O caminho a verdade e a vida
TEXTO ÁUREO
“Disse-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida. Ninguém vem ao Pai senão por mim.” (Jo 14.6)
Entenda o Texto Áureo
Cristo é o caminho para o Pai – ninguém vem ao Pai senão por mim; Ele é a verdade de tudo o que encontramos no Pai quando chegamos a Ele: “Pois nele habita corporalmente toda a plenitude da divindade” (Colossenses 2:9), e Ele é toda a vida que sempre flui para nós e nos abençoa a partir da Divindade aproximada e manifestada Nele – “Este é o verdadeiro Deus e a vida eterna” (1João 5:20).
VERDADE PRÁTICA
A imagem de Jesus Cristo como o caminho, a verdade e a vida reforça a nossa fé e consolida a nossa comunhão com Deus.
Entenda a Verdade Prática
A afirmação "Jesus Cristo como o caminho, a verdade e a vida" reforça nossa fé ao nos lembrar que Ele é a única ponte segura entre a humanidade e Deus. Ao reconhecermos Jesus como nosso guia e fundamento, fortalecemos nossa comunhão com o Pai e encontramos direção, sentido e esperança em nossa jornada espiritual.
LEITURA BÍBLICA – João 14:1-15
João 14.1-15
1. Não se turbe o vosso coração; credes em Deus, crede também em mim.
A advertência a Pedro de que ele logo negaria seu Mestre deve tê-lo chocado, pois o silenciou. Ele não está entre os discípulos que fazem perguntas sobre o significado das palavras de Jesus no capítulo 14, nem é mencionado novamente até o capítulo 18. Mas os outros discípulos também devem ter ficado surpresos e tristes com o pensamento de que o principal entre eles falhariam na hora da prova. Se assim fosse, quem entre eles poderia estar confiante em si mesmo?
Na verdade, eles já haviam sido avisados de que sua fé não seria forte o suficiente para mantê-los ao lado de Jesus quando chegasse a hora sombria de Sua prisão (João 16:31-32).
Mas essa sugestão renovada da instabilidade de sua lealdade, acrescentada aos anúncios que Jesus havia feito de Sua partida iminente deles (Joao 16:5-7, João 13:33, 36) e das perseguições que estavam reservadas para eles (Joao 15:18-21, João 16:33), os encheram de profunda tristeza.
Então Ele procurou tranquilizá-los com uma nova mensagem de consolo, que os ensinou a olhar além desta vida terrena para a vida após a morte.
Não se perturbe vosso coração [μὴ ταρασσέσθω ὑμῶν ἡ καρδία]. A experiência humana de um espírito “perturbado” havia sido Sua, mais de uma vez, durante as últimas semanas (compare com João 11:33, João 12:27, João 13:21), e Ele sabia o quanto era doloroso.
Credes em Deus, crede também em mim [πιστεύετε εἰς τὸν θεόν, καὶ εἰς ἐμὲ πιστεύετε]. Estes são provavelmente ambos imperativos: “creia em Deus (compare com Marcos 11:22); também creia em mim”.
A crença em Deus deveria, por si só, voltar seus pensamentos para a segurança da vida futura; e então, se eles acreditassem em Jesus, eles se lembrariam das promessas que Ele havia feito sobre isso (veja o versículo 3, com suas duas sentenças).
Gramaticalmente, πιστεύετε pode ser presente indicativo em qualquer lugar ou em ambos, e o familiar “Você acredita em Deus; acredite também em mim”, também faz sentido. Mas parece mais natural tomar πιστεύετε da mesma maneira na primeira sentença e na segunda. A verdadeira fonte de consolo para um espírito perturbado é a fé em Deus (compare com Salmo 27:13, Salmo 141:8 etc.) e em Jesus a quem Deus enviou (compare com Marcos 5:36). Os discípulos já haviam professado (João 16:30) sua fé em Jesus, mas Ele os advertiu que esta fé não era invencível (João 16:31). Para a construção εἰς τινὰ πιστεύειν, nunca utilizado por João da fé no homem, ver em João 1:12.
2. Na casa de meu Pai há muitas moradas; se não fosse assim, eu vo-lo teria dito, pois vou preparar-vos lugar.
- Na casa de meu Pai há muitas moradas – e assim há espaço para todos, e um lugar para cada um. senão, eu vos diria – isto é, eu diria a vocês imediatamente; eu não os enganaria. vou para vos preparar lugar – para obter um direito de estarem lá e possuírem o “lugar” de vocês.
3. E, se eu for e vos preparar lugar, virei outra vez e vos levarei para mim mesmo, para que, onde eu estiver, estejais vós também.
Outra vez virei, e vos tomarei comigo – estritamente, em Sua Aparição Pessoal; mas em um sentido secundário e reconfortante, para cada um individualmente. Marque novamente a afirmação feita: – vir para receber Seu povo para Si mesmo, para que onde Ele estiver, eles também possam estar. Ele considera que deve ser suficiente ter a garantia de que eles estarão onde Ele está e sob Seu cuidado.
4. Mesmo vós sabeis para onde vou e conheceis o caminho.
E já sabeis para onde vou. Ele tinha-lhes dito tantas vezes que devia morrer, e ressuscitar, e subir ao céu, que não podiam deixar de compreendê-lo (Mateus 16:21; Lucas 9:22; 18:31-32).
E sabeis o caminho. Isto é, o caminho que conduz à morada para onde ele estava indo. O caminho que deviam seguir era obedecer aos seus ensinamentos, imitar o seu exemplo e segui-lo (Jo 14:6).
5. Disse-lhe Tomé: Senhor, nós não sabemos para onde vais e como podemos saber o caminho?
(5–11) A revelação que o Senhor deu sobre o propósito de Sua separação iminente desperta questionamentos entre os discípulos. Como eles podem compreender verdadeiramente o “caminho” de que Ele falou?
Como podem conhecer verdadeiramente o Pai? A primeira pergunta é feita por Tomé (5–7) e a segunda por Filipe (8–11). Disse-lhe Tomé (veja nota em João 11:16).
Como podemos saber o caminho? A pergunta de Tomé expressa uma dificuldade natural em relação à declaração do Senhor. Normalmente, entendemos o caminho a partir do conhecimento do destino. Mas, nas coisas espirituais, a fé segue passo a passo. Há bem-aventurança em “não ver” (João 20:29). O “caminho” é, em si mesmo, a revelação – e para o homem, a única revelação possível – do destino.
6. Disse-lhe Jesus:?Eu sou o caminho, a verdade, e a vida. Ninguém vem ao Pai senão por mim.
Essa é a sexta declaração "Eu sou" de Jesus em João (veja 6.35; 8.12; 10.7-9; 10.11,14; 11.25; 15.1,5). Em resposta à pergunta de Tomé (v. 5), Jesus declarou que ele é o caminho para Deus porque ele é a verdade de Deus (1.14) e a vida de Deus (1.4; .3.15; 11.25).
Nesse versículo, a exclusividade de Jesus como o único caminho para o Pai é enfática. Existe somente um caminho, não muitos caminhos, para Deus, ou seja, Jesus Cristo (10.7-9; cf. Mt 7.13-14; Lc 13.24; At 4.12).
7. Se vós me conhecêsseis a mim, também conhecereis o meu Pai; e já desde agora o conheceis e o tendes visto.
Se vós conhecêsseis a mim, também conheceríeis a meu Pai; e desde agora – ‘de agora em diante’ que eu vos expliquei, já o conheceis, e o tendes visto – Aqui também nosso Senhor, com o que Ele diz, pretende antes ganhar seus ouvidos para mais explicações, do que dizer-lhes o quanto eles já sabiam.
8. Disse-lhe Filipe: Senhor, mostra-nos o Pai, o que nos basta.
Senhor, mostra-nos ao Pai – Filipe aqui se referiu a alguma manifestação exterior e visível de Deus. Deus havia se manifestado de várias maneiras aos profetas e santos da antiguidade, e Filipe afirmou que, se alguma manifestação deveria ser feita a eles, eles ficariam satisfeitos. Era certo desejar evidências de que Jesus era o Messias, mas tal evidência “tinha sido” abundantemente concedida nos milagres e ensinamentos de Jesus, e que “deveria” ter bastado deles.
9. Disse-lhe Jesus:? Estou há tanto tempo convosco, e não me tendes conhecido, Filipe? Quem me vê a mim vê o Pai; e como dizes tu: Mostra-nos o Pai?
Quem a mim tem visto, já tem visto ao Pai – Pelas razões acima mencionadas, que o Pai reside na plenitude dos Seus atributos de poder, sabedoria e bondade, concentrados na pessoa humana, e tornados tão plenamente visíveis para o homem quanto o sentido do homem pode captar.
10. Não crês tu que eu estou no Pai e que o Pai está em mim? As palavras que eu vos digo, não? as? digo de mim mesmo, mas o Pai, que está em mim, é quem faz as obras.
Não crês…? Era uma questão de fé, pois o Senhor já havia declarado essa verdade claramente antes (João 10:38).
Eu estou no Pai, e que o Pai em mim está. Em João 10:38, a ordem é diferente, pois ali o foco estava no poder divino como ponto de partida. O ensinamento de Cristo mostrava Sua íntima comunhão com o Pai; Suas obras demonstravam a ação do Pai n’Ele.
As palavras – as declarações específicas (τὰ ῥήματα), as partes da grande mensagem (João 15:7; 17:8).
Compare com João 3:34; 5:47; 6:63, 6:68; 8:30, 8:47; 10:21; 12:47ss.
Falo…falo. O primeiro verbo indica o conteúdo da mensagem (λέγω), o segundo, a forma do ensino (λαλῶ).
Veja João 12:49ss; 16:18; Mateus 13:3; 14:27; 23:1; 28:18; Marcos 5:36; 6:50; Lucas 24:6; Romanos 3:19.
Por mim mesmo – Compare com nota em João 5:19. mas o Pai… Meu ensino não é auto-originado, pelo contrário, toda a minha Vida é a manifestação da vontade do Pai.
O Pai que está em mim, ele é o que faz as obras. De acordo com o texto correto, o Pai, que permanece em mim, faz Suas obras, realiza ativamente Seu propósito de muitas maneiras, e meu ensino é parte desse propósito.
As “obras” eram elementos da “obra” (João 4:34; 17:4; 5:36; 9:4) e são atribuídas tanto ao Filho (João 10:37) quanto ao Pai. Compare com João 5:19ss. As palavras e as obras de Cristo são apontadas como duas provas de Sua união com o Pai: as palavras apelam à consciência espiritual, as obras ao intelecto. As palavras revelam o caráter, enquanto as obras demonstram o poder; e naturalmente as palavras têm prioridade. Veja João 15:24.
11. Crede-me que estou no Pai, e o Pai, em mim; crede-me, ao menos, por causa das mesmas obras.
“Por toda a vossa fé em Mim, crede na Minha palavra simples: mas se uma afirmação tão elevada é mais do que a vossa fraca fé ainda pode alcançar, que as obras que fiz contem a sua própria história, e ela não precisará de mais”. Pode alguma coisa mostrar mais claramente que Cristo reivindicou para Seus milagres um caráter mais elevado do que os dos profetas ou apóstolos? E, contudo, esse caráter superior não estava nas obras em si, mas na Sua maneira de fazê-los.
12. Na verdade, na verdade vos digo que aquele que crê em mim também fará as obras que eu faço e as fará maiores do que estas, porque eu vou para meu Pai.
(12–14) A partida de Cristo permite que os discípulos realizem, por meio de Sua intercessão, obras ainda maiores do que Ele fez, para que o Pai seja glorificado no Filho.
Em verdade, em verdade… Cristo havia apontado Suas obras como uma evidência secundária da fé. Agora, Ele mostra que o verdadeiro crente também fará as mesmas obras. Essas obras fluem do Filho e daqueles que estão em comunhão com Ele, mas a fonte e a essência estão mais profundas.
Crê em mim – como resultado de crer em mim (João 14:11).
Também ele as fará… O pronome enfático destaca a pessoa que já foi caracterizada. Compare com João 6:57; 14:21, 26; 12:48; 9:37; 5:39; 1:18, 33.
Fará maiores do que estas (as que realizei em meu ministério terreno) – “maiores” no sentido dos efeitos espirituais mais amplos da pregação dos discípulos após o Pentecostes (Atos 2:41).
Como Agostinho observou: “Quando os discípulos pregaram, até mesmo os gentios creram; estas são, sem dúvida, obras maiores.” Isso não se refere a milagres mais extraordinários (como em Atos 19:12), nem significa simplesmente “mais” obras. Essas “obras maiores” também são obras de Cristo, pois são feitas por aqueles que creem n’Ele.
Porque… A exaltação de Cristo em Sua humanidade à direita de Deus é a garantia das obras prometidas. A ideia não é que os discípulos trabalharão porque Cristo estará ausente, mas que Sua ida aumentará o poder deles (João 16:7; compare com Efésios 4:8ss; Filipenses 4:13).
O pronome enfático “Eu” não contrasta com “vós”, mas destaca a plenitude da personalidade de Cristo. meu Pai – O texto correto traz “o Pai”, enfatizando a base da comunhão.
13. E tudo quanto pedirdes em meu nome, eu o farei, para que o Pai seja glorificado no Filho.
E tudo quanto… Esta cláusula pode ser uma continuação da anterior, dependendo de “porque”, ou uma nova sentença independente que leva o pensamento um passo adiante. A segunda opção parece melhor. A união de Cristo, o homem perfeito, com o Pai garante as “obras maiores”; e mais do que isso, Cristo, para a glória do Pai, atenderá às orações dos discípulos.
Pedirdes em meu nome – Aqui é a primeira vez que essa expressão aparece. Compare com “em nome de meu Pai” (João 5:43; 10:25; 12:13; 17:6, 11, 12, 26) e as palavras do Evangelista (João 1:12; 2:23; 3:18; 20:21).
Agora, finalmente, o Senhor revelou Sua Pessoa aos discípulos, permitindo que eles compreendam Sua relação com eles e com o Pai. Assim, a expressão aparece repetidamente nesta parte do Evangelho: João 14:26: “O Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome”; João 15:16: “para que tudo o que pedirdes (αἰτῆτε, αἰτήσητε) ao Pai em meu nome, Ele vos conceda”; João 16:23: “se pedirdes (αἰτήσητε) algo ao Pai, Ele vo-lo concederá em meu nome”; João 16:24: “até agora nada pedistes (ᾐτήσατε) em meu nome”; João 16:26: “naquele dia pedireis (αἰτήσεσθε) em meu nome.” Compare com João 15:21.
A expressão “em meu nome” significa “como sendo um comigo, assim como me foi revelado a vocês”. Seus correlatos são “em mim” (João 6:56; 14:20; 15:4ss; 16:33; 1 João 5:20) e o conceito paulino “em Cristo”.
No restante do Novo Testamento, aparece em Marcos 9:38; 16:17; Lucas 10:17; Atos 2:38; 3:6; 4:10. A expressão “em nome” (ἐν τῷ ὀνόματι) deve ser diferenciada das expressões relacionadas “para o nome”, “sobre o nome” (εἰς τὸ ὄνομα, ἐπὶ τῷ ὀνόματι) e “pelo nome” (τῷ ὀνόματι), que também aparecem. Agostinho observa que orar em nome de Cristo significa que a oração deve estar em conformidade com Seu caráter, e que Ele a atenderá na medida em que contribuir para a salvação.
Eu o farei – Há plena concordância entre a oração dos discípulos e a vontade de Cristo. Ele promete não apenas que eles receberão o que pedirem, mas que Ele mesmo fará isso.
Para que o Pai… para que Deus seja revelado em majestade como Pai no Filho. Quem obtém resposta à sua oração por meio de Cristo, que age em nome do Pai (João 5:43), naturalmente desenvolve uma percepção mais profunda do poder e do amor do Pai. A condição — a promoção da glória do Pai — estabelece o verdadeiro limite da oração. Compare com João 13:31 (“o Filho do Homem… e Deus…”).
14. Se pedirdes alguma coisa em meu nome, eu o farei.
Observe aqui, que enquanto eles deveriam perguntar o que querem, não Dele, mas do Pai em Seu nome, Jesus diz que é Ele mesmo que vai “fazer isso” por eles. Que reivindicação é essa de não apenas ser perfeitamente conhecedor de tudo o que é derramado no ouvido do Pai por Seus discípulos amorosos na terra, e de todos os conselhos e planos do Pai quanto às respostas a serem dadas a eles, a natureza precisa e medida da graça a ser dada a eles, e o tempo apropriado para isso – mas ser o Distribuidor autorizado de tudo o que essas orações atraem, e, nesse sentido, o Ouvinte da oração! Que alguém tente conceber esta afirmação sem ser a igualdade essencial de Cristo com o Pai, e a considerará impossível. A repetição enfática disto, que se eles pedirem algo em Seu nome, Ele o fará, falará tanto da prevalência ilimitada de Seu nome com o Pai, como de Sua autoridade ilimitada para dispensar a resposta. Mas veja mais adiante em João 15:7. Esta parte do discurso é notável, pois contém o primeiro anúncio do Espírito, para suprir ausência da presença pessoal do Salvador.
15. Se me amardes, guardareis os meus mandamentos.
Guardai meus mandamentos – ou seja, “obedeçam-me” (VIVA).
INTRODUÇÃO
Aqui está a sétima e última expressão de Jesus: Eu sou. Já havia dito: Eu sou 0pão da vida. Eu sou a luz do mundo. Eu sou a porta. Eu sou o bom pastor. Eu sou a ressurreição e a vida. Eu sou o caminho, a verdade e a vida. Eu sou a videira verdadeira. Jesus havia dito aos discípulos que iria partir e que eles não poderiam ir com ele (13.36).
Agora, assegura que eles sabem o caminho para onde ele vai (14.4). Isso provoca uma pergunta imediata de Tomé: Senhor, não sabemos para onde vais. Como podemos saber 0 caminho?. A resposta de Jesus é uma das mais importantes declarações registradas nos Evangelhos: Eu sou o caminho, a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim (14.6).
A expressão "Eu sou o caminho, a verdade e a vida", dita por Jesus em João 14:6, tem um profundo significado para os cristãos. "Caminho" revela que Jesus é a única via de acesso ao Pai — Ele não apenas mostra o caminho, mas é o próprio caminho. Isso significa que seguir a Cristo é trilhar uma jornada de fé, obediência e comunhão com Deus. "Verdade" aponta para Jesus como a revelação plena de Deus, o fundamento da realidade espiritual. Em um mundo de incertezas e enganos, Ele é a verdade absoluta e confiável que liberta e orienta. "Vida" destaca que, em Cristo, encontramos a vida plena — não apenas a existência física, mas a vida espiritual e eterna. Ele é a fonte da vida abundante aqui e da vida eterna com Deus. Para os cristãos, essa declaração é central: ela afirma que a salvação e a comunhão com Deus só são possíveis por meio de Jesus Cristo.
I. CONSOLO E PROMESSA DO SENHOR JESUS
1. O Caminho, a Verdade e a Vida. Jesus conforta seus discípulos dizendo-lhes que a separação é momentânea, mas a comunhão em glória será eterna, pois ele partirá, mas voltará. Jesus havia dito aos discípulos que iria partir e que eles não poderiam ir com ele (13.36). Agora, assegura que eles sabem o caminho para onde ele vai (14.4). Jesus é a verdade que alimenta a nossa mente, a vida que satisfaz a nossa alma e o único caminho seguro para Deus. Nessa mesma linha de pensamento, Jesus é o caminho para Deus, precisamente porque ele é a verdade de Deus (1.14) e a vida de Deus (1.4; 3.15; 11.25). Jesus é a verdade porque incorpora a suprema revelação de Deus. Ele próprio é a exegese de Deus (1.18) e é corretamente chamado de Deus (1.1,18; 20.28).
Jesus é avida (1.4), aquele que tem vida em si mesmo (5.26), a ressurreição e a vida (11.25), o verdadeiro Deus e a vida eterna (l Jo 5.20). Somente pelo fato de Jesus ser a verdade e a vida, é que ele pode ser o caminho para Deus. Jesus é o caminho para o céu. Ele não é apenas o guia, o mestre e o legislador como Moisés. Ele é pessoalmente a porta, a escada e a estrada através de quem nos aproximamos de Deus.
Ele nos abriu o caminho da árvore da vida, que foi fechada quando Adão e Eva caíram. Pelo seu sangue, temos plena confiança para entrar na presença de Deus. Jesus é a verdade, toda a substância da verdadeira religião. Sem ele, o ser humano mais sábio está mergulhado em trevas. Jesus é toda a verdade, a única verdade que satisfaz os anseios da alma humana. Jesus é a vida. Nele estava a vida. Ele veio para trazer vida, e vida em abundância.
2. Consolo num cenário de angústia. Em vez de os discípulos darem apoio a Jesus nas horas que antecederam à cruz, ele teve que apoiá-los tanto espiritual como emocionalmente. Isso revela o amor sacrifical que havia no coração de Jesus (Mt 20.26-28).
A fé em Jesus pode acalmar o coração agitado. Como o caminho, Jesus é o caminho de Deus para o ser humano - todas as bênçãos divinas descem do Pai por meio do Filho — e o caminho do ser humano para Deus. Como a verdade, ele é a realidade última em contraste com as sombras que o precederam, além de ser aquele que se opõe à mentira, a fonte fidedigna da revelação redentora, a verdade que liberta e santifica. Como a vida, Jesus é aquele que tem vida em si mesmo, é a fonte e o doador da vida, aquele que veio para que tenhamos vida em abundância. Sem Cristo, não pode haver nenhuma verdade redentora, nenhuma vida eterna; portanto, nenhum caminho para o Pai.
3. Uma promessa gloriosa. A partida de Jesus é para o bem dos discípulos. João 14.2, moradas, literalmente lugares de moradia, cômodos ou mesmo apartamentos (em termos atuais). Estes se encontram na grande "casa de meu Pai". A partida de Jesus seria em benefício dos discípulos, pois ele estava indo preparar-lhes um lar celeste, e retornará para levá-los consigo para que fiquem com ele. Essa é uma das passagens que apontam para o arrebatamento dos santos no fim dos tempos, quando Cristo retornará. As características dessa descrição não retratam Cristo vindo à terra com os santos para estabelecer o seu reino (Ap 19.11 -15), mas levando os crentes da terra para viverem no céu. Desde que aqui não é descrito o castigo dos não crentes, esse não é o acontecimento do seu retorno em glória e poder para destruir os ímpios (cf. Mt 13.36-43,47-50). Pelo contrário, descreve a sua vinda para reunir os seus que estão vivos e res suscitar os corpos dos mortos a fim de levar todos para o céu. Esse arrebatamento também é descrito em 1Co 15.51-34; 1Ts 4.13-18.
Depois de ser arrebatada, a igreja celebrará a ceia das bodas (Ap 19.7-10), será recompensada (1 Co 3.10-15; 4.5; 2Co 5.9-10) e, mais tarde, retomará à terra com Cristo, quando ele virá novamente para estabelecer o seu reino (Ap 19.11—20.6).
Quando Jesus fala de ir preparar lugar, não se trata de ele entrar em cena e, depois, começar a preparar o terreno; ao contrário, no contexto da teologia joanina, é o próprio ato de ir, via cruz e ressurreição, que prepara o lugar para os discípulos. O céu é onde se encontra o trono de Deus. Lá estão as hostes de anjos e a incontável assembleia dos santos glorificados. O céu é a nossa pátria. Lá está o nosso tesouro, o nosso galardão, a nossa herança incorruptível. No céu, Deus enxugará as nossas lágrimas. No céu, entoaremos um novo cântico ao Cordeiro pelos séculos dos séculos. Os filhos de Deus estarão lá. Se o céu é a casa do Pai, significa que o céu é o nosso lar.
II. DÚVIDAS, INCERTEZAS E ENGANOS NO CAMINHO COM CRISTO
1. A dúvida de Tomé. Em João 14:5, Tomé pergunta: “Senhor, não sabemos para onde vais; como então podemos saber o caminho?”. Essa pergunta revela a sinceridade de um coração que, embora ame profundamente a Jesus, ainda luta para compreender plenamente os caminhos de Deus. Esse momento é precioso porque nos mostra que até mesmo discípulos fiéis e corajosos, como Tomé — que mais tarde arriscaria a vida para anunciar o Evangelho — podem ter dúvidas em sua caminhada com Cristo. Ter dúvidas não significa falta de fé, mas sim um desejo honesto de entender melhor e caminhar mais perto de Jesus. A fé cristã não é feita de certezas automáticas, mas de uma confiança que cresce mesmo em meio às incertezas. O amor verdadeiro por Cristo inclui momentos de questionamento, pois eles nos impulsionam a buscar respostas mais profundas e nos aproximam ainda mais d'Ele. Jesus, em resposta à dúvida de Tomé, não o repreende, mas se revela como o “caminho, a verdade e a vida”, mostrando que a resposta às nossas dúvidas está sempre n’Ele.
2. As incertezas de Pedro e Filipe. No momento cm que se sentiam perplexos por causa da partida de Jesus, este os consolou com o meio que lhes proporcionaria os recursos necessários para realizarem a obra, sem a presença imediata dele da qual se haviam tornado dependentes. Pedir "em nome" de Jesus não significa anexar uma expressão no final da oração como simples fórmula. Significa que:
1) a oração do crente deve servir aos propósitos e ao reino de Cristo, não a interesses egoístas;
2) a oração do crente deve ser feita com base nos méritos de Cristo, não nos méritos ou dignidade pessoais; e
3) a oração do crente deve visar somente à glória de Cristo.
As incertezas de Pedro e Filipe, dentro do contexto bíblico, referem-se a momentos em que estes discípulos de Jesus demonstraram dúvidas, hesitações ou falta de compreensão sobre certos aspectos da missão e natureza de Jesus. Embora Pedro tenha um momento de clareza e confissão de fé (a "Confissão de Pedro"), também demonstra incertezas em outros episódios. Filipe, por sua vez, também tem momentos de incerteza, como quando questiona a possibilidade de Jesus alimentar uma multidão com poucos pães e peixes. Em Mateus 16, Pedro confessa que Jesus é o Cristo, o Filho do Deus vivo, demonstrando um momento de grande fé e compreensão. No entanto, Pedro também demonstra incertezas.
Em Mateus 14, quando Jesus anda sobre as águas, Pedro tenta fazer o mesmo, mas cai no mar por causa da sua dúvida e medo. Outro exemplo de incerteza de Pedro é a sua negociação de Jesus em diversas ocasiões. A Pergunta sobre os Pães e Peixes: Em João 6, quando Jesus pergunta aos discípulos como alimentar uma grande multidão, Filipe demonstra incerteza e sugere comprar pão para todos, demonstrando uma falta de fé na provisão divina.
Em João 14, Filipe pede a Jesus para mostrar o Pai, demonstrando uma falta de compreensão sobre a natureza de Deus e a relação de Jesus com Ele. As incertezas de Pedro e Filipe, apesar de serem momentos de dúvida e hesitação, também são oportunidades para que Jesus revele verdades profundas sobre sua missão e sua natureza. Através dessas incertezas, Jesus ensina aos seus discípulos sobre a importância da fé, da confiança e da busca por um conhecimento mais profundo.
3. O engano de Judas Iscariotes. A traição de Judas Iscariotes a Jesus é um dos episódios mais marcantes e trágicos dos Evangelhos, e seus motivos têm sido amplamente discutidos ao longo da história cristã. A Bíblia sugere alguns fatores que podem ter contribuído para essa decisão. Um dos motivos aparentes é a **cobiça**.
Em João 12:6, é dito que Judas, responsável pela bolsa do grupo, era ladrão e costumava tirar o que nela se colocava. Sua decisão de entregar Jesus por trinta moedas de prata (Mateus 26:14-16) pode refletir um coração apegado ao dinheiro, mais do que à missão do Mestre. Outro possível motivo é a **desilusão pessoal**. Judas pode ter esperado um Messias político, que libertaria Israel do domínio romano. Ao perceber que Jesus não seguia essa expectativa — pregando um Reino espiritual e não uma revolução —, Judas talvez tenha se sentido frustrado e traído em suas próprias ambições. Além disso, o texto de João 13:27 menciona que “Satanás entrou em Judas”, o que indica uma dimensão espiritual mais profunda: sua escolha abriu espaço para a influência maligna, mostrando que a negligência espiritual e o endurecimento do coração podem levar a consequências devastadoras. Em suma, Judas não traiu Jesus por um único motivo isolado, mas por uma combinação de ambição, frustração, fragilidade espiritual e falta de arrependimento verdadeiro. Sua história serve como um alerta para todos nós: mesmo estando próximos de Jesus externamente, é essencial manter um coração sincero, vigilante e verdadeiramente comprometido com Ele.
III. CAMINHO, VERDADE E VIDA
1. “Eu Sou o Caminho.” O nome que Deus dá a Moisés – “EU SOU O QUE SOU” – é uma revelação da total e completa suficiência de Deus em si mesmo. É uma revelação da asseidade de Deus. Somente ele é dele mesmo (a se). Deus, e somente Deus, não depende de nada. E isso significa, para Moisés e para Israel, que Deus não é dependente da cooperação de Faraó para realizar o que ele prometeu. Esse nome de Deus – “Eu Sou” – é a forma raiz do nome Yahweh. Esse nome nos é dado no Antigo Testamento para que nossas mentes possam ser repletas de admiração conforme a essência incompreensível de Deus é mencionada. Tal “essência incompreensível”, dada no nome Yahweh, é mencionada mais de 5 mil vezes no Antigo Testamento.
Em Êxodo 3, portanto, Deus identifica a si mesmo de duas maneiras. Ele diz a Moisés que é o Deus da aliança, que está com o povo dele, e que ele é o Deus que existe em si mesmo, o qual não precisa de nada a fim de ser quem é e de fazer o que ele planeja fazer. Jesus, em resposta à pergunta dos fariseus "Quem você pensa que é?" disse: "‘Abraão, pai de vocês, regozijou-se porque veria o meu dia; ele o viu e alegrou-se'. Os judeus perguntaram: 'Você ainda não tem cinquenta anos, e viu Abraão?'
Jesus respondeu: ‘Eu lhes afirmo que antes de Abraão nascer, Eu Sou!’" A reação violenta dos judeus à afirmação "EU SOU" de Jesus indica que compreenderam claramente o que Jesus estava declarando -- Ele estava igualando-se a Deus ao usar o mesmo título “EU SOU” que Deus dera a Si mesmo em Êxodo 3:14. Se Jesus tivesse querendo dizer apenas que já existia antes do tempo de Abraão, Ele teria dito: "Antes de Abraão, eu era." As palavras gregas traduzidas como "nascer" no caso de Abraão e "sou" no caso de Jesus são bastante diferentes. As palavras escolhidas pelo Espírito deixam claro que Abraão foi "trazido à existência", mas que Jesus existia eternamente (João 1:1).
Não há dúvida de que os judeus entenderam o que Ele estava dizendo porque pegaram pedras para matá-lo por clamar-se igual a Deus (João 5:18). Tal declaração, se não fosse verdade, era uma blasfêmia e a punição prescrita pela lei mosaica era a morte (Levítico 24:11-14).
No entanto, Jesus não cometeu blasfêmia; Ele era e é Deus, a segunda Pessoa da Trindade, igual ao Pai em todos os sentidos. Jesus usou o mesmo termo "EU SOU" em sete declarações sobre Si mesmo. Em todas as sete, Ele combina EU SOU com metáforas que expressam a Sua imensa relação de salvação com o mundo.
Todas aparecem no livro de João: EU SOU o Pão da vida (João 6:35, 1, 48, 51); EU SOU a Luz do mundo (João 8:12); EU SOU a porta das ovelhas (João 10:7,9); EU SOU o Bom Pastor (João 10:11, 14); EU SOU a Ressurreição e a Vida (João 11:25); EU SOU o Caminho, a Verdade e a Vida (João 14:6) e EU SOU a videira verdadeira (João 15: 1,5).
2. “Eu Sou a Verdade.” A fala de Jesus “Eu sou [...] a verdade” (João 14:6) e a pergunta de Pilatos “O que é a verdade?” (João 18:38) formam um contraste profundo e revelador dentro do Evangelho de João, que enfatiza a revelação de Deus em Cristo. Quando Jesus afirma “Eu sou a verdade”, Ele não está apenas dizendo que fala a verdade ou que ensina a verdade — mas que Ele é a própria personificação da verdade divina. No contexto bíblico, “verdade” (do grego alētheia) tem o sentido de realidade última, fidelidade e revelação do que é eterno e absoluto. Jesus se apresenta como a plena revelação de Deus ao mundo (cf. João 1:14), sendo o critério pelo qual toda verdade deve ser medida. Por outro lado, a pergunta de Pilatos — “O que é a verdade?” — carrega um tom cético e talvez até indiferente.
Diante da Verdade encarnada, Pilatos não reconhece quem está diante dele. Sua pergunta ecoa a busca filosófica do mundo antigo (e contemporâneo), que tenta definir a verdade em termos abstratos, relativos ou políticos, muitas vezes sem disposição para se submeter a ela. O contraste é claro: enquanto Pilatos busca (ou finge buscar) uma definição, Jesus oferece uma pessoa. A verdade que os seres humanos necessitam conhecer não é uma ideia, um sistema ou uma doutrina isolada, mas uma relação com Cristo. Ele é a verdade que revela o caráter de Deus, a condição do ser humano e o caminho para a vida eterna. Assim, o texto nos convida a sair da especulação fria de Pilatos e a entrar no relacionamento transformador com Aquele que é “o caminho, a verdade e a vida”. Conhecer a verdade, nesse sentido, é conhecer Jesus — e ser libertado por Ele (João 8:32).
3. “Eu Sou a Vida.” O Eu sou (ego eimi) é aqui usado como uma metáfora, simultaneamente identificando Jesus com a divindade' e como a satisfação para as necessidades básicas do homem. Sem o Caminho, não há como ir; sem a Verdade, não há o que saber; sem a Vida, não há o que viver. Eu sou o Caminho que deveis seguir; a Verdade que deveis crer; a Vida pela qual deveis ter esperança. Eu sou o Caminho inviolável, a Verdade infalível, a Vida sem fim. Eu sou o Caminho que é o mais reto, a Verdade que é a mais elevada, a Vida que é verdadeira, a Vida abençoada, a Vida não criada. Se permanecerdes no meu Caminho, conhecereis a Verdade, e a Verdade vos libertará, e tomareis posse da vida eterna. Desde a eternidade, o Filho tem o direito de dar vida (Jo 1.4). A distinção envolve a divindade de Jesus versus sua encarnação. Ao tornar-se humano, Jesus voluntariamente pôs de lado o exercício independente dos atributos e das suas prerrogativas divinas (Fp 2.6-11}. Aqui Jesus afirma que, mesmo em sua humanidade, o Pai lhe concedeu "ter vida em si mesmo", ou seja, o poder da ressurreição.
CONCLUSÃO
Jesus expôs em uma linguagem simples que as obras são secundárias, e que a fé nele por quem Ele é, e não apenas pelo que Ele faz, vem em primeiro lugar. coração turbado é a coisa mais comum no mundo. Esse problema atinge pessoas de todos os estratos sociais, de todos os credos religiosos e de todas as faixas etárias. Nenhuma tranca consegue manter fora de nossa vida essa dor. Um coração pode ficar turbado pelas pressões que vêm de fora ou pelos temores que vêm de dentro.
Até mesmo os cristãos mais consagrados precisam beber muitos cálices amargos entre a graça e a glória.