31 de janeiro de 2010

O Ministério de Reconciliação – parte 1

O Ministério de Reconciliação – parte 1

1 - INTRODUÇÃO

Já estudamos em 2 Coríntios 1—4, o exemplo que Paulo nos dá como ministro eficaz do Evangelho que é a Nova Aliança. As palavras que ele oferece aos coríntios continuam ministrando-nos consolação, luz e glória. Agora, nos capítulos 5—7, contemplaremos mais um aspecto do ministério — o nosso ministério de reconciliação.

Em termos teológicos, 2 Coríntios 5.17-21 é um dos trechos mais significativos das epístolas paulinas. Paulo toca nos temas de regeneração, redenção, perdão, evangelismo e justificação. E percorrendo toda a passagem, a grande verdade da reconciliação baseada na expiação de Cristo.

Quando duas pessoas inimigas (que foram separadas por alguma disputa violenta) fazem as pazes e tornam-se novamente amigas, acontece o que chamamos de reconciliação. Veja como isso se dá no caso de Deus e dos seres humanos. O homem, criado por Deus e habitando um mundo criado por Ele, rebelou-se contra o seu Criador. Tornou-se, assim, escravo de Satanás e do pecado, tendo agora uma natureza pecaminosa e rebelde que o destrói e o impede de submeter-se ao governo de Deus. Ele é, efetivamente, um inimigo de Deus.

Deus odeia o pecado, mas ama o pecador. Sendo assim, iniciou as negociações visando à paz definitiva. A justiça exige o castigo pelos pecados. A reconciliação só se tornaria possível se os pecadores abandonassem a sua rebelião. Por isso, Deus mandou seu Filho, o Príncipe da Paz, para pagar a “multa” (receber o castigo) do nosso pecado e possibilitou a reconciliação do mundo com o seu Criador. Agora, Deus nos nomeia embaixadores de Cristo; persuadimos as pessoas a aceitarem os termos propostos por Deus e ficarem em paz com Ele. Nisso consiste o importante ministério da reconciliação.

II - A DOUTRINA DA RECONCILIAÇÃO (5.1-10)

Já vimos como Jesus Cristo, o “Segundo Adão”, veio restaurar para a humanidade tudo aquilo que o primeiro Adão perdeu. Uma parte essencial dessa perda foi a paz com Deus, ou seja, a comunhão com Ele. A podridão e morte física iniciaram seus processos na terra e nas vidas humanas, quando o homem se rebelou contra Deus, a fonte de toda a vida e perfeição. Mas um dos benefícios da restauração da comunhão com Deus é a vitória final sobre a morte.

A reconciliação com Deus subentende a nossa aceitação do plano dEle para as nossas vidas, o qual remonta à criação do mundo. Pode incluir trabalho e sofrimento agora (como vimos no capítulo 4), mas vemos ali adiante um eterno galardão de glória, delineado em 1 Coríntios 15.35-58.

Em 2 Coríntios 5.1-10, vemos que o nosso espírito vive em uma morada, que é o nosso corpo. Vemos nesses versículos que, após a morte, o espírito do indivíduo reconciliado receberá uma morada diferente. Qual a diferença entre as moradas terrestre e celestial? Em primeiro lugar, notamos que Paulo chama o nosso corpo físico de “tabernáculo” (“tenda”), como também Pedro (2 Pe 1.13). Nosso corpo celestial, por outro lado, é chamado “edifício, casa não feita por mãos, eterna, nos céus”. Seu espírito viverá na sua nova morada, bem como agora habita no seu corpo físico. Da mesma forma, uma casa sólida, feita de tijolos ou pedras, é superior a uma tenda de lona, também nosso corpo espiritual (nossa morada celestial) será muito superior ao nosso corpo atual! (releia a seção “Um corpo perfeito” no capítulo 10).

Veja bem as palavras de Paulo em 5.3,4: “... Estando vestidos, não formos achados nus... não porque queremos ser despidos...” O espírito humano precisa de um corpo para desenvolver alguma interação com o seu ambiente e realizar as suas funções. Deus fez o corpo de Adão antes de soprar-lhe o fôlego (espírito) da vida (Gn 2.7). Ao morrermos, o nosso espírito e alma irão imediatamente à presença do Senhor (5.8). Mas o Senhor tem trabalho para nós ao se estabelecer o seu Reino na terra. Teremos que funcionar simultaneamente no mundo espiritual, habitado por Deus e seus anjos, e aqui na terra. Por isso, quando Jesus voltar para levar a sua igreja, os mortos em Cristo e aqueles que ainda estiverem vivos receberão corpos glorificados (1 Ts 4.13-18). O espírito, antes “vestido” nessa tenda terrestre, vestirá sua “morada celestial”. E uma das bênçãos que Deus tem preparado para aqueles que o amam (1 Co 2.9).

Em 2 Coríntios 5.5 temos um bom resumo: Deus nos criou para “habitarmos com o Senhor”. Jesus prometeu preparar um lugar para nós. Ele diz: “Virei outra vez e vos levarei para mim mesmo, para que, onde eu estiver, estejais vós também” (Jo 14.3). Mas os seres humanos, finitos e decaídos, habitam um corpo que é mortal e perecível; por isso, não podem morar na presença de um Cristo imaculado, infinito e glorificado. O homem precisa ser transformado. Essa mudança se inicia na hora da sua conversão, pois ele nasce de novo em termos espirituais e morais. Quando se der o arrebatamento da Igreja, ele recebera seu corpo celestial. A reconciliação já preparou seu espírito e a glorificação preparou seu corpo, “e então estaremos para sempre com o Senhor” (1 Ts 4.17).

O fato de que o Espírito Santo habita agora em nós, crentes, é uma garantia de que o nosso espírito habitará finalmente um novo corpo nossa morada celestial (2 Co 5.5). Por enquanto, “andamos por fé e não por vista” (5.7).

Primeiramente, porém, teremos que comparecer “ante o tribunal de Cristo” (2 Co 5.10), onde nossas obras serão julgadas (e não as nossas almas). Receberemos um galardão conforme essas obras. Faça uma rápida revisão desse assunto na lição 3 e releia 1 Coríntios 3.11-15.

1. A motivação dos reconciliados

Efésios 2.8-10 constitui um texto-chave das epístolas paulinas. Somos salvos pela graça mediante a fé e não pelas obras (8,9). O versículo 10, porém, acrescenta que somos “criados em Cristo Jesus para as boas obras”. Em outras palavras, não somos salvos por nossas obras, mas praticamos boas obras porque somos salvos.

Durante quase vinte séculos da Era Cristã, pouquíssimas pessoas têm trabalhado tanto e sacrificado tantas coisas por amor a Deus e ao seu Reino como o apóstolo Paulo. Que força o teria motivado? Medo? Ambição? Fama? Desejo de poder? As primeiras palavras de 2 Coríntios 5.14 nos dão a resposta: “Pois o amor de Cristo nos constrange”.

A idéia central dos versículos 11-13 é a preocupação e amor que Paulo sente pelos crentes em Corinto. Os falsos apóstolos (2 Co 11.13) questionavam os motivos de Paulo e seu ministério em Corinto. Por isso, ele lembra aos coríntios seus bondosos esforços em beneficio deles, abrindo-lhes o coração (6.3-10), descrevendo-lhes os sofrimentos, açoites, labores, fome e noites passadas em claro por amor aos coríntios. Paulo padeceu muito para compartilhar as Boas Novas de Cristo com os não-evangelizados. O amor de Cristo o constrangia.

A maioria jamais experimentará o que Paulo passou e nem atingirá o seu amor total, seu zelo consumidor e seu intenso sofrimento por Cristo e pelo Evangelho. Mas é possível que uns poucos se aflijam, ou tenham sido atormentados ainda mais que ele. Seja como for, uma vez que Cristo morreu por todos: “Os que vivem não vivem mais para si mesmo, mas para aquele que por eles morreu e ressuscitou” (5.15). Na salvação morremos com Cristo e ressuscitamos com Ele (Rm 6.5). Agora vivemos por Ele, e devemos viver também para Ele.

A reconciliação com Deus traz amor às nossas vidas. Em determinada altura, antes da sua conversão, Paulo contemplava Jesus Cristo de uma perspectiva mundana, sem reconhecer a sua divindade e o propósito da sua vida e morte.

Mas após se encontrar com o Cristo glorificado no caminho de Damasco, houve uma radical transformação na vida dele! De repente, Paulo viu Cristo por outro prisma e logo se entregou a Ele como Senhor da sua vida. O antigo inimigo de Cristo tornou-se o mais entusiasta embaixador dEle; o antigo perseguidor da Igreja converteu-se no seu principal propagador. Uma vez foi motivado por seu ódio à igreja e seu zelo à Lei, mas agora Paulo estava disposto a morrer pela igreja por causa do seu grande amor por ela, e pregava por toda a parte a liberdade em Cristo.

À semelhança de Paulo, também podemos afirmar: “Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é: as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo” (5.17). Não mais contemplamos Jesus por um prisma mundano. Nascidos de novo, ganhamos não somente o perdão dos nossos pecados, mas uma nova motivação para nossa vida, no encontro com Ele. O amor de Cristo nos constrange: por isso não podemos, nem devemos mais viver só para nós mesmos. Deus chama “Ouro, prata, pedras preciosas” ao cristão que se dedica ao bem-estar de outros, em vez dos interesses egoístas. São essas as obras que sobreviverão à prova de fogo (1 Co 3.12-15).

2. A base da reconciliação

Quando duas nações, famílias ou pessoas tornam-se inimigas, geralmente brigam de qualquer forma. A inimizade só cessa quando se lavra algum tratado de paz, aceito por ambas as partes. Pode ser um tratado muito favorável para o lado “forte” e bastante prejudicial para o lado “fraco” que tem que assiná-lo ou ser destruído por ele. Ou pode ser um tipo de convênio mutuamente beneficente. Em todo caso, a reconciliação põe fim à luta e, por sua vez, baseia-se em alguma condição uma promessa solene, o reconhecimento de certos direitos, talvez o pagamento de uma importância em dinheiro ou a entrega de algum território.

Vejamos agora a reconciliação entre Deus e os seres humanos. Uma das grandes verdades ensinadas nas epístolas paulinas é a apresentação de Cristo como o grande reconciliador o mediador entre Deus e o homem (1 Tm 2.3-7). Deus Pai não podia concordar com a escolha humana de levar uma vida pecaminosa. Ele não podia fazer as pazes com um mundo que rejeitava a sua autoridade e o seu plano traçado para o futuro deles. Deus não podia reconciliar-se com um mundo amaldiçoado pelo pecado, mas amou esse mundo de tal maneira que elaborou uma estratégia de reconciliação.

O rebelde só pode ser reconciliado com Deus pela morte de Cristo no Calvário em lugar dele. Deus pagou a pena do pecado humano e estipulou os termos da paz, isto é, todos aqueles que rejeitarem o pecado e aceitarem a Jesus como seu Salvador serão libertos do pecado e se tornarão filhos de Deus! “E por ele credes em Deus, que o ressuscitou dos mortos e lhe deu glória, para que a vossa fé e esperança estivessem em Deus” (1 Pe 1.21).

Por meio da ressurreição, Deus mostrou seu agrado e sua aceitação do sacrifício (morte) de Cristo, como pagamento total dos nossos pecados. Agora nos aproximamos dEle como pecadores, mas somos reconciliados com Deus. “Nisso está a caridade: não em que tenhamos amado a Deus, mas em que Ele nos amou e enviou o seu Filho para propiciação pelos nossos pecados” (1 J0 4.10).

Paulo diz em Tito 2.11: “Porque a graça de Deus se há manifestado, trazendo salvação a todos os homens”. Se assim for, por que nem todos os seres humanos são salvos? Porque a reconciliação é bilateral. Compete ao homem crer, isto é, não somente reconhecer que Deus existe e que Ele é amor, mas aceitar os termos de reconciliação estipulados por Deus. Deve entregar sua vida ao Salvador que morreu por ele, crendo no seu coração que

Cristo o salva plenamente do castigo e poder do pecado. Veja João 3.14-16 e Atos 16.31. Paulo pergunta ainda: “Como crerão naquele de quem nada ouviram? (Rm 10.14). E por isso que percebemos bem a responsabilidade dos reconciliados. Somos chamados para ser embaixadores de Cristo, levando a mensagem da reconciliação pelo mundo inteiro em cada geração. (Leia agora Romanos 10.8-15).

3. O lado pragmático da reconciliação

3.1. O preço de reconciliar o homem com Deus

Nos últimos versículos do capítulo 5, lemos que Deus nos tem dado o ministério da reconciliação e que, portanto, somos seus embaixadores. Ora, raramente os embaixadores de Cristo chegam a ser honrados como aqueles do mundo diplomático. Nos primeiros séculos da Era Cristã, milhares de líderes da igreja e outros crentes foram martirizados pela causa de Cristo. Parece que só um dos doze apóstolos (João) morreu de morte natural; os outros morreram como mártires. Pedro foi crucificado e Paulo degolado.

Vimos no capítulo 12 que o sofrimento muitas vezes produz bênçãos, não somente para quem sofre mas também para os outros. Será que Deus permite a perseguição para estimular o crescimento e amadurecimento da sua igreja? A história parece ensinar-nos que é assim. Costumamos até dizer: “O sangue dos mártires é a semente da Igreja”. Mas cada moeda tem duas faces:

Em nossos dias, algumas religiões e governos opressivos estão limitando severamente o crescimento das igrejas.

Seja como for, a lembrança da experiência dos crentes neotestamentários nos ajudará a entender o princípio fundamental de que a perda leva ao aumento, a morte à vida, e o sofrimento à bênção.

Os primeiros capítulos de Atos falam de opressão, prisões, apóstolos açoitados e o martírio de Estevão. Depois disso, Paulo foi ameaçado, açoitado, preso e apedrejado. Ele padeceu fome, sede, sofreu devido à falta de abrigo, às dificuldades, aos naufrágios e passou por muitos outros perigos no decorrer de suas viagens evangelísticas. Os outros apóstolos e muitos outros obreiros também enfrentaram perseguições.

III - CRESCIMENTO DE UMA IGREJA PERSEGUIDA NO LIVRO DE ATOS

Durante os primeiros 25 anos após a ressurreição de Jesus, cerca de cem mil pessoas em três continentes se converteram a Jesus. Parece ter havido alguma relação entre o índice de sofrimento e perseguição e o crescimento da Igreja.

Até em nossos dias, evidencia-se um fenômeno semelhante. Em certo país da América do Sul, por exemplo, recentemente, os crentes em Cristo foram ferozmente perseguidos e houve muitos mártires. Agora, a Igreja naquele país está crescendo rapidamente.

Releia 2 Coríntios 6.4-10; 11.23-29. Você verá que Paulo escreve sobre três tipos de sofrimentos angústia mental (dificuldades, desonra, perigos e preocupações pelas igrejas), dor física imposta por outros (açoites, prisões), privações e desconfortos aceitos voluntariamente (trabalho duro, fome, insônias e viagens difíceis).

Muitos obreiros de Deus hoje em dia se dispõem voluntariamente a aceitar uma vida de dificuldades para reconciliar os seus semelhantes com Deus.

Conheço pessoalmente crentes brasileiros que caminham muitos quilômetros a pé pela chuva e lama, para celebrarem cultos evangelísticos. Nesse país, onde trabalho há mais de 25 anos, muitos alunos de instituto bíblico se levantam antes das seis horas, trabalham o dia inteiro, assistem às aulas de três a cinco noites por semana e voltam para casa à meia-noite. Quase todas as igrejas pentecostais têm vigília de vez em quando, sendo comum um período de jejum e oração. As igrejas pentecostais do Brasil estão cheias, não somente de crentes, mas também de pecadores em busca da paz com Deus. Muitas pessoas se convertem nos cultos da semana e ao ar livre. A rede evangélica continua se enchendo, e se o índice atual de conversões se mantiver durante a década de 1990, mais de um milhão de pessoas por ano se converterão a Cristo no Brasil.

Jesus sofreu perseguições por ter praticado o bem. Como seguidores dEle, devemos estar dispostos a carregar a nossa cruz também sofrendo perseguições ou sacrificando voluntariamente nosso tempo, dinheiro e conforto físico para implorarmos aos nossos semelhantes: “Reconciliai-vos com Deus!” Paulo, apesar dos seus sofrimentos pelo Evangelho, foi vitorioso no poder de Deus e como seu colaborador (6.1,7). Ele plantou igrejas em dois continentes e atingiu multidões em nome de Cristo. Temos à disposição os mesmos recursos para a realização da nossa missão.

2. A conduta dos reconciliados

Em 1 Coríntios, já vimos como Paulo apela para os crentes viverem em santidade na base da sua relação com Deus.

Veja a freqüência com que ele especifica as relações entre Deus e o homem como base de conduta. Estude o quadro acima, buscando as referências bíblicas.

Após o apelo pessoal de Paulo aos seus “filhos” em Corinto, ele oferece um sermão bem compacto acerca da santificação em 2 Coríntios 6.14—7.1. Santificar significa “tornar santo, separar de outros usos, consagrar ao uso de Deus”.

Paulo já mandara aos coríntios que se afastassem de pessoas imorais, especialmente qualquer hipócrita que se chamasse irmão. enquanto vivesse na imoralidade ou na bebedeira (1 Co 5.9- 11). Esse trecho e 2 Coríntios 2.14-18 não significam que devemos agastar-nos de todo contato com descrentes. Jesus foi amigo de pecadores e os conduziu ao seu Pai. Ele não orou para que pudéssemos ser tirados do mundo, mas que fossemos guardados do mal (Jo 17.13-19). Satanás adora aproveitar as relações entre crentes e os descrentes para afastar os fiéis do seu Deus. Precisamos da proteção divina.

Algumas dessas relações, se previamente estabelecidas, não devem romper-se, como vimos no caso do crente casado com descrente. Muitos jovens crentes têm país e irmãos incrédulos, e muitos pais cristãos têm filhos descrentes. Devemos externar o nosso amor por nossos parentes e amigos descrentes, mas não podemos participar simultaneamente de suas atividades pecaminosas e da comunhão com nosso Deus. Por isso não devemos comprometer-nos intimamente com incrédulos.

Deus nos manda: “Não vos prendais a um jugo desigual com os infiéis” (2 Co 6.14). Um jugo, ou canga, obriga os animais emparelhados a andarem juntos com passo igual e colaborarem em tudo. Imagine a frustração e atrito de ficar emparelhado com alguém que queira seguir princípios ímpios, enquanto você tenta seguir a Cristo!

Pode ser questão de matrimônio, sociedade comercial ou intimidade social. A formação de laços estreitos com pessoas não cristãs, quase sempre prejudica o testemunho do crente e enfraquece a sua experiência cristã. A maior perda, porém, seria estranhar a presença de Deus e virar as costas a Ele. E por isso que Paulo, citando Isaías 52.11, urge: “Pelo que saí do meio deles, e apartai-vos, diz o Senhor” (6.17). E um bom conselho para nós também!

Paulo encerra seu sermão de santidade (7.1) com uma exortação dupla. A primeira parte é negativa, referindo-se ao que não devemos fazer. A segunda, positiva, refere-se àquilo que devemos fazer levar uma vida santa por causa da vossa reverência para com Deus.

3. Reconciliação na Igreja

Comecemos com 2 Coríntios 7.7: “As vossas saudades, o vosso choro, o vosso zelo por mim”. Parece que os coríntios magoaram o apóstolo Paulo de qualquer maneira, e agora desejavam sarar a ferida. Na carta referida em 2.4, Paulo lhes escrevera de forma bem dura, repreendendo a falta de disciplina do irmão pecador que tinha ofendido a igreja inteira. A prova de que aquela carta surtiu efeito é dada nas palavras: “Basta ao tal essa repreensão feita por muitos” (2.5,6).

Já comentamos as emoções contrastantes de Paulo em 7.2-16. E óbvio que os coríntios tinham aberto seu coração ao apóstolo. Paulo lhes corresponde com um transbordar de alegria no trecho sob exame. E em Corinto, a tristeza provocada pelo problema conduzira ao arrependimento, resultando na tomada das providências necessárias para a solução do problema e na restauração de comunhão entre os membros.

De uma certa maneira, a reconciliação entre Paulo e os coríntios exemplifica a grande reconciliação entre Deus e os seres humanos. Paulo, que sofrera o insulto, iniciou a tentativa de reconciliação: mandou por seu colega Tito, uma carta expressando seu amor por sua preocupação, pela lamentável situação existente e seu desejo de que respondessem com autêntica confiança e amor. Deus mandou seu Filho, o verbo feito carne, para nos mostrar a verdadeira condição das nossas vidas e o imenso amor do Pai para conosco. Ele não é nosso inimigo, mas apela em favor da reconciliação, possibilitada pela morte de Cristo, nosso Redentor. Agora, uma autêntica e profunda tristeza por nosso pecado, nossa inimizade para com Deus, leva-nos ao arrependimento. Aceitamos os termos de reconciliação determinados pelo Pai e encontramos uma verdadeira alegria na paz com Deus. Houve muito júbilo quando Paulo soube, pela comunicação de Tito, que os coríntios tinham se arrependido dos seus erros. Semelhantemente, há grande gozo no céu quando um pecador se arrepende e se entrega nas mãos de Deus (Lc 15.10).

Impressiona-me, nesse trecho bíblico, a importância da comunicação no episódio referido e em nosso ministério de reconciliação:

1. A visita difícil de Paulo — possivelmente comunicação defeituosa (2.1).

2. Uma carta que conduziu a tristeza e ao arrependimento — boa comunicação (7.8).

3. A visita de Tito, embaixador da boa vontade — ótima comunicação (7.7).

4. A busca inútil em Troas (Paulo não encontra Tito) — nenhuma comunicação (2.12,13).

5. Tito traz boas notícias de Corinto — ótima comunicação (7.6,7).

6. Paulo escreve uma carta amável, confirmando sua confiança e perdão com relação aos coríntios --- ótima comunicação (2 Co).

Que exemplo para nós! Se Paulo não tivesse persistido na sua comunicação, talvez nem houvesse produzido a desejada reconciliação. Estamos dispostos a ser igualmente persistentes e longânimos no nosso próprio ministério de reconciliação entre familiares, amigos e membros da igreja? Recebemos a bênção que Jesus prometeu aos pacificadores? Que possamos realizar um ministério bem frutífero e abençoado.

Elaboração pelo:- Evangelista Isaias Silva de Jesus (auxiliar)

Igreja Evangélica Assembléia de Deus Ministério Belém Em Dourados – MS

Comentário Bíblico 1 e 2 Coríntios Thomas Reginald Hoover

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