18 de fevereiro de 2010

EXORTAÇÃO À SANTIFICAÇÃO – Segunda Parte

EXORTAÇÃO À SANTIFICAÇÃO – Segunda Parte

TEXTO ÁUREO = Segui a paz com todos e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor. Hb 12. 14

VERDADE PRÁTICA = Só em Cristo temos a plena vitória sobre o pecado

LEITURA BÍBLICA = I Ts 4. 1-6

INTRODUÇÃO

Um dos aspectos mais importantes da vida cristã é o focalizado na nossa lição de hoje: a santificação. Isso é da mais alta importância, porque o mundo não crerá num evangelho pregado por um povo igual a ele, em meio a impureza. Evangelho puro é evangelho de poder para salvação do pecador. Mas a mensagem poderosa não pode fluir de fontes impuras e nem passar por canais impuros. A filosofia que diz:

“Faça o que eu mando e não olhe o que eu faço”, não tem lugar na obra de Deus.

Jesus disse: “Vós sois o sal da terra” (Mt 6.13), mas alertou para que o sal não perca o seu sabor, porque se tornar insípido, para nada presta, senão para ser lançado fora e ser pisado pelos homens. Infelizmente, existem muitos que já foram sal bom, mas perderam o seu sabor, e hoje estão na lama, sendo pisados pelos homens. Deus tenha misericórdia deles!

Esta lição tem por objetivo alertar os santos para que cuidem da vida espiritual, santificando-se para que não caiam nos laços do Maligno e percam o seu sabor.

A santificação não é apenas uma doutrina, mas uma necessidade espiritual, porque sem ela ninguém verá o Senhor (Hb 12.14). Não verá o Senhor porque não herdará o céu, onde o Senhor está para sempre, com os seus santos anjos e para onde o Senhor Jesus levará os seus remidos no dia do arrebatamento da Igreja.

1. O QUE É SANTIFICAÇÃO

Considerando o lado prático da vida espiritual, a vida de santificação é aquela que em tudo procura agradar a Deus: “Finalmente, irmãos, vos rogamos e exortamos no Senhor Jesus, que, assim como recebestes de nós, de que maneira convém andar e agradar a Deus, assim andai, para que abundeis cada vez mais” (1 Ts 4.1). Santificação começa por uma mudança de caráter, para nos alinharmos com a vontade geral de Deus: “Como é santo aquele que vos chamou, sede vós também santos em toda a vossa maneira de viver” (1 Pe1.15).

1. A santificação é qual “via expressa” entre o crente e Deus, isto é, possibilita comunicação rápida, sem obstruções. O crente sem santificação precisa primeiro buscar a Deus em humilhação, para obter um reatamento de relações com Deus, e então os canais estarão abertos para comunicação com o Criador, O crente santificado, não. A qualquer hora tem os canais desimpedidos.

Assim vivendo, estaremos em contato com a sabedoria divina e recebendo instruções para o nosso viver (Tg 3.13). É maravilhoso quando podemos viver diante de Deus sendo em tudo aprovados como cidadãos dos céus (SI 15).

2. A rejeição da Imoralidade. A vontade de Deus sempre foi que o seu povo vivesse afastado das práticas e dos costumes pecaminosos, especialmente quanto a imoralidade, tão comum nos tempos bíblicos. O povo fazia preparativos trabalhosos para praticar abominações (Ez 13.18,19). Construíam altares a “Astorete” para se prostituírem após esse ídolo (2 Rs 23.13). “Astorote é plural em hebraico. O certo é “Astorete” o singular. Quando no texto do AT aparece a forma Astuto- te, trata-se de reproduções conjuntas desse ídolo, nos altares pagãos. Trata-se de uma deusa pagã aparecendo ora como irmã, ora como mulher de Baal. Em Babilônia era chamada Istar. Era deusa da fertilidade e da imoralidade.

Os filhos de Israel não cessavam de ofender a Deus com suas práticas abomináveis. Mas, se não vigiarmos, em nada seremos melhores do que eles. O povo de Deus é um povo especial: “O qual se deu a si mesmo par nós para nos remir de toda mie purificar para si um povo seu especial, zeloso de boas obras” (Tt 2.14). Pertencer a esse povo é um privilégio, mas é também uma responsabilidade. “Podes tu também dizer: Sou um dos tais?” (hino 340 H.C.).

O apego à pureza pessoal. Encontramos na Bíblia palavras que não fazem referência a santificação propriamente, mas referem- se a uma vida de elevado padrão moral, que, via de regra, leva o homem à busca da vontade de Deus. É o caso do centurião Cornélio: “Pie doso, temente a Deus, com toda a sua casa, o qual fazia muitas esmolas ao povo, e de contínuo orava a Deus” (At 10.2).

4. A santificação é a vontade de Deus. O apóstolo Paulo disse uma coisa muito sublime: “Porque vós bem sabeis que mandamentos vos temos dado pelo Senhor Jesus. Porque esta é a vontade de Deus, a vossa santificação” (1 Ts 4.2,3). Não há necessidade de mais argumentos para provar que a nossa santificação é a vontade de Deus.

II. COMO OBTER A SANTIFICAÇÃO

No tópico anterior nós vimos o que é santificação. Mas, se não soubermos como obtê-la, de nada adiantará. A santificação não é apenas um tema para ser estudado, antes é um padrão para se viver. Dois temas muito estudados, mas pouco praticados são: amor e santificação.

Vejamos como obter a santificação e busquemos colocar esses princípios em prática.

1.O crente deve fugir à tentação. O pecado mais grosseiro e a imoralidade (1 Co 6.18:20). O crente deve estar sempre vigilante para não ceder às tentações para este tipo de pecado, especialmente neste século, quando a mesma deprava que se abateu sobre Sodoma e Gomorra permeia os arraiais em que vivemos, invadindo os lares cristãos por meio da televisão, com seus programas inspirados por Satanás, glorificando o homossexualismo, o nudismo, o famigerado “amor livre” e muitas outras aberrações contrárias aos princípios estabelecidos por Deus, que criou homem e mulher (Rm 1:26-32). Estes, “são dignos de morte” (v.32). O namoro e noivado imorais, repletos de carnalidade, hoje generalizados nos lares cristãos, sob os olhares complacentes dos responsáveis pela família, é caminho largo para uma igreja morna, uma família problemática e uma sociedade decaída.

2. Apresentar a nossa vida a Deus. Paulo escreveu: “Apresentai agora os vossos membros para servirem à justiça para santificação” (Rm 6.19). Disse ainda: “Que apresenteis os vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional” (Rm 12.1). No capítulo 6 de Romanos existem três palavras chaves, que devemos examinar neste contexto:

a) sabendo (v.6); b) considerai-vos (v 11); c) apresentai (v 19). Sabendo que Cristo foi crucificado e que com ele foi desfeito o homem velho, considerai-vos mortos para o pecador, mas vivos para Deus. E por fim, apresentar agora a Ele os vossos membros como servos de justiça para santificação.

3. A ocupação da mente. Um provérbio popular diz que “mente desocupada é oficina do Diabo”. Mas isso não é totalmente verdade pois não basta ocupar a mente. É preciso ocupá-la nas coisas de Deus.

A Bíblia adverte: “Pensai nas coisas que são de cima, e não nas que são da terra; porque já estais mortos, e a vossa vida está escondida com Cristo em Deus” (Cl 3.2,3). Lemos mais ainda:. “Quanto ao mais, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é honesto, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se há alguma virtude, e se há algum louvor, nisso pensai” (Fp 4.8). Outra tradução diz: “Seja isso o que ocupe o vosso pensamento” (ARA). A mente cristã, portanto, deve estar ocupada sempre com coisas santas.

4. O cuidado com o coração. A palavra coração, nesta acepção, é o centro, o âmago, a essência do ser humano. Ë a pessoa propriamente dita. É a nossa alma e espírito com suas faculdades, e não o órgão que comanda a circulação do sangue no corpo humano. O escritor dos Provérbios alertou: “Sobre tudo o que se deve guardar, guarda o teu coração, porque dele procedem as saídas da vida” (Pv 4.23). Logo, a origem das saídas da vida, ou seja, as nossas iniciativas, decisões, escolhas, a nossa vontade, tudo deve ser controlado pelo Espírito Santo.

5. Santificação integral. Tornou-se muito popular a mensagem satânica de que Jesus quer só o coração do homem. Pensando assim, muitos dão o coração para Jesus (pelo menos dizem que o fizeram), mas o corpo todo está a serviço do Diabo. Entretanto, a Palavra de Deus determina santidade integral:

“E o mesmo Deus de paz vos santifique em tudo; e todo o vosso espírito, e alma, e corpo, sejam plenamente conservados irrepreensíveis.” (1 Ts 523). O que Deus pede de nós é tudo o que somos e temos

III. RESULTADOS ESPIRITUAIS DA SANTIFICAÇÃO

A santificação tem dois aspectos: santificação instantânea é a que o pecador recebe pela purificação do sangue de Cristo, pela obra de Cristo no Calvário, que age nele, “pois sois dele”, disse Paulo. Cristo se tornou, da parte de Deus, “sabedoria, e justiça, e santificação, e redenção” (1 Co 1.30). Mas a santificação é também progressiva, na vida cristã subseqüente à conversão. Podemos crescer em santificação buscando o poder de Deus em oração e deixando o Espírito Santo operar em nós, aplicando o seu poder santificador em nosso ser.

1. Segurança de vida eterna. Paulo esclarece em Rm 6.16, que somos escravos daquele a quem servimos: “Sois servos daquele a quem obedeceis, ou do pecado para a morte, ou da obediência para a justiça”. O termo obediência está empregado aqui como oposto de pecado, logo é sinônimo de santificação.

O crente volúvel, que um dia está na igreja; é externamente santificado demais, exigente demais, espiritual demais, tem sabedoria demais, exorta a todos, mas no dia seguinte está caldo, não tem segurança de vida’ eterna.

2. Orações respondidas. Ninguém se engane. Para ter as orações respondidas é preciso manter comunhão com o Senhor, e só será possível fazer isso através de uma vida santificada. “As vossas iniqüidades fazem divisão entre vós e o vosso Deus; e os vossos pecados encobrem o seu rosto de vós, para que vos não ouça” (Is 59.2). Não é que Deus não tome conhecimento. Ele é onisciente. Mas sua santidade absoluta não permite que dê atenção a quem ama o pecado.

3. O privilégio de ver a glória de Deus. Se não são ouvidas as orações de quem permanece em pecado; que dizer de ver a face de Deus? Mas o texto sagrado é claro: “A santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor” (Hb 12.14). Ninguém jamais viu a face do Senhor como Ele é, isto é, Deus na sua essência, na sua triunidade. Deus disse a Moisés: “Não poderás ver a minha face, porquanto homem nenhum verá a minha face e viverá” (Êx 33.20). Quando a Bíblia diz que Moisés falava com Deus face a face (vil) não quer dizer que Moisés via a face de Deus, é claro. Os salvos, já na glória verão o Senhor como Ele é (1 Jo 3.2; Ap 21.3).

IV – SANTIFICAÇÃO

Através de toda a Bíblia, a santificação tem sido um elemento essencial na relação entre Deus e seu povo. Esta qualidade de ser separado do pecado é uma característica fundamental da santidade de Deus, que tem que ser desenvolvida como parte do caráter de seus filhos. Depois de observar brevemente a importância da santificação através de toda a Bíblia, consideraremos as implicações de um texto desafiador na segunda carta de Paulo aos cristãos em Corinto.

4.1 - Deus Quer um Povo Santo

Desde a criação, Deus quis um povo santo. Ele desejou uma comunhão especial com os homens que fossem capazes de andar com ele e falar com ele numa união especial. Mas a própria natureza de Deus estabelece limites para tal associação. Seu caráter santo não pode permitir ser contaminado pelo pecado e pela corrupção. Os homens só podem estar na sua presença se forem puros.

Adão e Eva andavam no mesmo jardim que Deus, e falavam com ele. Mas logo pecaram e perderam esta convivência especial. Foram expulsos do jardim do Éden ­separados de Deus­ o que foi a morte espiritual que Deus havia prometido como conseqüência do pecado (Gênesis 2:17; 3:23-24). Povo sem santidade não podia permanecer na presença do santo Deus.

Depois que gerações de pecadores morreram num mundo corrompido, Deus escolheu os descendentes de Abraão para serem um povo santo. Ele os separou da má influência dos senhores egípcios e preparou uma terra onde poderiam habitar livres da corrupção dos povos idólatras. Ele até mesmo lhes deu uma lei especial, que ressaltava a distinção entre o puro e o impuro. Deus explicou a necessidade da pureza deles quando lhes deu essa lei:

"Eu sou o Senhor, vosso Deus; portanto, vós vos consagrareis e sereis santos, porque eu sou santo. . . Eu sou o Senhor, que vos faço subir da terra do Egito, para que eu seja vosso Deus; portanto, vós sereis santos, porque eu sou santo" (Levítico 11:44-45).

Contudo, o povo que Deus havia selecionado excepcionalmente e resgatado não permaneceu santo. Os israelitas repetidamente exibiram seu pecado aos olhos de Deus. Ele às vezes avisou que poderia entrar no meio da congregação pecaminosa e destruir o povo (Êxodo 33:5; Números 16:44-45). Por quê? Simplesmente porque não pode haver comunhão entre a santidade de Deus e a impureza do homem. O homem tem que ser purificado, ou morrerá (veja Isaías 6:1-7).

Deus ainda quer um povo santo, e providenciou, através de Cristo, o meio de purificar os pecadores para servirem-no. Os cristãos são o povo santo de Deus (1 Pedro 2:5,9). Aqueles que se dizem ser seguidores de Jesus deverão conduzir-se como um povo santificado e purificado da impureza do mundo.

4.2 - A SANTIFICAÇÃO É ESSENCIAL PARA TER COMUNHÃO COM DEUS == (2 Coríntios 6:14 - 7:1)

A igreja em Corinto estava rodeada de imoralidade e falsa religião. Os cristãos eram freqüentemente tentados a voltar às más práticas do mundo. Paulo entendeu esta tentação quando lhes escreveu cartas de encorajamento. Consideremos seu ensinamento em 2 Coríntios 6:14 - 7:1.

Paulo ensinou que o pecado não tem lugar na vida do cristão. Nos versículos 14 e 15 ele disse: "Não vos ponhais em jugo desigual com os incrédulos; porquanto que sociedade pode haver entre a justiça e a iniqüidade? Ou que comunhão, da luz com as trevas? Que harmonia, entre Cristo e o Maligno? Ou que união, do crente com o incrédulo?" Encontramos nestes versículos uma lista de coisas que são totalmente opostas. Paulo não encoraja a nenhum tipo de compromisso. Ele não nos diz que um pouco de mal pode coexistir com a justiça. Em vez disso, mostra que não pode haver nenhuma tolerância do pecado na vida de um cristão. Os cristãos pecam (1 João 1:8,10), mas temos que admitir esses erros e procurar o perdão de Deus para manter a comunhão com ele (1 João 1:9; 2:1).
Certas religiões e filosofias orientais ensinam que o bem tem que ser contrabalançado pelo mal e que cada bem é manchado por alguma quantidade de mal. Tais idéias contradizem frontalmente o ensinamento da Bíblia. Bem e mal são distintos e não podem existir em harmonia. Os discípulos de Cristo não podem comprometer-se com o erro. Esta santificação é baseada em nossa relação com Deus. Paulo continuou nos versículos 16 a 18 a dizer que a base para esta santificação é nossa relação com Deus. Nestes versículos, ele usa a linguagem das passagens do Velho Testamento para mostrar que Deus ainda deseja um povo santo:

"Que ligação há entre o santuário de Deus e os ídolos? Porque nós somos santuário do Deus vivente, como ele próprio disse: Habitarei e andarei entre eles; serei o seu Deus, e eles serão o meu povo. Por isso, retirai-vos do meio deles, separai-vos, diz o Senhor; não toqueis em cousas impuras; e eu vos receberei, serei vosso Pai, e vós sereis para mim filhos e filhas, diz o Senhor Todo-Poderoso."

O desejo básico de Deus permanece inalterado. Ele quer ter íntima comunhão com seu povo santo. Mas um Deus puro não pode ter amizade com pecado; portanto, temos que separar-nos do mal e da impureza. Mas, para que não vejamos isto como uma tarefa desagradável de renúncia, teremos que nos lembrar do grande privilégio que é descrito aqui, especialmente no versículo 18. O Deus Todo-Poderoso do universo, nosso grande Criador e Redentor, quer ser nosso Pai. Os cristãos têm imenso privilégio de serem chamados filhos e filhas do próprio Deus!

Que faremos para aproveitar desta abençoada amizade com Deus? O primeiro versículo do capítulo 7 oferece a conclusão prática desta passagem: "Tendo, pois, ó amados, tais promessas, purifiquemo-nos de toda impureza, tanto da carne como do espírito, aperfeiçoando a nossa santidade no temor de Deus."

Por causa do grande privilégio de sermos chamados filhos e filhas de Deus, temos que nos purificar de toda impureza. Não apenas 50%, 90% ou 99% do pecado, mas de toda imundície. Por quê? Por causa de nosso respeito a Deus. Ele merece nosso serviço de santificação. Temos que ser limpos de que tipos de impureza? Paulo menciona duas amplas categorias de pecado que têm que ser expurgadas de nossas vidas:

Impureza da carne. Isto incluiria todas as formas de imoralidade e mundanismo. Pecados sexuais, embriaguez, desonestidade e todas as outras características da carne têm que ser abandonadas. Pessoas que praticam tais coisas não terão permissão para entrar na eterna comunhão com Deus (veja Gálatas 5:19-21; 1 Coríntios 6:9-11; Apocalipse 21:8).

Impureza do espírito. Impureza espiritual e religiosa também têm que ser removidas de nossas vidas. Os cristãos em Corinto estavam rodeados pela idolatria, por isso Paulo usou este exemplo específico. Estamos rodeados de uma variedade de doutrinas humanas e filosofias, práticas de espiritismo, adoração de santos e de imagens, etc. O verdadeiro cristão não pode continuar a participar de tais práticas impuras.

Temos que limpar-nos de qualquer mal deste tipo (1 Coríntios 10:14), adorando somente a Deus (Mateus 4:10). Nossa adoração a Deus tem que ser de acordo com sua verdade (João 4:24). Sem nos santificar, não teremos comunhão com o Senhor que morreu por nós.

4.3 – APLICAÇÕES EM NOSSA SOCIEDADE

Vivemos num mundo que tem sido manchado, por milhares de anos, pelo pecado. Estamos rodeados por violência, pornografia, desonestidade e falsa religião. Deus não pretende que nos isolemos deste mundo (João 17:14-21), mas que fujamos dos seus pecados (1 Timóteo 6:11) e brilhemos como luzes num mundo de trevas (Mateus 5:14-16). Nunca foi fácil viver como povo santificado num mundo de corrupção e injustiça, mas é possível. Jesus provou isso durante uma vida de pureza sem pecado. É nossa responsabilidade seguir seus passos:

"Porquanto para isto mesmo fostes chamados, pois que também Cristo sofreu em vosso lugar, deixando-vos exemplo para seguirdes os seus passos, o qual não cometeu pecado, nem dolo algum se achou em sua boca" (1 Pedro 2:21-22)

V - SEPARAÇÃO — SEU PRINCIPIO E PROMESSA = (2 Co 6.14—7.1)

Agora são os cristãos o novo povo escolhido de Deus, restaurado do cativeiro e da corrupção do pecado por meio da morte de Cristo. São membros de um sacerdócio real (1 Pe 2.9). São os novos vasos do Senhor (At 9.15; 2 Co 4.7). Permanece porém o mesmíssimo perigo. O novo povo de Deus por meio do descuido e da comunhão com o mundo, pode também retornar ao cativeiro do pecado, e, portanto, ser abandonado por Deus.

Em vista disto, Paulo faz seu apelo, apresentando dois argumentos para a realidade desta separação entre a Igreja e o mundo.

5.1 - O Argumento do Jugo Desigual (vv.13-16)

Paulo começa, exortando os coríntios: “Não vos ponhais em jugo desigual com os incrédulos” (6.14). Paulo apresenta o quadro de um crente e um descrente, colocados juntos no mesmo jugo. As naturezas dos dois são diferentes. Logo, unir os dois é uma contradição. É pois inadmissível que um cristão queira comungar com qualquer pessoa que se oponha ao Senhor, a quem o crente serve.

Podemos pensar em exemplos nos quais pode ser aplicado o princípio da separação, como: casamento, namoro, amigos, iniciação religiosa ou sociedade secreta, sociedade no comércio e na religião falsa. Relacionamentos tais como estes devem ser evita-. dos, porque isto significa unir-se aqueles que não querem amar, nem obedecer a Cristo. A Bíblia não condena o contato com os não crentes mas, sim, a comunhão com eles.

5.2 - Paulo faz cinco indagações, que merecem a nossa consideração.

1. “. .. porquanto, que sociedade pode haver entre a justiça e a iniqüidade (literalmente ilegalidade)?” (v.14). Aqui temos uma comparação do estado espiritual do crente e do descrente. O crente dedica-se à retidão, e o descrente, à iniqüidade. Estas condições estão sempre em mútua oposição. A atitude do cristão para com a iniqüidade deve ser dê ódio: “Amaste a justiça e odiaste a iniqüidade” (Hb 1.9). Não se trata de odiar o descrente, mas odiar o mal.

2. “Que comunhão da luz com as trevas?” (v.14). Nada• pode ser mais inconcebível do que a luz unir-se às trevas, ou o cristão querer permanecer fiel a Cristo, e, ao mesmo tempo, ter comunhão com o mundo.

3. “Que harmonia entre Cristo e o Maligno. (v.15). Cristo veio para salvar, e o Maligno, para.destruir. Ele, sempre procura anular o propósito de Deus. O contraste mais uma vez é total.

4. “Que união entre o crente e o incrédulo?” (v.15). A vida do descrente é centralizada no seu “eu”; a do crente, em Cristo, O tesouro do descrente está •na terra; a do crente, no céu. Os bens do primeiro estão neste mundo; os do segundo, estão no porvir, O crente busca a glória de Deus; o descrente busca a glória dos homens.

5. “Que ligação ha entre o santuário de Deus e os ídolos?” (v. 16). O templo era, no Antigo Testamento, o lugar da habitação de Deus entre o Seu povo. O judeu preferia morrer a ver o templo profanado. Muito mais o cristão que é •o templo vivo de Deus.

5.3 - O Argumento Baseado na Promessa (vv.17,18)

Paulo confirma o que está dizendo, mediante uma citação do Antigo Testamento, que para ele é autoridade absoluta. “Por isso, retirai—vos do meio deles, separai-vos, diz o Senhor; no toqueis em coisas impuras; e eu vos receberei, serei vosso Pai, e v6s sereis para mim filhos e filhas, diz o Senhor Todo-Poderoso’ (vv. .17,18).

A separação aqui é essencial para recebermos as bênçãos de Deus e termos comunhão com Ele.

Vemos que a. recompensa da separação é termos o próprio Deus, com toda a sua proteção. e cuidado paternal. Que vergonhoso é que inúmeros crentes sejais amantes dos prazeres desta geração, pratiquem os métodos mundanos nos negócios, e vivam em comunhão com incrédulos,de modo que Deus não pode operar neles! Trocam a glória e o beneplácito de Deus pelas coisas desta vida, e preferem o prazer passageiro do mundo ao tesouro celestial permanente. Paulo exorta os fiéis a renunciarem tudo o que, no corpo e no espírito é contrário à nossa justiça em Cristo. Quanto a nós, pregadores do Evangelho, devemos pregar a separação entre o crente e o mundo e seus males, e nada de meio termo neste assunto..

VI - SEPARAÇÂO - SUA BASE E PROPÓSITO = (2 Co 6.14 — 7.1)

Tendo falado aos coríntios do seu ministério sem mácula, e provado o seu amor para com eles, Paulo está agora em condições de adverti-los quanto ao perigo do mundanismo com que se defrontam. Admoesta-os a sempre manterem a distância que deve haver entre o modo de vida do cristão e o do mundo. Sabia que os coríntios viviam num ambiente de paganismo e corriam o perigo de se fazerem presa do mundanismo pecaminoso de então.

O mesmo perigo dos dias de Paulo enfrentamos hoje. Vivemos em meio- a uma sociedade controlada por Satanás, pela descrença, e pela imoralidade. A mesma exortação de separação é válida para nós, da Igreja de hoje, a fim de não transigirmos quanto aos princípios bíblicos segundo: os quais devemos viver.

Muitos, ao ouvirem este assunto da separação do mundo, bradam logo: “Mente fechada! Farisaísmo! Por que não posso fazer isso? O que há de mais? Não vejo nada de errado!” O caminho da separação do mundo é o caminho para a plenitude da bênção de Deus em Cristo, conforme passaremos a ver.

6.1 - A “Separação” no Antigo Testamento

O que Paulo tem em mente vai muito além do que qualquer situação. local em Corinto. Trata-se de uma verdade fundamental exposta no Antigo Testamento, revelando a vontade de Deus para Seu povo. No trato de Deus com o Seu povo, Seu anseio constante era que ele fosse um povo para Seu próprio deleite e glória.

O desagrado de Deus verifica-se no fato de que o povo não buscava esta privilegiada posição. Ao contrário, sempre se voltava para o mundo. A chamada de Deus à separação e à consagração era incessante. A sumula do apelo de Deus mediante Isaías, õ profeta, é: “Retirai-vos, retirai-vos, sai de lá, não toqueis coisa imunda; sai do meio dela, purificai-vos, os que levais os utensílios do Senhor” (Is 52.11).

Assim os profetas clamavam para os exilados em Babilônia. Foi também a palavra de Deus a Salomão, enquanto este dedicava o templo: “Se o meu povo, que se chama pelo meu nome, se humilhar, orar e me buscar, e se converter dos seus maus caminhos, então eu ouvirei dos céus, perdoarei os seus pecados e sararei a sua terra” (2 Cr 7.14).

6.2 - Separação - Seu Propósito

O mundo, as suas coisas e o seu espírito, estão sob o controle de Satanás, e sempre se opõem à natureza e Espírito de Deus. Satanás é o Deus deste mundo, e portanto opera através dele contra Cristo e a Igreja. A separação que Deus requer, abrange dois aspectos bem claros:

1. A preservação do seu povo. Deus sabe que seu povo não lhe será fiel se permitir que o espírito do mundo permaneça na sua vida. O mundanismo é sutil, e entra gradativamente. Em primeiro lugar vem a amizade com o mundo (Tg 4.4); depois, vem o amor ao mundo (1 Jo 2 .15—17) ; surge, então, a conformidade com o mundo (Rm 12.1 , 2).

Depois de terem sido dados esses passos, o crente perde a sua fé, adota os costumes mundanos e anda no caminho dos ímpios. A história de Israel dá irrefutável testemunho deste perigo.

2. A exclusividade do seu amor. Deus quer ocupar a totalidade do coração do homem. Na pessoa de Jesus Cristo, Deus deu-nos tudo, e não aceitará nada menos de quê tudo em troca. Seu amor não aceita rival. Este amor é ilustrado, quantas vezes, no Antigo Testamento: “Diz o Senhor: . . . eu sou o vosso esposo” (Jr 3.l4) “Teu criador é o teu marido... “ (Is 54. 5). Este amor nunca ficara satisfeito, a não ser com o nosso coração inteiro em troca.Vimos, portanto, que nosso Texto está firmado numa revelação do Antigo Testamento, ratificada no Novo Testamento. O crente recebeu a graça de Crista, mas esta graça pode ser dissipada e anulada, caso ele se misture com o mundo.

VII - SEPARAÇÃO - SEUS MOTIVOS E RESPONSABILIDADES = (2 Co 7.1)

o versículo acima resume tudo o que Paulo declarou no capítulo 6, acerca da santificação, isto é, o crente deve levar urna vida separada das coisas do mundo e seus males. Ele mostra aqui. que a separação bíblica do crente não envolve apenas o lado externo humano, mas também o seu espírito. “Tendo,, pois, J amados, tais promessas, purifiquemo-nos de toda impurezas, tanto da carne, como do espírito, aperfeiçoando a nossa santificação no temor de Deus” (2 Co 7.1)

7.1 - Dois Motivos Para a Separação do Crente

“Amados” — Paulo emprega este termo carinhoso, demonstrando aos coríntios o seu contínuo amor por eles, e, conseqüentemente, lembrando—lhes do amor que lhe devem, como também ao Senhor O cristão separa-se do mundo porque ama a Cristo. Se nós O amamos, obedecemos aos seus mandamentos e procuramos agradar-lhe em tudo quanto fazemos. O segundo motivo que Paulo apresenta é o “temor do Senhor - A mistura do crente com o mundo resultará em perda de galardão, de posição no céu, na presença de Deus. Amor e temor andam de mãos dadas. “O amor é o lado positivo; o temor, o negativo; o amor motiva a pessoa a fazer aquilo que agrada a Deus; o temor leva a pessoa a não fazer o que desagrada a Deus. Um não age sem o outro” (R.C. Lenski, 1 e 2 Coríntios, pág. 1092)

7.2 - Duas Responsabilidades

Devemos purificar-nos de toda impureza, e aperfeiçoar a nossa santificação. A purificação refere-se ao lado negativo, e deve ser constante na vida. “a ái mesmo guardar-se incontaminado do mundo” (Tg l.27). O cristão santificado sabe que existe coisas às quais sempre dirá “não”. Recusar-se-á envolver-se em qualquer coisa pecaminosa. Resistirá à tentação. Sempre estará oposto a tudo que não agrada a Deus, e não deverá haver qualquer capitulação. O propósito não é somente purificar-nos, mas também chegarmos a uma santidade positiva; até que lhe agrademos em pensamentos, desejos, atitudes e orações. À medida em que nos separamos do mundo e nos consagramos a Deus, Ele haverá de aperfeiçoar a santidade em nós.

7.3 - Dois Tipos de Pecado

Paulo menciona dois tipos de impureza espiritual os pecados da carne e os pecados do espírito. Os da carne são pecados cometidos por meio da ação, que requerem o uso do corpo. Os do espírito são idéias, filosofias, doutrinas e atitudes falsas. Estes últimos são piores do que os primeiros. Quase sempre não são reconhecidos como pecado e por isso são mais difíceis de ser purificados. Logo, ser separado do mundo não é somente conformar-se com a vontade de Deus nos atos externos, mas também ser purificado de más atitudes e maus desejos do coração e da mente. Não e somente viver separado do mundo, mas também viver em harmonia com a vontade de Deus e Seu amor. É submeter—se a Deus em todos os momentos, dar-lhe toda glória e, dedicar-se à sua causa. Isto importa em recusar tudo que venha perturbar e interromper a nossa comunhão com Ele.

7.4 - Algumas Observações Práticas

O cristão está no mundo, mas não deve viver segundo o mundo. Deve reconhecer que o sistema de vida e ação do mundo é satânico e oposto a Cristo. Segue-se uma lista parcial das impurezas mundanas das quais o cristão deve manter-se á parte.

1. Os desejos do mundo. A maior tentação sempre virá através do desejo (Rm 8). O Espírito guerreia contra a inclinação da carne. Os prazeres sexuais ilícitos, o materialismo quanto a riquezas, grandeza, poder, fama e glória humana, devem ser rejeitados.

2. O prazer do mundo. O mundo sempre está buscando o prazer. Pouca coisa existe sobre renúncia e sacrifício por amor aos outros. O cristão deve vigiar para não ser envolvido na busca do prazer que não agrada a Deus, ou ter prazer nessas coisas. Coisas tais como a pornografia, a bebida, o carnaval, etc., não devem jamais manchar o espírito do cristão, o qual deve testar-se e perguntar a si mesmo se sente prazer no pecado e na iniqüidade, inclusive através do olhar, e ouvir com prazer as coisas que o mundo oferece.

3. Vestir-se como o mundo. O mundo não se vestirá a fim de agradar a Deus, mas, sim, somente a si mesmo. E já que o prazer imoral é tão admirado, copiado e promovido, normalmente o povo do mundo se veste para atrair atenção e interesse para seu próprio corpo. O cristão não deve aceitar isto. Pelo contrário, suas roupas devem ser modestas e decentes e nunca um meio para atrair a atenção para o corpo. Isto não significa ir para o legalismo, porque isso prejudicará o Evangelho.

4. Pensar como o mundo. O cristão rejeitará as vás ideologias e conceitos puramente humanos, bem como o modo dê pensar do mundo ímpio. As falsas filosofias, tais como o humanismo, e tudo quanto ele acarreta, não devem ser aceitas.

5. Agir segundo o mundo. O cristão não procura louvor, glória, honra e posição da maneira como õ mundo faz. Pelo contrário, procura servir a Deus com humildade. Deste modo Deus o abençoará segundo a Sua vontade.

6. Atitudes mundanas. Atitudes de orgulho, auto-suficiência, rebeldia e desrespeito aos pais e às autoridades, nada tem com o cristão.

7. Métodos do mundo. Métodos pecaminosos do mundo, usados pelo crente para atingir seus propósitos: a mentira, o logro, a falsificação de informações, e a auto-exaltação. O crente não age desta maneira.

Apresentamos a seguir, algumas das perguntas que o crente deve considerar para determinar o que é ofensivo a Deus, ou não.

O que penso, digo ou faço,

- contribui para a glória de Deus?

- tem aparência do mal?

- pode fazer um cristão cair?

- dificulta a minha vida de oração?

- contribui para paralisar meu apetite pelas coisas espirituais?

- intranqüiliza a minha consciência?

- aprova algo que Cristo morreu para desfazer?

- é motivo de vergonha, se vier a publico e, no Juízo Final?

CONCLUSÃO

A santificação pode significar uma outra experiência específica e decisiva, à parte da salvação inicial. O crente pode receber de Deus uma clara revelação da sua santidade, bem como a convicção de que Deus o está chamando para separar-se ainda mais do pecado e do mundo e a andar ainda mais perto dEle (2 Co 6.16-18). Com essa certeza, o crente se apresenta a Deus como sacrifício vivo e santo e recebe da parte do Espírito Santo graça, pureza, poder e vitória para viver uma vida santa e agradável a Deus (Rm 12.1,2; 6.19-22). Amém

Elaboração pelo:- Evangelista Isaias Silva de Jesus

Igreja Evangélica Assembléia de Deus Ministério Belém Em Dourados – MS

EETAD - Epístolas Paulinas III - 1 e 2 Coríntios

Bíblia de Estudo Pentecostal

Lições bíblicas CPAD 1983

estudosdabiblia.net

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