor de Deus em Cristo Jesus, fazendo a paz e removendo a inimizade que causava separação entre Ele e o pecador.

Neste estudo apresentaremos uma abordagem sistematizada da doutrina da reconciliação. Nosso objetivo é considerar o ensino a partir das principais referências bíblicas sobre o tema, passando pelas informações no Antigo Testamento e relacionando a doutrina com outros pontos doutrinários relevantes. Para tanto abordaremos temas como a natureza da reconciliação, o autor, o agente, os embaixadores, o ministério, o tempo, os meios, os objetos e as bênçãos da reconciliação.

Deste modo esperamos oferecer ao leitor uma abordagem prática de como Deus promoveu a nossa reconciliação em Cristo Jesus, removendo a inimizade que nos separava e nos impedia de desfrutar todas as graças decorrentes da obra expiatória de Cristo Jesus.

Crer na doutrina da reconciliação é descansar na maneira graciosa como Deus trata aqueles que foram comprados na cruz do calvário.

1 - O USO DO TERMO NO NOVO TESTAMENTO

Nas ocorrências do termo katallasso no NT encontramos o registro, nos textos pertinentes, das seguintes variações – katallaghn, katallagh e katallaghv. Segundo Berkhof os principais termos para reconciliação no Novo Testamento são “katalasso e katalage - significam ‘reconciliar’ e ‘reconciliação’. (…) O ofensor reconcilia, não a si próprio, mas a pessoa ofendida.”[1] (katallaghn, cf. ocorrência em Rm. 5.11).

O termo, no seu uso mais comum, discute a reconciliação no âmbito dos relacionamentos conjugais. E, conforme as anotações do Theological Dictionary of the New Testament a idéia no texto de 1ª Co. 7.11 não é de que necessariamente a esposa que busca a reconciliação tenha alguma culpa, mas está ativamente interessada em buscá-la.[2]

Já nas ocorrências mais específicas que norteiam a relação Deus-Homem, apenas o apóstolo Paulo faz uso do termo com as variações supracitadas. Mas a idéia não é a de que Deus é reconciliado ou reconcilia a si mesmo, mas a de que Ele próprio proporciona a reconciliação do homem consigo mesmo, bem como do mundo[3]. Para corroborar com este pensamento devemos lembrar o caráter imutável de Deus. Ele não pode sofrer qualquer tipo de mudança, por isso, o que muda é a nossa relação com ele.

2 - A IDÉIA DA RECONCILIÇÃO NO ANTIGO TESTAMENTO

A estrutura do culto do Antigo Testamento já trazia consigo o conceito de reconciliação.

Ao falar sobre o tema Calvino diz:

Ora, visto que o uso da lei foi múltiplo, como se verá melhor no devido lugar, na verdade foi especialmente outorgada a Moisés e a todos os profetas a incumbência de ensinar o modo de reconciliação entre Deus e os homens, donde também Paulo chama Cristo o fim da lei (Rm 10.4). [4]

Todos os elementos apontavam para Cristo e para a sua obra. Mais especificamente no propiciatório já encontramos referências à idéia da doutrina bíblica da reconciliação.

Na estrutura religiosa do AT encontramos o Tabernáculo como uma espécie de morada provisória do Senhor no meio de Israel [5]. Lá, além do lugar santo encontrávamos também o Santo dos Santos, onde o sumo sacerdote entrava uma vez por ano para fazer a expiação do pecado do povo. Ali estava a Arca da aliança e sobre ela uma “tampa” chamada de “Propiciatório”[6]. Ao borrifar o sangue sobre o propiciatório a ira de Deus era aplacada e o resultado era o perdão do pecado e a restauração da comunhão do pecador à comunhão com Deus. [7] Devemos lembrar que objetivamente isto acontece na cruz, quando o Cordeiro de Deus é imolado para que fossemos reconciliados com ele. Uma obra especial e cara, como declara Baillie, que diz: “Nossa reconciliação é infinitamente cara a Ele, não no sentido de que foi difícil para ele nos perdoar, (…) É sua natureza amar e perdoar.”.[8]

Todo esse rito cerimonial do culto veterotestamentário apontava para a reconciliação que encontramos em Cristo Jesus. Quando o Messias veio ele se tornou a nossa propiciação, como se observa na declaração de Paulo: Romanos 3:25 - a quem Deus propôs, no seu sangue, como propiciação, mediante a fé, para manifestar a sua justiça, por ter Deus, na sua tolerância, deixado impunes os pecados anteriormente cometidos;

3 - A NATUREZA DA RECONCILIAÇÃO

Stott diz que reconciliação tem a ver com a nossa inimizade contra Deus e a nossa alienação dele. [9]

Assim, a reconciliação, propriamente dita, é a remoção desta alienação proporcionando uma relação harmoniosa e pacífica com Deus.

Esta idéia fica mais clara quando percebemos, por exemplo, a argumentação de John Murray, que expande a idéia. Ao comentar o texto de Romanos 5.11, uma das referências bíblicas centrais acerca da doutrina da reconciliação, ele afirma que na reconciliação o que se destaca não é a remoção da nossa inimizade contra Deus, pelo contrário, o verso supracitado salienta o fato de que Deus removeu de nós a alienação que havia da parte dEle para conosco.[10]

Sttot também observa que esta reconciliação, ou a remoção da base da alienação, tem a ver com a não imputação das nossas transgressões. Ele diz “De modo que em sua misericórdia Deus recusou-se a levar em conta contra nós os nossos pecados ou exigir que sofrêssemos a penalidade deles.[11]. Contudo, vale ressaltar que esses pecados foram imputados à Cristo. Portanto, cremos que somos plenamente reconciliados com Deus e aceitos por ele, porque nossos pecados foram imputados a Cristo e Sua justiça nos foi imputada.

Desse modo, podemos dizer que a Reconciliação é a obra do Pai através da qual Ele remove a alienação do pecado [12], libertando o homem de toda inimizade, por meio de Cristo. Assim, Deus remove a barreira tanto por causa da nossa rebeldia, quando por causa de sua ira. Devemos notar ainda que ao fazê-lo por meio de Cristo, Deus se revela como o verdadeiro Emanuel, ensinando-nos que toda a manifestação do seu amor pelo eleito tem seu fundamento no sacrifício de Cristo. [13]

3.1 A RECONCILIAÇÃO OBJETIVA E SUBJETIVA

Tal qual na doutrina da justificação, também podemos pensar em termos de reconciliação objetiva e reconciliação subjetiva.

RECONCILIAÇÃO OBJETIVA

Ao falar sobre a expiação objetiva, Berkhof diz:

Que dizer que a expiação influi primordialmente na pessoa por quem é feita. Se um homem age mal e presta satisfação do mal que praticou, esta satisfação visa a influir na pessoa que praticou o mal, e não na parte ofendida. No caso em foco, significa que a expiação foi destinada a propiciar a Deus e reconciliá-lo com o pecador. [14]

Certamente, quando falamos em termos de uma reconciliação objetiva devemos lembrar das palavras do apóstolo Paulo em 2ª Coríntios que diz que Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo. Assim, na reconciliação objetiva devemos considerar dois fatores: Primeiramente, Deus, na qualidade de ofendido é o agente que remove a base da alienação tornando-se, em Cristo, favorável ao homem. E em segundo lugar, ele faz isto na cruz, como uma obra terminada, portanto, realizada de uma vez por todas.

Esta reconciliação objetiva é a base da reconciliação subjetiva

RECONCILIAÇÃO SUBJETIVA

Já no seu aspecto subjetivo a reconciliação se relaciona com a posse e o gozo desta condição de reconciliação. Esta condição está intimamente relacionada ao ministério da reconciliação que foi confiado à Igreja. Quando anunciamos o evangelho proclamamos a mensagem da reconciliação convidando o pecador para este relacionamento com o Senhor. Stott ainda vê outros aspectos envolvidos nesta reconciliação subjetiva que ele chama de plano horizontal da reconciliação. [15] Neste plano horizontal vemos a reconciliação como um aspecto motivador da nova relação na comunidade cristã, formada por judeus e gentios, senhores e escravos e etc.

Há outros estudiosos que trabalham esse conceito de revelação objetiva e subjetiva em termos de ação e resultados.

Ivan Ross diz: “A reconciliação como ação seria a remoção da base da alienação de Deus e a reconciliação como resultado seria a relação harmoniosa e pacífica estabelecida em virtude da base da alienação de Deus para conosco ter sido removida.”[16] Uma forma diferente de trabalhar os conceitos de objetiva e subjetiva.

4 - O AUTOR DA RECONCILIAÇÃO – DEUS, O PAI

Ao discutirmos a autoria da reconciliação devemos voltar os nossos olhos especialmente para 2ª Coríntios 5.18-21. Lá, o apóstolo Paulo dá uma clara informação sobre o assunto em questão. Logo no início do verso 18 ele diz que “Tudo provém de Deus”, esta expressão, por si só, sugere que Deus é a fonte última da nova vida, o que é observado mais especificamente quando analisamos esta expressão em conexão com a mensagem do verso 17, que fala dos salvos como novas criaturas. Contudo, a identidade do Agente da reconciliação torna-se mais clara na seqüência do verso 18, onde ele diz que “Deus ... nos reconciliou consigo mesmo por meio de Cristo”.

Ora, é clara e lógica a referência à primeira pessoa da Trindade, pois, ao destacar a Segunda Pessoa – Cristo, fica evidente que o termo Deus não poderia se referir a outro senão ao Pai.

A mesma idéia é reforçada no verso 19 quando ele diz que “Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo”. Uma clara declaração da autoria da reconciliação. Ela, portanto, não é uma iniciativa do Filho, nem tampouco, do homem, mas do Pai e somente do Pai. Veja que Paulo diz que Deus é que estava reconciliando consigo o mundo.

Em todas as ocorrências do verbo reconciliar no Novo Testamento Deus é sempre o sujeito.

5 - O AGENTE DA RECONCILIAÇÃO – CRISTO

Um segundo conceito importante diz respeito ao agente da reconciliação. A Confissão de Fé de Westminster diz:

O Senhor Jesus, pela sua perfeita obediência e pelo sacrifício de si mesmo, sacrifício que pelo Eterno Espírito, ele ofereceu a Deus uma só vez, satisfez plenamente à justiça do Pai. e para todos aqueles que o Pai lhe deu adquiriu não só a reconciliação, como também uma herança perdurável no Reino dos Céus.[17]

O texto da confissão deixa a sugestão de que há uma participação do Filho na obra de reconciliação. Esta participação está apresentada no texto de Paulo em 2ª Coríntios 5.18-19. Lá, Paulo diz que Deus nos reconciliou consigo por meio de Cristo. Isto é, pela instrumentalidade de Jesus.

Stott diz:

(...) se Deus é o autor, Cristo é o agente da reconciliação. Os versículos 18 e 19 do capítulo 5 de 2 Coríntios tornam essa verdade clara como o cristal. "Deus. . . nos reconciliou consigo mesmo por meio de Cristo" e "Deus estava em Cristo, reconciliando consigo o mundo". Ambas as afirmativas nos dizem que Deus tomou a iniciativa da reconciliação, e que ele o fez em Cristo e por meio dele. [18]

A mesma idéia é fortalecida na argumentação de Calvino, nas suas institutas quando ele diz:

Ora, se bem que nesta ruinosa situação do gênero humano já ninguém sentirá a Deus, seja como Pai, seja como autor da salvação, seja como de qualquer maneira propício, até que Cristo se interponha como agente mediador para apaziguá-lo em relação a nós, todavia uma coisa é sentirmos que Deus, como nosso Criador, nos sustenta com seu poder, nos governa em sua providência, nos provê em sua bondade e nos cumula de toda sorte de bênçãos; outra, porém, é abraçarmos a graça da reconciliação que nos é proposta em Cristo. [19] (grifo meu)

Deste modo, fica claro que há uma participação de Cristo no ministério da reconciliação.

6 - OS EMBAIXADORES E O MINISTÉRIO DA RECONCILIAÇÃO – OS SALVOS

2 Coríntios 5:19 a saber, que Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não imputando aos homens as suas transgressões, e nos confiou a palavra (logon) da reconciliação.

As Escrituras afirmam que aos filhos de Deus foi confiado o anúncio da reconciliação. Aqui devemos lembrar que embora a obra da reconciliação tenha sido consumada na cruz é necessário que os pecadores sejam convidados ao arrependimento. [20] Neste aspecto devemos lembrar que a pregação fiel do evangelho é um convite à reconciliação do homem com Deus.

Em 2ª Co. 5.18 o apóstolo Paulo diz que recebemos o ministério da reconciliação. Aqui devemos lembrar que a palavra usada para se referir a ministério é diakonian, que pode ser traduzida como ministério, ministração ou serviço, podendo referir-se aqueles que pelo mandato de Deus proclamam e promovem a religião entre os homens [21].

Segundo Calvino, a graça da reconciliação é aplicada em nós pelo ministério do evangelho e isto, de tal modo, que podemos compartilhá-lo. [22] Mais adiante, no mesmo comentário, falando sobre o ministério da reconciliação ele escreve:

Esta é uma das descrições mais notáveis do evangelho como uma mensagem entregue através de um embaixador com o fim de reconciliar os homens com Deus. É uma dignidade singular de ministros do evangelho sermos enviados por Deus com um mandato como mensageiros e, por assim dizer, com a garantia de sua boa vontade para conosco. (…) Aos ministros é dada a autoridade para nos declararem estas boas novas e fazer aumentar nossa segurança no amor paternal de Deus para conosco. É verdade que qualquer outra pessoa pode ser-nos testemunha da graça de Deus, mas Paulo ensina que este dever é imposto especialmente aos ministros. [23]

Assim, podemos dizer que o ministério da reconciliação é a declaração, divinamente autorizada, da obra de Cristo em favor do pecador.

Quando anunciamos o evangelho anunciamos o ministério da reconciliação. E, considerando que todos os crentes são comissionados por Deus para anunciar as virtudes de Jesus, vale reiterar o fato de que todos somos ministros da reconciliação. Veja o que diz Pedro: 1 Pedro 2:9 Vós, porém, sois raça eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus, a fim de proclamardes as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz;.

7 - O TEMPO DA RECONCILIAÇÃO

Para Calvino o fundamento e a causa da reconciliação é o sacrifício de Cristo.[24] Pensando a partir da obra de Cristo podemos afirmar que a reconciliação tem a ver com o efeito da obra de Cristo.

Ao falar sobre o tempo da reconciliação, Stott observa que devemos considerar o tempo verbal grego. A idéia de “reconciliou” não é a de algo que está sendo feito, mas de algo que foi feito. Para argumentar esta idéia, Stott cita Forsyth:

Deus estava em Cristo, reconciliando", na realidade, reconciliando, terminando a obra. Não foi um caso tentativo, preliminar. . . A reconciliação estava terminada na morte de Cristo. Paulo não pregava uma reconciliação gradual. Ele pregava o que os antigos teólogos costumavam chamar de obra terminada. . . Ele pregava algo feito uma vez por todas — uma reconciliação que está na base da própria composição da alma, não um convite apenas.[25]

Portanto, a obra de reconciliação foi terminada na cruz, mas é necessário que os pecadores creiam e se arrependam para que assim sejam reconciliados com Deus.

8 - OS MEIOS DA RECONCILIAÇÃO

Uma das declarações mais impressionantes do apóstolo Paulo em 2ª Coríntios é quando ele diz que Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo. O que num outro capítulo deste trabalho foi observado como determinando o autor da reconciliação. Contudo, Calvino observa que mais adiante Paulo deixa claro os meios pelos quais esta reconciliação foi operada, e ao falar sobre isso ele declara:

A forma pela qual ele fez isso é em seguida adicionada, ou seja, não imputando [= computando] aos homens as suas transgressões.

E isto é igualmente explicado ao mostrar ele como Cristo fez propiciação pelos nossos pecados e adquiriu justiça para nós. [26]

Deste modo, o teólogo francês assevera que ao não imputar aos homens a transgressão dos seus pecados, Deus estava reconciliando o pecador consigo mesmo, sendo este, portanto, o meio pelo qual o pecador é reconciliado. E sobre isso ele observa:

Notemos bem como os homens se voltam para o favor divino – sendo considerados justos, recebendo a remissão dos seus pecados. Enquanto Deus computar os nossos pecados, ele não pode fazer outra coisa senão nos considerar com aversão, porquanto ele não pode contemplar nem favorecer os pecadores como se fossem amigos. Porém, isto pode parecer contradição do que se diz alhures, ou seja “fomos amados por ele antes da fundação do mundo” (Ef. 1.4), e sobretudo João 3.16, onde ele diz que o amor por nós foi a razão por que ele expiou os nossos pecados por intermédio de Cristo, porquanto a causa deve sempre preceder o efeito.

Minha resposta é que fomos, de fato, amados desde antes da fundação do mundo, porém não fora de Cristo. Porém concordo em que o amor divino, no tocante a Deus não se prendia a tempo nem a seqüência; porém, no tocante a nós o seu amor tem seu fundamento no sacrifício de Cristo.

Pois quando pensamos em Deus, não pelo prisma de um mediador, só podemos concebê-lo como estando irado conosco; porém, quando um mediador se interpõe entre nós e ele, descobrimos que ele é pacificado em relação a nós.

Mas já que é também necessário que saibamos que Cristo nos veio da fonte da livre misericórdia de Deus, a Escritura ensina explicitamente que a ira do Pai foi aplacada pelo sacrifício do Filho, e assim o Filho foi oferecido para a expiação dos pecados dos homens, porque Deus teve misericórdia deles, e fez deste sacrifício o penhor do recebimento deles em seu favor.

Sintetizando: onde quer que haja pecado, também estará presente a ira divina, pois Deus não nos será propício enquanto não tiver apagado nossos pecados, não mais no-los atribuindo. Uma vez que a nossa consciência não pode apropriar-se desta benção sem a intervenção do sacrifício, Paulo está correto em fazer do mesmo o fundamento e a causa da reconciliação até o ponto em que estamos envolvidos. [27]

Deste modo, como observamos na análise de Calvino, se o fato de Deus estar em Cristo, não imputando aos homens as suas transgressões, tornou-se o meio da reconciliação, mais especificamente neste ato, o fundamento e a causa repousaram no próprio sacrifício do Redentor.

Assim, estabelece-se a idéia de que o fato de não imputar aos homens as suas transgressões torna-se o meio pelo qual a reconciliação se processa.

Mais adiante, Calvino observa que, de maneira mais subjetiva, a graça da reconciliação nos é aplicada por intermédio do evangelho. [28] Esta aplicação está intimamente relacionando com o que chamamos neste trabalho de o ministério da reconciliação.

9 - OS OBJETOS DA RECONCILIAÇÃO.

DEUS

2 Coríntios 5:19 a saber, que Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não imputando aos homens as suas transgressões, e nos confiou a palavra da reconciliação.

Ao comentar sobre este texto Calvino faz uma observação extremamente pertinente quando diz:

Alguns consideram esta expressão como significando simplesmente que “Deus estava, em Cristo, reconciliando o mundo consigo mesmo”, porém, o significado aqui é mais amplo, mais rico do que isto, pois ele está dizendo, primeiramente que Deus estava em Cristo, para em seguida dizer que, por meio desta intervenção, ele estava reconciliando o mundo consigo mesmo. Esta referência é ao Pai (…) portanto, Paulo estava dizendo que o Pai estava no Filho ...[29]

Devemos lembrar que o pecado nos separou de Deus, agora o Pai, em Cristo, nos reconcilia consigo mesmo. Esta é uma ação da livre graça de Deus que, na obra de Cristo, remove a base da nossa alienação, tornando-se favorável ao pecador redimido. John Gill observa que esta reconciliação Deus fazia por meio de Cristo, ou seja, ele era o seu instrumento.[30]

PECADOR

2 Coríntios 5:18 Ora, tudo provém de Deus, que nos reconciliou consigo mesmo por meio de Cristo e nos deu o ministério da reconciliação,

Calvino lembra que fora de Cristo Deus se acha insatisfeito com todos os homens. [31] E, mas adiante no seu comentário ele observa: “Por que Deus, em Cristo, se manifestou aos homens? Para que houvesse reconciliação, a fim de que a hostilidade chegasse ao fim e nós, como estranhos que éramos, fôssemos adotados como filhos. [32]

A CRIAÇÃO

Colossenses 1:20 e que, havendo feito a paz pelo sangue da sua cruz, por meio dele,reconciliasse consigo mesmo todas as coisas, quer sobre a terra, quer nos céus.

O uso do termo reconciliação aqui pode ter um sentido secundário aqui. Veja o que diz Stott:

Parece mais provável, portanto, que principados e potestades foram "reconciliados" no sentido do capítulo seguinte, a saber, que foram "desarmados" por Cristo, que "publicamente os expôs ao desprezo, triunfando deles na cruz" (Colossenses 2:15). Admitimos que é um uso estranho da palavra "re conciliados", mas, uma vez que Paulo também descreve essa reconciliação como "fazendo a paz" (1:20), talvez F. F. Bruce tenha razão ao dizer que o apóstolo está falando de uma "pacificação" de seres cósmicos "submetendo-se contra suas vontades a um poder que não podem resistir" [33]

Contudo, a posição de Hendriksen, nesse particular nos parece mais de acordo com o ensino geral das Escrituras. Antes de considerá-la devemos lembrar que os efeitos do pecado original se estenderam a toda a criação. Exatamente por isso encontramos nas Escrituras referências à deterioração da natureza em função do pecado, como o registro de Gênesis 3.18, que afirma que depois do pecado a terra passou a produzir cardos e abrolhos. Devemos lembrar que a salvação está mais particularmente relacionada com o mundo natural [34], sendo mais especificamente destinada aos homens

Por tudo isso, Hendriksen comenta:

O significado real de Cl. 1.20 é provavelmente o seguinte: O pecado arruinou o universo. Ele destruiu a harmonia entre as criaturas e também entre todas elas e seu Deus. No entanto, por meio do sangue da cruz (cf. Ef. 2.11-18), o pecado, em princípio, foi vencido. A demanda da lei foi cumprida, sua maldição destruída (Rm. 3.25; Gl. 3.13). Assim também a harmonia foi restaurada. A paz foi estabelecida. Por meio de Cristo e sua cruz o universo é reconduzido ou restaurado ao seu correto relacionamento com Deus no sentido de que, como justa recompensa por sua obediência, Cristo foi exaltado à destra do Pai, e, desta posição de autoridade e poder, governa todo universo para o bem da igreja e para a glória de Deus. Esta interpretação harmoniza a presente passagem com as outras a ela relacionadas, escritas durante este mesmo aprisionamento. [35]

Estas considerações nos fazem crer que a proposta de Cl. 1.20 é referi-se a efeitos no mundo natural, o que, como já dissemos, parece mais de acordo com a soteriologia e o ensino geral das Escrituras.

Certamente essa dimensão da reconciliação é mais subjetiva, pois só será contemplada, na sua plenitude, na segunda vinda de Cristo Jesus.

10 - BÊNÇÃOS DA RECONCILIAÇÃO

PAZ

O texto de Romanos 5.1, ao falar sobre o efeito da justificação, aponta para a paz com Deus. Contudo, como justificação e reconciliação são termos paralelos, podemos dizer que uma das bênçãos da reconciliação é a paz.

Calvino, comentando este texto diz: Paz, portanto, significa serenidade de consciência, a qual tem sua origem na certeza de haver Deus nos reconciliado consigo mesmo. [36] Este aspecto da paz como uma das bênçãos da reconciliação ganha ainda mais expressão quando encontramos Anders Nygren afirmando que paz é um conceito que implica relacionamento e, no caso específico trata do relacionamento entre Deus e o homem. E este relacionamento é possível porque nós fomos reconciliados com Deus através da morte do seu Filho. [37]

ACESSO AO SENHOR

Outra benção anotada por Stott é o acesso a Deus, como significando uma comunhão ativa com Deus. Para tanto, o teólogo nos remete a Ef. 2.16-18 e 3.12. Ao comentar estas passagens ele diz:

"Acesso" a Deus (prosagoge) é outra bênção da reconciliação. Parece denotar a comunhão ativa com Deus, especialmente em oração, a qual seus filhos reconciliados desfrutam. Duas vezes Paulo equipara "acesso a Deus" a "paz com Deus", a primeira vez atribuindo-os à nossa justificação em vez de à nossa reconciliação (Romanos 5:1-2), e a segunda vez explicando o "acesso" como uma experiência trinitariana, na qual temos acesso ao Pai através do Filho mediante o Espírito (Efésios 2:17-18), e "pelo qual temos ousadia e acesso com confiança" (Efésios 3:12). [38]

Assim, em virtude da reconciliação temos uma comunhão com Deus. Uma comunhão que pode ser qualificada como imperdível. Uma benção maravilhosa da graça do Senhor.

CONCLUSÃO

Deus, na sua infinita misericórdia, tem providenciado todos os meios necessários para que desfrutemos do seu amor. Ao ser Ele o reconciliador, em Cristo Jesus, somos colocados diante da sua livre e superabundante graça.

Nada é mais doce, confortador e revigorante do que saber que em Cristo Jesus toda inimizade é removida, de tal forma que somos convidados a desfrutar de todas as bênçãos decorrentes de nossa relação filial com o Pai.

O desenvolvimento desta temática trará a igreja a dimensão preciosa da obra de Cristo em nosso favor e nos direcionará na adoração e no louvor que devemos prestar ao seu santo nome.

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[1] BERKHOF, Louis. Teologia Sistemática. Tradução de Odayr Olivetti. 2. ed. Campinas: Luz Para o Caminho, 1992. p. 376

[2] KITTEL, Gerhard and FRIEDRICH, Gerhard. Theological Dictionary of The New Testament – Abridged in one volume. Reprinted. Grand Rapids: William B. Erdmans Publishing Company, 1992, p. 40

[3] Idem, p. 41

[4] CALVINO, João. Institución de la Religión Cristiana. 3 ed. Paises Bajos: Fundación Editorial de Literatura Reformada, 1986. v.1 p. 28

[5] A Doutrina da Propiciação - http://www.ibcambui.org.br/index.php?option=com_content&view=article&id=198:a-doutrina-da-propicia&catid=51:estudos&Itemid=80. Acessado em 20 de setembro de 2009.

[6] Para maiores detalhes veja os textos em Ex. 25.17-22; Lv. 16.5-19. [7] BÍBLIA ONLINE 2.0. Sociedade Bíblica do Brasil – Software– verbete “propiciação”.

[8] BAILLIE, D.M. God Was In Christ - An Essay on Incarnation and Atonement. New York: Charles Scribner’s Sons, 1948. p. 174, 175.

[9] STOTT, John R. W. A cruz de Cristo. São Paulo: Vida, 1996. p. 89

[10] MURRAY, John. Comentário Bíblico Fiel - Romanos. Editora Fiel. p. 198 [11] STOTT, John R. W. A cruz de Cristo. p. 88

[12] Deve se notar a relação intimamente necessária entre a doutrina da expiação e da justificação com a doutrina da reconciliação. Calvino diz: “Enquanto Deus computar os nossos pecados, Ele não pode fazer outra coisa senão nos considerar com aversão”, contudo, ele ainda diz “o amor por nós foi a razão por que ele (Deus-Pai), expiou os nossos pecados por intermédio de Cristo.” Comentário 2ª Coríntios, p. 122.

[13] CALVINO, João. 2 Coríntios. Tradução de Valter Graciano Martins. 1. ed. São Paulo: Edições Paracletos, 1995. p. 122

[14] BERKHOF, Louis. Teologia Sistemática. Tradução de Odayr Olivetti. 2. ed. Campinas: Luz Para o Caminho, 1992. p. 286

[15] STOTT, John R. W. A cruz de Cristo. São Paulo: Vida, 1996. p. 85 [16] ROSS, Ivan Gilbert. Apostila de Teologia Sistemática xerografada. CPO/IBEL

[17] A Confissão de Fé de Westminster -http://www.teologia.org.br/estudos/confissao_westminster.pdf acessado em 15 de agosto de 2009

[18] STOTT, John R. W. A cruz de Cristo. São Paulo: Vida, 1996. p. 87

[19] CALVINO, João. Institución de la Religión Cristiana. 3 ed. Paises Bajos: Fundación Editorial de Literatura Reformada, 1986. v.1 pág. 5

[20] STOTT, John R. W. A cruz de Cristo. São Paulo: Vida, 1996. p. 88 [21] BÍBLIA ONLINE 2.0. Sociedade Bíblica do Brasil – Software – Strong – verbete diakonian.

[22] CALVINO, João. 2 Coríntios. Tradução de Valter Graciano Martins. 1. ed. São Paulo: Edições Paracletos, 1995. p. 120

[23] Idem, p.120 [24] CALVINO, João. 2 Coríntios. Tradução de Valter Graciano Martins. 1. ed. São Paulo: Edições Paracletos, 1995. p. 222

[25] STOTT, John R. W. A cruz de Cristo. São Paulo: Vida, 1996. p. 87

[26] CALVINO, João. 2 Coríntios. Tradução de Valter Graciano Martins. 1. ed. São Paulo: Edições Paracletos, 1995. p. 120

[27] Idem, p. 122 [28] CALVINO, João. 2 Coríntios. Tradução de Valter Graciano Martins. 1. ed. São Paulo: Edições Paracletos, 1995. p. 120

[29] CALVINO, João. 2 Coríntios. Tradução de Valter Graciano Martins. 1. ed. São Paulo: Edições Paracletos, 1995. p. 121

[30] BÍBLIA ONLINE 2.0. Sociedade Bíblica do Brasil – Software – Comentário 2ª Co. 5.19, GILL, John

[31] CALVINO, João. 2 Coríntios. p. 121

[32] Idem, p. 121

[33] STOTT, John R. W. A cruz de Cristo. São Paulo: Vida, 1996. p. 86

[34] Em Romanos 8.19-21 Paula fala da expectativa da criação em ser redimida, o que nos leva a considerar a possibilidade de uma relação entre a doutrina da reconciliação e a ordem natural da criação. Observações pessoais.

[35] HENDRIKSEN, William. Comentário do Novo Testamento – Colossenses e Filemon. Tradução de Ézia Cunha de Mullins. 1. ed. São Paulo: Casa Editora Presbiteriana, 1993. p. 106

[36] CALVINO, João. Romanos. Tradução de Valter Graciano Martins. 1. ed. São Bernardo do Campo: Edições Paracletos, 1997.comentário aos Romanos, p. 176

[37] NYGREN, Anders. Commentary on Romans. Translated by Carl C. Rasmussen. 5. ed. Sweden: Muhlenberg Press, 1949. p. 192

[38] STOTT, John R. W. A cruz de Cristo. São Paulo: Vida, 1996. p. 85

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