2 de março de 2010

AVINDICAÇÃO DA AUTORIDADE DE PAULO

2 Coríntios 10.1—13.14

Em uma abrupta mudança de assunto, Paulo aborda o tema da legitimidade de seu apostolado. Ele procura responder aos ataques pessoais de falsos apóstolos e contra- atacar os efeitos maléficos da influência destes na igreja. Uma austera nota de alerta ressoa ao longo de toda a passagem. Enquanto prepara o caminho para a sua terceira visita aos coríntios, o caráter de um ministério verdadeiramente apostólico é exposto mais uma vez.

PAULO RESPONDE A SEUS OPONENTES, 10.1-18

Os homens que se opunham a Paulo eram judeus (11.22) que afirmavam ser apóstolos de Cristo (11.13). Eles foram à igreja em Corinto, trabalharam lá por um curto período, e a seguir se apoderaram do crédito por tudo que foi realizado (10.12-18). Eles eram homens arrogantes, tirânicos e prepotentes (10.12; 11.18, 20). O apóstolo enfrentou as acusações deles, fundamentalmente com sua afirmativa de que “não militamos segundo a carne” (3). Suas armas são espirituais (1-6), sua autoridade é consistente (7-11), e sua jactância é legítima (12 -18).

1. A Espiritualidade das Armas de Paulo (10.1-6)

O apóstolo implora aos coríntios, pedindo que não seja necessário que ele expresse sua autoridade com ousadia quando estiver com eles. Seus críticos o acusaram de que sua presença pessoal não correspondia à autoridade assumida nas suas cartas. Eles interpretaram erroneamente a relutância de Paulo em exercer sua autoridade apostóli ca porque não discerniam, adequadamente, a natureza da guerra apostólica. A expressão eu, Paulo (1), está em sintonia com o tom de autoridade (cf. GL 5.2). Ela está relacionada com a distinção que o apóstolo fez entre ele próprio e Timóteo (1.1).

Ele enfrenta, pessoalmente, o desafio à sua autoridade como apóstolo: “E exatamente a pes so cuja autoridade está em disputa que se adianta na defesa de sua autoridade”. Mas é uma autoridade exercida afetuosamente no espírito de Cristo, que comissionou Paulo para o seu serviço.

Mansidão (prautetos; cf. Is 42.2-3; Zc 9.9; Mt 5.5; 11.29; 2 1.5; 1 Co 4.21; Gl 6.1) é aquela disposição transmitida pela graça, pela qual aceitamos, sem resis tência as disciplinas de Deus (cf. Hb 12.10), assim como Jesus se submeteu às discipli na de seu ministério de Servo sofredor (cf. Hb 5.7-9; 1 Pe 2.21-23).

Benignidade (epieikeias; cf. At 24.4; Fp é aquela consideração originária de uma posição de digni dad e autoridade que pode deixar de lado a estrita interpretação da lei para atingir um bem maior (cf. 10.8; 2.6-7; Mt 18.23). A seriedade no exercício do seu ministério, por parte de Paulo, assim como a de seu Senhor, vem de sua compaixão por aqueles a quem ele serve (4.5).

Por trás do apelo do apóstolo está a acusação de que ele é humilde (modesto) “quan d presente” com os coríntios, mas ousado (tharro) em seu tratamento quando ausen te Seus inimigos, de forma usual, transformaram uma verdade (cf. 1 Co 2.1-5) em uma inverdade interpretando a benignidade de Paulo como fraqueza.

O apóstolo literalmente “roga” (2) aos coríntios para organizarem as coisas para

que ele não precise usar da ousadia (tharesai) quando chegar. Ele havia decidido “de safia de forma decisiva” (tolmesai) aqueles que o consideravam como se ele andasse segundo a carne (cf. 1.12; 5.12). E difícil saber se a palavra carne foi usada em um sentido mau e pecaminoso (Rm 8.4-8), ou meramente em um sentido humano (5.16).

Neste contexto, as duas interpretações não podem ser separadas de forma objetiva,

pois o termo se refere à suposta contradição de Paulo em seu comportamento, motivado por preocupações puramente pessoais. As suas atitudes são consideradas como se estivessem na dependência de habilidades humanas, de acordo com critérios do mundo exterior, por motivos de conveniência e interesse próprio. Conduzir o seu ministério assim seria pecado.

Em resposta às acusações, o apóstolo admite que está andando segundo a carne

(3); ou seja, sua vida no mundo está sujeita à fraqueza humana. Mas ele e seus

cooperadores não militam segundo a carne. Paulo não conduz seu ministério com

armas (4) semelhantes àquelas que são utilizadas pelo mundo: “inteligência ou

engenhosidade humana, habilidade organizacional, critica eloqüente ou confiança na sedução ou na força da personalidade”. Quando se confia nestas armas, elas se tornam carnais (corporais) ou pecaminosas no contexto do ministério. Elas não têm o poder “de destruir” (Bruce) as fortalezas do inimigo nos corações dos homens. O inimigo não pode ser derrotado em seu próprio nível de guerra. As armas de Paulo (hopla, cf. Rm 13.12, “as armas [hopla] da luz”) são poderosas em Deus; elas são “divinamente poderosas”.

Ele está armado com um tremendo “senso daquilo que o evangelho é — a imensidão da graça nele contida, o terror do julgamento; e foi isto que lhe deu o poder e o levantou acima das artimanhas, da sabedoria e da timidez da carne”.

Paulo procurou apenas afirmar a verdade abertamente (4.2). Ele vem com armas que são totalmente dependentes do poder do Espírito e não do poder humano (4.7; 1 Co 2.1-5). O apóstolo define as fortalezas ao afirmar que destrói os conselhos e toda altivez que se levanta contra o conhecimento de Deus (5). As desafiantes paredes e muros do intelecto (cf. 1 Co 1.18-25; 8.1) e a vontade do homem serão despedaçadas pelo evangelho. A lealdade espiritual dos homens não pode ser conquistada através da carne ou por atalhos (cf. Mt 4.1-11). Mas por intermédio da guerra espiritual todo entendimento deve ser levado cativo.., à obediência a Cristo (cf. 1 Co 2.16). O poder de Deus é capaz de romper barreiras nas mentes e corações dos homens por meio de um ministério verdadeiramente evangélico. O aprisionamento torna-se, então, uma libertação radical em virtude do caráter do Rei (cf. 2.14).

A frase estando prontos para vingar (6) dá uma impressão errada ao leitor modemo. Ainda dentro da linguagem militar, Paulo afirma que, em consistência com a natureza da sua guerra, ele está “preparado para a corte marcial” (Moffatt) ou para “levar à justiça” toda desobediência que ainda existe na igreja de Corinto. Mas tal é a sua paciência e seu método de enfrentar as dificuldades, que ele só virá “para punir” (ARA) quando a obediência (2.9; 7.15) da maioria for cumprida. O apóstolo acreditava na atitude de dar à congregação tempo para resolver os seus próprios problemas, antes de exercer suas prerrogativas apostólicas de excomunhão na comunidade da igreja (cf. 13.2; Mt 16.19; 18.18; 1 Co 5.5).

Se foi movido a agir com autoridade destemida, ou a sofrer com a humilhação, Paulo não hesitou em fundamentar o seu ministério na força do evangelho. Esta atitude, sozinha, foi capaz de destruir as altas muralhas com que os homens se fortificam contra a obediência a Cristo.

Lutar a guerra cristã com armas espirituais era:

1) nunca confiar apenas nos métodos que o mundo usa para capturar as mentes dos homens, 3-5; e

2) sempre agir em submissão ao Espírito de Cristo na defesa da justiça, 1-2,6.

2. A Consistência da Autoridade de Paulo (10.7-11)

O apóstolo insiste em que, uma vez que os cormntios se apercebam da qualidade

espiritual de sua autoridade, descobrirão que ele é, em pessoa, o que parece ser em suas cartas. Como um apóstolo de Cristo, não há inconsistência entre a sua palavra escrita e a falada, independentemente de como os homens erroneamente o julguem por seus critérios mundanos. Em resposta às suas acusações, ele dá uma resposta e uma advertência.

A pergunta: Olhais para as coisas segundo a aparência? (7) pode ser

corretamente traduzida como uma afirmativa simples: “Olhais as coisas segundo a aparência” (TB), ou até como um imperativo: “Observai o que está evidente” (ARA). Embora qualquer uma das três possa estar correta, a última parece satisfazer melhor ao fluxo de pensamento do apóstolo. Tendo mostrado aos seus leitores a natureza de sua guerra, o apóstolo agora os exorta a “olhar para o que é óbvio” a respeito de seu ministério entre eles (cf.12.6).

Antes de tudo, se alguém confia de si mesmo que é de Cristo (cf. Mc 9.41; Rm

8.9; 1 Co 1.12; 3.23; 15.23; Gl 3.29) que pense outra vez isto consigo: assim como

ele é de Cristo, assim também é Paulo. Talvez aqueles do partido “de Cristo” (1 Co 1.12), ou mais provavelmente alguns influenciados de forma indevida pelos oponentes de Paulo, tornaram-se convencidos de uma espiritualidade superior que, pelos seus critérios, desacreditaria até mesmo o apóstolo. Mas o simples fato diante de seus rostos (prosopon) era que Paulo tinha tanto direito de reivindicar pertencer a Cristo quanto eles. Se a convicção pessoal era válida para eles, também era válida para o apóstolo. E não foi o ministério dele que os levou ao evangelho?

A legitimidade do relacionamento deles com Cristo, em certo sentido, realmente validava o dele. Bengel fala, aqui, da “condescendência de Paulo, na medida em que ele meramente exige um lugar igual ao daqueles a quem ele havia gerado através do evangelho; pois ele próprio tinha que ter anteriormente pertencido a Cristo, ou sido um cristão por meio do qual outro havia se convertido a Cristo”. De primordial importância para Paulo, nesta questão da legitimidade de seu apostolado, é a integridade de seu relacionamento com Cristo.

Os fatos do seu ministério entre eles, escreve o apóstolo, falam por si mesmos. Mesmo que ele, de fato, se glorie “um pouco demais” (RSV), de seu poder ou “autoridade (versão ARA), ele não se envergonhará (8). Ele não ficará envergonhado “como se tivesse dito algo além daquilo que pudesse ser confirmado”. A origem e a prática de seu poder, ou autoridade, dão suporte à sua jactância.

Sua autoridade foi dada pelo Senhor (5.18-21),” para edificação e não para... destruição. O resultado final de seu ministério foi edificação (12.19; 1 Co 8.1; 14.26) e não destruição. Aqui está a prova do que é certo diante dos olhos dos coríntios. Paulo, de acordo com o versículo 5, tenta somente destruir “a prepotência dos homens, cada barreira de orgulho que se levanta contra o verdadeiro conhecimento de Deus, ou, em suas próprias palavras, os conselhos e toda altivez que se levanta contra o conhecimento de Deus” (cf. Jr 1.10; 24.6).

Seus oponentes, em contraste, destroem a comunhão de amor que é a Igreja (12.20), o corpo de Cristo. No termo gloriar (cf. 11.16; 12.6) encontramos uma das palavras-chave dos capítulos 10—13. Mas o apóstolo está um pouco desconfortável com o fato de que a situação o levou a gloriar-se um pouco a mais do que ele normalmente considera apropriado. Mesmo assim, a qualidade do seu serviço o protegerá, não deixando que ele passe vergonha.

Muito embora o apóstolo tenha que discutir sua autoridade, ele não deseja intimidálos através de suas cartas (9). Isto reflete a acusação (cf. 10-11) de discrepância entre o tom de suas cartas e a sua conduta entre eles. Paulo escreve novamente com um toque de ironia. Intimidar (ekphobein, assustá-los além da compreensão) é uma expressão forte. De acordo com a observação de Hughes: “A imagem de Paulo... fazendo o papel de um déspota distante intimidando-os com sua correspondência, deve ter parecido aos coríntios algo totalmente ridículo”.

O apóstolo agora menciona a crítica que circulava contra ele em Corinto: As suas cartas são graves e fortes, mas a presença do corpo é fraca, e a palavra, desprezível (10). Como descreve Bruce: “Ele não tentaria assustar um ganso se estivesse em sua frente... mas quando está longe, finge ser ousado e destemido e escreve cartas fortes; se ele estivesse certo de sua autoridade, mostraria um pouco do rigor de suas cartas ao lidar conosco face a face”. A despeito do que esta crítica tenha significado, ela foi um testemunho da eficácia das cartas de Paulo endereçadas aos coríntios (cf. 2 Pe 3.16). Elas eram poderosas graves e fortes. Mas a acusação era de uma inconsistência indesculpável.

Em contraste com suas cartas, sua “presença pessoal é inexpressiva” (NASB) uma referência não à sua aparência física, mas “à mansidão e benignidade de Cristo” (1) pelas quais Paulo sempre procurou se conduzir. Assim, seus corações terrenos não tinham como compreender. Eles, também, consideravam sua palavra, desprezível. Seu resultado não alcançava os padrões da retórica grega — ele não era um orador polido (11.6) e sua mensagem (logos) estava bem abaixo da dignidade deles. O fato de Paulo ter ido a Corinto não “com sublimidade de palavras ou de sabedoria”, mas apenas para anunciar “a Jesus Cristo e este crucificado” (1 Co 2.1-2), não os havia impressionado: “A palavra [logos] da cruz é loucura para os que perecem” (1 Co 1.18).

A resposta de Paulo a seus críticos é direta. Pense (considere) o tal isto (11). Bruce interpreta estas palavras: “Quando venho a vós, venho tão resoluto nas ações, como o sou nas cartas que escrevo quando estou longe de vós”. A paciência e a mansidão de Paulo não o impedirão de agir de forma ousada e decisiva, caso seja necessário, quando ele os visitar novamente (cf. 1; 13.2,10).

A consistência de Paulo, que deveria ser óbvia para todos eles, pode ser vista:

1) em seu compromisso com Cristo, 7;

2) em sua delegação recebida de Cristo para edificar e não para destruir, 8; e

3) em sua conduta entre os coríntios, 9-11.

3. A Legitimidade da Jactância de Paulo (10.12-18)

Como os oponentes haviam indicado que eram amplamente superiores a Paulo, o apóstolo, por amor à igreja, sentiu-se forçado a recorrer à dúbia defesa da jactância (8). Mas agora, ao fazer isso, a jactância dos falsos apóstolos vai de encontro a seu golpe polido. Ao mesmo tempo, os limites da jactância do próprio apóstolo são cuidadosamente fixados.

Com um pouco de ironia, Paulo admite a acusação de que é um covarde — pelo menos em um assunto. Ele não tem a coragem de se classificar com aqueles que se louvam a si mesmos (12) “alguns que escrevem suas próprias cartas de recomendação” (cf. 3.1; 5.12). Paulo não pode competir com o tipo de ousadia que apóia a sua autoridade na auto-aprovação. Tais pessoas estão totalmente abaixo do nível dele.

A intenção de Paulo é mostrar que a autojactância deles é, na verdade, uma reprovação, pois recusaram qualquer padrão de comparação que fosse digno. Eles se medem a si mesmos e se comparam consigo mesmos. Seus próprios padrões aplicados dentro de seu círculo sectário, como o único critério de medição, indicam claramente que eles “não têm entendimento” (ASV). Eles são charlatões que ignoram a verdadeira característica de um servo de Cristo e daquilo que significa ser designado por Ele. Assim, Hughes conclui: “A mesma acusação de auto-elogio que... eles haviam maliciosamente arremetido contra Paulo (cf. 3.1; 5.12), retrocede com força contra as cabeças desses usurpadores”.

Ainda assim, o fato triste é que há sempre aqueles que se afeiçoam ao arrogante, ao intolerante e ao dogmático. O apóstolo não vai se gloriar fora de medida (13), i.e., não se gabará de “coisas que ninguém pode medir” (ta ametera). Esses enganadores se dizem “100% adequados, de modo que quando medem a si mesmos, sempre conseguem a pontuação máxima, 100%, impedindo qualquer medição realmente válida. O critério de Paulo, entretanto, é válido (kanonos). E a reta medida (cf. Rm 12.3) que Deus lhe deu. A expressão acima refere- se à “esfera de ação ou influência”. O apóstolo a utiliza em relação aos coríntios: para chegarmos até vós. Como um atleta corredor nos jogos Ístmicos, Paulo se mantém dentro da faixa que lhe é designada, em vivo contraste com seus oponentes, a quem Deus “não havia designado nenhuma faixa, nem mesmo alguma que levasse a Corinto”.

A regra ou os limites não são geográficos, como se esses intrometidos de fato possuíssem um território alocado para um genuíno ministério apostólico. Esta regra talvez seja a tarefa específica e a graça particular presenteadas a Paulo (Rm 15.15-16; GI 2.9), que haviam sido demonstradas e confirmadas pelos frutos gerados pelos seus trabalhos missionários (cf. 1 Co 15. 10). Ele foi comissionado para ser um apóstolo aos gentios (At 9.15; Rm 1.5; Gl 2.9), e não para edificar sobre um fundamento colocado por outros homens (Rm 15.20). Dentro desses limites, ele havia trabalhado como um missionário pioneiro junto aos gentios, até mesmo em Corinto.

Assim, em sua jactância, Paulo diz: Porque não nos estendemos além do que convém, como se não houvéssemos de chegar até vós, pois já chegamos também até vós no evangelho de Cristo (14). A expressão já chegamos (14, ephthasamen) mantém aqui o seu significado completo de “chegar primeiro”, que é bem confirmado no período do NT. Em vez de estar se gloriando de forma exagerada, Paulo pode estar querendo dizer que ele não está indo além daquilo para que foi comissionado (NEB). O fato de ele ter sido o primeiro a chegar a Corinto com o evangelho de Cristo (1 Co 3.6) torna isso evidente.

Ele tinha colocado o alicerce (1 Co 3.10) e se tornado o pai dos coríntios no evangelho (1 Co 4.15). Assim, com aguda ironia, Paulo mostrou que seus oponentes são, de fato, desqualificados como seus competidores. Eles nada mais eram do que proselitistas que, como todos de sua classe, se ocupam com a invasão do trabalho de outros, em vez de abrirem um novo território no qual poderiam disseminar os seus erros.

Portanto, Paulo não se gloriará fora de medida nos trabalhos alheios (15; cf. Rm 15.20). Isto é uma referência àqueles “que lançaram sua mão no mérito da colheita de outro homem e tiveram, ao mesmo tempo, a audácia de ofender aqueles que lhes prepararam o lugar à custa de suor e trabalho árduo” O fato de a missão de Paulo ter prosperado em Corinto era a prova de que ele havia atuado nos limites de sua regra (reta medida, esfera; cf. 13), em seu ministério no meio deles. O apóstolo tem a esperança de que, apesar da atenção dada aos impostores, a fé da igreja aumentará até o ponto em que ele possa confiar seguramente em sua estabilidade.

Então, ele e seus cooperadores serão abundantemente engrandecidos entre vós, conforme a sua regra.

Paulo não está buscando louvor, mas por meio do encorajamento deles à total obediência ao evangelho, ele espera ter seu ministério pioneiro expandido.

O ministério do grande apóstolo é limitado pela fé de seus convertidos. Eles têm o poder de liberá-lo para que tenha uma maior utilidade, ou manter seu ministério estacionado por causa da tola imaturidade deles no evangelho.

A expressão abundantemente engrandecidos, do versículo 15, significa anunciar o evangelho (16) “nos lugares que estão além”. Paulo quer evangelizar os campos que estão além de Corinto. Como Paulo indica posteriormente, ele queria visitar Roma de passagem, quando estivesse a caminho de uma missão na Espanha (At 19.21; Rm 15.22-24). Dessa forma, não haveria razão para ele se gloriar no que estava já preparado em campo de outrem. As palavras são, mais uma vez, como ferroadas de escárnio. “A esfera de trabalho já realizado por um outro homem” era a única coisa que esses prosélitos arrogantes podiam exibir. Com certeza, o que eles eram de fato estava claro para os coríntios (cf. 7a). “Devemos notar”, escreve Allo, “que Paulo não expressa reprovação contra a comunidade; ao contrário, ele conta com eles para a ilimitada expansão de seu apostolado”. Sua polêmica nestes capítulos é, primariamente, contra os usurpadores.

O apóstolo foi levado ao assunto da jactância contra seu desejo pessoal e procura, agora, manter a ênfase no seu devido lugar: Aquele, porém, que se gloria (lit. vangloria), glorie-se (vanglorie-se) no Senhor (17). Paulo deve ter mantido Jeremias 9.23-24 num lugar central do seu ministério, pois ele havia usado a mesma citação anteriormente em 1 Coríntios 1.31. Mesmo agora, quando, em certo sentido, o apóstolo tem que se gloriar, ele quer deixar claro que é estritamente no Senhor (cf. 12.2). Ele nunca ficou com o crédito pelos sucessos de seus trabalhos, mas manteve as palavras do profeta entre ele e os aplausos dos homens:

Não se glorie o sábio na sua sabedoria, nem se glorie o forte na sua força; não se glorie o rico nas suas riquezas. Mas o que se gloriar glorie-se nisto: em me conhecer e saber que eu sou o Senhor (Jr 9.23-24)

O princípio básico do ministério do apóstolo consistia em que não é aprovado quem a si mesmo se louva, mas, sim, aquele a quem o Senhor louva (18; cf. 5.9; 1 Co 4.15). Strachan sugere que “é como se ele dissesse: Afinal de contas, a autoridade apostólica não está realmente segura em minhas mãos. A aprovação de Deus é a única marca de legitimidado.

Paulo se gloria, não por ser um apóstolo, mas por Deus ter feito dele um apóstolo. O servo de Cristo só pode se gloriar do que Cristo fez, do que Ele está fazendo e do que Ele prometeu fazer. O grande desejo de Paulo era ter sempre a aprovação de Deus. Os padrões que um homem aplica a si mesmo podem ser falhos ou até desonestos, mas Deus pode enxergar perfeitamente através de cada um de nós.

Nestes versículos é apresentado um tríplice critério que desacredita a jactância dos oponentes de Paulo, e define os limites para que alguém se glorie legitimamente como um servo de Cristo:

1) um padrão exterior ao próprio padrão de referência que está mais próximo de si mesmo, 12;

2) a natureza da comissão recebida pessoalmente de Cristo, 13- 16; e

3) a aprovação do próprio Senhor, 17-18.

A resposta de Paulo a seus opositores, em 10.1-18, define o processo de vitória em um ministério desempenhado para Cristo. Redpath comenta sobre estes versículos: “Resista, contra-ataque, lide com a situação no mesmo nível em que o mundo lida com ela, e você estará derrotado”. Um ministério diante dos homens, quer desempenhado por leigos ou clérigos, deveria dar continuidade espiritual ao do apóstolo, como um imitador de Cristo (1 Co 11.1).

"O Serviço Cristão Correto” é

1) Consistente com o princípio da Cruz, em sua metodologia e técnicas, 1-6;

2) Consistente com a integridade e qualidade do chamado de cada um em Cristo, 7-11; e

3) Consistente com uma atitude de humildade que só trabalha em obediência, e dá todo crédito do sucesso ao Senhor, 12-18.

Elaboração pelo:- Evangelista Isaias Silva de Jesus

Igreja Evangélica Assembléia de Deus Ministério Belém Em Dourados – MS

Comentário Bíblico Beacon

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