28 de abril de 2015

JESUS ESCOLHE SEUS DISCÍPULOS




 Texto Áureo =  “Os dois discípulos, ouviram-no dizer isso e seguiram a Jesus”. Jo 1.37
  
Verdade Pratica = Depois de encontrarmos Jesus, devemos ajudar os nossos familiares e amigos a fazerem o mesmo.

Textos de Referência = João 1.35-41

Os Primeiros Discípulos Jo 1.35-42

Introdução

 O apóstolo João declara o propósito de escrever seu evangelho: “Estes, porém, foram registrados para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais vida em seu nome” (Jo 20.31). João transmite-nos todo o volume de testemunho que o convenceu, e a outros da sua geração, quanto à divindade de Cristo, e tem confi­ança de que outros, igualmente, serão inspirados com a mesma convicção.

 O apóstolo apresenta três séries de testemunhos: 1) Os milagres de Cristo, que chama de “sinais”, porque demons­tram a divindade de quem os opera. Quantos milagres operados antes da crucificação João registra no seu livro? 2) As asseverações de Jesus quanto à sua natureza e mis­são.
Note quantas vezes João registra as reivindicações de Jesus, que começam com as palavras “eu sou”. 3) João registra os testemunhos de outras pessoas - de João Batista, dos primeiros discípulos e daqueles que receberam a cura da parte de Jesus.

 Este trecho é um exemplo da terceira série de evidênci­as. Citam-se aqui os testemunhos de João Batista e André, irmão de Pedro, como veremos aqui em ebdareiabranca.

 Quando Jesus emergiu da vida particular para entrar no ministério público, não tinha nenhum adepto ou se­guidor. Deus, porém, enviara um profeta para preparar o caminho diante dele - João Batista, para “preparar ao Senhor um povo bem disposto” (Lc 1.17). 

Foi no meio dos convertidos de João Batista que Jesus recebeu seus primeiros discípulos. Nosso trecho bíblico conta como três desses discípulos (inclusive o discípulo não mencionado pelo nome) deixaram a escola preparatória de João Batista para se tornarem estudantes da escola superior de Jesus.

Uma Declaração Que Chama a Atenção (Jo 1.35,36)

 “No dia seguinte João estava outra vez ali, e dois dos seus discípulos [André e João]; e, vendo passar a Jesus, disse: Eis aqui o Cordeiro de Deus”. Estudemos o significa­do desta proclamação, examinando as palavras, uma por uma.

 1. EIS aqui o Cordeiro de Deus”. Literalmente, “veja”. O evangelista apela ao pecador que veja o Crucificado e, contemplando-o, lamente os pecados que causaram sua morte.

2. Eis O Cordeiro de Deus”. Os sacrifícios de animais não operavam a perfeita redenção, haja vista que sempre tinham de ser repetidos. Nenhum sacerdote de Israel, can­sado por causa do serviço ao redor do altar, poderia voltar para casa, dizendo: “Minha esposa, finalmente ofereci o sacrifício final; o povo está completamente perdoado e purificado”. No entanto, qualquer um dentre os sacerdotes que obedeciam à fé (At 6.7) poderia ter dito isso, porque o Cordeiro perfeito, do qual os demais eram apenas símbolos, já fora oferecido (cf. Hb 10.11,12).

 3. Eis o CORDEIRO de Deus”. O cordeiro era um animal sacrifical; João, portanto, identificava Jesus com o Sacrifício enviado da parte de Deus, “que tira o pecado do mundo”. Leia Isaías 53, que é um ponto alto na doutrina do sacrifício, por profetizar que o próprio Messias em pes­soa haveria de se tornar a expiação pela raça humana. Compare com Atos 8.32-35. Talvez João também se refe­risse ao cordeiro da Páscoa (cf. 1 Co 5.7).

No início do pe­ríodo da Lei, há o cordeiro da Páscoa, cuja aceitação por parte da nação de Israel redimiu-a do meio da nação gen­tia; quase no fim do período da Lei, há outro Cordeiro, rejeitado pelos israelitas - e, por causa deste pecado, foram espalhados entre os gentios.

 4. “Eis o Cordeiro de DEUS". Uma das mais marcantes diferenças entre a fé cristã e o paganismo é que os adoradores pagãos trazem sacrifícios na tentativa de se reconciliarem com os seus deuses, enquanto a mensagem do Evangelho declara que o próprio Deus enviou um sacri­fício em nosso favor a fim de nos reconciliar consigo (Rm 8.32; 2 Co 5.19).

Deus trouxe a nós o sacrifício que nos coloca mais perto de Deus, e até o Antigo Testamento apresenta a expiação como sendo a dádiva da graça divina: “Porque a alma da carne está no sangue; pelo que vo-lo tenho dado sobre o altar, para fazer expiação pelas vossas almas” (Lv 17.11).

Uma Apresentação Inesquecível (Jo 1.37-39)

 1. Os discípulos que procuram. “E os dois discípulos ouviram-no dizer isto, e seguiram a Jesus.” A congregação de João começou a deixá-lo; ele, no entanto, não sentiu ciúmes porque, afinal, foi justamente esta obra de apontar às pessoas o Messias que viera fazer: “É necessário que ele cresça e que eu diminua” (cf. Jo 3.25-30). O fiel obreiro cristão conduz as pessoas a Cristo, e não a si mesmo.

 2. A pergunta perscrutadora. “E Jesus, voltando-se e vendo que eles o seguiam, disse-lhes: Que buscais?” O Senhor não deixa que ninguém o siga em vão; mostrará o seu rosto àqueles que o seguem em sinceridade. Note que as palavras “que buscais?” são um gracioso convite aos que o procuram, para que abram o seu coração a Ele. Ele a todos pergunta: “Que buscais?” Estão procurando verda­de, poder, perdão, amor, paz, vitória, esperança, forças? Ele pode nos oferecer tudo quanto buscamos e de que necessi­tamos. Além disso, a pergunta é um desafio, no sentido de ver se estamos procurando as coisas certas, porque ele procura discípulos sinceros e que entendam o que estão fazendo.

 3. A pergunta tímida.E eles disseram-lhe: Rabi (que, traduzido quer dizer, Mestre), onde moras?” Apesar de se sentirem um pouco acanhados na sua presença, os jovens ficaram tão impressionados em seu primeiro contato com Jesus que desejavam saber mais acerca dele; queriam saber o seu endereço, visando a uma visita mais prolongada. Lição: não devemos nos limitar a uma olhada passageira em Cristo; devemos saber onde Ele habita, para que nos receba como hóspedes.

 4. O convite gracioso. “E ele lhes disse: Vinde, e vede.” Este convite é a melhor resposta aos que duvidam e aos interessados - é o apelo à experiência. Podemos dar às pes­soas uma excelente receita culinária, e fazer grande esforço de descrever quão delicioso é certo prato, mas nada se compara com levar o próprio ouvinte a experimentar a comida por si mesmo. “Provai, e vede que o Senhor é bom” (Sl 34.8)

Uma Entrevista Que Transforma a Vida (Jo 1.39)

 “Foram, e viram onde morava, e ficaram com ele aque­le dia”. O escritor inspirado não nos conta os detalhes daquela inesquecível visita; sabemos, no entanto, que o contato com o radiante Mestre contribuiu com algo de vital à vida de André. Nunca mais foi o mesmo depois daquela entrevista. “Senti um calor estranho no meu coração”, dis­se João Wesley, descrevendo seu primeiro contato vivo com Cristo, e certamente André sentiu-se assim durante a sua festa espiritual com o Mestre. Quem aceitar o convite de Jesus (“Venha ver”) receberá outro convite (“Venha cear”). O primeiro é para os que ainda não são do seu rebanho; o segundo é para os que já entraram no seu aprisco.


Uma Grande Descoberta (Jo 1.40)

 André saiu daquela casa transbordando com uma pode­rosa convicção e, enlevado pela descoberta que tanto o emocionara, foi correndo falar com o seu irmão Pedro, anunciando as novas que fariam palpitar o coração de qual­quer verdadeiro israelita: “Achamos o Messias”. Muitos judeus podem dizer, até hoje: “Cremos na vinda do Mes­sias, oramos e ansiamos por aquele acontecimento”, mas nenhum judeu que não crê em Jesus pode dizer, juntamen­te com André: “Achamos o Messias”.

 Note que André veio a ser testemunha de Cristo no dia da sua conversão. As coisas maravilhosas que Cristo sus­surra nos ouvidos do homem, em segredo, ficam ardendo no seu íntimo até que ele conte aos outros.

Um Serviço de Amor (Jo 1.42)

 André não se restringiu a contar as novas: queria que seu irmão as experimentasse por si mesmo. Lemos, portan­to: “E levou-o a Jesus” - o serviço mais gentil que uma pessoa pode fazer a outra. Não é necessário que alguém seja grande pregador ou gênio espiritual para assim fazer.

 André começou o trabalho em seu próprio lar: “Este achou primeiro a seu irmão”. O melhor preparo a um mis­sionário é começar em casa; se não conseguimos levar outras pessoas a Cristo em nossa própria terra, como o faremos em outras terras? Quando o endemoninhado liber­to por Jesus quis seguir viagem com Ele, o Mestre respon­deu: “Vai para tua casa, para os teus, e anuncia-lhes quão grandes coisas o Senhor te fez, e como teve misericórdia de ti” (Mc 5.19).

Uma Recepção Graciosa (Jo 1.42)

 “E, olhando Jesus para ele, disse: Tu és Simão, filho de Jonas; tu serás chamado Cefas (que quer dizer Pedro).” Cefas, em hebraico, quer dizer “pedra” ou “rocha”. O que Cristo quis dizer com isto?

 1. Na Bíblia, a mudança de nome frequentemente sig­nificava mudança da natureza da pessoa, da sua situação ou experiência (Gn 32.28). Este encontro com Jesus se constituiu em ponto crítico na vida de Pedro - a hora em que ele passou a ser de Cristo.

 Dan Crawford conta acerca do valor que os congoleses dão a nomes:

 “O homem que se transforma muda também de nome. Um jovem perto de mim recebeu um aumento salarial, e tomou dinheiro adiantado para comprar um nome.

Para ele, o nome era um patrimônio tão valioso como um imóvel, pertencendo-lhe como se fosse seu cachorro ou sua arma. O jovem queria comprá-lo so­lenemente, à vista. Naturalmente que possuía nome, mas achava seu nome de nascimento por demais in­fantil: não é verdade que fora dado por conjectura, e sem o consentimento dele? Não é verdade que o nome deve ser um legítimo reflexo do caráter da pessoa?... Não é de se estranhar, portanto, que quando você diz ao africano que no céu teremos uma nova natureza, este responde: ‘Devemos, portanto, receber um nome novo”’ (ver Ap 2.17).

2. A mudança de nome foi, neste caso, uma promessa de poder transformador. Talvez Pedro pensasse, consigo mesmo, na presença do Mestre: “Como poderei eu, homem de caráter fraco e instável, ser digno de entrar no reino do Messias?” (cf. Lc 5.7,8). O Senhor, percebendo os temores íntimos de Pedro, queria dizer: “Sei que o homem chama­do Simão é conhecidamente impulsivo, impetuoso e instá­vel. Tenha, porém, bom ânimo. Assim como sei quem é você, assim também sei o que você será. Venha a mim assim como você é, e eu o farei uma pedra firme no meu Reino. Como sinal desta promessa, seu nome será Cefas.”

 O Senhor sempre é o mesmo: recebe-nos em nossa fra­queza, sabendo que poderá nos tornar fortes.

 3. O novo nome foi sinal da autoridade de Cristo exercida sobre Pedro, assim como um rei pode alterar o nome de alguém que levou cativo (cf. Dn 1.7). Daquele momento em diante, Pedro ficou pertencendo a Cristo e, com todo amor, chamava-o de Mestre.

Ensinamentos Práticos

 1. A maior necessidade do homem. Sacrifícios, alta­res e templos em todas as terras e época testificam esta verdade: os homens sempre sentiram o fato de as coisas andarem erradas no seu relacionamento com o poder superior, e que a apresentação de um sacrifício com der­ramamento de sangue é necessária para retificar a situ­ação. Cada pessoa que honestamente examinar o seu pró­prio coração sentir-se-á constrangida a dizer “Amém!” à declaração bíblica: “Pois todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus” (Rm 3.23). Muitos remédios têm sido oferecidos para curar a falta de harmonia que há na alma humana; João Batista, porém, apontou o re­médio divino: “Eis o Cordeiro de Deus, que tira o peca­do do mundo!”

 2. Uma pergunta perscrutadora. “Que buscais?” Esta pergunta sugere duas lições. 1) A necessidade de termos nítida consciência de qual é o nosso objetivo na vida.

Muitas pessoas são levadas à deriva pela vida, impulsionadas pelas circunstâncias; sabem quais as suas neces­sidades imediatas; não podem, porém, apontar um obje­tivo supremo para atingir, nem mencionar um grande propósito que controle a sua vida. Jesus, para despertar nas pessoas o reconhecimento de quão fútil é a vida que vão levam, pergunta-lhes: “Que buscais?” 2) A pergunta desafia as pessoas a se tornarem discípulos sérios. Mar­cos Dods escreve:

 “Cristo deseja ser seguido com toda a seriedade. Tan­tos o seguem porque uma multidão está indo atrás dele, levando outras pessoas consigo; tantos o seguem porque está na moda, sem possuírem opinião própria; muitos o seguem como por experiência, e vão ficando para trás quando surge a primeira dificuldade; muitos seguem com ideias errôneas quanto àquilo que esperam da parte dEle... Cristo não manda ninguém embora simplesmente pela sua lentidão em entender quem é Ele e o que Ele tem feito pelos pecadores. Com esta pergunta, no entanto, nos faz entender que aquela atração vaga e misteriosa que, qual ímã escondido, atrai a ele as pessoas, deve ser trocada por uma compreensão nítida quanto ao que nós mesmos esperamos receber dEle para suprir as nossas necessidades. Ele não rejeitará pessoa alguma que res­ponda, com sinceridade: “Buscamos a Deus, buscamos a santidade, buscamos serviço contigo, buscamos a ti.”

 3. “Vinde, e vede". E um desafio aos que duvidam e questionam. Certo cristão aceitou o desafio de um não-crente para debater com ele em público. Depois do discurso do não-crente, o cristão, sem falar uma palavra, tirou uma laranja do bolso, descascou-a, comeu-a e depois pergun­tou: “Bem, como estava a laranja?” “Como vou saber?”, retrucou o não-crente. “Nem sequer provei dela”. Respon­deu o crente: “Como o senhor pode conhecer o Cristianis­mo quando não o experimentou?”

 Um interessado pode ouvir e ler acerca de Cristo; o melhor caminho, no entanto, é chegar diretamente a Ele para experimentar seu poder. Para se explicar aos índios da floresta tropical o que é o gelo, mais valeria um pedaço para examinarem do que uma hora de preleções sobre o assunto.

4. Testemunho de Cristo. O testemunho de André su­gere três lições:

1) “Este achou primeiro a seu irmão”. Quanto mais estreitos os laços de parentesco entre quem testemunha e quem ouve, mais enfático será o testemu­nho. Há mais força de convicção entre os que se conhe­cem intimamente do que na mensagem falada em públi­co. Quando alguém encontra Cristo de forma tão real que sua alegria é tão óbvia como quando encontra um excelente emprego ou vaga universitária, seu testemu­nho não deixará de convencer aos que o conhecem.

2) O testemunho pessoal é prova da convicção pessoal; quan­do alguém tem profunda convicção, não pode ficar tranquilo até compartilhá-la com outra pessoa.

3) O teste­munho pessoal faz parte do plano de Deus para a evangelização do mundo. No século que se seguiu à era apos­tólica, não houve notícia de “grandes” evangelistas e mis­sionários; não há registro de campanhas evangelísticas abrangendo cidades inteiras.

A Igreja, no entanto, cres­ceu com ritmo veloz. A explicação é que cada cristão considerou ser dever e privilégio testemunhar de Cristo. O escravo testemunhava perante seu dono; o operário, ao seu companheiro; o vendedor, aos seus fregueses; o filho, aos pais. Os pastores, evangelistas e missionários se destacam na liderança da obra de ganhar almas para Cristo, mas não podem ficar sem a colaboração dos mem­bros das suas congregações.


Bibliografia M. Pearlman

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