24 de setembro de 2013

O SACRIFÍCIO QUE AGRADA A DEUS



O SACRIFÍCIO QUE AGRADA A DEUS

TEXRO ÁUREO = “Eu te oferecerei voluntariamente sacrifícios; louvarei o teu nome, á Senhor, porque é bom” (SI 54.6).

VERDADE PRATICA  = Ajudando os nossos irmãos, contribuímos para a obra de Deus, e, ao Senhor, oferecemos a mais pura ação de graças.

LEITURA BIBLICA = FILIPENSES 4; 14-23

INTRODUÇÃO

A porção didática da carta está completa. Agora, Paulo se dedica ao tópico final, qual seja, a expressão de gratidão pela oferta que a igreja em Filipos lhe enviou por Epafrodito. Algum tempo decorreu desde que Paulo recebeu a oferta e ele não o mencionou especificamente até este ponto da carta. Estes fatores levaram certos expositores a pensar que estes versículos fazem parte de uma correspondência anterior do apóstolo com os crentes filipenses. Mas tal conclusão não é necessária.

E bastante normal expressarmos gratidão ao fim de uma carta altamente pessoal que passa informalmente de um tópico a outro. Quanto à demora de Paulo agradecer a oferta, talvez esta seja a primeira oportunidade que ele teve de responder. Além disso, não sabemos a extensão do tempo decorrido desde a chegada de Epafrodito. Seja qual for nossa opção para considerarmos o cenário desta passagem, o significado não é dificil.

A PARTICIPAÇÃO DA IGREJA NAS TRIBULAÇÕES DE PAULO

Ora, muito me regozijei no Senhor por, finalmente, reviver a vossa lembrança de mim (10). A imagem é a da planta que renasce na primavera (reviver, “florescer”, BJ). Embora estivessem no finalmente, uma vez mais os crentes filipenses demonstram seu amor por Paulo. O texto não dá pistas sobre a razão de eles não terem enviado a oferta mais cedo. Talvez não tivessem ninguém por quem enviá-la, ou encontravam-se em “profunda pobreza” (2 Co 8.1,2), estando financeiramente impossibilita- dos de fazê-lo. Seja qual for o motivo, Paulo, em contraste com o espírito aparente de alguns em Filipos, recusa-se a ficar ofendido facilmente, e releva o que alguém de espírito menor interpretaria como demora acintosa ou negligente. Pois já vos tínheis lembrado, mas não tínheis tido oportunidade (10). O termo grego ephroneite (lembrado) significa estar “pensativo” no sentido de preocupar-se, estar ansioso por algo em particular (cf. BV; cf. tb. 1.7). Paulo usa o tempo imperfeito, o qual sugere sua boa vontade em acreditar que, desde o princípio, os crentes filipenses tiveram o desejo de supri-lhe as necessidades, mas foram impedidos.

Assegurando aos crentes filipenses que ele passa bem, embora, até recentemente, não pudessem ter parte nesse bem-estar, Paulo declara: Não digo isto como por necessidade, porque já aprendi a contentar-me com o que tenho (11). No original grego, com o que tenho é “nas circunstâncias em que estou”, indicando sua atual situação prisional. O termo grego autarkes (contentar) tem o sentido de “renda suficiente para as necessidades”, “meios suficientes para a subsistência”. O apóstolo se ajusta (cf. BJ, NVI) a toda e qualquer situação, depois de ter aprendido que circunstâncias como estas não aumentam nem diminuem sua felicidade maior.

Sei estar abatido e sei também ter abundância; em toda a maneira e em todas as coisas, estou instruído, tanto a ter fartura como a ter fome, tanto a ter abundância como a padecer necessidade (12). Em toda a maneira e em todas as coisas é, literalmente, é “em tudo e em todas as coisas” (cf. BAB, RÃ), ou seja, em cada lance da vida e no total da soma de tudo da vida, O termo grego tapeinousthai (abatido) era usado no grego clássico para referir-se ap rio 
que míngua (cf. BV; cf. tb. 2 Co 11.7).

Paulo sabe o que é ter grande quantidade, como o animal que tem forragem mais do que suficiente (Mt 5.6), ou passar fome — possível alusão ao seu trabalho com as mãos. O termo grego memuemai (estou instruído) vem da linguagem dos cultos pagãos que iniciavam os candidatos em seus mistérios. Paulo enfrentava todo tipo de experiência, quer agradável ou desagradável (2 Co 11.23ss.), e ele não valorizava uma experiência acima da outra.

Posso todas as coisas naquele que me fortalece (13) pode ser traduzido por “eu sou forte para todas as coisas no Cristo que me capacita”. Apalavra “Cristo” não ocorre em alguns manuscritos, mas está evidentemente inclusa (consta em ACF, BV, NTLH). O fato de Paulo mencionar “abundância” nos versículos 12 e 18 leva certos expositores a propor que ele havia herdado uma propriedade. Isso lhe daria recursos para financiar os altos custos de seu julgamento. Por isso, de acordo com a proposta, ele podia dizer: “Eu sou constante em todas as coisas”.4 Mas não há base para tal especulação.

O significado é mais profundo. Paulo pode todas as coisas para as quais foi chamado a desempenhar na linha do dever ou do sofrimento. O versículo deve ser interpretado como resumo de Gálatas 2.20 (cf. Jo 15.5; 1 Tm 1.12). A princípio, temos a impressão que Paulo usou a linguagem do estoicismo (11,12), que asseverava que o homem, por si só, pode vencer todas as pressões externas. Mas esta não é a posição cristã. A suficiência vem de Cristo, que continuamente infunde poder (dynamis). O apóstolo pode se grato por toda e qualquer circunstância, por- que as circunstâncias são oportunidades para a revelação do poder de Cristo.

Para que os filipenses não presumissem que a suficiência de Paulo em Cristo tornou supérflua a oferta enviada e recebida, o apóstolo lhes declara categoricamente sua apreciação genuína:
Todavia, fizestes bem em tomar parte na (“participar de”, CH, NVI) minha aflição (14). A participação dos crentes filipenses nas suas dificuldades é uma das muitas maneiras que Deus usava para torná-lo forte. Quando parti da Macedônia (15; At 17.14, provavelmente 12 anos antes), que estava no princípio do evangelho para os filipenses, nenhuma igreja comunicou (“participou”, BAB; cf. CH, NVI) comigo com respeito a dar e a receber, senão vós somente (15). Temos aqui linguagem comercial — créditos e débitos. De todas as igrejas que estavam aos cuidados de Paulo, só Filipos pensou em manter uma conta para ele. Eles lhe prestaram assistência material e ele devolvera os préstimos com dádivas espirituais (cf. 1 Co 9.11; Fm 19).

Porque também, uma e outra vez (i.e., “duas vezes”, BV; cf. AEC, CH, NVI, RA), me mandastes o necessário a Tessalônica (16). Tessalônica era uma comunidade luxuosa que Paulo visitara depois de sair de Filipos, distante uns 160 quilômetros. Lá, Paulo tinha se sustentado (1 Ts 2.9; 2 Ts 3.7-9), ao passo que os próprios tessalonicenses pouco haviam contribuído. Foi nessa cidade que o apóstolo fora ajudado pelos filipenses vizinhos. Tais expressões de generosidade não podiam ser esquecidas em tão pouco tempo.

As ofertas, entretanto, são de importância meramente secundária. A tradução não que procure dádivas (ou “ofertas”, NVI; “donativos”, RÃ), mas procuro o fruto que aumente a vossa conta (17) é literal. O termo grego karpon (fruto) tem comumente o sentido de juros de um investimento. Sobre as ofertas que deram a Paulo (2 Co 12.14), Deus acrescentou os juros ao crédito. E deste modo que o apóstolo diz o que Jesus disse:

“Mais bem-aventurada coisa é dar do que receber” (At 20.35; cf. Lc 6.39). Aquele que dá sempre recebe mais do que aquele que recebe. Por terem sido generosos, os crentes filipenses acumularam para si tesouros no céu.

Referindo-se especificamente à oferta recente, Paulo diz: Mas bastante tenho recebido e tenho abundância; cheio estou, depois que recebi de Epafrodito o que (talvez roupas ou outros artigos de primeira necessidade) da vossa parte me foi enviado (18). O verbo grego apecho (tenho) é expressão técnica usada na redação de um recibo (cf. Mt 6.2,5,16; Lc 6.24). O sentido é: “Vossa dívida comigo está mais do que paga, da qual vou dou recibo”. A consideração dos crentes filipenses dirigida a Paulo é reputada por ele como cheiro de suavidade e sacrifício agradável e aprazível a Deus (18). Esta é alusão óbvia à fragrância agradável no Templo produzida pela queima de incenso a Deus (2 Co 2.15; Hb 13.16).

O meu Deus, segundo as suas riquezas, suprirá (lit., “encherá completamente”) todas as vossas necessidades em glória, por (lit., “em”, AEC, BJ, CH, NVI, RÃ) Cristo Jesus (19). As ofertas dos filipenses são um empréstimo, que capitalizou juros compostos. Paulo não pode pagá-los, mas o Deus a quem ele serve e que recebe o sacrifício, lhes “proverá magnificamente” (BJ) as necessidades materiais e espirituais (2 Co 9.8), em seu favor. Deus fará isso segundo as suas riquezas (cf. Ef 3.16), ou seja, não só proveniente de suas riquezas, mas também na proporção digna de suas riquezas. Certos expositores ligam em glória com riquezas, ao passo que outros ligam com suprirá. Provavelmente a última opção é melhor, pois assim glória denota “o elemento e o instrumento da provisão”. O comentário de Maclaren é elucidativo: “Quando Paulo diz ‘riquezas [...] em glória’, ele as coloca muito acima de nosso alcance, mas quando ele acrescenta ‘em Cristo Jesus’, ele as traz para baixo, colocando-as entre nós”.

Contemplando os recursos ilimitados de Deus, Paulo irrompe em louvor arrebatador: Ora, a nosso Deus e Pai seja dada glória para todo o sempre. Amém! (20). Para todo o sempre talvez seja mais bem traduzido por “pelas incontáveis eras da eternidade”. Paulo já não se refere a “meu Deus”, como no ocorre no versículo 19, mas a nosso Deus e Pai, indicando o vínculo comum entre ele e os crentes filipenses.

REMIBNISCÊNCIA: O ATO DE DAR E RECEBER

Nesses versículos, encontramos o reconhecimento agradecido do apóstolo. Ele reconhece a bondade dos filipenses por lhe enviarem um presente para sustentá-lo, agora que era prisioneiro em Roma. E aqui:

Ele aproveita a oportunidade para reconhecer a bondade anterior deles e para mencioná-los (vv. 15,16). Paulo tinha um coração agradecido; porque, embora o que os seus amigos fizeram por ele não fosse nada em comparação com o que ele merecia deles e as obrigações que ele tinha colocado sobre eles, no entanto, ele fala da bondade deles como se tivesse sido uma amostra de caridade generosa, quando, na verdade, não passava de uma obrigação justa.

Se cada um deles tivesse contribuído com a metade dos seus bens, não teriam dado demais a ele, uma vez que deviam suas próprias almas a ele; e, mesmo assim, quando enviam um pequeno presente, ele o aceita cordialmente, e o menciona com gratidão, inclusive nessa epístola que seria deixada como registro e lida nas igrejas ao longo dos séculos. Assim, em qualquer lugar onde essa epístola fosse lida, aquilo que eles fizeram a Paulo deveria ser relatado em memória deles. Certamente, nunca um presente foi tão bem retribuído. Ele relembra aos filipenses que “. .. no princípio do evangelho.., nenhuma igreja comunicou comigo com respeito a dar e a receber senão vós somente” (v. 15). Eles não somente o mantiveram confortável enquanto esteve com eles, mas quando partiu da Macedônia enviaram amostras da sua bondade para ele; e isso ocorreu quando nenhuma outra igreja o fazia. Ninguém, além deles, enviou alguma coisa material ao apóstolo, como consideração ou recompensa do que tinham ceifado das suas coisas espirituais. Quando se trata de obras de caridade, estamos prontos a perguntar o que outras pessoas fizeram.

Mas a igreja dos filipenses nunca levou isso em conta. O que contribuiu muito mais para a honra deles foi o fato de eles serem a única igreja justa e generosa para com ele. Também em Tessalônica (depois de ter partido da Macedônia), “. . uma e outra vez, me mandastes o necessário...” (v. 16).

Observe: 1. Eles enviaram apenas o suficiente para suprir a sua necessidade, ou seja, somente as coisas que precisava; talvez fosse de acordo com a capacidade deles, e ele não desejava coisas supérfluas nem regalias. 2. Como é precioso observar as pessoas a quem Deus deu dons da sua graça em abundância devolverem em abundância ao seu povo e ministros, de acordo com a capacidade e necessidade deles: uma e outra vez, me mandastes. Muitas pessoas se desculpam dizendo que já contribuíram uma vez; por que deveriam contribuir novamente? Mas os filipenses enviaram uma e outra vez; eles o aliviaram e o reanimaram nas suas necessidades com freqüência. Ele faz menção dessa bondade anterior deles, não somente por causa da sua gratidão, mas para o encorajamento deles.

Ele perdoa a negligência recente deles. Parece que por um determinado período eles não buscaram informações sobre dele, nem enviaram alguma dádiva; mas,finalmente, reviveram a sua lembrança dele novamente (v. 10), como uma árvore na primavera, que parecia totalmente morta durante todo o inverno. De acordo com o exemplo do seu grande Mestre, em vez de reprová-los por causa da sua negligência, ele encontra uma justificação: “. . pois já vos tínheis lembrado, mas não tínheis tido oportunidade”. De que forma não podiam ter tido oportunidade, se já tinham decidido a esse respeito? Eles poderiam ter enviado um mensageiro de propósito. Mas o apóstolo está disposto a presumir, a favor deles, que o teriam feito se uma oportunidade tivesse sido oferecida. Esse comportamento é contrário ao comportamento de muitos em relação aos seus amigos, por cujas negligências, aquelas que realmente são desculpáveis, se ressentem tremendamente, quando Paulo estava disposto a perdoar aquilo que seria razão suficiente para que ficasse ressentido.

Ele elogia a generosidade presente deles: “Todavia, fizestes bem em tomar parte na minha aflição” (v. 14). E uma boa obra socorrer e ajudar um verdadeiro ministro em dificuldades. Veja aqui qual é a natureza da verdadeira compaixão cristã: não somente estar interessado nos nossos amigos em suas dificuldades, mas fazer o que for possível para ajudá-los. Eles tomaram parte da sua aflição, ao socorrê-lo no meio dela. Tiago questiona a validade da fé se não vier acompanhada de obras. São aqueles que dizem: “Ide em paz, aquentai-vos e fartai-vos; e lhes não derdes as coisas necessárias para o corpo que proveito virá daí?” (cap. 2.16). Ele se regozijou grandemente nisso (v. 10), porque era uma evidência do carinho deles por ele e do sucesso do seu ministério entre eles.

Quando o fruto da caridade deles se tornou abundante para o apóstolo, parece que o fruto do seu ministério se tornou abundante no meio deles.

Ele cuida para que não seja mal-interpretado o fato de ele ressaltar tanto aquilo que foi enviado a ele. Isso não foi decorrência de descontentamento e desconfiança (v. 11) ou da cobiça e amor pelo mundo (v. 12). 1. Não foi decorrência de descontentamento ou desconfiança da Providência: “Não digo isto como por necessidade” (v. 11); não em relação a qualquer necessidade que sentisse, nem de alguma necessidade de que tivesse medo. Ele estava contente com o pouco que tinha e isso o satisfazia; ele dependia da providência e Deus para prover por ele dia após dia, e isso o satisfazia. “...porque já aprendi a contentar-me com o que tenho”.

Temos aqui um relato do aprendizado de Paulo, não daquilo que recebeu aos pés de Gamaliel, mas daquilo que recebeu aos pés de Cristo. Ele aprendeu a estar contente. Essa lição ele tinha tanta necessidade de aprender quanto a maioria das pessoas, levando em conta as privações e sofrimentos pelas quais foi exercitado. Ele esteve freqüentemente em cadeias, em prisões e necessidades; mas em todas essas situações ele aprendeu a estar contente, isto é, no seu interior ele aceitava essa condição e procurava tirar o máximo de proveito dela. “Sei estar abatido e sei também ter abundância” (v. 12).

Esse é um ato especial da graça: ajustar-nos de acordo com cada condição de vida e ter uma disposição mental e espiritual constante em todas as variedades do nosso estado. (1) Para ajustar-nos a urna condição angustiante — aceitar ser humilhado, estar com fome, sofrer necessidade, e não ser dominado pelas tentações que vêm com ela, perdendo nosso conforto em Deus ou desconfiando da sua providência, ou encontrando um caminho próprio para suprir as necessidades. (2) Para uma condição próspera — saber ter em abundância, saber ser cheio sem ser orgulhoso, seguro ou luxurioso. E essa é uma lição tão difícil quanto a outra; porque as tentações em relação à abundância e prosperidade não são menores do que as que temos em relação à aflição e à necessidade. Mas de que maneira devemos aprender essa lição? “Posso todas as coisas naquele que me fortalece” (v. 13). Temos a necessidade de obter forças de Cristo, para sermos capacitados a realizar não somente as obrigações puramente cristãs, mas mesmo aquelas que são frutos da virtude moral. Precisamos da força dele para nos ensinar a como ficar contente em cada condição. Parecia que o apóstolo tinha se vangloriado quanto à sua própria força:

“Sei estar abatido” (v. 12); mas aqui ele transfere todo o louvor a Cristo. “O que posso dizer acerca de saber estar abatido e saber ter em abundância? Somente em Cristo, que me fortalece, posso fazê-lo, não na minha própria força”. Assim, requer-se de nós que sejamos “...fortalecidos no Senhor e na força do seu poder (Ef 6.10), e “.. fortalecidos na graça que há em Cristo Jesus” (2 Tm 2.1).

Somos “...corroborrados com poder pelo seu Espírito no homem interior” (Ef 3.16). A palavra no original é um particípio presente, en to endynamounti me Christo, e denota um ato presente e contínuo; como se ele tivesse dito: “Por meio de Cristo, que está me fortalecendo e continua me fortalecendo; é por meio da sua força constante e renovada que sou capacitado a agir em cada situação; dependo completamente dele para todo o meu poder espiritual”. 2. Não provinha de cobiça ou de uma atração pela riqueza mundana: “Não que procure dádivas (v. 17); ou seja, recebo a bondade de vocês, não porque acrescenta algo ao meu gozo, mas porque acrescenta na conta de vocês”.

Ele não desejava essa dádiva tanto para o seu próprio bem, mas para o bem deles: “...procuro o fruto que aumente a vossa conta, isto é, que vós sejais capacitados a fazer um uso tão bom das vossas posses terrenas para que deis um relato delas com alegria. Não falo isso com o intento de tirar mais de vós, mas para animar-vos a um exercício de beneficência tal que redundará em uma recompensa gloriosa no futuro”. Ele diz então: “... bastante tenho recebido e tenho abundância (v. 18). O que uma pessoa pode desejar mais se tem o suficiente?

Não desejo uma dádiva por causa da dádiva, porque bastante tenho recebido e tenho abundância. Eles lhe enviaram uma pequena lembrança, e ele não desejava mais do que isto; ele não era solicito por coisas supérfluas ou por um suprimento futuro: “... cheio estou, depois que recebi de Epafrodito o que da vossa parte me foi enviado”. Observe: Uma boa pessoa logo terá o suficiente deste mundo; não somente devi- ver nele, mas de receber dele. Quanto mais uma pessoa mundana cobiçosa tem mais ela quer; mas um cristão verdadeiro, embora tenha pouco, tem o suficiente.

O apóstolo assegura que Deus aceitou a bondade feita a ele e que a recompensará. 1. Ele a aceitou como cheiro de suavidade e sacrifício agradável e aprazível a Deus”. Não um sacrifício de expiação, porque ninguém faz expiação pelo pecado, senão Cristo; mas um sacrifício de reconhecimento e aprazível a Deus. Esse sacrifício foi mais agradável a Deus por ser o fruto da graça deles do que o foi a Paulo por ser o suprimento das suas necessidades. “... com tais sacrifícios, Deus se agrada” (Hb 13.16). 2. Ele a recompensará: “O meu Deus, segundo as suas riquezas, suprirá todas as vossas necessidades em glória, por Cristo Jesus” (v. 19). Ele saca um título do tesouro do céu e deixa que Deus retribua a bondade que tinham mostrado a ele. “Ele o fará, não somente como seu Deus, mas como meu Deus, que toma aquilo que foi feito a mim como se fosse feito a Ele mesmo. Vocês supriram minhas necessidades, de acordo com sua pobreza; e Ele suprirá a de vocês, de acordo com riquezas dele”. Mas esse ato ocorre por meio de Cristo Jesus; por meio dele temos a graça de fazer aquilo que é bom, e por meio dele devemos esperar a recompensa disso. Não como dívida, mas como graça; porque quanto mais fazemos para Deus mais estamos em dívida com Ele, porque tanto mais recebemos dele.

A OBLAÇÃO DE AMOR E SAUDAÇÕES FINAIS

1. Com louvores a Deus: “Oro, a nosso Deus e Pai seja dada glória para todo o sempre. Amem!” (v. 20). Observe: (1) Deus deve ser considerado por nós como nosso Pai: Ora, a nosso Deus e Pai. E uma grande condescendência e favor de Deus reconhecer a relação de Pai com pecadores e permitir que digamos a Ele: Nosso Pai; e esse é um título comum na dispensação do evangelho. Também é um grande privilégio e encorajamento tê-lo como nosso Pai, como alguém que está tão intimamente relacionado conosco e que tem um amor tão grande por nós. Deveríamos nos apoiar em Deus, diante das nossas fraquezas e medos, não como um tirano ou inimigo, mas como Pai, que está inclinado a compadecer-se de nós e nos ajudar. (2) Devemos dar glória a Deus como Pai, a glória da sua própria excelência e de toda a sua misericórdia para conosco. Devemos reconhecer com gratidão que tudo que recebemos vem dele e dar todo louvor a Ele. E nosso louvor deve ser constante e perpétuo; deve ser glória para todo o sempre.

2. Com saudações aos seus amigos em Fiipos: “Saudai a todos os santos em Cri sto Jesus (v. 21); transmiti meu amor sincero a todos os cristãos nessa região”. Ele manda lembranças não somente aos bispos e diáconos, e à igreja em geral, mas a cada santo em particular. Paulo tinha um carinho especial por todos os cristãos sinceros.

3. Ele envia saudações das pessoas que estavam em Roma: “Os irmãos que estão comigo vos saúdam; os ministros, e todos os santos daqui, enviam suas lembranças calorosas a vós. Principalmente os que são ela casa de César; os convertidos cristãos que pertencem à corte de César”. Observe: (1) Havia santos na casa de César Embora Paulo estivesse preso em Roma por ordem do imperador, pelo fato de pregar o evangelho, havia alguns cristãos na própria família dele. O evangelho no início alcançou alguns ricos e famosos. Talvez o apóstolo tenha recebido alguns favores por meio dos seus amigos na corte. (2) Principalmente os etc. Considere isso: Eles, sendo educados na corte, eram mais corteses do que os outros. Veja que adorno à religião é a civilidade santificada.

4. A bênção apostólica, como de costume: “A graça de nosso Senhor Jesus Cristo seja com vós todos. Amém! Que o favor e a boa vontade de Cristo sejam vossa porção e felicidade”.

A OBLAÇÃO DE AMOR E SAUDAÇÕES FINAIS  - 01

A BÊNÇÃO DA GRAÇA, 4.21-23 = Existem intérpretes que conjeturam que, em vez de serem ditados a um escriba, estes versículos conclusivos foram escritos pelo apóstolo de próprio punho. Em uma carta pessoal como esta, esperaríamos encontrar vários nomes nas saudações finais. Mas, como fez em outras cartas, nesta Paulo não menciona nenhum nome (cf. Romanos, Colossenses, 2 Timóteo).

Levando em conta os partidos em evolução em Filipos, é possível que ele os omita a fim de evitar dar destaque a alguns e não a todos. Saudai a todos os santos (“crentes”) em Cristo Jesus (21). Certos expositores ligam gramaticamente saudai com em Cristo Jesus, como ocorre em outras epístolas, por exemplo: “Eu [...] vos saúdo no Senhor” (Rm 16.22; cf. 1 Co 16.19). Mas tendo em vista 1.1, é melhor entendermos o versículo como está traduzido.

Os irmãos que estão comigo vos saúdam (21) é frase traduzida literalmente. Não são somente os associados de Paulo (inclusive Timóteo e outros) que enviam saudações, mas todos os santos (22), significando obviamente, os cristãos da própria igreja romana, principalmente os que são da casa de César (22). Sabemos que a casa de César era um termo geral para designar os indivíduos empregados em vários tipos de serviço público. Eles residiam por toda a parte do império, e muitos eram escravos. A referência pode ser aos soldados que guardavam Paulo, alguns dos quais, talvez, ele ganhara para Cristo. E concebível que alguns deles fossem naturais de Filipos, e tivessem interesse em sua cidade natal. Isto explicaria o uso de principalmente.

A bênção final sugere que Paulo tencionava que a carta fosse lida à congregação reunida. Ele pronuncia uma bênção de despedida: A graça de nosso Senhor Jesus Cristo seja com vós todos. Amém! (23). Em vez depanton (todos) alguns manuscritos têm pneumatos (singular), “com o vosso espírito” (AEC; cf. BV, CH, NVI, RA), talvez um pedido final, mas sutil, em prol da unidade. A epístola fechou o círculo. Começou com “graça” (1.2) e agora termina com graça. Somente esta graça pode criar a comunhão que é compartilhada tão ternamente por Paulo e os seus amados filipenses.


Elaboração pelo:- Evangelista Isaias Silva de Jesus

Igreja Evangélica Assembléia de Deus Ministério Belém Em Dourados – MS


Comentário Bíblico Beacon

Comentário Bíblico Mathew Henry  - Novo Testamento Edição Completa

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