2 de março de 2010

O PADRÃO DA DEPENDENCIA DIVINA

TEXTO ÁUREO = “Porque aquele que pede recebe; e o que busca encontra; e, ao que bate, se abre” (Mt 7.8).

VERDADE PRÁTICA = A nossa dependência de Deus nos garante a certeza da sua disponibilidade em nosso favor, em todo o tempo, sabendo de antemão que Ele jamais nos decepcionará.

LEITURA BÍBLICA == MATEUS 7. 7-12

INTRODUÇÃO

Ao chegar a esta etapa do Sermão do Monte, o Mestre salientou o aspecto mais importante para que o crente possa alcançar a suprema realização do ideal cristão: a dependência divina. Este é o caminho para que a ética apregoada em seu discurso não se torne letra morta em nossa vida, mas uma possibilidade real por sabermos que Deus sempre fará o melhor a nosso respeito.

1. A ESTRATÉGIA DA DEPENDENCIA

1. Pedir. Três expressões significativas e retóricas aparecem nos vv.7,8 para ressaltar a estratégia da dependência. A primeira delas é pedir. Isto não significa que Deus não saiba o que nos convém (Mt 6.7,8), mas estabelece uma relação filial mediante a qual sabemos que ele está sempre pronto para atender os nossos pedidos (Mt 21.22). Demonstra, por outro lado, que nenhuma restrição nos é imposta em nossa relação pessoal com o Pai. A qualquer momento as portas do céu estão abertas para aqueles que, confiantemente, se achegam ao trono da graça, onde encontram guarida sob as asas do Altíssimo (ver Sl 34.15; = 1 Pe 3.12).

2. Buscar. O segundo termo que expressa a estratégia da dependência é buscar. Esta ênfase procura assegurar que jamais seremos abandonados à nossa própria sorte. Todas as vezes que buscarmos ao Senhor de todo o nosso coração vamos encontrá-lo de braços abertos para tratar amorosamente conosco (ver Sl 37.28; = Hb 13.5).

Àqueles que se dispõem a buscar, o Senhor jamais se negará a atendê-los. Não é preciso marcar audiência, nem esperar horas e horas na fila, enquanto outros estão sendo atendidos, ou voltar outro dia porque o horário de atendimento tenha chegado ao fim. Agora mesmo temos liberdade de acesso à presença de Deus (cf. Sl 12 1.4; = Jo 5.17).

3. Bater. A terceira expressão que trata do mesmo princípio - a dependência divina - é bater.

Esta seqüência de termos, no grego, é um recurso poético que determina a certeza da disponibilidade de Deus em nosso favor, de modo que, se estivermos dispostos a depender dEle, nunca seremos decepcionados, mesmo que em alguns momentos tenhamos a impressão de que as coisas não saíram tão bem como esperávamos (2 Cr 7.11-15).

É que a nossa visão da história é linear, enquanto o Pai vê o todo de uma só vez. Assim, o aparente fracasso de hoje é apenas uma etapa do processo vitorioso que Deus já determinou para aqueles que buscam o caminho da dependência divina. Certo expositor doutrinário afirmou com propriedade que na relação familiar os filhos revelam maturidade, quando, ao chegar à idade adulta, são capazes de tornar-se independentes para tomarem as próprias decisões. Já no caso da relação com Deus a maturidade se expressa de forma inversa. Quanto mais o cristão é maduro, mais ele revela-se dependente do Pai (ver Rm 12.2; = Ef 5.17).

II. PAULO, PRESO E JULGADO

Os cristãos de Jerusalém ficaram felizes ao ouvir o relatório de Paulo sobre a divulgação da fé cristã. Contudo, alguns cristãos judeus duvidaram da sinceridade de Paulo. Para mostrar seu respeito pela tradição judaica, Paulo juntou-se a quatro homens que cumpriam um voto de nazireu no templo. Alguns judeus da Ásia agarraram Paulo e falsamente o acusaram de introduzir gentios no templo (At 21:27-29). O tribuno da guarnição romana levou Paulo em custódia para impedir um levante. Ao saber que Paulo era cidadão romano, o tribuno retirou-lhe as cadeias e pediu aos judeus que convocassem o Sinédrio para interrogá-lo.

Paulo percebeu que a multidão enfurecida poderia matá-lo. Assim, ele disse ao Sinédrio que fora preso por ser fariseu e crer na ressurreição dos mortos. Esta afirmação dividiu o Sinédrio em suas facções de fariseus e saduceus, e o comandante romano teve de salvar Paulo de novo. Ouvindo dizer que os judeus tramavam uma emboscada contra Paulo, o comandante enviou-o de noite a Cesaréia, onde ficou guardado no palácio de Herodes. Paulo passou dois anos presos aí.

Quando os acusadores de Paulo chegaram, acusaram-no de haver tentado profanar o templo e de ter criado uma revolta civil em Jerusalém (At 24:1-9). Félix, procurador romano, exigiu mais provas do tribuno em Jerusalém. Mas antes que estas chegassem, Félix foi substituído por um novo procurador, Pórcio Festo. Este novo oficial pediu aos acusadores de Paulo que viessem de novo a Cesaréia. Ao chegarem, Paulo fez valer os seus direitos como cidadão romano de apresentar seu caso perante César.

Enquanto aguardava o navio para Roma, Paulo teve oportunidáde de defender a sua causa perante o rei Agripa II que visitava Festo. O capítulo 26 de Atos registra o discurso de Paulo no qual ele contou de novo os eventos de sua vida até aquele ponto. Festo entregou Paulo aos cuidados de um centurião chamado Júlio, que estava levando um navio carregado de prisioneiros para a cidade imperial. Após uma viagem acidentada, o navio naufragou na ilha de Malta. Três meses depois, Paulo e os demais prisioneiros tomaram outro navio para Roma.

Os cristãos de Roma viajaram quase cinqüenta quilômetros para dar as boas-vindas a Paulo (At 28:15). Em Roma Paulo foi posto sob prisão domiciliar, e em At 28:30 lemos que ele alugou uma casa por dois anos enquanto aguardava que César ouvisse o seu caso.

O Novo Testamento não nos fala da morte de Paulo. Muitos estudiosos modernos crêem que César libertou o apóstolo, e que ele empenhou-se em mais trabalho missionário antes de ser preso pela segunda vez e executado. Dois livros escritos antes do ano 200 d.C. — a Primeira Epístola de Clemente e os Atos de Paulo — asseveram que isso aconteceu. Indicam que Paulo foi decapitado em Roma perto do fim do reinado do imperador

III. O PROPÓSITO DA DEPENDENCIA

1. Submeter-se à vontade de Deus. A dependência divina, em primeiro lugar, tem como propósito levar o crente a ter consciência de sua relação filial com o Pai (vv.9-11) e assim submeter-se à sua vontade. Esta é a forma que dispomos para conciliar a nossa responsabilidade pessoal com a soberania divina (Fp 2.12,13). Depender de Deus mediante a sua soberana vontade não significa tornar-nos irresponsáveis e deixar de cumprir nossas obrigações, achando que todas as coisas se resolverão sem a nossa iniciativa.

Convém lembrar que o Pai, em sua soberania, tomou as providências para que os princípios gerais que regem a vida ficassem registrados nas páginas da Bíblia (ver 2 Tm 3.16). Assim, já sabemos de antemão que, se seguirmos na direção contrária ao que Ele determinou, sofreremos as conseqüências (Êx 19.3-6).

A submissão à vontade de Deus através da dependência divina implica em buscar sintonizar a nossa vida com os seus propósitos de tal maneira que cada passo nosso em qualquer direção sempre levará em conta se estamos ou não fazendo a sua vontade.

2. Experimentar a bondade de Deus. Outro propósito da dependência divina é permitir ao crente experimentar a bondade de Deus. Para demonstrá-lo, o Senhor ilustra a nossa relação com o Altíssimo, usando a figura do relacionamento paterno com os filhos. Nenhum pai, em sã consciência, é capaz de oferecer-lhes coisas inúteis e nocivas em lugar de pão (vv.9-11).

Deus, igualmente, sempre fará o melhor a nosso respeito e jamais nos conduzirá pelo caminho da derrota. Ele nunca falha. Quando algumas coisas saem errado nessa relação, podem ser explicadas por um dos seguintes motivos:

a) não fomos maduros o suficiente para esperar a vontade de Deus no tempo certo e agimos por conta própria (cf. Gn 16.1-6);

b) estamos sofrendo as conseqüências de decisões precipitadas sem que houvesse a aprovação divina (ver Jn 1.1- 16);

c) podemos estar sob juízo em virtude da nossa desobediência (ver Jó 5.17; = Hb 12.6); e

d) podemos estar sendo provados para que os homens testemunhem a nossa fidelidade ao Pai (ver Jó 1.6-22).

3. Reconhecer a paternidade de Deus. A dependência divina tem, ainda, como propósito conscientizar o crente acerca da paternidade de Deus. Infelizmente muitos filhos crescem com uma perspectiva errada e distante do Altíssimo porque tiveram pais perversos e violentos. Ele é, sobretudo, o Pai eterno que deseja manter comunhão estreita e amorável com cada um de seus filhos, pois foi com esta finalidade que criou-os à sua imagem e semelhança. Desde então, todos os atos divinos buscam atrair cada ser humano para reatar essa relação filial perdida no Éden, por causa do pecado, através da qual, Ele, como Pai, tudo faz para tornar-nos as pessoas mais felizes da terra (ver Os 11.4). Reconhecer essa paternidade e todas as suas implicações é o sentido principal da oração ensinada por Jesus (Mt 6.9).

IV. AS LIÇÕES DA DEPENDENCIA

1. A lição do amor paternal. Por último, temos as lições da dependência divina (v.12). Aqui o Senhor trata da questão nos seguintes termos: Assim como nutrimos a expectativa de que o nosso semelhante nos faça o bem, de igual modo precisamos desenvolver a mesma atitude benevolente para com o próximo. Só que Deus vai mais além. É a lição do amor paternal. Enquanto o ser humano paga o Todo-Poderoso com o mal, Ele sempre age no sentido oposto, à semelhança da parábola do filho pródigo em que o pai amorosamente estendia os olhos ao longe, aguardando o retorno do filho rebelde (ver Lc 15.11-3 2). Um dos atributos de Deus é o amor (1 Jo 4.16), que o faz ser como é: um Pai zeloso pelo bem de seus filhos. A dependência divina, portanto, nos leva a compreender que Deus espera de nós o mesmo gesto em favor do próximo.

2. A lição da dedicação paternal. A outra lição tem a ver com a dedicação paternal. Deus não apenas nos ama, mas se dedica em atrair os seus filhos para si. Ele não é alguém que trabalha apenas um turno, mas, sob a ótica de nossa linearidade histórica, dedica-se 24 horas por dia para ter-nos sempre ao seu lado (Jo 5.17).

A mesma expectativa Deus nutre a nosso respeito. Todos os que aprendem as lições da dependência divina, e sabem que o Pai celeste jamais os deixa sozinhos, serão também dedicados em estender a mão para o próximo, mesmo que este não lhe pague com a moeda da benevolência (ver 1 Ts 5.15).

3. A lição da bondade paternal. Finalmente fica a lição da bondade paternal, que transparece em todo o conteúdo da lição. Em razão de seus próprios atributos, Deus não pode praticar o mal. Por isso, todos os seus atos caracterizam-se pela bondade e pela perfeita justiça inerentes à sua natureza (ver Sl 25.7; = 31.19). Ele jamais dará pedra em lugar de pão aos seus filhos.

V. A PERSONALIDADE DO APOSTOLO

As epístolas de Paulo são o espelho de sua alma. Revelam seus motivos íntimos, suas mais profundas paixões, suas convicções fundamentais. Sem a sobrevivência das cartas de Paulo, ele seria para nós uma figura vaga, confusa. Paulo estava mais interessado nas pessoas e no que lhes acontecia do que em formalidades literárias. A medida que lemos os escritos de Paulo, notamos que suas palavras podem vir aos borbotões, como no primeiro capítulo da carta aos Gálatas. As vezes ele irrompe abruptamente para mergulhar numa nova linha de pensamento. Nalguns pontos ele toma um longo fôlego e dita uma sentença quase sem fim.

Temos em 2 Co 10:10 uma pista de como as epístolas de Paulo eram recebidas e consideradas. Mesmo seus inimigos e críticos reconheciam o impacto do que ele tinha para dizer, pois sabemos que comentavam: “As cartas, com efeito, dizem, são graves e fortes.. (2 Co 10:10). Líderes fortes, como Paulo, tendem a atrair ou repelir os que eles buscam influenciar. Paulo tinha tanto seguidores devotados quanto inimigos figadais. Como conseqüência, seus contemporâneos mantinham opiniões variadíssimas a seu respeito.

Os mais antigos escritos de Paulo antedata a maioria dos quatro Evangelhos. Refletem-no como um homem de coragem (2 Co 2:3), de integridade e elevados motivos (vv. 4-5), de humildade (v. 6), e de benignidade (v. 7).

Paulo sabia diferençar entre sua própria opinião e o “mandamento do Senhor” (1 Co 7:25). Era humilde bastante para dizer “se­gundo minha opinião” sobre alguns assuntos (1 Co 7:40). Ele estava bem cônscio da urgência de sua comissão (1 Co 9:16-17), e do fato de não estar fora do perigo de ser “desqualificado” por sucumbir à tentação (1Co 9.27). Ele se recorda com pesar de que outrora perseguia a Igreja de Deus (1Co 15.9).

Leia o capítulo 16 da carta aos Romanos com especial atenção à atitude generosa de Paulo para com os seus colaboradores. Ele era um homem que amava e prezava as pessoas e tinha em alto apreço a comunhão dos crentes. Na carta aos Colossenses vemos quão afetivo e amistoso Paulo poderia ser, mesmo com cristãos com os quais ainda não se havia encontrado.

“Gostaria, pois, que saibais, quão grande luta venho mantendo por vós. . . e por quantos não me viram face a face”, escreve ele (Cl 2:1).

Na carta aos Colossenses lemos também a respeito de um homem chamado Onésimo, escravo fugitivo (Cl 4:9; Fm 10), que evidentemente havia acrescentado ao furto o crime de abandonar o seu dono, Filemom. Agora Paulo o havia conquistado para a fé cristã e o persuadira de voltar ao seu senhor. Mas conhecendo a severidade

do castigo imposto aos escravos fugitivos, o apóstolo desejava convencer a Filemom a tratar Onésimo como irmão. Aqui vemos Paulo, o reconciliador. E tudo isso ele fez a favor de um homem que estava no degrau mais baixo da escada da sociedade romana. Contraste essa atitude com o comportamento do jovem Saulo guardando as vestes dos apedrejadores de Estevão. Observe quão profundamente Paulo havia mudado em sua atitude para com as pessoas.

Nesses escritos vemos Paulo como amigo generoso, afetivo, um homem de grande fé e coragem— mesmo em face de circunstâncias extremas. Ele estava totalmente comprometido com Cristo, quer na vida, quer na morte. Seu testemunho é profundamente firmado nas realidades espirituais: “Tanto sei estar humilhado, como também ser honrado; de tudo e em todas as circunstâncias já tenho experiência, tanto de fartura, como de fome; assim de abundância, como de escassez; tudo posso naquele que me fortalece” (Fp 4:12-13).

CONCLUSÃO

Deste modo, estejamos cônscios de que quanto mais nos tornarmos dependentes de Deus, mais revelaremos a nossa maturidade espiritual, conducente às condições necessárias para que nunca a ética pregada no Sermão do Monte deixe de ser o nosso referencial de vida.

Elaboração pelo:- Evangelista Isaias Silva de Jesus

Igreja Evangélica Assembléia de Deus Ministério Belém Em Dourados – MS

Lições bíblicas CPAD 2001 www.vivos.com.br

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