MULHERES QUE
AJUDARAM JESUS
Texto Áureo = “E também algumas mulheres que haviam sido curadas de espíritos
malignos e de enfermidades [...] e muitas outras que o serviam com suas
fazendas.” (Lc 8.2,3).
Verdade Prática = A mulher sempre teve um papel importante na
expansão do Reino de Deus.
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE = Lucas 1.30,31; Lucas 8.1-3; Marcos 16.1,2,9.
Mulheres em Evidência
Não faz
muito tempo fui convidado para ministrar em uma convenção de pastores. A minha
palestra versava sobre o valor da apologética cristã no ministério pastoral.
Durante os dias que ali passei naquele conclave, pude observar um debate
acirrado sobre a ordenação de mulheres para o ministério pastoral. As posições
estavam polarizadas e os enfrentamentos se tornaram bastante calorosos! Como
não havia sido convidado para esse propósito, não tive participação ativa
naquele debate.
Não é
meu propósito neste capítulo tratar da ordenação ou não de mulheres ao
ministério pastoral. Nem tampouco é meu objetivo entrar no mérito dessa questão
emitindo um juízo de valor sobre esse assunto. Isso fugiria completamente do
nosso foco aqui que é procurar entender o lugar que as mulheres ocuparam no
ministério publico de Jesus. Todavia acredito que precisamos conhecer o que a
história registrou sobre esse assunto a fim de entendermos melhor como a mulher
tem sido tratada ao longo dos anos, quer dentro da cultura judaica, cristã ou
secular.
O Catolicismo Medieval e as Mulheres!
Embora
o debate em torno da participação feminina nos contextos social e religioso é
bastante atual, todavia, como observaram os escritores Bonnidell Cluse e Robert
G. Bonnidell, ele não é novo. Bonnnidell faz um excelente apanhado histórico
sobre a participação feminina no movimento evangélico através dos séculos. Aqui
sintetizarei essa análise.
No
contexto católico romano, por exemplo, as mulheres possuem atribuições
religiosas bastante limitadas. Isso se deve ao fato da analogia que o
catolicismo criou entre o sacerdócio levítico e o sacerdócio católico.
Sendo o
sacerdócio católico uma adaptação do sacerdócio levítico, inclusive com sua
função de mediador, somente homens, como era no antigo judaísmo, poderiam
participar do culto.
As
mulheres estavam excluídas por uma série de razões. Uma delas é que a Lei
considerava uma mulher, no período menstrual, cerimonialmente impura para o
culto. Dessa forma o catolicismo medieval entendia que as mulheres também
estavam excluídas para as atividades religiosas pelas mesmas razões.
Mulheres no Contexto da Reforma
No
contexto evangélico ou protestante, no que se refere ao papel das mulheres, os debates
têm se restringido à participação ou não das mesmas no ministério pastoral. Em
outras palavras, a questão gira em torno da ordenação ou não de mulheres para o
exercício pastoral ou para a função de liderança. Robert G. Clouse explica como
é vista essa questão nas igrejas protestantes.
Na
maioria das igrejas, observa ele, a ordenação para o ministério se entende como
a eleição de algumas pessoas que vão ocupar posições de autoridade dentro da
congregação. Isso as qualifica para pregar, administrar os sacramentos e
supervisionar os assuntos da congregação. Devido a importância da pregação nas
igrejas protestantes, o tema da ordenação está muito relacionado com essa
função.
Com o
advento da Reforma Protestante de 1517, a visão bíblica do sacerdócio universal
de todos os crentes foi restaurada dentro do contexto evangélico. Seguindo o
ensino neotestamentário, Lutero ensinou que o cristão era seu próprio sacerdote
(1 Pe 2.9).
Isso
abolia a figura do sacerdote católico e também tornava desnecessária a figura
de um mediador. Apesar de alguns historiadores acharem que Lutero, graças a sua
grande influência, deveria ter olhado com mais atenção para a função de
liderança das mulheres na igreja, ele não o fez. Mas ele acreditava que sob
circunstâncias especiais as mulheres poderiam exercer algumas funções na
igreja, como por exemplo, a da pregação.
Essa
sua posição mais maleável para com as mulheres exerceu influência entre
luteranos e reformados, seguidores de João Calvino. Esse ponto de vista do
reformador alemão se fundamentava no relato da criação. Ele acreditava que
antes da queda tanto o homem quanto a mulher desfrutavam da mesma posição
diante de Deus, mas com a entrada do pecado no mundo esse quadro mudou, O homem
passou então a exercer a função de liderança. Por outro lado, João Calvino
partia do princípio de que a mulher havia sido criada a partir do homem e como
tal deveria ser subordinada a ele.
Os Anabatistas e as Mulheres
A
posição dos anabatistas sobre a participação das mulheres na liturgia do culto
era muito mais maleável do que a dos reformadores. Os anabatistas radicalizaram
mais ainda a Reforma exigindo o batismo de adultos e a participação de leigos
no ministério da igreja. Na verdade os anabatistas eram totalmente contra toda
forma de elitização clerical. Não há dúvida de que esse posicionamento dos
anabatistas fez com que as mulheres tivessem muito mais espaço entre eles.
De fato
os batistas do século XVII e os Quakers, claramente influenciados pelo
movimento anabatista de onde surgiram, permitiram a participação ativa de
mulheres em suas liturgias.
As Mulheres e o Movimento Pietista Alemão
Essas e
outras controvérsias surgidas por conta da Reforma fez com que as igrejas
institucionalizadas procurassem definir seus credos doutrinários de forma muito
mais precisa. A consequência natural dessa ortodoxia foi a classificação desses
movimentos como sendo de natureza sectária e herética.
Muitos
cristãos não ficaram satisfeitos com esse enrijecimento doutrinário da igreja
institucional e procuraram um retorno ao fervor bíblico primitivo. Passaram a
enfatizar a conversão, a ansiar por uma vida mais santa e uma vida devocional
mais dinâmica. Esses crentes foram apelidados de “pietistas”. Eles enfatizam a
vida interior e não apenas os rituais exteriores. No movimento pietista as
mulheres voltaram a ter um papel de destaque.
O Metodismo e as Mulheres
É com o
movimento metodista, fundado por John Wesley, que as mulheres vão receber a
visibilidade que ainda não possuíam, tanto na Inglaterra como nos Estados
Unidos. Wesley acreditava que as restrições de Paulo quanto à função das
mulheres na igreja era uma norma a ser seguida. Todavia, ele cria que Deus
havia chamado a todos para a sublime missão de pregar o evangelho. Pensando
assim, ele permitiu que leigos e mulheres tivessem participação ativa no seu
movimento.
Os Movimentos de Reavivamento e as Mulheres
Entre
os anos de 1725 e 1770, os Estados Unidos foram abalados pelo que se chama
comumente de “O Grande Avivamento”. Tendo origem nas igrejas reformadas
holandesas, influenciando posteriormente as igrejas congregacionais da Nova
Inglaterra, esse avivamento trouxe conversões em massas e gerou também o famoso
pregador Jonathan Edwards.
Nesse
avivamento, as mulheres tiveram uma participação especial. A mais famosa delas
foi Sarah Osborn que desenvolveu um ministério público de pregação.
Um
outro avivamento, que se seguiu a esse, denominado de “O Segundo Grande
Despertamento”, ocorreu em meados do século XIX. Cerca de dois terços dos
convertidos nesse movimento eram mulheres que em sua grande maioria estavam na
casa dos trinta anos. Esse fato fez com que as mulheres também tivessem
proeminência dentro desse movimento.
Com o
advento do pentecostalismo no início do século XX, o papel da mulher na igreja
ganhou muito mais expressão. Todavia, o mesmo fenômeno que ocorreu dentro de
outros movimentos evangélicos passados se repetiu dentro do pentecostalismo e a
posição de liderança das mulheres ficou outra vez limitada.
Observa-se
que embora as mulheres tenham exercido diferentes funções dentro do movimento
protestante, o protestantismo se manteve sempre conservador ao restringir a
função de liderança eclesiástica ao sexo masculino.
O Movimento Feminista e as Mulheres
No
contexto secular o movimento feminista surge com a bandeira que promete acabar
com toda e qualquer discriminação que existe contra a mulher.
De
acordo com a Enciclopédia Barsa, o movimento feminista defende a igualdade de
direitos e status entre homens e mulheres, que devem ter garantida a liberdade
de decisão sobre suas próprias carreiras e padrões de vida,
A
origem desse movimento está associado à revolução francesa de 1789. Durante
esse período de convulsão social o sistema político e social então vigente na
França e no resto do Ocidente foi abalado. Ainda de acordo com a Barsa, esse
movimento “encorajou as mulheres a denunciar a sujeição a que eram mantidas e
que se manifestava em todas as esferas da existência: jurídica, política,
econômica, educacional, etc. “
Como se
observa, esse movimento de contestação francês em seu início centrava-se mais
na conquista de direitos civis para as mulheres, situação que viria a mudar
radicalmente no século XX. O movimento feminista contemporâneo acredita que a
mulher vive marginalizada e oprimida pela cultura masculina, descrita por ele
como patriarcal e machista. Pensando nisso, o movimento procura denunciar os
supostos mecanismos psicológicos e psicossociais que favorecem essa marginalização
ao mesmo tempo em que oferece recursos que possibilitem à mulher se livrar
dessas amarras.
Acreditam
que somente assim a mulher se torna livre em seu corpo e em seus desejos!
Fundamentado nessa tese, reivindica a interrupção voluntária da gravidez
(aborto) a radical igualdade nos salários e o acesso a postos de
responsabilidade.9 Em muitos países esse movimento tem se tornado radical
entrando constantemente em confronto com as autoridades constituídas.
Jesus, o Judaísmo e as Mulheres
Pois
bem, tendo dado essa visão panorâmica sobre como foi tratado o sexo feminino ao
longo dos séculos, é nosso objetivo agora voltar para a Palestina do primeiro
século a fim de entendermos como Jesus tratou as mulheres.
Tem
causado espanto em muitos pesquisadores o relato dos evangelhos sobre a
participação feminina no ministério público de Jesus. Essa admiração existe em
razão da atenção que os evangelistas, especialmente Lucas, dão às mulheres. O
relato lucano mostra que as mulheres tiveram participação ativa no ministério
de Jesus. “E aconteceu, depois disso, que andava de cidade em cidade e de
aldeia em aldeia, pregando e anunciando o evangelho do Reino de Deus; e os doze
iam com ele, e também algumas mulheres que haviam sido curadas de espíritos
malignos e de enfermidades: Maria, chamada Madalena, da qual saíram sete
demônios; e Joana, mulher de Cuza, procurador de Herodes, e Suzana, e muitas
outras que o serviam com suas fazendas” (Lc 8.1-3),
O
escritor José A. Pagola destaca essa atenção especial que o terceiro evangelho
dispensa às mulheres. “Em seu relato aparecem personagens femininos de uma
força extraordinária: Maria mãe de Jesus, Isabel, Ana, a viúva de Naim, a
pecadora na casa de Simão, suas amigas Marta e Maria, Maria de Magdala, uma
mulher anônima que tece elogios à sua mãe... Lucas tem um interesse especial em
apresentar Jesus curando mulheres enfermas — a sogra de Simão, a mulher que
sofria de hemorragia, a anciã encurvada, Maria de Magdala, da qual liberta
“sete demônios” (8.2).
Também
sublinha sua compaixão e sua ternura com a mulher pecadora (7.36-50), com a
viúva de Naim (7,11-17), com as que saem chorando ao seu encontro no caminho da
cruz (23.27- 31). Pagola destaca ainda que essas “mulheres são seguidoras de
Jesus e acompanham os Doze: Maria Madalena; Joana, mulher de Cuza; Susana e
‘muitas outras que o serviam com seus bens’ (8.1-3).
Quando
os varões abandonaram Jesus, elas permanecem fiéis até o fim junto à cruz
(23.49). São elas as primeiras a anunciar a ressurreição de Jesus, embora os
discípulos não acreditem nelas (24.22).
O
Evangelho de Lucas nos ajudará a olhar a mulher como Jesus a olhava, para
defender sua dignidade e para fazer com que elas ocupem em sua comunidade o
lugar quê lhes corresponde.
Essa
forma de enxergar a mulher, não a tratando como objeto como fazia, por exemplo,
o antigo judaísmo, era totalmente inusitada na Palestina dos dias de Jesus.
Jesus, portanto, mudou o paradigma que via as mulheres como “coisa” e não como
um ser especial formado por Deus.
Assim
como Pagola, outros teólogos têm procurado também entender o papel desempenhado
pelas mulheres nas comunidades da Palestina dos dias de Jesus. Dentre eles
estão J. Jeremias, John P. Meier, Gerd Theissen e os escritores Ekkehard e
Wolfgang Stegemann.
A obra
desses autores procura reconstruir a vida cotidiana das mulheres nos dias
bíblicos. John P. Meier, por exemplo, em sua obra Um Judeu Marginal observa que
embora Lucas não use o substantivo mathetes ou a sua forma feminina equivalente
mathetria para se referir a uma discípula, todavia o substantivo masculino em
sua forma plural hoi mathetai pode ser usado em referência tanto para homens
como para mulheres.
O que
pode ser afirmado, diz Meier, com razoável probabilidade sobre a existência ou
a natureza de discípulas em torno do Jesus histórico? Para começar, havia
seguidoras? E, se havia mulheres seguindo Jesus em um sentido literal e físico,
eram elas chamadas ou consideradas “discípulas” durante a vida de Jesus? Tais
questões, embora pareçam simples, são surpreendentemente difíceis de responder.
Na
verdade, quando várias passagens do Evangelho falam em geral de grupos de
“discípulos” com Jesus, sem maiores especificações sobre a composição do grupo,
é lícito assinalar que o substantivo masculino plural hoi mathetai pode ser
entendido inclusivamente, pois pelo menos alguns substantivos masculinos
plurais em grego eram entendidos assím (p. ex., o masculino plural hoi goneis
para “pai [pai e mãe]”). Ao contrário da tendência contemporânea do uso no
inglês dos Estados Unidos, o masculino plural em grego admite uma interpretação
inclusiva se o contexto não dá outra indicação.
Portanto,
a forma gramatical hoi mathetai poderia se referir a discípulos masculinos e
também femininos. Pode-se montar um argumento para mostrar que Lucas em
particular interpreta o plural dessa maneira, embora ele nunca use clara e
diretamente mathetai apenas para um grupo de mulheres,
O fato
de um grupo de mulheres serem citadas como seguidoras de Jesus tem chamado a
atenção dos estudiosos. Isso mostra que a missão do Filho do Homem não se
limitou aos excluídos economicamente, mas também aquelas que haviam sido
excluídas socialmente. E possível observar que essas mulheres, embora
discípulas de Jesus, não se sentiram constrangidas a renunciar os seus bens.
Como bem observou Meier, se assim tivessem feito não poderiam servir de forma
contínua a Jesus e a seus apóstolos (Lc 8.1-3)
O
contraste existente, portanto, entre o tratamento que Jesus deu às mulheres e
aquele que elas recebiam da sociedade de seus dias é de fato enorme. Na
verdade, Jesus promoveu uma verdadeira “inversão” de valores naqueles dias. O
objeto passou a ser sujeito! Os escritores Ekkehard e Wolfgang Stegemann na
obra História Social do Protocristianismo, fizeram resgate histórico sobre a
participação feminina nas culturas do mundo mediterrâneo.
Citando
o escritor judeu Filo de Alexandria, contemporâneo de Jesus, eles resumem o
pensamento que se tinha sobre as mulheres no judaísmo do primeiro século.
“Praças,
reuniões do conselho, tribunais, associações, ajuntamentos de grandes massas e
o relacionamento cotidiano a céu aberto, por meio da palavra e da ação, na
guerra e na paz, são apropriados apenas aos homens; o sexo feminino, em
contrapartida, deve cuidar do lar e permanecer em casa; mais exatamente, as
virgens devem (ficar) nos aposentos mais retirados e encarar as portas de
acesso como seu limite; as mulheres casadas, por sua vez, as portas da casa.
Pois há
dois tipos de complexos urbanos, casas (oikíai); destes dois, com base na
divisão, os homens têm a direção dos maiores, que constitui a administração da
cidade (politeia), e as mulheres dirigem os menores, as chamadas economias
domésticas (oikonomía). A mulher, portanto, não deve se preocupar com qualquer
coisa que vá além das obrigações da economia doméstica.
Por
outro lado, as culturas gregas e romanas eram muito mais flexíveis com a
participação das mulheres na vida pública. Mas, de uma forma geral, a cultura
oriental era bastante rígida com a participação feminina na coletividade. Ainda
sobre a presença feminina na vida pública na Palestina nos dias de Jesus, o escritor
e historiador J. Jeremias destaca que as mulheres não podiam sair de casa sem
terem seus rostos cobertos por uma espécie de burca. Dessa forma não era
possível nem mesmo reconhecer seu rosto.
É
conhecido o caso de um sacerdote que mandou acoitar a própria mãe porque não a
reconheceu por causa da indumentária que ela vestia! Jeremias destaca que a
mulher que saía de casa sem ter a cabeça coberta, que dizer, sem o véu que
ocultava o rosto, faltava de tal modo aos bons costumes que o marido tinha o
direito, até mais, tinha o dever de despedi-la sem ser obrigado a pagar a
quantia que, no caso de divórcio, pertencia à esposa, em virtude do contrato
matrimonial.
As
regras do decoro, observa ainda J. Jeremias, proibiam encontrar-se sozinho com
uma mulher, olhar para uma mulher casada, e até mesmo cumprimentá-la. Seria
vergonhoso para um aluno de escriba falar com uma mulher na rua. Aquela que
conversasse com alguém na rua ou ficasse do lado de fora de sua casa podia ser
repudiada sem receber o pagamento previsto no contrato de casamento.’8 Isso nos
permite entender outros textos dos Evangelhos onde Jesus aparece conversando
com mulheres! No Evangelho de Lucas, por exemplo, vemos Jesus dialogando com as
irmãs Marta e Maria e no Evangelho de João a clássica história da samaritana,
Até mesmo os apóstolos, que acompanhavam Jesus de perto, admiraram-se dessa
ousadia do Mestre.
Mulheres que tiveram um Encontro Pessoal
com Jesus
Aprecio
o esboço feito pela escritora Wanda de Assumpção sobre as mulheres que tiveram
um encontro pessoal com Jesus. Ela divide em quatro grupos todas as mulheres
que de alguma forma se encontraram com Jesus. No grupo das que tiveram Jesus
como seu sustento e consolo, estão: Ana, a profetisa, a viúva de Naim e a viúva
pobre. No grupo das mulheres que tiveram Jesus como a sua justificação, estão:
a pecadora que ungiu os pés de Jesus e a mulher adúltera.
No
grupo das que tiveram Jesus como a cura, estão: a sogra de Pedro, a mulher com
hemorragia, a mulher curvada por enfermidade, a mulher sito-fenícia e Maria
Madalena. Por último, no grupo das mulheres que tiveram Jesus como a água viva
que sacia a sede, encontram-se: a mulher samaritana, Marta, Maria de Betânia, a
mãe de Tiago e João e Maria, a mãe de Jesus.
De
todas essas histórias, a narrativa sobre a mulher pecadora que ungiu os pés de
Jesus se mostra como uma das mais belas e fascinantes. Ela mostra que Jesus
valorizou as mulheres e devolveu-lhes a dignidade perdida.
“E
rogou-lhe um dos fariseus que comesse com ele; e, entrando em casa do fariseu,
assentou-se á mesa. E eis que uma mulher da cidade, uma pecadora, sabendo que
ele estava á mesa em casa do fariseu, levou um vaso de alabastro com unguento.
E, estando por detrás, aos seus pés, chorando, começou a regar-lhe os pés com
lágrimas, e enxugava-lhos com os cabelos da sua cabeça e beijava-lhe os pés, e
ungia-lhos com o unguento.
Quando
isso viu o fariseu que o tinha convidado, falava consigo, dizendo: Se este fora
profeta, bem saberia quem e qual é a mulher que lhe tocou, pois é uma pecadora.
E,
respondendo, Jesus disse-lhe: Simão, uma coisa tenho a dizer-te. E ele disse:
Dize-a, Mestre. Um certo credor tinha dois devedores; um devia- lhe quinhentos
dinheiros, e outro, cinquenta. E, não tendo eles com que pagar, perdoou-lhes a
ambos, Dize, pois: qual deles o amará mais? E Simão, respondendo, disse: Tenho
para mim que é aquele a quem mais perdoou. E ele lhe disse: Julgaste bem. E,
voltando-se para a mulher, disse a Simão: Vês tu esta mulher? Entrei em tua
casa, e não me deste água para os pés; mas esta regou-me os pés com lágrimas e
mos enxugou com os seus cabelos. Não me deste ósculo, mas esta, desde que
entrou, não tem cessado de me beijar os pés. Não me ungiste a cabeça com óleo,
mas esta ungiu-me os pés com unguento.
Por
isso, te digo que os seus muitos pecados lhe são perdoados, porque muito amou;
mas aquele a quem pouco é perdoado pouco ama. E disse a ela: Os teus pecados te
são perdoados. E os que estavam à mesa começaram a dizer entre si: Quem é este,
que até perdoa peca- dos? E disse à mulher: A tua fé te salvou; vai-te em paz
(Lc 7,36-50).
Algumas deduções são possíveis a partir
desse texto:
1. A mulher pecadora era “cobiçada” pelos
homens, mas não se sentia amada por Deus.
Essa
mulher que ungiu os pés de Jesus, que não deve ser confundida com uma outra
mulher citada no capítulo 12 do evangelho de João, trazia o estigma de ser
“pecadora”. Esse adjetivo significava que ela era uma mulher de vida “livre” ou
mais popularmente uma “prostituta”.
Isso a
excluia da vida religiosa e da vida em sociedade. Não há dúvida de que essa
mulher, sempre disponível para os homens, sendo cobiçada por eles, não se
sentia uma mulher amada.
É somente
quando ela encontra o Senhor Jesus que ela de fato vai saber o que é se sentir
realmente amada. Jesus fez com que a mulher pecadora se sentisse perdoada por
Deus.
2. A mulher pecadora levava consigo um
frasco de perfume, mas não conseguia encobrir o fedor do seu passado.
O
fariseu que convidou Jesus, ao observar a cena da mulher ungindo o Senhor,
pensou: “Se este fora profeta, bem saberia quem e qual é a mulher que lhe
tocou, pois é uma pecadora”. Esse fariseu tinha o olfato refinado para sentir o
cheiro do “pecado”. Pela lei, aquela mulher de fato era uma pecadora! O fariseu
e todos os presentes ali sabiam disso. Parece que aquela mulher fedia a pecado.
Foi
somente quando teve o contado com o Mestre que o seu pecado e consequente o seu
passado foram esquecidos diante de Deus. Agora ela não fedia mais a pecado, mas
tornara-se o bom perfume de Cristo (2 Co 2.15).
3. A mulher pecadora vendia o seu corpo,
mas não conseguia comprar a paz.
O que
de fato essa mulher procurava e buscava com intensidade era encontrar a paz!
Ela tinha os homens à sua volta, ganhava dinheiro com seu corpo, mas não
conseguia encontrar a paz. Jesus mostra-lhe que ser amada por Deus e perdoada
por Ele é o que importa. A paz vem quando o perdão de Deus é derramado em seu
coração.
4. A mulher pecadora derramou diante de
Jesus tudo o que tinha para que Deus juntasse o que havia sobrado dela.
O
relato lucano diz que ela ungia o Senhor. Ela derramou tudo o que possuía de
mais precioso sobre o Senhor. O seu gesto de entrega e de arrependimento
possibilitou o Senhor restaurá-la por completo. A sua vida, que se encontrava
fragmentada em retalhos foi totalmente reconstruída.
5. A mulher pecadora aprendeu que a Lei
condena, mas a graça perdoa!
A Lei
puniu aquela mulher, a graça a perdoou! A Lei a excluía, a graça a abraçou! A
Lei foi dada através de Moisés, a graça e a verdade vieram através de Jesus
Cristo (Jo 1.17).
Elaboração
pelo:- Evangelista Isaias Silva de Jesus
Igreja Evangélica Assembléia de
Deus Ministério Belém Em Dourados – MS
Lucas – O Evangelho de Jesus, O
Homem Perfeito, Pr José Gonçalves- CPAD
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