27 de setembro de 2009

DAVI


Lições Bíblicas Mestre Jovens e Adultos

4º Trimestre de 2009

A cada trimestre, um reforço espiritual para aqueles que desejam edificar suas vidas na Palavra de Deus.

No 4º trimestre de 2009, estaremos estudando o tema Davi - As Vitórias e as derrotas de um homem de Deus
Comentarista: Pastor José Gonçalves

SUMÁRIO DA LIÇÃO:

1- Davi e a sua vocação
2- Davi enfrenta e vence o Gigante
3- Davi na Corte Real - Vivendo com Sabedoria
4- Davi e o tempo de Deus em sua vida
5- Davi e sua equipe de liderados
6- Davi unifica o Reino de Israel
7- A expansão do Reino Davídico
8- O pecado de Davi e suas consequencias
9- A restauração espiritual de Davi
10- Davi e o preço da negligência na família
11- Davi e a restauração do culto a Jeová
12- Davi e o seu Sucessor
13- Davi - Um Homem segundo o coração de Deus

DAVI UM HOMEM SEGUNDO O CORAÇÃO DE DEUS

“E tendo tirado a este, levantou-lhes o rei Davi, do qual também, dando testemunho, disse: Achei Davi, filho de Jessé, homem segundo o meu coração, que fará toda a minha vontade”, At 13.22.

A nossa cultura ocidental tem por hábito cultuar os seus heróis. Somos uma sociedade carente e dependente de heróis. Esses seres, idealizados em nossos inconscientes, são perfeitos e capazes de se manterem imunes aos erros. Todavia, essa nossa forma de pensar sofre um duro contraste quando posta diante da cultura judaico-cristã.

A Bíblia está cheia de histórias de grandes líderes, estadistas, guerreiros e príncipes, todavia a forma como ela apresenta suas vidas e obras está bem longe daquele modelo que estamos habituados a ver Isso fica bem claro quando analisamos a vida de Davi.

Mais do que qualquer outro homem no Velho Testamento, embora tenha desenvolvido as habilidades e qualidades de um herói, Davi não pode ser identificado como tal. Ele possuía muitas virtudes como a própria Escritura deixa claro, mas, por outro lado, estava cercado, da mesma forma, de muitos erros. Davi acertava, mas também errava.

Vejamos um perfil mais detalhado que a Escritura mostra sobre Davi a fim de que possamos conhecer quem foi esse homem “segundo o coração de Deus” (At 13.22).

Davi, o homem

Davi era humano, demasiado humano! Foi Nietzsche quem usou essa expressão em um outro contexto, Todavia, acredito que ela se aplica bem a Davi. Ele era tudo aquilo que podemos identificar como humano. Um homem espiritual, mas humano. Um guerreiro forte, mas ao mesmo tempo um líder quebrantado (Sl 34.18). Um homem que sabia pensar e ao mesmo tempo chorar (2 Sm 12.22).

Davi, às vezes, se mostra extremamente racional e, em outras, um homem altamente emocional. Davi era humano! É comum ficarmos com um sentimento de decepção quando encontramos Davi se emaranhando nas teias do pecado sexual. Evidentemente que a Escritura reprova veementemente essa ação de Davi, todavia isso nos mostra um outro lado da moeda Davi era um homem! E como tal estava sujeito a falhas.

Ele não era um anjo, ou um semideus, ou ainda um dos heróis antigos, mas um homem que amava a Deus mesmo com todas as suas fragilidades.

Não podemos esquecer que, ao escolher Davi, o profeta Samuel, por direção divina, disse: “O Senhor buscou para si um homem que lhe agrada”, l Sm 13.14.

Deus procurou um homem e não um semideus ou herói. Não devemos esquecer a nossa humanidade. Às vezes, encontramos crentes que não querem ser mais humanos, eles buscam um projeto de espiritualidade destituído da parte humana. Isso é extremamente perigoso. Devemos ser crentes espirituais, mas não esquecendo que ainda habitamos nesse tabernáculo (2 Pe 1.14).

Mas, há mais uma verdade que devemos aprender com a humanidade de Davi. Por sermos humanos como ele, devemos aprender com a sua história para não cometermos os mesmos erros. Davi já era um rei quando se expôs à tentação no caso de Bate-seba. Era um rei, mas um rei humano. Não teria Davi esquecido esse fato naquele momento? Não estaria ele autoconfiante ao ponto de esquecer que sua estrutura era pó ( Sl 103.14)? Por sermos humanos, a Escritura diz: “Fortalecei-vos no Senhor e na força de seu poder”, Ef 6.10.

Davi, o guerreiro

“Ele adestrou as minhas mãos para o contate, de sorte que os meus braços vergaram um arco de bronze”, SL 18.34. Davi foi um guerreiro habilidoso. Mesmo durante sua primeira passagem pelo palácio real, quando ainda era um garoto, suas qualidades de guerreiro já eram vistas pelo povo. Quando Saul estava oprimido e foi aconselhado a procurar um músico, alguém se lembrou de Davi, que além da habilidade com instrumento de cordas era “forte e valente, homem de guerra” (l Sm 16.18). Em uma cultura onde manusear bem a espada era garantia de sobrevivência, Davi se destacou como um exímio guerreiro.

Todavia, é interessante observarmos que Davi atribui essa habilidade de soldado a uma graça concedida por Deus. Ele diz que foi o Senhor que “adestrou suas mãos para a batalha” (SL18.34). Davi fez muitas guerras, venceu muitas batalhas, mas ele atribui sempre essas vitórias ao Senhor (Sl 24.7-8 e S1 20.7).

Há alguns extremos que devemos evitar em toda batalha espiritual. No duelo entre Davi e Golias, observamos como Davi manteve uma visão equilibrada daquele episódio. Ele não superestimou o gigante nem tampouco o minimizou (1Sm 17.32; 34-35). Quantos guerreiros tombaram na batalha porque subestimaram o inimigo! Já vi crentes e até mesmo pregadores presunçosos desafiando o Diabo.

Pedro já era apóstolo, mas Satanás pediu para peneirá-lo. Qual a visão que devemos ter de nosso adversário? Aquela que a Escritura nos revela: “Sujeitai-vos, portanto, a Deus; mas resisti ao diabo, e ele fugirá de vós”, Tg 4.7.

A nossa vitória sobre o inimigo está diretamente relacionada à nossa submissão ao Senhor. Qualquer outra postura que vá além disso é pura presunção e, conseqüentemente, fracasso espiritual.

Davi, o poeta

Os poetas são pessoas sensíveis e isto os diferencia das demais. De fato, a Escritura mostra que uma das funções da música é proporcionar sensibilidade. Isso é visto quando o profeta Eliseu se vale da música antes de profetizar (2 Rs 3.15). A música, de certa forma, ambientou o profeta para que ele recebesse a inspiração profética naquela ocasião. Por que as poesias de Davi, conforme demonstradas nos Salmos atribuídos a ele, não são meramente poesias, mas verdadeiras mensagens proféticas? Davi era um poeta inspirado!

O livro de 2 Samuel revela que o Espírito Santo é quem está por trás da inspiração do homem segundo o coração de Deus: “O Espírito do Senhor fala por meu intermédio, e a sua palavra está na minha língua”, 2 Sm 23.2. Como seria bom se os nossos músicos fossem poetas e os nossos poetas fossem profetas!

Infelizmente, a nossa música hoje está pobre. Há bons músicos e excelentes poetas, mas essa proporção ainda é muito pequena quando se leva em conta o grande universo de cantores. A música, além da função de produzir sensibilidade espiritual, deve promover a adoração. Os Salmos de Davi são verdadeira adoração. Qualquer música que não tem esse fim é pobre.

Mas, há mais alguma coisa que devemos destacar em Davi corno músico-poeta: a sua habilidade: Ele não era apenas um poeta, mas um músico habilidoso. O vocábulo hebraico “sabe”, na expressão “sabe tocar”, significa possuir habilidade em. Davi possuía habilidade com instrumentos musicais.

Habilidade não é alguma coisa nata, isto é, que nascemos com ela, mas um hábito que se adquire. Como ser um excelente profissional, se não há dedicação para esse fim? A Bíblia destaca um dos músicos de Davi, cujo nome era Quenanias, como sendo um homem perito na sua profissão: “Quenanias, chefe dos levitas músicos, tinha o encargo de dirigir o canto, porque era perito nisso”, 1 Cr 15.22. A idéia no hebraico é de alguém que sabe o que está fazendo. Não é fazer de qualquer jeito, mas fazer bem feito.

Davi, o rei

Davi foi um rei que se diferenciou de muitos monarcas de sua época não apenas por fazer grandes conquistas e ampliar as suas fronteiras, mas pela sua forma de administrar e governar.

Davi foi acima de tudo um homem generoso. Generosidade não era algo tão comum nos monarcas do antigo oriente. Na verdade, os reis e imperadores eram tratados como semideuses ou até deuses mesmo. Basta pensarmos na cultura egípcia, que sacrificava todos os serventuários de um faraó quando este morria.

A crença era que o monarca morto continuaria reinando na eternidade e que, por isso mesmo, necessitava de súditos para o servirem. Davi foi um rei que foi servido, mas que também serviu.

“A generosidade serve como remédio contra a avareza. Quem é avarento não pode ser generoso”

Quando Davi ascendeu ao trono de Israel, o mais comum era que ele se livrasse de todos os descendentes de Saul por considerá-los uma ameaça ao seu reino. Isso já havia sido intentado por Saul quando, por inúmeras vezes, procurou matar Davi por considerá-lo uma ameaça. Seria algo considerado normal naquela cultura se Davi agisse como agiria qualquer monarca investido de sua autoridade. Todavia, o que vemos é um Davi generoso para com os seus antigos desafetos. Vejamos, por exemplo, o caso de Mefibosete, descendente da linhagem real de Saul. Quando Davi se torna rei de Israel, manda chamar Mefibosete para dentro de sua casa afim de que ele tenha o privilégio de comer na sua mesa!

Mas, quando Davi institui a lei da partilha dos despojos de guerra, ele também demonstra ser um homem extremamente generoso (l Sm 30.24). A generosidade serve como remédio contra a avareza. Quem é avarento não pode ser generoso, e quem é generoso não é avarento. Escrevendo aos coríntios, o apóstolo Paulo diz: “Portanto, julguei conveniente recomendar aos irmãos que me precedessem entre vós e preparassem de antemão a vossa dádiva já anunciada, para que esteja pronta como expressão de generosidade e não de avareza”, 2 Co 9.5.

Davi, o servo

“Porque, na verdade, tendo Davi servido à sua própria geração, conforme o desígnio de Deus, adormeceu, foi para junto de seus pais e viu corrupção”, At 13.36. Esse texto da Bíblia mostra que Davi foi um homem que viveu para servir. Ele serviu a Deus e sua própria geração. Em palavras mais simples, Davi viveu para cumprir o propósito de Deus para sua geração. Acredito que Deus deu a cada um de nós uma missão a cumprir dentro da nossa geração.

Não adianta apenas apontar os erros das gerações passadas ou ficar a imaginar o que ocorrerá com as vindouras. Necessitamos cumprir a nossa missão com esta geração, assim como Davi cumpriu com a dele. Jesus chegou até mesmo a corrigir a crença dos discípulos que estavam muito preocupados com a geração vindoura e esqueciam a deles.’Então, os que estavam reunidos lhe perguntaram: Senhor, será este o tempo em que restaures o reino a Israel?

“Respondeu-lhes: Não vos compete conhecer tempos ou épocas que o Pai reservou pela sua exclusiva autoridade; mas recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo, e sereis minhas testemunhas tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria e até aos confins da terra”, At 1.6-8. O que estamos fazendo na nossa geração? Essa é a pergunta certa que deve ser feita. Sem dúvida alguma, Davi foi um homem segundo o coração de Deus porque amou a Deus e viveu para servir. Servir à sua geração.

Ensinador Cristão 4º. Trimestre de 2009


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