A MORTE DE
JESUS
Texto Áureo = “E, clamando Jesus com grande voz, disse: Pai, nas tuas mãos entrego
o meu espírito. E, havendo dito isso, expirou.” (Lc 23.46)
Verdade Prática = Jesus não morreu como mártir ou herói, mas
como o Salvador da humanidade.
LEITURA
BIBLICA = Lucas 23.44-50
Morte e
Sepultamento (Lucas 23:44-56)
Essa
seção pode ser dividida em duas partes: (1) a morte de Jesus (vv. 44- 49) e (2)
o sepultamento de Jesus (vv. 50-56). Como na seção anterior (vv.26-43), o
relato de Lucas basicamente segue Marcos (15:33-47), não, porém, sem várias
omissões, adições e alterações.
23:44-49/Há quatro diferenças dignas de
nota entre a narrativa de Lucas e a de Marcos: (1) Em Marcos 15:380
véu do templo se rasgadepois da morte de Jesus, mas em Lucas 23:45 ele se rasga
antes de sua morte (v. a nota abaixo). (2) Lucas omite o clamor de Jesus, que
se vê abandonado, conforme Marcos 15:34 (“Deus meu, Deus meu, por que me
desamparaste?”); v. Salmos 22:1. (3) Lucas 23:46 faz alusão a Salmos 3 1:5, e
Marcos, não. (4) Finalmente, a exclamação do soldado romano logo após a morte
de Jesus é diferente. Em vez de reconhecer que Jesus é o “Filho de Deus” (v.
Marcos 15:39) o soldado romano em Lucas declara: Na verdade este homem era
justo [ou inocente] v. 47.
Ao
morrer, a “subida” de Jesus a Jerusalém, que se iniciara em 9:51, move- se um
pouco mais para cima. Tendo sido colocado nas mãos dos homens (v. 9:44), o
Senhor agora coloca seu espírito nas mãos do Pai. Até mesmo nos últimos
instantes de sua vida Jesus pôde citar Salmos 31:5, como demonstração de fé em
seu Pai celestial (v. a nota abaixo). É provável que Lucas tenha omitido o
clamor de abandono mencionado por Marcos por julgá-lo inadequado. Ele apresenta
Jesus em pleno controle de seu destino, em controle tal que, mesmo estando
suspenso da cruz, pode perdoar a um homem os seus pecados e oferecer-lhe a
certeza de entrar no paraíso (v. os vv. 39-43, acima). Ao alterar a exclamação
do soldado romano, Lucas pode mais uma vez declarar a inocência de Jesus,
inocência reconhecida por um segundo romano (Pilatos fora o primeiro; v. os vv.
4,13-16,22).
O
reconhecimento da inocência de Jesus por oficiais romanos, dessa forma, serve o
propósito amplo de Lucas de mostrar Jesus e seus seguidores como cidadãos
cumpridores da lei, que não podem ser culpados de traição, insurreição ou
conduta perversa.
No v.
48, versículo que só se encontra em Lucas, o evangelista nos conta que todas as
multidões reunidas para este espetáculo, vendo o que havia acontecido, voltaram
batendo no peito. Atingia-se já o ponto de retorno.
Uma vez
que a ação terrível havia sido cometida, os que a havia perpetrado passam a ter
outro tipo de pensamentos. Isso deixa prever com clareza a tristeza e o
arrependimento demonstrados pelo povo após o sermão de Pedro, no Pentecostes,
em Atos 2:14-39 (esp. 0V. 37).
Os
seguidores de Jesus (v. 49), em vez de fugir, como fizeram em Marcos 14:50,
estavam de longe contemplando estas coisas. O evangelista mantém os discípulos
por perto, como testemunhas, prontos para reassumir o ministério, tão logo as
Boas Novas da páscoa fossem divulgadas.
23:50-56 /Segue-se o relato de Lucas do
sepultamento de Jesus, mas em forma abreviada.
José... da cidade de Arimatéia, na Judéia, é descrito como homem bom e justo (a
mesma palavra usada a respeito de Jesus no v. 47, acima). Esse homem, à
semelhança do justo Simeão (2:25), esperava o reino de Deus. Ao descrevê-lo
dessa maneira, o evangelista está querendo dizer que José teve simpatia pelo
chamado anterior de João Batista para o arrependimento (3:3) e pela proclamação
posterior de Jesus para o reino (4:43). Esse homem era membro do Sinédrio (v.
22:66, acima), o qual não tinha consentido no conselho e nos atos dos outros.
Tendo
obtido o consentimento de Pilatos para tirar o corpo de Jesus, deu-lhe uma
sepultura adequada. Diferentemente da maioria dos crucificados, cujos cadáveres
eram atirados numa cova comum, Jesus foi colocado num sepulcro cavado numa
rocha, onde ninguém ainda havia sido sepultado. Embora houvesse sofrido morte ignominiosa,
pelo menos seu sepultamento foi mais parecido com o devido a um rei. As leais
mulheres da Galiléia, que no v. 49 haviam estado de longe contemplando estas
coisas, isto é, a crucificação, observaram o local onde Jesus foi sepultado,
para que ali pudessem voltar depois do sábado (dia em que tais trabalhos eram
proibidos), para ungir o corpo de Jesus com especiarias e ungüentos.
Notas Adicionais
23:44/ À hora mais clara do dia, das 12 às
15 horas, houve trevas em toda a terra até à hora nona. É
provável que essas trevas sejam uma ilustração impressionante da referência de
Jesus à sua prisão como “vossa hora e o poder das trevas” (22:53).
Também
pode ser um fato portentoso que serve de profecia dos estranhos fenômenos que
hão de acompanhar o retorno de Jesus como “Filho do homem” (21:25).
Com
respeito à escuridão no dia da crucificação de Jesus, Júlio Africano (m. após
240 d.C.) relata (segundo o fragmento 18 da obra em cinco volumes de Africano,
Chronography [Cronografia], preservada na obra de Georgius Syncellus, Chronology
[Cronologia]) que “essa escuridão Thallus [o cronista samaritano], no terceiro
volume de sua History [História], a chama, para mim sem razão alguma, eclipse
do sol”. V. A. Roberts e J. Donaldson, eds., The Ante-Nicene Fathers [Os Pais
Antes da Era dos Nicenos], Grand Rapids:Eerdmans, 1951, vol. 6, p. 136.
23:45 / O véu do templo provavelmente se
refere à cortina que separava o “Santo dos Santos” do resto do templo.
Marshall (p. 875) acredita que o rasgar do véu é “uma advertência profética da
iminente destruição do templo”. Entretanto, essa conclusão carrega maior peso
de convicção no contexto de Marcos, em que se desenvolve um tema antitemplo.
Para Tiede (p. 423), no entanto, o rasgar do véu pode ser entendido como sinal
do desagrado de Deus. Fitzmyer (p. 1519) julga que o véu rasgado representa o
reinado do mal durante o tempo da paixão de Cristo (Lucas 22:53).
Acho
que existe um elemento de verdade em ambas as últimas perspectivas. Josefo
Eslavo (Guerras 5.5.4 [5.207-2 14, LCL]) repete a tradição do véu rasgado: “[O
véu do templo] como você deve saber, rasgou-se de repente do topo até o chão,
quando eles entregaram para ser morto, mediante suborno, aquele que só fazia o
bem, o homem — sim, aquele que por seus atos não era mero homem. E contam-se
muitas outras coisas, como sinais, que aconteceram naquele tempo”. Nas “outras
coisas, como sinais”, estaria incluída a escuridão e o terremoto (v. Mateus
27:5 1; Amós 8:9). Lachs (p. 434) observa que existem histórias rabínicas segundo
as quais, em certas ocasiões, fatos estranhos aconteceram quando rabis notáveis
morreram.
23:46 / espírito: “A soma total da pessoa
viva” (Fitzmyer, p. 1519). O pronunciamento dc Jesus é extraído de
Salmos 31, atribuído a Davi, que é uma oração de lamentação e de gratidão. O
salmista esteve doente (vv. 9,10), foi vítima de mentiras e dc armadilhas (vv.
4,18,20), sofreu a zombaria de inimigos e o abandono de seus amigos (v. II) e
procurou refúgio em Deus diante da morte (vv. 5,13). A adequação desse salmo
para a paixão de Cristo é óbvia: Jesus, o filho de Davi (Davi 1:32; 18:38), foi
caluniado, perseguido, preso em armadilha, escarnecido, traído e, agora,
pendurado numa cruz, enfrenta a morte.
A
interpretação rabínica desse salmo, enfatizando temas messiânicos e
escatológicos (MidrashPsalms 31.2-3, 5-8), esclarece melhor por que esse salmo
deveria ser usado na tradição da paixão de Cristo.
O
versículo específico que Jesus menciona (em Lucas) era empregado como oração
proferida antes de a pessoa dormir (Números Rabbah 20.20; Salmos Midrash 25.2).
E uma
oração para que Deus proteja o espírito da pessoa até que esta acorde. “Dormir”
pode significar literalmente o sono fisiológico, ou figuradamente a morte
(observemos Atos 7:59,60, em que Estêvão, prestes a morrer, ora: “Senhor Jesus,
recebe o meu espírito” [aludindo a Lucas 23:46 e Salmos 3 1:5], e a seguir
“adormeceu”). Entendido assim, Salmos 31:5 é particularmente adequado para o
Senhor Jesus, que está morrendo. Fica implícito que Jesus, à semelhança de
Davi, enfrentou oposição de seu próprio povo e, à semelhança de Davi, confiou
seu espírito a Deus (v. Fitzmyer, p. 1519).
23:47 / deu glória a Deus: Lucas
acrescenta essa idéia, que se harmoniza com seu interesse maior de retratar
suas personagens no ato de louvar e glorificar aDeus(v.2:20;5:26; 13:13;
17:15,16; 18:43;Atos4:21; 11:l8;21:20).
Justo:Tiede (p. 425) afirma
que a confissão do centurião de que Jesus era “justo” pode ter implicações
cristológicas (v. Atos 3:14; 7:52; 22:14, em que Jesus é chamado “O Justo”).
23:48 / J. T. Sanders (p.
228-9) imagina e pergunta se as pessoas voltaram batendo no peito por estarem
preocupadas com seu futuro. Essa hipótese não é plausível. Tiede (p. 425)
observa que as pessoas “voltaram” — “arrependeram se” (hypostrephein) — a NVI
traz “começou a afastar-se” — mais ou menos como Jesus predissera a respeito de
Pedro, que “voltaria” — “se arrependeria” (epistrephein, “quando te
converteres”), depois de haver negado a seu Senhor (v. Lucas 22:32). A
descrição de Lucas antevê o remorso co arrependimento que serão expressos
depois do sermão do Pentecostes (Atos 2:37,38). Leaney (p. 287) diz que nesse
versículo Lucas pode terem mente Zacarias 12:10-14.
23:49 / Galiléia: V. a
nota sobre 17:11, acima. Essas mulheres provavelmente eram aquelas mencionadas
em 8:1-3.
23:51 / Arimatéia: Não é
possível saber com certeza onde ficava essa cidade nos tempos de Jesus. Pode
ter sido uma das duas cidades que ficavam a 8 e a 16 quilômetros,
respectivamente, ao norte de Jerusalém. V. Fitzmyer, p. 1526; HBD, p. 63. Lachs
(p. 436) julga que se trata de Haramatiam, a 16 quilômetros a leste de Lida e a
16 quilômetros a sudeste de Antípatre.
23:52 / Pilatos: V. a
nota sobre 3:1, acima. Pilatos, naturalmente, era o governador romano que
ordenou a execução de Jesus (v. 23:24).
23:53 / sepultura:
“Sepulturas escavadas em rocha, conhecidas desde o primeiro século,
encontram-se em abundância na área ao redor de Jerusalém” (Fitzmyer, p. 1529).
23:55 / As mulheres que tinham
vindo com ele [Jesus] da Galiléia: V. a nota sobre 23:49, acima.
23:56/E no sábado repousaram:
Conta-se o sábado a partir do pôr-do-sol (18 horas) de sexta-feira até o
pôr-do-sol do sábado. A ordem paraque se repouse (ou cesse o trabalho)
encontra-se em Exodo20:10; Deuteronômio 5:12-15.
Elaboração
pelo:- Evangelista Isaias Silva de Jesus
Igreja Evangélica Assembleia de Deus Ministério Belém Em Dourados – MS
BIBLIOGRAIA
Comentário Bíblico
Contemporâneo Edição Contemporânea de Almeida
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