16 de julho de 2024

Conservando os valores e guardando a identidade

 

Conservando os valores e guardando a identidade 

TEXTO PRINCIPAL

 

E o chefe dos eunucos lhes pôs outros nomes, a saber: a Daniel pôs o de Beltessazar, e a Hananias, o de Sadraque, e a Misael, o de Mesaque, e a Azarias, o de Abede-Nego 

Entenda o Texto Principal:

Nomes. Um fator determinante no processo treinamento babilônio era a mudança de nome.

Isso era feito para ligar os aprendizes aos deuses locais, em vez de apoiar a antiga lealdade religiosa deles.

Daniel significa "Deus é o meu juiz", mas passou a ser chamado de Beltessazar, que significa "Bel protege o rei".

Hananias significa "O Senhor é gracioso", mas teve o nome mudado para Sadraque, "Ordem de Aku", outro deus babilônio.

Misael, que quer dizer "Quem é como o Senhor", recebeu o nome de Mesaque, "Quem é como Aku?".

Finalmente, Azarias, "O Senhor é meu ajudador”, tornou-se Abede-Nego, ou seja, "Servo de Nego", também chamado de Nebo, deus da vegetação (cf. Is 46.1).

 

RESUMO DA LIÇÃO

Manter a identidade cristã em uma cultura hostil é a principal prova de fidelidade ao Senhor.

Entenda o Resumo da Lição

Entender nossa identidade em Cristo é essencial, pois impacta diretamente nossa vida espiritual, emocional e até mesmo física.

Ela define como interagimos com Deus, com os outros e conosco mesmos. Ela molda nossas crenças, valores e ações.

 

TEXTO BÍBLICO – Daniel 1: 2-7

 

3. E disse o rei a Aspenaz, chefe dos seus eunucos, que trouxesse alguns dos filhos de Israel, e da Linhagem real, e dos nobres.

Aspenaz, chefe de seus eunucos. “Eunucos” significam os camareiros do rei. da família real. Compare a profecia a Ezequias: “Eis que vêm dias, em que tudo o que está em tua casa, e tudo o que teus pais entesouraram até hoje, será levado a Babilônia, sem restar nada, disse o SENHOR. E de teus filhos que sairão de ti, que haverás gerado, tomarão; e serão eunucos no palácio do rei da Babilônia.” (2Reis 20:17-18).

 

4. Jovens em quem não houvesse defeito algum, formosos de aparência, e instruídos em toda a sabedoria, e sábios em ciência, e entendidos no conhecimento, e que tivessem habilidade para viver no palácio do rei, a fim de que fossem ensinados nas letras e na língua dos caldeus.

As qualificações exigidas dos judeus que seriam treinados nos negócios do estado babilônio incluíam que eles fossem:

1) fisicamente livres de deficiências ou manchas na pele e ter boa aparência, ou seja, agradáveis à vista das pessoas; ou;

2) mentalmente aguçados;

3) socialmente equilibrados e refinados para representar a liderança.

A idade dos escolhidos para serem treinados provavelmente era entre 14 e 17 anos.

 

5. E o rei lhes determinou a ração de cada dia, da porção do manjar do rei e do vinho que ele bebia, e que assim fossem criados por três anos, para que no fim deles pudessem estar diante do rei.

Da comida do rei – É comum um rei oriental entreter, da comida de sua mesa, muitos servos e cativos reais (Jeremias 52:33-34).

O hebraico para “carne” implica iguarias.

Estar diante do rei – como cortesãos atendente; não como eunucos.

Três anos. A promoção dos quatro hebreus depois de três anos (1.5,18), está de acordo com o ano da promoção depois do sonho no "segundo ano".

 

6. E entre eles se achavam, dos filhos de Judá, Daniel, Hananias, Misael e Azarias.

Filhos de Judá – a mais nobre tribo, sendo aquela a qual a “semente do rei” pertencia (compare Daniel 1:3).

 

7. E o chefe dos eunucos lhes pôs outros nomes, a saber: a Daniel pôs o de Beltessazar, e a Hananias, o de Sadraque, e a Misael, o de Mesaque, e a Azarias, o de Abede-Nego.

Pôs outros nomes – projetados para marcar sua nova relação, para que eles pudessem esquecer sua antiga religião e país (Gênesis 41:45).

Mas, como no caso de José (a quem Faraó chamava Zaphnate-paanéia), também no de Daniel, o nome indicativo de sua relação com uma corte pagã (“Beltessazar”, isto é, “o príncipe de Bel”), por mais lisonjeiro que fosse. para ele, não é aquele retido pela Escritura, mas o nome que marca sua relação com Deus (“Daniel”, Deus meu Juiz, sendo o tema de suas profecias o julgamento de Deus sobre as potências pagãs do mundo).

Hananias, isto é, “a quem Jeová favoreceu”.

Sadraque – de Rak, na Babilônia, “o Rei”, isto é, “o Sol”; a mesma raiz de “Abrech} (Gênesis 41:43), “Inspirada ou iluminada pelo deus-sol”.

Misael – isto é, “quem é o que Deus é?” Quem é comparável a Deus?

Mesaque – Os babilônios mantiveram a primeira sílaba de Misael, o nome hebraico; mas para {El}, isto é, Shak substituído por Deus, ou então Vênus, a deusa do amor e da alegria; foi durante sua festa que Ciro tomou Babilônia.

Azarias – isto é, “a quem Jeová ajuda”.

Abede-Nego – isto é, “servo do fogo resplandecente”. Assim, em vez de Jeová, esses Seus servos foram dedicados pelos gentios a seus quatro deuses principais [Heródoto, Clio]; Bel, o chefe-deus, o deus-sol, o deus-terra e o deus-fogo.

Até o final os três jovens foram consignados quando se recusaram a adorar a imagem de ouro (Daniel 3:12).

A versão Chaldee traduz “Lúcifer”, em Isaías 14:12, Nogea, o mesmo que Nego. Os nomes, assim, no início, são significativos do aparente triunfo, mas certamente da queda dos poderes pagãos perante Jeová e Seu povo. [Fausset, aguardando revisão]

 

INTRODUÇÃO

 

Identidade é aquilo que nós somos, é única coisa que não pode ser comparada. Identidade é como somos reconhecidos. Cada pessoa possui uma identidade, um nome, um jeito de ser, de se portar, uma aparência.

 

Nós podemos encontrar pessoas parecidas conosco em algum aspecto, mas ninguém é igual, todo ser humano é único, uma pessoa única, com características singulares.

 

O nosso nome fala muito sobre a nossa identidade, embora em nossa cultura isso não signifique muita coisa, os pais pouco de importam com os significados dos nomes (você já procurou saber o significado do seu nome?). Ainda assim, podemos encontrar nomes como “Vitor/Vitória”, apontando para algum momento especial da vida.

 

Antigamente, os pais davam nomes aos seus filhos de acordo com a situação que estavam vivendo ou reverenciando o Deus que serviam. Os judeus são muito ávidos quanto a isso, e sempre dão nomes aos seus filhos que exaltem ao Deus de Israel.

 

Por isso, o caso dos amigos de Daniel e do próprio Daniel: - Daniel, que significa: Deus é meu juiz! – Hananias, que significa: O Senhor é gracioso! – Mizael, que significa: Quem é o que Deus é? – Azarias, que significa: O Senhor me ajudou!.

 

Não somente os nomes, mas a educação nos caminhos da fé preservaram aqueles jovens em terras estranhas.

 

A identidade deles era tão forte, que a história diz que eles foram lançados na fornalha de fogo, mas foi ali, que eles viveram uma experiência sobrenatural do Deus da sua identidade, e a história diz que eles saíram ilesos.

I. HEBREUS NA “UNIVERSIDADE” DA BABILÔNIA

 

1. Na universidade da Babilônia. Na Babilônia, Daniel e seus três companheiros foram reeducados na língua e na cultura dos caldeus (Dn 1.4). Eles, porém, jamais renunciaram o seu temor a Deus, que é o princípio de toda a sabedoria (Pv 1.7).

 

As ideias promovidas pela Babilônia não abalaram Daniel. Assim como os estudantes de hoje, Daniel e seus amigos encontraram muitos conceitos hostis à sua fé, ao estudar a literatura dos caldeus: astrologia, adivinhação, mitologias imorais. Jovens longe de casa enfrentam tentações. Se cruzar a linha e violar alguns princípios ensinados pelos pais, quem vai saber? Imagine, então, jovens levados de uma maneira violenta para uma terra estranha.

 

Eles nem sabiam se os pais ainda estavam vivos. Poderiam até duvidar o poder do Deus que serviam, pois ele não protegeu seu povo dos ataques da Babilônia. E agora o imperador mandou que eles fossem preparados para servir no governo dele.

 

Seria grande coisa se submeter às ordens deste rei poderoso? Daniel percebeu que alguma coisa dos alimentos e bebidas fornecidos pelo rei traria contaminação.

 

É provável que alguns destes alimentos fossem proibidos para os judeus na lei dada no monte Sinai 800 anos antes. Como este jovem reagiu?

 

Poderia ter oferecido desculpas, dizendo que ele não tinha controle da situação e teria que ceder às ordens do rei. Daniel não tinha controle da situação, nem do rei, nem do homem encarregado da responsabilidade de supervisionar os jovens em treinamento.

 

Mas ele tinha controle de si, e tomou a sua própria decisão. “Resolveu Daniel, firmemente, não contaminar-se com as finas iguarias do rei, nem com o vinho que ele bebia; então, pediu ao chefe dos eunucos que lhe permitisse não contaminar-se” (v. 1.8).

Deus abençoou esta decisão de Daniel, e o chefe permitiu que ele e os seus companheiros fizessem uma experiência, comendo comidas mais simples durante dez dias. Deus estava com eles, e o chefe viu que progrediram mais do que os jovens que comiam os alimentos do rei.

Certamente Deus honrará qualquer decisão como esta que venha glorificar Seu santo Nome.

 

2. O ensino caldeu. Nem tudo era ruim nesse projeto. O avançado povo caldeu, sem querer, acabou por aperfeiçoar aqueles judeus no que havia de melhor em questões educacionais.

 

Nem tudo o que há no mundo é ruim e deve ser desprestigiado. Como na Babilônia, precisamos saber nos conduzir em meio ao mundo secularizado sem manchar nossa fé e conduta e pessoal.

 

O ambiente acadêmico, secularizado e muitas vezes abertamente incrédulo da universidade, o jovem crente fica exposto a ideias e teorias que se chocam frontalmente com a sua fé; Os professores, os livros, as aulas e as conversas com os colegas têm mostrado outras perspectivas sobre vários assuntos, as quais parecem racionais, científicas, evoluídas; não demora muito e alguns valores e crenças parecem agora menos convincentes e, naturalmente, o cristão se sentirá pouco à vontade para expressá-los.

 

Vejamos o exemplo de Daniel, que enfrentou esta mesma situação no ambiente Babilônico: as forças ocultas não eram compatíveis com o Espírito de Deus.

 

Crentes que andam segundo o Espírito descobrirão, assim como os hebreus descobriram, que, em toda matéria de sabedoria e de inteligência, eles são dez vezes mais doutos do que aqueles que buscam à parte de Deus.

 

3. Discernimento diante da estratégia inimiga.  “Arqueólogos revelam que os quatro jovens devem ter estudado por exemplo: língua caldeia, textos cuneiformes em caldeu e acádio, uma vasta gama de resumos sobre religião, magia, astrologia e ciências, além de falarem e escreverem em aramaico. Aproveite para mostrar aos alunos que quando o nosso compromisso com Deus é forte, isso não significa necessariamente que seremos corrompidos por uma educação pagã, numa sociedade pagã”

 

Com muita sabedoria entenderam que a pressão social mina a lealdade ao reino de Deus de forma muito mais rápida e eficaz do que qualquer ladainha ideológica de um professor.

Essa é uma das razões pelas quais Daniel e seus amigos optaram por não comer das finas iguarias do rei nem beber seu vinho (Dn 1.8).

 

Embora fizessem parte da sala de aula do rei, não fariam parte do seu banquete. A formação de Daniel nas escolas dos sábios, na Babilônia (Dn 1.4) foi para caber-lhe para prestação de serviço para o império.

 

Ele foi distinguido durante este período de sua piedade e observância daquilo que a Lei Mosaica requeria (1.8-16), e conquistou a estima e a confiança dos que estavam com ele. No fim dos seus três anos de formação e disciplina na escola real, Daniel foi distinguido pela sua proficiência na "sabedoria", e foi trazido para a vida pública.

 

Por 70 anos ele influenciou o reino. O ambiente universitário é constituído de pessoas imperfeitas e limitadas, que lidam com seus próprios conflitos, dúvidas e contradições, e que muitas dessas pessoas foram condicionadas por sua formação familiar ou educacional a sentirem uma forte aversão pela fé religiosa.

 

Tais indivíduos, sejam eles professores ou alunos, precisam não do nosso assentimento às suas posições anti-religiosas, mas do nosso testemunho coerente, para que também possam crer no Deus revelado em Cristo e encontrem o significado maior de suas vidas. Como Daniel, podemos influenciar o meio acadêmico e para isso mesmo, Deus tem colocado os seus no Campus!

 

II. DA RELATIVIZAÇÃO DE VALORES A DESCONSTRUÇÃO DE IDENTIDADES

 

1. A relativização da verdade.  “Com a ascensão da supremacia da cidade da Babilônia, Marduque, o patrono da cidade, tornou-se a principal divindade do panteão babilônico.

 

Uma festa de ano novo chamada de festa de ‘akitu’ era realizada anualmente em sua honra, na qual uma batalha simulada entre o rei e o dragão das profundezas era encenada repetidamente para comemorar a primitiva vitória de Marduque sobre o caos.

 

O propósito da festa era anunciar o ano novo com um ritual para assegurar paz, a prosperidade e a felicidade por todo o ano.

Outras divindades adoradas pelos babilônicos eram Anu, deus do céu; Enlil, deus do vento e da terra. Ea, deus do submundo — juntos, eles formavam uma tríade de divindades.

 

Outra tríade importante era Sin, o deus-sol de Ur, e Harã, os primeiros abrigos da família de Abraão; Samas, a divindade do sol; e Istar, deusa do amor e da guerra, equivalente à Astarte dos fenícios, Astarote mencionada na Bíblia, e Afrodite dos gregos.

 

Outras divindades significativas foram Nabu, o deus da escrita e Nergal (irmão de Marduque), o deus da guerra e da fome. Os deuses da Babilônia eram, em sua origem, personificações das várias forças da natureza.

 

A religião babilônica era, dessa forma, uma adoração à natureza em todas as suas partes, prestando homenagem a seres super-humanos que eram ao mesmo tempo amigáveis e hostis, com frequência representados por formas humanas, animais.

 

“Daniel resolveu desde o início não se contaminar. Não abriria mão de suas convicções, mesmo se tivesse de pagar com a vida por isso.

 

Note-se que Daniel não tinha agora a presença dos seus pais para orientá-lo nas suas decisões; mas seu amor a Deus e à sua lei achava-se de tal modo arraigados nele desde a infância, que ele somente desejava servir ao Senhor de todo coração.

 

Aqueles que resolvem permanecer fiéis a Deus, enfrentando a tentação, receberão forças para permanecerem firmes por amor ao Senhor. Por outro lado, aqueles que antes não tomam a decisão de permanecer fiéis a Deus e à sua Palavra, terão dificuldade para resistir ao pecado ou evitar conformar-se com os caminhos do mundo" (Lv 19.29; 21.7,14; Dt 22.2)”

 

2. Desconstruir identidades. O Rev Franklin Ferreira escreve em seu artigo “O Jovem Cristão e Seus Estudos” o seguinte: “O dilema do estudante: uns dividem a fé em compartimentos estanques, um destinado à fé (vista como o lado "espiritual" da vida), outro aos estudos (o lado "secular" da vida).

 

Alguns descartam simplesmente a fé cristã.

Outros não têm coragem de afirmar sua fé em Cristo, pois ainda não conseguiram descobrir uma forma de explicar esta relevância.

 

A melhor opção é a do estudante que se dedica às diversas disciplinas com uma mente aberta à sabedoria originada na Palavra de Deus.

 

Nossos aspirantes à academia devem ser instruídos no sentido de que receberão ataques à mente e ao estudo, porque fé e razão são vistas como antagônicas (Rm 10.2).

 

A fé e a razão não se opõem. Aceitamos como verdade os fatos do Evangelho, para depois buscar compreendê-los (Rm 10.8-17).

 

A Universidade de hoje não lembra mais que Harvard, uma das mais prestigiadas universidades do mundo, exigia que os seus estudantes fossem capazes não apenas de ler as Escrituras, mas também "de interpretá-las corretamente".

 

Este é o exemplo de Esdras (Ed 7.6,10) e de Paulo e Timóteo (1Tm 4.13-16; 2Tm 4.13).

 

Somente um alicerce sólido garantirá a firmeza não só para o período de formação, mas também para toda a vida.

 

3. Novos nomes, a mesma identidade. O rei Nabucodonosor, da Babilônia, decidiu levar os melhores e mais inteligentes da nação cativa de Judá e usá-los para promover sua nação.

 

Diferentemente de Assuero, no livro de Ester, que capturou as mulheres para o prazer pessoal, Nabucodonosor escolheu os melhores rapazes para aperfeiçoar a sua nação.

 

Até aqui, está um espetáculo, não é mesmo? O problema começa com a tentativa de aculturação e mudança de religião, impostas. “Que tipo de caráter esse rei tinha?

 

Mais tarde em seu reinado, ele demonstra sua absoluta crueldade ao matar os filhos do rei de Judá diante dos olhos do pai deles — então os olhos do pai foram arrancados para que esse horror fosse a última coisa que ele visse.

Nabucodonosor permite que outro homem seja morto lentamente em uma fogueira. Esse rei era especialista em tortura; sua imaginação cruel alimentava suas más ações. E a palavra de Nabucodonosor era lei.

 

Entretanto Daniel e seus três amigos enfrentaram esse teste moral sabendo que tinham de cumprir as exigências do rei ou arriscarem-se a morrer torturados.

 

III. ENSINOS PARA HOJE

 

1. Fidelidade nas escolas e universidades. A universidade é uma das instituições sociais mais importantes e cobiçadas do mundo. Ela é a entidade que articula o ensino, a pesquisa e a extensão nos níveis mais elevados da política educacional de um país, com o objetivo de formar, de maneira sistemática e organizada, os profissionais, técnicos e intelectuais de que as sociedades necessitam.

 

A universidade é o sonho não somente da juventude mas também de qualquer adulto que, por qualquer outro motivo, não teve a oportunidade de frequentar um centro moderno do saber, de produção e disseminação do conhecimento em suas diversas áreas.

 

Embora o ambiente universitário seja de fato desafiador para um jovem cristão, não creio que evitá-lo seja a saída. Primeiro porque evitar a Universidade não significa ficar livre de desafios espirituais. Esse não é o único ambiente desafiador com o qual nos deparamos ao longo de nossa vida. O mal contaminou o mundo por inteiro, e impõe desafios em suas mais variadas partes. Além disso, a Universidade pode ser um instrumento de preparo para o serviço a Deus.

 

Um dos propósitos pelos quais Deus nos criou foi conhecer o mundo e desenvolvê-lo para a sua glória. No mundo contemporâneo, altamente especializado, a Universidade funciona, regularmente, como um importante ambiente de treinamento em ferramentas necessárias para o cumprimento deste propósito divino.

 

Outra razão pela qual creio que evitar a Universidade não é a saída, é que ela pode ser campo de atuação missionária. Embora vivamos em um mundo contaminado pelo pecado, sabemos que Deus tem um projeto de restauração de dimensões cósmicas.

Nós somos anunciadores desse projeto, e não há lugares onde esse anuncio não deva ser ouvido.

 

Finalmente, existem exemplos de pessoas que enfrentaram ambientes de oposição à fé cristã, sem cederem ao risco de negociar a sua fé.

 

Cometendo um anacronismo propositado, podemos nos lembrar de Daniel e seus amigos. Eles receberam “bolsa integral na Universidade da Babilônia”, foram submetidos a um ensino cujo conteúdo era contrário à fé que professavam, mas mantiveram intocadas a sua identidade. Por essas razões, evitar a Universidade não parece ser a saída.

 

Obviamente, há um momento adequado para o ingresso na Universidade. E não se trata de estabelecer uma ocasião única para todos os jovens [relacionada à faixa etária por exemplo], mas de se considerar a maturidade e preparo de cada um

 

2. Retendo o que é bom.  Quais são os desafios, afinal? Quando fazemos essa pergunta, geralmente esperamos que a resposta discorra sobre as principais ideologias anticristãs presentes no pensamento universitário.

 

Isso, porque temos a ideia de que os desafios do jovem cristão na universidade são exclusivamente intelectuais, e tudo o que ele precisa para enfrenta-los é de uma mente perspicaz. Certamente, o universitário cristão encontra desafios intelectuais, mas nem todos são desta natureza.

 

Há desafios de natureza variada, os mais fundamentais são de natureza espiritual. Geralmente, quando um jovem universitário abandona a fé, não o faz por ter sido convencido da racionalidade de uma determinada ideologia, mas por ter encontrado nela, correspondência com o modo de vida que já desejava ter.

 

Por isso, o maior desafio do jovem cristão na Universidade é cuidar do coração. E isso inclui, por exemplo: Não ceder ao orgulho.

 

A Universidade é o ambiente do conhecimento, e, lidar adequadamente com o conhecimento não é fácil. A Bíblia afirma, com todas as letras, que o saber ensoberbece (1 Coríntios 8.1).

 

Quando começamos a conhecer determinados aspectos do mundo e da vida com maior profundidade, temos a tendência de nos sentir suficientemente capazes para funcionar como a medida de nossas decisões.

 

Então os pais, a Bíblia, a igreja, e tudo o mais que se apresente como fonte de direção e conselho são deixados de lado e substituídos pelo “eu sei”. Vencer o medo da exposição.

 

A Universidade é o ambiente do “conhecimento científico”. Embora a ciência moderna tenha tido berço cristão, e não haja qualquer contradição necessária entre fé e ciência, é inegável que nos últimos anos a ciência tem se desenvolvido mormente a partir de uma cosmovisão materialista.

 

Consequentemente, cosmovisões que tem em alta conta a dimensão espiritual, como é o caso do cristianismo, muitas vezes são relegadas a uma condição de inferioridade, e tratadas de modo pejorativo.

 

Frequentemente, os jovens cristãos são tentados a ceder em seu compromisso religioso, pelo medo da exposição. Aprender a lidar com a Liberdade.

 

Finalmente, a Universidade é o ambiente da “liberdade”. Isso não seria um problema, não fosse o fato de que a ideia de liberdade defendida pelo discurso universitário é a de ampla autonomia ou total independência, envolvendo o questionamento e superação de toda norma ou autoridade.

 

O que torna esse terceiro ponto algo ainda mais desafiador é o fato de que a defesa desse tipo de liberdade não se reduz ao discurso, mas se encarna na vida cotidiana de boa parte dos universitários, que abre espaço para uma espécie de curtição irresponsável e sem limites, da qual a prática da sexualidade livre e o uso de drogas legais e ilegais são alguns exemplos.

 

Muitos jovens cristãos se perdem nessa circunstância, pela dificuldade de equacionar a liberdade desfrutada com o avançar da idade e, muitas vezes, a saída de casa, com essa atmosfera de autonomia estimulada pelo ambiente universitário.

 

3. Mantendo a identidade em tempos pós-modernos. - Quando orou pelo seu povo na famosa oração sacerdotal, Jesus pediu ao Pai: não peço que os tires do mundo, mas sim que os guardes do mal (Jo 17.15).

 

Esse pedido de Jesus revela que seu desejo geral para o nosso engajamento cultural – o que inclui a vida universitária – é que permaneçamos no mundo, sem, contudo, permitir-nos ser dirigidos por ele.

 

O fato de ser um pedido dirigido a Deus revela também que a manutenção de nossa fé e vida espiritual depende primariamente dele. Isso não significa, contudo, que não tenhamos nada para fazer. As sugestões a seguir, que trazem diferentes exigências a pais e filhos, podem ser úteis no enfrentamento dos desafios da vida universitária.

 

Não deixe para a última hora. Quando se preocupam com os desafios espirituais da vida universitária, muitas famílias o fazem apenas a partir do momento em que o ensino superior se aproxima.

 

De fato, muitas decisões somente precisarão esperar a proximidade do momento, mas definitivamente, a formação espiritual não é uma delas. É de cedo que princípios fundamentais como a humildade, a coragem, e o apreço pela autoridade são sedimentados. Inclua a comunidade no planejamento.

 

Quando ingressam na Universidade – o que muitas vezes inclui mudança de cidade – muitos jovens cristãos se preocupam com tudo, menos com o engajamento numa comunidade de fé. Muitos deles supõem que podem manter a fé sem o culto e a comunhão. Isso é um grande equívoco.

 

É no contexto da liturgia que nossos hábitos espirituais são formados e fortalecidos, e no contexto da vida comunitária que somos encorajados e corrigidos. Repense o objetivo.

 

Comumente, o jovem cristão ingressa na Universidade pensando defensivamente, como se seu objetivo fosse simplesmente sobreviver ao ambiente hostil que terá pela frente. Suspeito que o resultado desse pensamento é a passividade, que costuma ser, em tudo, prejudicial. Ao invés de pensar apenas em sobreviver à Universidade, o jovem cristão deveria pensar em servir a Deus nela.

Suspeito que imbuído desse objetivo ele tenderia a uma postura mais ativa, que lhe traria maiores benefícios espirituais. Treine a mente. Como dito anteriormente, os desafios que o jovem cristão enfrenta no ambiente universitário não são apenas intelectuais, mas também o são.

 

Muitos deles sucumbem aos desafios relacionados a essa dimensão, por terem nutrido uma experiência religiosa anti-intelectualista, muito voltada para a dimensão afetiva.

 

Mas como afirma o título do livro de John Stott: crer é também pensar. Então, treine a mente. De forma resumida isso implica, primeiramente, conhecer a Bíblia, e cultivar uma maneira bíblica de entender o mundo e a vida.

 

É importante lembrar, que o conhecimento bíblico necessário para o enfrentamento bem-sucedido de um ambiente hostil não é, meramente, o conhecimento racional, mas o vivencial. O evangelho é o poder de Deus.

 

Logo, o conhecimento do Evangelho não é apenas algo do qual nos apoderamos; mas algo que se apodera de nós. E nós contribuímos para que isso aconteça na medida em que confiamos e nos submetemos a ele. Como poderá o jovem guardar puro o seu caminho? Observando-o segundo a Tua Palavra (Salmo 119.9).

 

Depois, treinar a mente significa conhecer as ideologias anticristãs mais comuns no ambiente universitário, relacionando-as à visão de mundo cristã. Essas são apenas algumas sugestões. Certamente, há muito mais a fazer, enquanto descansamos em Deus, confiando que dele depende a preservação de nossa fé, a saúde de nossa vida espiritual, e as condições para viver neste mundo mau de maneira que nosso próximo e o próprio mundo sejam abençoados e Ele glorificado.

 

CONCLUSÃO

O século atual é uma feira de cosmovisões muito maior do que foi a Babilônia dos tempos de Daniel. A hegemonia cultural da qual a fé cristã desfrutou, alguns séculos atrás, afundou, arrastada pela âncora da implausibilidade em um mar de pluralidade. A cultura judaico-cristã moldou o pensamento e o modo de viver do ocidente por muitos séculos.

Mas sem conversão não há mudança de mente! Para a mente secular, o cristianismo é somente um dos inúmeros caminhos existentes. Hoje, em uma mesma classe da universidade, encontraremos ateus militantes, muçulmanos, marxistas culturais, deístas libertários, budistas ocidentalizados e evangélicos não praticantes. Neste contexto, os jovens cristãos são bombardeados por cosmovisões concorrentes a todo momento.

A cada clique na internet, a cada série na TV, a cada aula na faculdade, eles estão em guerra espiritual e intelectual. Como experimentar a boa, agradável e perfeita vontade de Deus em meio à pressão deste século? Como dar razão da esperança cristã diante de tantas vozes discordantes?

Nossas lideranças, em todos os níveis, devem buscar equipar os jovens cristãos a defenderem e testemunharem sua fé. Nossos jovens devem ser desafiados a não se conformar com este século, mas transformar-se pela renovação da mente! Lembre-se: não é apenas a universidade que nos desafia, mas o mundo em que vivemos.

Ótima aula

 

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