O Único Deus Verdadeiro e a Criação
Texto
Áureo = "E Jesus respondeu-lhe: O primeiro de todos os
mandamentos é: Ouve, Israel, o Senhor, nosso Deus, é o único Senhor." (Mc
12.29)
Verdade
Prática = Cremos em um só Deus, o Pai Todo-Poderoso, criador
do céu e da terra, de todas as coisas, visíveis e invisíveis.
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE –
DEUTENÔMIO 6: GENESIS 1
HINOS SUGERIDOS: 99, 216, 526 DA
HARPA CRISTÃ
INTRODUÇÃO
A DOUTRINA BÍBLICA DE DEUS COMO
CRIADOR
A Escritura afirma
existir só o Deus verdadeiro em oposição a todos os deuses criados pela
superstição dos homens. O assunto é bastante longo, se quisermos tratá-lo com
mais diligência. Eu me darei por satisfeito, no entanto, apresentando-o como um
resumo que ajude as mentes piedosas a saberem que é que devem investigar a
respeito de Deus, nas Escrituras —, dirigindo-se ao exato objetivo de sua
indagação. Não faço referência ao pacto especial por meio do qual Deus
distinguiu a raça de Abraão de outras gentes (Gn 17.4).
Ora, quando por
graciosa adoção recebeu como filhos àqueles que eram seus inimigos, mostrou-se,
então, seu Redentor. Nós, no entanto, até aqui nos movemos neste conhecimento
que se limita à criação do mundo e nem chega a Cristo, o Mediador. Ainda que
mais adiante seja necessário citar algumas passagens do Novo Testamento, visto
que dele também se pode provar não só o poder de Deus, como Criador, mas também
sua providência na preservação da natureza primária —, quero, contudo, que os
leitores, devidamente avisados, não vão além dos limites estabelecidos, quanto
ao que me proponho agora a fazer. Em suma, que seja suficiente agora aprender
como Deus, o Criador do céu e da terra, governa o mundo que Ele criou. Na
verdade, nas Escrituras, celebra-se repetidamente não só a bondade paternal de
Deus, mas também a sua vontade inclinada à beneficência, oferecendo-se também,
nas Escrituras, exemplos da severidade de Deus, exemplos que mostram ser Ele
vingador dos feitos iníquos, especialmente onde sua tolerância nenhum proveito
traz aos obstinados.
A BÍBLIA E A CRIAÇÃO ATESTAM,
IGUALMENTE, OS ATRIBUTOS DIVINOS
Os Profetas, aliás,
caracterizam a Deus com esses mesmos epítetos (= nomes), quando querem realçar
plenamente o seu santo nome. Para que não sejamos obrigados a fazer uma lista
de muitas referências, contentemo-nos, por agora, com o Salmo 145, no qual se
enumera, de modo preciso, a sumula de todas as virtudes de Deus e nada parece
ficar omitido. No entanto, nada se diz nesse Salmo que não se possa contemplar
nas criaturas. Portanto, guiados pela experiência, como nossa mestra, sentimos
que Deus é exatamente como a Palavra diz que Ele é.
No profeta Jeremias
onde Deus diz de que modo quer ser conhecido por nós, o Senhor faz uma
descrição não tão completa como a do Salmo 145, descrição que, no entanto,
acaba sendo praticamente a mesma: “Quem se gloria”, diz que o Senhor, glorie-se
nisto: Em me conhecer e saber que eu sou o Senhor, e faço misericórdia, juízo,
e justiça na terra; porque destas coisas me agrado, diz o Senhor (Jr 9.24).
Certamente, nos é
necessário conhecer estas três coisas: A Misericórdia, na qual repousa a
salvação de todos nós; o Juízo que, todos os dias, se exerce contra os
malfeitores, reservando-se-lhes, ainda mais severamente, a eterna ruína; a
Justiça pela qual Deus preserva os fiéis e os assiste benignamente. Conhecendo
estas três coisas, a profecia nos assegura que temos matéria suficiente para
nos gloriarmos em Deus. Contudo, nem deste modo pode-se deixar de considerar em
Deus a verdade, o poder, a santidade e a bondade, pois de que modo se poderia
evidenciar o conhecimento que se requer da justiça, da misericórdia e do juízo
de Deus, a não ser que esse conhecimento estivesse calcado na sua verdade inflexível?
E como poderíamos crer que Deus governa a terra em juízo e justiça, se não
reconhecêssemos que Ele tem poder? E de onde tiraria Ele a misericórdia, senão
da bondade? Se, finalmente, todos os caminhos de Deus são misericórdia, juízo e
justiça, eminente também, nesses caminhos, é a santidade.
Portanto, o
conhecimento que as Escrituras nos apresentam a respeito de Deus, não tem outro
objetivo senão aquele que brilha gravado nas criaturas ou, seja, é o
conhecimento que, em primeiro lugar, nos convida ao temor de Deus; em seguida
nos convida a confiar nEle para, na verdade, aprendermos a cultuá-lo não só com
perfeita inocência de vida, mas também com não fingida obediência e, desse
modo, aprendamos a depender totalmente de sua bondade.
DIANTE DA NOÇÃO QUE TEMOS DO DEUS
ÚNICO, OS IDÓLATRAS NÃO TÊM DESCULPAS.
Mas, em decorrência do
fato de todos serem arrastados ou impelidos, pela vaidade, a falsas invenções,
e assim terem embotado os seus sentimentos, tudo quanto pensaram do Deus único
— em bases naturais — nada lhes valeu, senão que se tornassem indesculpáveis.
Até mesmo os mais sábios de todos eles põem à mostra a divagação errante da
própria mente, quando anseiam pela assistência de um Deus — qualquer que seja
ele —, por isso, em suas preces invocam a divindades incertas. Acrescente-se a
isso que, pelo fato de imaginarem que a natureza de Deus é múltipla — ainda que
o seu sentimento, em relação à divindade, fosse menos absurdo do que o sentir
do vulgacho em relação aJúpíter, Mercúrio, Vênus, Minerva e outros deuses
—mesmo os mais sábios não escaparam das enganosas sutilezas de Satanás.
E como já dissemos em
outro lugar (nesta obra), todos e quaisquer artifícios que os filósofos
imaginaram com argúcia, não diminuem o seu crime de apostasia, mas tornam
evidente que a verdade de Deus foi corrompida por todos eles.
Por essa razão, o
profeta Habacuque, onde condena a todos os ídolos, ordena que se busque a Deus
no seu templo (2.20), para que os fiéis não admitissem outro Deus, a não ser
aquele que se revelou por sua Palavra. É abominação atribuir forma visível a
Deus. Os que se apartam do Deus verdadeiro, criam ídolos para si.
REPRESENTAR A DEUS POR MEIO DE
IMAGENS É CORROMPER A SUA GLÓRIA
Como as criaturas levam
em conta o limitado, tacanho e medíocre conhecimento humano, costumam elas
expressar-se de modo acessível à mente popular, quando seu objetivo é
distinguir o Deus verdadeiro dos deuses falsos. Elas contrastam o Deus
verdadeiro com os ídolos e, ao fazerem isso, as Escrituras não estão aprovando
o que de mais sutil e elegante os filósofos ensinaram, mas estão, antes,
desnudando a loucura do mundo — mais do que isso, a sua completa loucura —,
quando, ao buscar a Deus, cada um, a todo tempo, se apega às suas próprias
especulações.
Por essa razão, a
definição que, por toda parte, se mostra a respeito da unicidade de Deus, reduz
a nada tudo quanto os homens inventaram para si no que diz respeito à
Divindade, pois somente o próprio Deus é testemunha idônea de Si Mesmo.
Por isso, pelo fato de
este embrutecimento degradante ter-se apossado do mundo inteiro, de maneira que
os homens procurassem representar a Deus de forma visível — forjando deuses de
madeira, de pedra, de ouro, de prata ou de outro material qualquer inanimado ou
corruptível — temos de nos apegar ao seguinte princípio: Todas as vezes que se
atribui a Deus qualquer forma de representação, a Sua glória é corrompida de
ímpio engano.
Na Lei, depois de
atribuir a Si Mesmo a glória da Divindade, quando quer ensinar que tipo de
adoração aprova ou rejeita, Deus acrescenta imediatamente: “Não farás para ti
imagens esculpidas, nem semelhança qualquer” (Ex 20.4), palavras com as quais
nos proíbe o desenfreamento de tentar representá-lo por meio de qualquer figura
visível. E mostra, de maneira breve, todas as formas pelas quais, desde há
muito tempo, a superstição dos homens começou a transformar a sua verdade em
mentira.
Ora, sabemos que os
persas adoravam o Sol e, também, sabemos que outros povos estultos inventaram
para si outros tantos deuses quantas são as estrelas que viam nos céus. Para os
egípcios não houve nenhum animal que não representasse uma divindade. Já os
gregos — devemos reconhecer —, parece, foram mais sábios do que os demais
povos, pois adoravam a Deus sob forma humana.
Deus, porém, não
compara essas imagens entre si, como se uma fosse mais apropriada do que
outras; ao contrário, repudia a todas as efígies esculpidas, sem exceção,
incluindo pinturas e outras representações por meio das quais os supersticiosos
imaginaram que Ele devia estar perto.
REPRESENTAR A DEUS POR MEIO DE
IMAGENS É CONTRARIAR O SEU SER
Das razões que Deus
acrescenta às proibições é fácil concluir o seguinte: Primeiro, em Moisés (Dt
4.15): ‘lembra-te do que o Senhor te falou no vale do Horebe: Ouviste uma voz,
não viste corpo; guarda-te, portanto, a ti mesmo, para que não aconteça que,
porventura, enganado, faças para ti qualquer representação’ etc. Aí vemos corno
Deus opõe sua voz abertamente a todas as representações, a fim de sabermos que
os que buscam representá-lo deforma visível, se afastam dEle.
Entre os Profetas, será
suficiente citar só Isaías, que é o mais enfático ao demonstrar isto, pois ele
ensina que a majestade de Deus é manchada de vil e absurda invenção, quando o
incorpóreo é feito semelhante à matéria corpórea, quando o invisível é
representado de forma visível ou quando o espírito é feito semelhante à coisa
inanimada ou, ainda, quando o imenso é reduzido a um pedaço de madeira, de
pedra ou de ouro (Is 40.18; 41.7,29; 45.9 e 46.5).
Paulo também raciocina
de modo idêntico: “Visto que somos geração de Deus, não devemos pensar que o
Divino é semelhante ao ouro, e à prata trabalhada pela arte ou invenção do
homem” (At 17.29). Disto fica claro que qualquer estátua que se erige ou imagem
que se pinta, para representar a Deus, simplesmente o ofende como também
afronta à sua majestade.
E não devemos
admirar-nos do fato de o Espírito Santo, do céu, proclamar estes oráculos, pois
Ele compele até mesmo os cegos e idólatras da terra a fazerem essa confissão. A
queixa de Sêneca, que se lê em Agostinho, é muita conhecida. Diz ele: “Dedicam
os deuses sagrados, imortais e invioláveis em matéria mui vil e desprezível,
revestindo-os com a aparência de homem e de feras; algumas até os representam
como hermafroditas (= sexos misturados) e corpos diversos, e os chamam de
divindades, são figuras que, se recebessem vida, seriam tidas por monstros,
quando as víssemos!”
Disto se evidencia
novamente, mui às claras, que se apóiam em inútil sofisma os que defendem as
imagens, dizendo que elas foram proibidas aos judeus, porque eles eram
inclinados à superstição. Como se pertencesse a um só povo aquilo que Deus, na
verdade, revela de sua eterna essência e da contínua ordem da natureza! E
Paulo, quando impugnou o erro em representar a Deus, por meio de imagem, não
estava falando aos judeus, mas aos atenienses.
AS MANIFESTAÇÕES E SINAIS QUE
MOSTRAM A PRESENÇA DE DEUS, NÃO SERVEM DE BASE PARA AS IMAGENS.
O fato de, vez por
outra, Deus ter mostrado a presença de sua majestade divina por meio de sinais
definidos, nos Leva à conclusão de que se poderia dizer que Ele foi visto face
a face. Porém, todos os sinais com que Deus se manifestou aos homens,
ajustavam-se mui adequadamente ao seu método de ensinar, ao mesmo tempo em que
serviam de advertência aos homens, para dizer-lhes, explicitamente, que a sua
essência é incompreensível:
Ora, a nuvem, a fumaça
e a chama — se bem que fossem símbolos da glória celeste (Dt 4.11) —, como um
freio interposto, impediam que as mentes de todos tentassem penetrar mais fundo
(no conhecimento de Deus). Por isso, nem mesmo a Moisés — a quem Deus, contudo,
se manifestou mais intimamente do que aos outros —, conseguiu, com suas
súplicas, contemplar a face de Deus, mas recebeu, como resposta, que o homem
não é apto para receber o impacto de tão grande esplendor (Ex 33.20).
O Espírito Santo
apareceu em forma de pomba (Mt 3.16; Mc 1.10 e Lc 3.22), mas, pelo fato de
ter-se desvanecido rapidamente, quem não percebe que, pelo símbolo de apenas um
momento, os fiéis foram advertidos de que se deve crer no Espírito como um ser
invisível, de modo que, contentes com o seu poder e graça, não evocassem para
si nenhuma representação externa?
O ter Deus aparecido,
de quando em quando, em forma de homem foi, na verdade, antecipação da futura
manifestação em Cristo. Por isso, foi proibido aos judeus, de forma absoluta,
abusarem deste pretexto, fazendo para si representação da Divindade sob figura
humana.
O próprio
propiciatório, onde, sob a Lei, Deus manifestou a presença do seu poder, foi de
tal modo construído, que indicava ser a seguinte a mais excelente visão da
Divindade: Ela ocorre quando as mentes são alcançadas acima de si mesmas, em
admiração, uma vez que os Querubins, de asas estendidas, ocultavam a Deus, o
véu o cobria e o próprio lugar, tão escondido, de si mesmo o ocultava
(Ex25.17,18,21).
Portanto, salta aos
olhos que os que tentam defender uma imagem de Deus ou de santos, citando o
exemplo desses Querubins, estão enlouquecidos. Suplico, pois: Quê significavam
essas “imagenzinhas” senão que não existem formas apropriadas pelas quais se
possam representar os mistérios de Deus? Elas foram feitas para, velando com as
asas o propiciatório, impedir não só que os olhos humanos vissem a Deus, mas
também com quaisquer de todos os outros sentidos e, dessa forma, pusessem um
paradeiro à temeridade dos homens.
Além disso, os
Profetas, quando falam dos Serafins que lhes apareceram em visão, mostram-nos
com a face velada e, com isso, dão-nos a entender que o fulgor da glória divina
é tão grande, que os próprios anjos são impedidos de ser vistos em direta
contemplação, e as chispas de glória que refulgem neles são subtraídas aos
nossos olhos.
Todos os que julgam com
acerto, reconhecem, contudo, que os Querubins — de que estamos agora tratando
—, pertencem à antiga tutela da Lei. Portanto, é absurdo citá-los como exemplo
que sirva à nossa época, uma vez que já passou a fase infantil à qual esses
rudimentos haviam sido destinados (G1 4.3).
Certamente, é
vergonhoso ter de reconhecer que os escritores profanos são intérpretes mais
capazes da Lei que os papistas. Juvenal, por exemplo, zombando, censura os
judeus que adoravam as puras nuvens e o nume do céu. Certamente, Juvenal fala
de modo pervertido e ímpio. No entanto, quando nega existir qualquer efígie
divina, fala de modo mais verdadeiro que os papistas, que dizem haver, entre os
judeus, alguma representação visível de Deus.
Que os judeus, com
entusiástica prontidão se tenham atirado repetidas vezes — a buscar ídolos para
si, com a mesma força de abundante manancial de águas borbulhantes —,
aprendemos do fato de ser grande a propensão da nossa mente para com a
idolatria. Por isso, atirando contra os judeus a pecha de erro que é comum a
todos os homens, não durmamos o sono mortal, iludido pelas vãs seduções do
pecado.
A BÍBLIA CONDENA IMAGENS E
REPRESENTAÇÕES DE DEUS
Ao mesmo fim se destina
a seguinte afirmação: “Os ídolos dos povos são prata e ouro, são obras das mãos
dos homens” (Sl. 115.4; 135.15), pois o profeta conclui que não são deuses não
só por causa da sua materialidade — cuja imagem é de ouro e prata —, mas deixa
claro ainda que é inútil produto dia imaginação tudo quanto concebemos a
respeito de Deus, pelo nosso próprio sentir. Refere-se ao ouro e à prata, antes
que ao barro ou à pedra, para que nem o esplendor, nem o valor nos levem a
reverenciar os ídolos. Finalmente, conclui, dizendo que nada existe que tenha menos
aparência de verdade do que serem os deuses feitos de qualquer espécie de
matéria morta!
Ao mesmo tempo, o
Profeta insiste neste ponto: Que os mortais são levados por grande e louca
temeridade quando, de maneira precária, conseguindo alento fugaz de instante a
instante, têm a ousadia de conferir aos ídolos a dignidade de Deus. O homem se
vê obrigado a confessar que é uma criatura efêmera e, não obstante, quer que
seja tido por Deus um metal que ele mesmo transformou em deidade! Pois, como
nasceram os ídolos senão da desvairada imaginação dos homens?
Justíssima é a zombaria
de Horácio, poeta profano, que disse:‘Eu era outrora um tronco de figueira, um
inútil pedaço de lenho. Quando um artesão, incerto se deveria fazer um banco,
preferiu fazer de mim um deus.
Deste modo, um
homenzinho terreno, cuja vida se extingue quase a cada instante — graças à sua
arte — transfere o nome e a dignidade de Deus a um tronco sem vida!
Porém, uma vez que esse
epicureu brincalhão, a fazer gracejo, não deu importância a religião alguma,
deixando de lado as suas brincadeiras e as de outros, mais do que isso,
transpasse-nos a censura do Profeta (Is. 44.15-17), quando afirma que são
excessivamente insensatos os que, de um mesmo tronco de árvore, se aquecem,
acendem o forno para assar pão, assam ou cozinham a carne, e do resto fazem um
deus, diante do qual se prostram suplicantes a orar. Do mesmo modo, em outro
lugar (Is. 40.21), não só os acusa como réus perante a Lei, mas também os
censura pelo fato de não terem aprendido, dos fundamentos da terra, que, na
verdade, nada é mais absurdo do que desejar reduzir Deus — que é imensurável —,
à medida de cinco pés! Esta monstruosidade, que provoca repugnância à ordem da
natureza, revela¬se como natural nos costumes do homem.
Devemos ter em mente
que, com freqüência, as superstições são referidas como obras das mãos dos
homens, e carecem de autoridade divina (Is 2.8; 31.7; 37.19; Os 14.3; Mq 5.13),
para que se estabeleça o seguinte: Que todas as formas de culto que os homens
inventam por si mesmos, são abomináveis (diante de Deus).
No Salmo 115, o Profeta
dá ênfase à loucura que significa o fato de homens — a tal ponto - dotados de
inteligência — saberem que todas as coisas são movidas só pelo poder de Deus e,
no entanto, implorarem auxílio de coisas inanimadas e destituídas de
sensibilidade. Mas, pelo fato de a corrupção da natureza conduzir a demência
tão grosseira, tanto os povos todos quanto cada indivíduo, em particular, o
Espírito Santo, finalmente, fulmina com a seguinte maldição: “Tornem-se
semelhantes aos ídolos àqueles que os fazem e todos os que neles põem a sua
confiança” (Sl. 115.8).
Notemos também que são
proibidas não só gravuras, mas também imagens esculpidas e, com isso, refuta-se
a improcedente exceção dos gregos, pois pensam que se saem muito bem se não
fazem imagem de escultura, que representem a Deus, ao mesmo tempo em que se
divertem fazendo gravuras desenfreadamente mais do que qualquer outra gente.
Pois o Senhor proíbe não apenas que se faça imagem dEle em forma de estátua,
mas também que qualquer representação dEle seja modelada por qualquer tipo de
artista, visto que, desse modo, Ele é representado de maneira inteiramente
falsa e com grave ofensa à sua majestade.
AS IMAGENS DO ROMANISMO SÃO
INACEITÁVEIS
Por essa razão, se os
papistas tiverem um pouco de pudor, não digam mais, de agora em diante, que as
imagens são os Livros dos analfabetos, porque esta afirmação está
escancaradamente refutada por numerosos testemunhos da Escritura. Na verdade,
mesmo que eu lhes concedesse isto, nem ainda assim, certamente, tirariam muito
proveito em defender seus ídolos, pois é notória a espécie de monstruosidade
que eles obrigam o povo a aceitar em Lugar de Deus!
De fato, que são as
pinturas ou estátuas que dedicam aos santos, senão corruptíveis exemplares de
luxuriai e obscenidade, a ponto de merecer castigo alguém que quisesse
imita-los? De fato, os lupanares mostram as meretrizes vestidas com mais decoro
e pudor, do que os templos mostram aquelas santas que querem sejam aceitas por
virgens! As vestes que inventam para os mártires, em nada são mais decentes.
Portanto, vistam seus ídolos pelo menos de modesta decência para, com um pouco
mais de decoro, poderem sofismar dizendo que as imagens são “livros” de alguma
santidade!
Porém, diremos também
que esta não é a maneira de ensinar o povo fiel nos lugares sagrados, povo que
Deus quer que seja instruído com outro tipo de doutrina. Deus ordenou que aí,
nos templos, se proponha uma doutrina comum a todos, na proclamação de sua Palavra
e nos sagrados mistérios, Os que são levados pelos olhos à contemplação de
ídolos, em derredor — revelam que seu espírito está voltado bem pouco
diligentemente para esta doutrina!
A quem, no entanto, os
papistas chamam de ignorantes e cuja obtusidade não lhes permite ser ensinados
sendo só pelas imagens? Na verdade, chamam de ignorantes àqueles a quem o
Senhor reconhece como seus discípulos, aos quais considera dignos da revelação
de sua celeste sabedoria e que deseja sejam instruídos nos mistérios salvíficos
do seu Reino. Certamente, admito que, na atual situação, não poucos são os que
não podem dispensar as imagens como “livros”. Contudo, pergunto: De onde vem
tal obtusidade senão do fato de serem eles roubados desta doutrina que,
sozinha, é apta para instruí-los? E não foi por outra razão que os que
presidiam às igrejas deixaram com os ídolos a função de ensinar, senão pelo
fato de os próprios ídolos serem mudos! Paulo afirma que, mediante a pregação
do Evangelho, Cristo é apresentado ao vivo e, de certo modo, é crucificado aos
nossos olhos (Gl. 3.1).
Qual seria o objetivo
de, nos templos, erguerem-se, por toda parte, tantas cruzes de madeira, de
pedra, de prata e de ouro, se fosse ensinado honesta e fielmente que Cristo
morreu na cruz para tomar sobre si a nossa maldição (Gl.3.13), sacrificando o
próprio corpo para expiar nossos pecados (Hb 10.10) e lavá-los com o seu sangue
(Ap 1.5), enfim, para reconciliar-nos com Deus, o Pai? (Rm 5.10). Só desse fato
poderiam aprender mais do que mil cruzes de madeira ou de pedras (poderiam
ensinar), visto que os avarentos, talvez, fixam os olhos e a mente nas cruzes
de ouro ou de prata, mais do que em quaisquer palavras de Deus!
O USO DE IMAGENS CONDUZ À IDOLATRIA
Uma vez feitas as
imagens que representam Deus, segue-se de pronto a sua adoração, porque nelas
os homens pensam contemplar a Deus e nelas também o adoram. Como resultado
disto, fixando nelas tanto os olhos quanto o espírito, os homens começaram a
embrutecer-se cada vez mais, deslumbrando-se com elas e nutrindo por elas
admiração, como se nelas houvesse qualquer coisa de divindade!Por isso, quando
os homens, na forma de imagens, fazem uma representação tanto de Deus quanto da
criatura e prostra-se diante dela para venerá-la, é porque já foi fascinado por
certa superstição.
Foi por esta razão que
o Senhor proibiu não somente levantar-se estátuas modeladas para representá-lo,
mas proibiu consagrarem-se gravuras de qualquer espécie, para serem usadas como
objetos de adoração ou culto. Pela mesma razão, também, no preceito da Lei,
junta-se outra parte a respeito da adoração dessas representações, pois tão
logo foi inventada essa forma visível de Deus, o passo seguinte foi o de
atribuir-lhe poder. Os seres humanos são néscios a tal ponto, que identificam
Deus com tudo o que o representa e, por isso, não pode acontecer outra coisa
senão adorarem a essa representação de Deus! E supérfluo discutir se
simplesmente se adora o ídolo ou se se adora a Deus no ídolo, pois, seja qual
for o pretexto, quando se proporcionam honras divinas a um ídolo, é sempre
idolatria. E pelo fato de Deus não querer ser cultuado de maneira
supersticiosa, recusa-se a Ele aquilo que se oferece aos ídolos.
Atentem para isto os
que andam em busca de míseros pretextos para defender essa idolatria
abominável, na qual a religião, por muitos séculos, tem estado afundada e
subvertida. Embora digam que as imagens não são consideradas como seres
divinos, Os próprios judeus não eram tão absurdamente obtusos, que não se
lembrassem de que era Deus aquele por cuja mão tinham sido tirados do Egito (Lv
26,13), e isso antes de fazerem o bezerro de ouro (Ex 32.4). Ao contrário,
afoitamente o povo concordou em proclamar, com Abraão, que aqueles que eram os
deuses por meio dos quais tinham sido libertados da terra do Egito (Ex 32.4,8),
querendo dizer, com não duvidoso sentido, que o Deus libertador lhes fosse
conservado, contanto que pudessem contemplá-lo andando na frente, em forma de
bezerro!
E não devemos crer que
eram tão boçais, que não entendessem que Deus não era outra coisa senão lenhos
e pedras, pois embora mudassem as imagens à vontade, tinham em mente sempre os
mesmos deuses, e muitas eram as imagens de um único Deus. Porém, eles não
imaginavam existirem para si tantos deuses quantas eram a multidão dessas
imagens. Além disso, dia após dia, consagravam novas imagens e, contudo, nem
pensavam estar assim constituindo novos deuses.
Leiam-se as
justificações que Agostinho refere, justificações que os idólatras do seu tempo
usavam como pretexto. As pessoas comuns, quando eram acusadas de praticar a
idolatria, respondiam que não adoravam as imagens, mas ao contrário, adoravam a
divindade que, invisível, habitava nelas. Aqueles que, segundo o próprio
Agostinho, praticavam uma religião mais refinada, diziam que não adoravam nem a
imagem, nem a divindade que ela representava, porém, na representação material
viam um sinal da divindade que deviam cultuar.
Que diremos? Todos os
idólatras, tanto entre os judeus como entre os gentios foram motivados a
praticar a idolatria da forma já referida ou, seja, não estando contentes com
uma compreensão espiritual de Deus, julgavam que, por meio das imagens,
adquiririam compreensão mais segura e mais íntima da divindade. Uma vez que se
agradaram desta grosseira representação que imitava a Deus, não houve mais fim
(desta loucura) até que, finalmente — iludidos sucessivamente por novas
invenções fantasiosas —, começaram a pensar que Deus mostra o seu poder nas
imagens. Mais do que isso, não somente os judeus foram convencidos de que, sob
essas imagens, adoravam ao Deus eterno, o único e verdadeiro Senhor do céu e da
terra, mas também os gentios que, do mesmo modo, adoravam aos seus deuses,
ainda que fossem deuses falsos que, no entanto, imaginavam habitarem no céu.
COMO COMEÇOU O USO DE IMAGENS NA
HISTÓRIA DA IGREJA CATÓLICA
Porém, pondo de lado
esta distinção também, vejamos de passagem se é conveniente ter, nos templos
cristãos, quaisquer imagens, quer sejam as imagens que expressam histórias ou
fatos passados, quer sejam as imagens que representam corpos humanos.
Lembremo-nos,
primeiramente — se a autoridade da Igreja Primitiva tem alguma importância para
nós —, que, por um período de quase quinhentos anos, durante os quais mais
florescia a religião e a doutrina pura era mais viçosa, os templos cristãos
eram geralmente vazios de imagens. Quando a pureza do ministério não se tinha
ainda degenerado, as imagens foram introduzidas, em primeiro lugar, como
ornamentos dos santuários. Não discutirei qual foi à razão que tiveram os
primeiros autores desta prática. Se, porém, compararmos era com era, veremos
que eles haviam perdido muito da integridade daqueles que (no passado) se
recusaram a usar imagens.
Quê? Devemos pensar que
os santos pais (mais antigos) haviam deixado a Igreja ficar, por tanto tempo,
vazia desta prática, que eles julgavam útil e salutar? Na verdade, porém, esses
pais (mais antigos) repudiavam essa prática mais por decisão e reflexão, que
por ignorância ou negligência porque viam que, nessa prática, não havia nada,
nem um mínimo de utilidade, porém, representava muito perigo. Agostinho também
atesta isso com palavras claras, quando diz: “Quando, nestes pedestais se
colocam, essas imagens em exaltada elevação, para que, por causa da própria
semelhança que elas têm com membros e sentidos animados — se bem que lhes falte
sensibilidade e alento —, chamem a atenção dos que oram e dos que oferecem
sacrifícios, elas afetam as mentes fracas, de modo que pareçam ter vida e
respirar”. Em outro lugar acrescenta: “Pois essa representação de membros faz o
seguinte e até obriga: A mente que vive em um corpo, julgue ser animado um
corpo que vê muito semelhante ao seu”. E mais adiante: “As imagens valem mais
para desviar a alma infeliz, que para assisti-la, visto que possuem boca,
olhos, ouvidos, pés, mas não falam, não vêem, não ouvem e não andam”.
Esta parece ser a razão
pela qual João quis que nos guardássemos não somente do culto aos ídolos, mas,
também dos próprios ídolos (1Jo 5.21). Em vista da horrível insânia que até
agora tem dominado o mundo — extinguindo quase toda a piedade —, temos
experimentado, mais desmedidamente, que, tão logo as imagens são colocadas nos
templos, levanta-se o pendão da idolatria, porque não se pode moderar a loucura
dos homens que, prontamente, os leva à prática de cultos supersticiosos.
Ora, mesmo que o perigo
não fosse tão iminente, entretanto, começo a refletir sobre o uso a que os
templos foram destinados e, de uma ou outra forma, me parece indigno de sua
santidade os templos acolherem outras imagens, ao invés de acolher aquelas
vivas e representativas, que o Senhor consagrou em sua Palavra. Refiro-me ao
Batismo e à Santa Ceia, juntos com outras cerimônias nas quais o importante não
é serem vistas com os olhos, mas que nos afetem mais vividamente, de modo que não
exijam outras imagens forjadas pelo engenho dos homens. O incomparável bem das
imagens consiste no fato de se dermos crédito aos papistas, eles não terem
compensação nenhuma que possa ressarci-los da perda!
A VERDADERA RELIGIÃO PROCLAMA A
EXISTÊNCIA DE UM Só E ÚNICO DEUS
No início (desta
exposição) dissemos que o conhecimento de Deus não poste ser obtido da fria
especulação (da mente), mas traz associado consigo o culto que lhe devemos. E
referimos de passagem como se cultua a Deus de maneira apropriada. Todas as
vezes que a escritura afirma haver um só único Deus, não está lutando em favor
de um mero, em si, mas está dizendo para que não se transfira a outrem aquilo
que só compete a sua divindade. Este fato torna patente em que a religião pura
difere das supertição.
A palavra eusébeia,
para os gregos, equivale à correta adoração, pois os próprios cegos, tateando
nas trevas, sempre sentiram que se faz necessária uma norma precisa, para que
Deus não seja cultuado de maneira errada. Ainda que Cícero, acertadamente e com
erudição, faça o termo religião derivar-se de reler (= ler de novo), a razão
que alega para isso — a de que os adoradores probos releriam mais vezes e
ponderariam com mais diligência sobre o que seria verdade — é, no entanto, uma
razão: forçada e deixa muito a desejar. Penso antes que esse vocábulo
(religião) se opõe à licença, visto que a maior parte do mundo se agarra, de
modo impensado, a qualquer coisa que se depara diante dele — mais ainda se
agarra a qualquer coisa, indo de um lado para outro. Porém, para a piedade
manter-se numa posição firme, é ela relegada aos seus estritos limites. Por
isso, daí me parece igualmente enunciada a palavra superstição pela qual, não
contentes com o modo e ordem presentes na Escritura, os homens acabam
acumulando um amontoado de coisas vis.
Porém, deixando de lado
a questão de termos, o consenso de todos os tempos tem sempre aceito a idéia de
que a religião é pervertida e viciada por erros enganosos. Concluímos deste
fato que o pretexto invocado pelos supersticiosos é frívolo, quando nos
permitimos qualquer coisa em função de zelo precipitado. Contudo, ainda que
todos o confessem, patenteia-se vil ignorância porque, segundo temos ensinado
previamente, eles não só não se apegam ao Deus único e verdadeiro, mas,também,
não aplicam discernimento no seu culto.
Deus, porém, para
vindicar seus direitos, proclama-se severo e vingador, se for confundido com
qualquer divindade falsa (Ex 20.5). Então, para manter o gênero humano
obediente a Ele, define o culto legítimo. Deus enfeixa na Lei estes dois
aspectos quando, em primeiro lugar, atribui os fiéis a si mesmo, a fim de ser o
único legislador deles e, depois, prescreve a regra segundo a qual Ele deve ser
devidamente cultuado, segundo sua vontade.
Agora, atenho-me apenas
ao seguinte aspecto: O de que a Lei impõe um freio aos homens, para que eles
não se apeguem a formas corruptas de adoração. Mas não se deve esquecer o que
afirmei em seção anterior ou, seja, que Deus é despojado da sua dignidade,
quando não reconhecemos que só a Ele pertence o que é próprio da divindade, e
profanamos o seu culto.
Com mais diligente
cuidado, entretanto, atentemos para as sutilezas com que a superstição se
diverte. Às vezes, ela não descamba a servir divindades estranhas a ponto de
abandonar ao Deus Supremo, ou a ponto de reduzi-lo à escala dos demais deuses;
porém, ao mesmo tempo em que reconhece para Ele um lugar de preeminência,
cerca-o de uma chusma de deuses menores, com os quais partilha as funções que
são privativas do Deus único. Por isso, ainda que de forma disfarçada e
habilidosamente, separa a glória da sua divindade, de maneira que a glória de
Deus n~o permanece inteira só nEle.
Da mesma forma, no
passado os antigos, tanto dentre os judeus quanto dentre os gentios, tornam
submissa ao pai e árbitro dos deuses aquela turba que, conforme o grau
hierárquico, exercia em comum, com o Deus Supremo, o governo do céu e da terra.
Assim, todos os santos que partiram deste mundo, foram elevados a uma sociedade
com Deus, e passaram a ser reverenciados, invocados e festejados no lugar de
Deus. Na verdade, somos de parecer que a majestade divina não é apenas
ofuscada, mas, de fato, é até suprimida e extinguida, visto que conservamos
apenas uma fria noção de sua autoridade suprema. Ao mesmo tempo, enganados por
essa aparência ilusória, somos levados a cultuar deuses de variada natureza.
DEUS, O CRIADOR
1.
Identificando o Criador. Antes de falar dos atos criativos do Senhor, é preciso
conhecê-lo do modo como a Bíblia o apresenta. Gênesis não começa com uma
teoria, mas com o vocábulo Deus: “No princípio criou DEUS”(Gn 1.1). Através da
história da humanidade, os homens têm inventado muitos deuses, e Satanás,
arquiinimigo de Criador, deseja tornar-se o o governador ou “deus” do Universo,
a qualquer custo.
2. O Criador
e a criação. A declaração de que há um Criador, o qual deu vida a todos os
seres vivos existentes na Terra, e também os elementos animados e inanimados,
desfaz completamente as teorias anticriacionistas da evolução. No hebraico, o
termo “BARAH” indica, de forma direta, que Deus é o Criador.
3. O Criador
é o Senhor Onipotente. Entre os atributos de sua Onipotência, revela-se “o poder de
criar”. A Abraão, o Senhor manifestou-se como “o Deus Todo- poderoso” (Gn
17.1). Vários textos na Bíblia declaram que “Deus fez a terra pelo seu próprio
poder”( Is 40.21-28; 42.5; 45.12-18; Jr 10.12; 27.5;51.15).
TEORIAS DA ORIGEM DA CRIAÇÃO
1. A Teoria
da Grande Explosão. A partir do estudo de Einstein, sobre a Teoria da Relatividade,
outros cientistas acreditam que o Universo era uma bola imensa de hidrogênio
que se expandiria indefinidamente e alcançaria distâncias quase infinitas. Eles
imaginamque, em algum tempo indecifrável, houve uma grande explosão desta
imensa bola de hidrogênio. Daí, surgiram os mundos, as galáxias. Na tentativa
de definir as origens do Universo, procuram determinar a sua idade, sugerindo a
cifra de 12 bilhões de anos. De fato, esta teoria acredita na eternidade da
matéria, mas a Bíblia a refuta, quando declara que tudo em algum tempo começou
a existir. “No principio, criou Deus os céus e aterra”(Gn 1.1).
2. A Teoria
da Nebulosa Original. A idéia básica desta teoria é que a matéria foi criada por Deus e
está espalhada pelo Universo, em vários sistemas planetários desconhecidos e,
inclusive, o nosso, no qual se inclui a Terra. Os cientistas, seus defensores,
ensinam que o nosso planeta teria surgido em estado gasoso de hidrogênio, e,
como os gases ocupam muito mais espaço que os sólidos, esta matéria original
tomaria todo o espaço conhecido e desconhecido.
3. A Teoria
da Substância Original. Os adeptos desta teoria ensinam que havia, no princípio de tudo,
uma substância original indefinida e desconhecida, e dela surgiram os quatro
elementos básicos: a terra, o ar, o fogo e a água. Afirmam ainda que, de um
destes componentes deve ter-se originado a vida, ou então, de todos eles.
4. A Teoria
do Panteísmo. O Panteísmo declara que Deus e a Natureza são a mesma coisa e
estão inseparavelmente ligados. A idéia básica desta teoria é que o Senhor não
cria nada, mas tudo emana e faz parte dele. Entretanto, a revelação bíblica não
aceita, de modo algum, este ensinamento, pois o Criador não é parte do
Universo, e, sim, este foi criado por Ele (Sl8).
5. A Teoria
Evolucionista. Esta teoria ensina que a matéria é eterna, preexistente. A partir
daí, mediante processos naturais e por transformação gradual, os serespassaram
a existir. Entretanto, a Bíblia declara que Deus criou todas as coisas, isto é,
tudo teve um começo. As provas diretas da criação, além da Ciência, estão
expostas na Bíblia em Gênesis 1.1.
6. A Teoria
da Criação, a partir do nada. Esta é ,talvez, a mais difundida, ensinada e
pregada, no meio evangélico. Ela é conhecida pela expressão latina “nihílo”,
pois declara que Deus criou tudo “do nada”, mediante o poder de sua palavra.
Utiliza-se como base, para a afirmação desta idéia, o texto de Hebreus 11.3, o
qual diz que “os mundos foram criados pela palavra de Deus, de maneira que
aquilo que se vê não foi feito do que é aparente”.
Ora, entendemos que aquilo o qual não é
aparente, não quer dizer “do nada”, mas pode referir-se a coisas imateriais. A
expressão “No princípio”, de Gênesis 1.1, não se refere à “eternidade passada”,
mas significa o ponto inicial do tempó como o conhecemos.
O MODO DIVINO DA CRIAÇÃO
1. A criação
foi um ato livre da parte de Deus. Existe um falso ensino de que a criação do
mundo foi por uma necessidade de Deus, uma autogênese divina, para fazer valer
o seu Ser, como se Ele precisasse auto-afirmar-se. Uma vez que se admite ter
sido a criação feita do nada, entende-se que nada preexiste à ação criadora do
Senhor. A idéia de queo mundo aparece como algo necessário para Ele, acaba no
panteísmo, o qual ensina que tudo é Deus e o mundo não pode conceber-se sem o
Criador, nem Ele sem o Universo.
Mas Deus não criou o mundo por acaso, ou por
necessidade. O Universo existe porque o Criador quer. Ele é para si mesmo sua
própria riqueza e,portanto, a criação partiu dele como uma graça especial. O
Senhor é imune de coação externa, pois não depende de nada, absolutamente, e,
por isso, pode criar livremente o que deseja, quando e como quer. Os salmos
115.3 e 135.6 dizem respectivamente: “Mas o nosso Deus esta nos céus; fez tudo
o que lhe agradou”; “Tudo o que o Senhor quis, fez, nos céus e na terra, nos
mares e em todos os abismos”.
2. A criação
foi um ato temporal de Deus. A expressão inicial de Gênesis 1.1: “No
princípio”, indica, dentro da eternidade, a questão do “tempo”. O termo
hebraico “bereshith” mostra, em seu sentido literal, que a palavra “princípio”
refere- se ao início da criação. “O tempo é apenas uma das formas de toda a
existência criada”, como afirmou certo teólogo.
A declaração de que a criação foi um ato
temporal, nãosignifica restringir ou confinar Deus ao tempo, porque Ele está
fora de qualquer confinamento, restrição física ou mesmo espiritual. Na
verdade, a lição que aprendemos na Bíblia é que o mundo teve começo ( Mt 19.4,5;
Mc l0.6;Jo l.l,2;Hb 1.10).
3. A criação
foi um ato especial do Deus Triúno. A forma plural do nome “ELOE-IIM” revela-
nos, não só a transcendência do Criador, no sentido de ir além, mas, acima de
tudo, o sufixo “him” indica a pluralidade composta da divindade, ou seja, as
três pessoas da Trindade. Uma vez revelado o trino Deus na declaração inicial
de Gênesis, entende-se que Ele é o autor da criação (Gn 1.1; Es 40.12; 44.24;
45.12). Nenhuma das pessoas da Trindade age com poderes independentes, mas,
sim, o Pai, o Filho e o Espírito são autores independentes.
0 REORDENAMENTO DA CRIAÇÃO = SALMO 148.1-14
No primeiro versículo deGênesis, temos
declarado o ato do
Criador; no segundo, observamos oUniverso
criado, antes de Deus dar-lhe forma e vida.
1. O estado
original da Terra. O versículo 2 declara que “a terra era sem forma é vazia” No
original hebraico, aparece como “tôhu”“wabôhu”, e dá a idéia de um lugar ermo.
O autor descreve o nosso planeta em seu estado incompleto. Alguns teólogos
entendem este texto como uma referência ao ato da recriação, mas sem base
suficiente na Bíblia para garantir esta idéia.
Os que defendem esta teoria, ensinam que
entre Gênesis 1.1 e 1.2, houve um cataclismo geológico, provocado pela queda de
Satanás perante oCriador . Mas, parece-nos que a narrativa da criação nada tem
a ver com isso, pois trata-se de um relato dos atos criativos de Deus, que
eliminou o caos que envolvia a Terra, “sem forma e vazia”.
2. O
Espírito Santo, a presença de equilíbrio no caos. Este
processo de ordenamento do caos tem a presença do Espírito de Deus que pairava
sobre a face das águas. Ele operava sobre a expansão dos mares como “ruach”
(hebraico), que significa “vento, hálito”. Seu sopro produz energia e vida
criadora (Jó 33.4; Sl 104.30).
O ato de “pairar” não significa que o
Espírito seja alguma coisa inerte mas, sim, move- se, agita as águas. E algo
vivo e energético, não evolutivo. O versículo 3, logo a seguir, indica o
próximo ato criativo de Deus, quando diz:” Haja...”. Foi a Palavra do Criador
que trouxe ordem ao caos inicial.
OS SEIS DIAS DA CRIAÇÃO
1. O
primeiro dia: criação da LUZ (Gn 1.3-5). Deus fez aparecer a luz cósmica, pelo poder
da sua Palavra, quando disse: “haja luz, e houve luz”. Ele trouxe à existência
as coisas não vistas. O mundo estava debaixo da escuridão total, mas o Criador
fez surgir a luz, mesmo antes de aparecer o Sol. O ato de ordenar que houvesse
luz não significa que ela não existisse antes, mas que Deus fez surgir no
primeiro dia. Noversículo 4, lemos: “fez Deus separação entre a luz e as
trevas”. Havia, de fato, uma densa acumulação de neblina e vapor, os quais
envolvia a Terra, e, por isso, existia uma total escuridão. Quando surgiu a
luz, as trevas foram vencidas pelo poder da claridade que se espalhou sobre a
expansão das águas. No versículo 5, a luz foi chamada “dia” e as trevas,
“noite”.
2. O segundo
dia: criação do FIRMAMENTO (Gn 1.6-8). Deus faz surgir o firmamento ou “expansão”,
referindo-se à separação das águas atmosféricas das terrestres. Entende-se que
uma vasta cortina líquida e nebulosa cobria a Terra e impedia que a luz solar a
vencesse. Ela submetia o planeta a um juízo de trevas impenetráveis. Era uma
massa de água atmosférica que se condensava com o vapor da terra. Mas Deus
estabeleceu a separação das águas “debaixo da expansão” que se evaporaram, para
formarem nuvens e se transformarem em águas potáveis.
3. O
terceiro dia: a criação da terra, mar e plantas. (Gn 1.9-13). No terceiro
dia da criação o Criador, depois da separação das águas, ordenou que
“aparecesse a porção seca”, que é a parte sólida deste planeta, a Terra. Alguns
geólogos acreditam que, originariamente, “a porção seca” (Gn 1.9) fosse um só
continente. As especulações acerca deste assunto são muitas, mas nenhuma é
sustentável. A grande verdade é quea parte seca, hoje, disposta no planeta em
cinco continentes, existe, e foi capacitada para produzir toda a vegetação em
forma de ervas variadas que dão sementes e árvores frutíferas. Estes elementos
vitais da vegetação seriam os produtores de alimentos para a sobrevivência dos
seres vivos.
4. 0 quarto
dia: criação do Sol, Lua e estrelas (Gn 1.14-19). Não há
contradição entre o relato do primeiro e o quarto dia, quando ambos os textos
relativos falam do aparecimento da luz. A diferença é que, no primeiro dia (Gn
1.3-5), Deus ordena o surgimento da luz, e no quarto (Gn 1.14-19), o Senhor
organiza o sistema solar. Neste dia, surgem o Sol e a Lua e, os astros
celestes. Na linguagem hebraica, os nomes sol e lua são omitidos propositadamente
por Moisés, que prefere denominá-los como dois luminares. E interessante que
eles surgiram, para vencerem o caos terrestre e contribuírem para a produção e
preservação da vida sobre a Terra. Tudo está pronto para a sobrevivência
animal. Há água potável, comida e o ciclo das estações. No versículo 14,
começa, de fato, a contagem do tempo, pois os luminares surgidos no firmamento
celeste, Sol e Lua, fazem a diferença entre o dia e a noite.
5. 0 quinto
dia: criação da vida marinha e das aves (Gn 1.20-23). As águas,
separadas em doces e salgadas, têm vida. A ordem divina no versículo 20 é:
“produzam as águasabundantemente répteis de alma vivente”. Esta primeira ordem
inclui todos os animais aquáticos, marinhos, e todas as espécies de aves, O
texto fala de “enxames de seres viventes” (v.20) nas águas e sobre a terra.
Deus lançou a sua bênção sobre estes seres viventes e ordenou que fossem
fecundos e se multiplicassem (v.22).
Está escrito, no versículo 23, que “houve
tarde e manhã”. Esta escritura tem gerado polêmica aos estudiosos. Alguns
intérpretes ensinam que a referência aqui é a um dia de Deus e não ao comum,
limitado por minutos e horas. Entendem que o começo de cada ato da criação é
chamado manhã, e a conclusão deste específico ato divino é chamado “tarde”.
6. O sexto
dia: criação da vida animal e a humana (1.24-26). Percebe-se,
neste dia, que Deus criou três tipos distintos de seres: “gado”, um tipo de
animais mansos, os quais pastam e andam juntos; “répteis”, que rastejam, como
as serpentes e outros invertebrados; “feras”: aparecem por último no versículo,
e referem-se aos animais selváticos: leões, tigres e outros carnívoros.
No versículo 25, afirma-se que Deus criou
estes animais, cada qual segundo a sua espécie. Ora, aprendemos nestes
versículos que todos os seres vivos, tanto no mundo animal como vegetal, foram
feitos de acordo com o seu gênero e espécie e com a capacidade de reproduzir-se
por gerações sem fim. Deste modo, podemostestemunhar que as diferentes famílias
de animais e plantas conservam- se, desde sua criação, até o dia de hoje.
Porém, o homem é a obra-prima do Criador. Ele
é a coroa da criação, conforme está declarado no versículo 26. Quando Deus
disse:
“Façamos o homem”, Ele desejava criar um ser
distinto de todas as demais criaturas terrenas: alguém que tivesse
personalidade, vontade, sentimento, e fosse capaz de representa-lo sobre a
Terra. Por esta razão, Ele criou o homem “à sua imagem e semelhança”.
VERDADES FUNDAMENTAIS DA HISTÓRIA DA CRIAÇÃO
A história da criação tem seu fundamento na
revelação de Deus ao homem. Por causa do pecado, o ser humano se tomou vítima
do engano e da mentira de Satanás. As teorias levantadas por mentes incrédulas
e perniciosas procuram ofuscar o fato da criação. O relato bíblico não se
baseia em teorias, mas em fatos revelados pelo próprio Deus. Por isso, algumas verdades
fundamentais acerca da criação precisam ser ensinadas e não meramente
informadas.
1. Houve um
propósito divino na criação. As Escrituras revelam que a criação do mundo
não foi obra do acaso. Deus o criou com os seguintes propósitos:
a) Para sua glória, conforme alguns textos
bíblicos declaram: Salmo 19.1 ;Isaías 43.7; 60.21; 61.3; Lucas 2.14.
b) Para satisfação de sua vontade: Efésios
1.5,6,9; Apocalipse 4.11.
c) Para a honra pessoal de Jesus Cristo, seu
Filho: Colossenses 1.16 e Hebreus 2.10.
2. Houve e
há um fim na criação.O próprio Deus Criador. Qual a finalidade de Deus ter criado o mundo?
A resposta está no fato de que a criatura não existe por si própria, a não ser
pelo ato criador de Deus. Ele não depende da criatura, mas esta precisa dele.
Portanto, seu destino submete-se ao que seu Criador dispuser. Então,
interroga-se: Por que Deus criou todas as coisas? Por que existe o mundo? O
homem? Estasperguntas têm uma única resposta:Deus criou tudo, porque é livre
para criar, e seu propósito baseia-se no fato da eterna bondade que Ele manifesta
para sua criação. Ao criar o mundo, não significa que Ele precisasse de alguma
coisa para si, já que Ele possui tudo (Já 22.1-3). Ele criou todas as coisas,
para a sua glória (SI 18.2-5; Is 6.3; 1Co 6.20).
A CRIAÇÃO DO HOMEM = GÊNESIS 1.26-28; 2.4-8
Têm surgido as mais variadas
teorias acerca da origem do homem. De um modo geral, elas não conseguem anular
a ligação do ser humano com a Terra. Entretanto, a única fonte realmente
autorizada, acerca da origem da humanidade, é a Bíblia Sagrada. Os dois primeiros
capítulos de Gênesis nos oferecem, de modo plausível e coerente, a verdadeira
história das origens, inclusive a do homem.
OS DOIS RELATOS BÍBLICOS DA CRIAÇÃO DO
HOMEM
1.
O primeiro relato sobre a criação do homem. Encontra-se em Gênesis
1.26,27. Neste texto, está declarada a ordem criativa da Trindade, quando diz:
“Façamos o homem”. A despeito da importância teológica que se dá ao “façamos”,
para denotar a participação triúnica da Deidade, o fundamental, nesta passagem,
é a palavra “BARAH” (hebraico), do versículo 27, que quer dizer: “criou”. Deus
o fez do pó da terra, mas sua criação foi umato divino. Ele foi feito especial
e diferente da vida vegetal, aquática e animal.
2.
O segundo relato da criação do homem. Encontra-se em Gênesis 2.4-8.
Neste relato histórico, temos, além da criação do homem, também a descrição da
origem da mulher. Enquanto a primeira narração sempre ocupou mais em mostrar a
ordem da criação e a decisão da Corte Divina, em criar o homem à sua imagem e
semelhança, o segundo relato apresenta a sua efetivação. No texto de Gênesis
2.7, temos a seguinte declaração: “E formou o Senhor Deus o homem do pó da
terra, e soprou em seus narizes o fôlego da vida, e o homem foi feito alma
vivente”.
3.
A criação da mulher. No segundo relato da criação, podemos
destacar, no texto de Gênesis 2.18- 25, a formação da mulher. Depois de Deus
ter criado Adão, Ele também fez Eva. Em Gênesis 1.27, está escrito: “macho e
fêmea os criou”.
TEORIAS ANTIBÍBLICAS SOBRE A ORIGEM DO
HOMEM
1.
A teoria evolucionista. Esta teoria apresenta o homem como um ser
que evoluiu de uma ordem inferior, no mundo animal. Ensina que esta evolução
resultou de sucessivas alterações nas formas materiais, devido as forças
latentes que existem na matéria. Mas a Bíblia refuta esta teoria, quando
declara que: (1) a origem do homem resultou de um atocriativo de Deus; (2) o
ser físico do homem também é resultado de um ato criativo de Deus, que utilizou
a matéria já existente “afar” (hebraico), que significa “pó da terra”; (3) o
homem, hoje, tem a mesma estrutura física e espiritual do dia em que foi
criado; (4) o homem foi tirado da terra e está destinado a ela, depois da morte
(Ec 3.20); (5) o homem não é evolução natural da terra, pois ele foi “plasmado”.
2.
A teoria filosófico-materialista. Sigmund Freud, que lançou esta
teoria, era ateu, filósofo e psicanalista. Ele enfatizou, em seus argumentos, a
idéia de que o homem, em sua vida biológica e psicológica, tem como base e
formação de sua personalidade e seus instintos naturais. Afirmou ele que
coisas, como sexo, fome, sede, segurança e prazer, são pressões que determinam
as ações e os padrões da personalidade do homem. No conceito de Freud, a
natureza do homem não se relaciona com o sobrenatural, no caso, Deus. Para ele,
a idéia de uma relação do Criador com o ser humano é imprópria e inexistente,
pois o mesmo vê o homem como uma criatura egocêntrica, voltada apenas para as
suas necessidades, sem qualquer comunhão com um ser supremo. Acreditava ele
que, ao morrer o homem, nada mais resta.
3.
A teoria do humanismo científico. As fontes de informações, para
os adeptos desta teoria, sobre a natureza e origem do homem. Estão na Biologia,
Psicologia e Medicina. Para esta escola de pensamento, o homem é um produto
evolucionário da Natureza, sem a menor possibilidade de imortalidade.
O ENSINO DA BÍBLIA SOBRE A ORIGEM DO HOMEM
1.
A biforme natureza do homem. O homem foi criado com uma
biforme natureza: material e imaterial. A primeira foi formada do pó da terra
(Gn 2.7) e a segunda, outorgada diretamente pelo Criador. O sopro divino nas
narinas do homem concedeu-lhe a vida física e a espiritual. A vida imaterial do
homem é representada pela alma e pelo espírito. Porém, esta dupla natureza do
homem é representada por uma tricotomia, que se constitui,na parte material,
pelo corpo; na imaterial, pela alma e pelo espírito (1Ts 5.23).
2.
A tricotomia do homem (1Ts 5.23; Hb 4.12). O termo tricotomia
significa “aquilo que é dividido em três”, ou “que se divide em três tornos”.
Em relação ao homem, refere-se às três partes do seu ser: corpo, alma e
espírito. Há divergência neste ponto daqueles que entendem o homem como apenas
um ser dicótomo, ou seja, que se divide em duas partes: corpo, almaou espírito.
Os defensores da dicotomia do homem unem alma e espírito como uma só. parte e,
às vezes, como sefossem uma só coisa. Entretanto, parece-nos mais aceitável o
ponto de vista da tricotomia. Este conceito crê que o homem é uma trindade
composta e inseparável. Só a morte física é capaz de separar o corpo de sua
parte imaterial.
a)
O corpo. É a parte inferior do homem que se constitui de elementos
químicos da terra, como oxigênio, carbono, hidrogênio, nitrogênio, cálcio,
fósforo, potássio, enxofre, sódio, cloro, iodo, ferro, cobre, zinco, e outros
elementos em proporções menores. Porém, o corpo, com todos estes produtos, sem
a bênção divina, é de ínfimo valor.
b)
A alma. É preciso saber que o corpo sem a alma é inerte. Ela
precisa dele para expressar sua vida funcional e racional. É identificada, no
hebraico do Antigo Testamento, por “NEPHESH” e, no grego do Novo Testamento,
por “PSIQUÊ”.
c)
O espírito. No hebraico é “RUACH” e no grego é “PNEUMA”. O
espírito do homem não é um simples sopro ou fôlego, mas também vida imortal(Ec
12.7; Dii 12.2; Lc 20.37; 1Co 15.53). Ele é o princípio ativo de nossa vida
espiritual, religiosa e imortal. É o elemento de comunicação entre Deus e o
homem. Certo autor cristão escreveu que “o corpo, a alma e o espírito
constituem a base real dos três elementos do homem: consciência do mundo
externo, consciência própria e consciência de Deus”.
AS FACULDADES DISTINTAS DO HOMEM
1.
As faculdades do corpo. Sãocinco as faculdades principais, as
quais se manifestam através do corpo: visão, audição, olfato, paladar e tato.
Ainda que sejam distintas umas das outras, elas não atuam independentes do
comando da alma. São denominadas de instintos naturais ou sentidos corporais,
os quais recebem impressões do mundo exterior, transmitidas ao cérebro, através
do sistema nervoso. E daí que partem as ordens para todas as partes do corpo.
Os sentidos físicos obedecem às leis naturais que estão impressas no ser
humano. São elas que regem as atividades do corpo.
2.
As faculdades da alma. São três as faculdades ou qualidades da
alma, pelas quais ela se manifesta:intelecto, sentimento e vontade.
O INTELECTO (Gn 1.28; 2.19,20)
é a parte da alma que pensa, raciocina, decide, julga e conhece E ele quem
recebe os conhecimentos. Três outras manifestações lhe são peculiares: a imaginação,
memona e razão com a primeira o homem é capacitado a idealizar e projetar. É um
processo do pensamento que habilita o ser humano a construir imagens, através
do raciocínio.
A segunda é outro atributo do
intelecto que capacita o homem a guardar em seu cérebro o fatos passados e
presentes. Ela retém os conhecimentos adquiridos e os traz àlembrança. A
terceira é um atributo do intelecto que leva o homem a pensar, julgar e
compreender as relações entre as coisas, distinguir entre o verdadeiro e o
falso, o bem e o mal.
O SENTIMENTO faz o homem um ser
emotivo. Ele não é uma máquina insensível, pois pode sentir todas as grandes
emoções, como alegria, gozo, paz, prazer, tristeza, descontentamento, pesar e
dor.
A VONTADE se expressa como
resultante das influências do intelecto e dos sentimentos. Ela não age sozinha.
Não há vontade livre ou independente. Ela obedece às forças emotivas e
intelectuais da alma.
3.
As faculdades do espírito. Duas faculdades principais se destacam
com abrangência sobre outras qualidades importantes, as quais são: Fé e
Consciência. Elas identificam o ser religioso do homem. Podemos chamar de
natureza espiritual, da qual o ser humano é dotado especialmente para uma
perfeita comunhão com Deus. Os sentidos físicos e psicológicos tornam o homem
um ser terreno e racional, mas os espirituais o tornam um ser especial.
A faculdade dafé é uma
qualidade do espírito humano que expressaa religiosidadedohomemeotomacapaz de
adorar, reverenciar, louvar e orar a Deus, o Criador. Não se trata de um tipo
de fé,adquirida ou ensinada, mas é uma forma inata que nasce com qualquer ser
humano. Ela nos estimula a buscar a Deus e comungar com Ele.
A faculdade da consciência é a
lei moral e espiritual, no interior do homem, que aprova ou desaprova as suas
ações. E a intuição que o espírito tem dos atos e estados do ser humano em sua
vida cotidiana. A consciência não está sujeita à vontade, e nem aos sentimentos
da alma.
CONCLUSÃO
Para compreendermos, não só a Teologia da
Criação, mas também a sua história, conforme o relato de Gênesis. Precisamos
compreender este assunto com convicção, para podermos refutar as teorias
humanas que negam o relato bíblico.
Há uma curiosa expressão que, por vezes, é
questionada pelos estudantes da Bíblia: “E houve tarde e manhã”
(Gn1.5,8,13,19,23,31). Emtodos estes versículos, a encontramos no final de cada
ato criativo. Ela faz parte de um relato de Moisés, o autor de Gênesis. Por
isso, quando o escreveu, tinha sua mente voltada para a cultura oriental,
especialmente a dos hebreus. Geralmente, o dia começava ao pôr-de-sol, à
tardinha. Portanto, neste livro, a tarde sempre precedeu a manhã. De quantas
horas foram estes dias da criação? De 12 ou 24? Alguns ensinadores forçam uma
interpretação e os definem como de duração indefinida, ou, até mesmo, como eras
geológicas. E difícil encontrar uma definição para este texto. Porém, não é
fácil entender o método de Deus. Se um dia pode ser como mil anos e vice-versa
(2Pe 3.8), por que discutir esta questão?
Elaboração
pelo:-
Evangelista Isaias Silva de Jesus
Igreja
Evangélica Assembléia de Deus Ministério Belém Em Dourados – MS
BIBLIOGRAFIA
(Editora SOCEP)
Lição
Bíblicas 4º.Trimestre 1995 - CPAD
Nenhum comentário:
Postar um comentário