12 de novembro de 2010

A Oração da Igreja e o Trabalho do Espírito Santo

A Oração da Igreja e o Trabalho do Espírito Santo


TEXTO ÁUREO = “E perseveravam na doutrina dos apóstolos, e na comunhão, e no partir do pão, e nas orações” (At 2.42).


VERDADE PRÁTICA = A expansão contínua do evangelho completo é um distintivo da igreja que não se descuida da oração.


INTRODUÇÃO


O ESPÍRITO SANTO NA IGREJA


O advento do Espírito. O que ocorreu no Pentecoste.


O Salvador existia antes de sua encarnação e continuou a existir depois de sua ascensão; mas durante o período intermediário exerceu o que poderíamos chamar sua missão “temporal” ou dispensacional, e para cumpri-la veio ao mundo e, havendo-a efetuado, voltou para o Pai. Da mesma maneira o Espírito veio ao mundo em um tempo determinado, para uma missão definida, e partirá quando sua missão tiver sido cumprida. Ele veio ao mundo não somente com um propósito determinado, mas também por um tempo determinado.

Nas escrituras encontramos três dispensações gerais, correspondendo às três Pessoas da Divindade, O Antigo Testamento é a dispensação do Pai; o ministério terrestre de Cristo é a dispensação do Filho; e a época entre a ascensão de Cristo e sua segunda vinda é a dispensação do Espírito. O ministério do Espírito continuará até que Jesus venha, depois virá outro ministério dispensacional. O nome característico do Espírito durante essa dispensação é “o Espírito de Cristo”.

Toda a Trindade coopera na plena manifestação de Deus durante essas dispensações. Cada um exerce um ministério terrenal: o Pai desceu no Sinal; o Filho desceu na encarnação; o Espírito desceu no dia de Pentecoste. O pai recomendou o Filho (Mat. 3:17); o Filho recomendou o Espírito (Apo. 2:11), e o Espírito testifica do Filho (João 15:26). Como Deus, o Filho cumpre para com os homens a obra de Deus o Pai, assim o Espírito Santo cumpre para com os homens a obra de Deus o Filho.

John Owen, teólogo do século dezessete, demonstra como, através das dispensações, há certas provas de ortodoxia relacionadas com cada uma das três Pessoas. Antes do advento de Cristo, a grande prova era a unidade de Deus, Criador e Governante de tudo. Depois da vinda de Cristo a grande questão era se a igreja, ortodoxa quanto ao primeiro ponto, receberia agora o Filho divino, encarnado, sacrificado, ressuscitado e glorificado, segundo a promessa. E quando a operação desse teste quanto à divindade de Cristo havia reunido a igreja de crentes cristãos, o Espírito Santo tornou-se proeminente como a pedra de toque da verdadeira fé.

“O pecado de desprezar sua Pessoa e de rejeitar sua obra na atualidade é da mesma natureza da idolatria da antiguidade, e da rejeição da Pessoa do Filho por parte dos judeus.” Assim como o eterno Filho encarnou-se em corpo humano no seu nascimento, assim também o Espírito eterno se encarnou na igreja que é seu corpo. Isso ocorreu no dia de Pentecoste, “o nascimento do Espírito”. O que foi a manjedoura para o Cristo encarnado, assim foi o cenáculo para o Espírito.


Notemos o que ocorreu nesse memorável dia.


(a) O nascimento da igreja. “E, cumprindo-se o dia de Pentecoste.” Pentecoste era uma festa do Antigo Testamento que se comemorava cinqüenta dias depois da Páscoa, razão porque era chamado “Pentecoste”, que significa “cinqüenta”. (Vide Lev. 23: 15-21.) Notemos sua posição no calendário de festas:

1) Primeiro vinha a festa da Páscoa, que comemorava a libertação de Israel do Egito na noite em que o anjo da morte matou os primogênitos egípcios enquanto o povo de Deus comia o cordeiro em suas casas assinaladas com sangue. Isto é um tipo da morte de Cristo, o Cordeiro de Deus, cujo sangue nos protege do juízo de Deus.

2) No sábado após a noite Pascal um molho de cevada, previamente disposto, era segado pelos sacerdotes e oferecido perante Jeová como as primícias da colheita. A regra era que a primeira parte da colheita devia ser oferecida a Jeová em reconhecimento do seu domínio e propriedade. Depois disso, o restante da colheita podia ser segado. Isto é um tipo das “primícias dos que dormem” (1 Cor. 15:20). Cristo foi o primeiro a ser segado do campo da morte e a ascender ao Pai para nunca mais morrer. Sendo as primícias, ele é a garantia de que todos os que crêem nele o seguirão na ressurreição para a vida eterna.

3) Quarenta e nove dias deviam contar-se desde a oferta desse molho movido, e no qüinquagésimo dia o Pentecoste dois pães (os primeiros pães feitos da nova colheita de trigo), eram movidos perante Deus. Antes que se pudessem fazer pães para comer, os primeiros deviam ser oferecidos a Jeová em reconhecimento de seu domínio sobre o mundo. Depois disso, outros pães podiam ser assados e comidos. O seguinte é o significado típico: Os cento e vinte no cenáculo eram as primícias da igreja cristã, oferecidas perante o Senhor pelo Espírito Santo, cinqüenta dias depois da ressurreição de Cristo. Era o primogênito dos milhares e milhares de igrejas que desde então têm sido estabelecidas durante os últimos dezenove séculos.


(b) A evidência da glorificação de Cristo. A descida do Espírito Santo foi um “telegrama” sobrenatural, por assim dizer, anunciando a chegada de Cristo à destra do Pai. (Vide Atos 2:23.). Um homem perguntou a seus sobrinhos enquanto estes estudavam a sua lição da Escola Dominical: “Como sabem vocês que sua mãe esta lá em cima?”

“Eu a vi subir a escada”, disse um.

“Você quer dizer que a viu começar a subir”, disse o tio.

“Talvez ela não tenha chegado lá, e ela pode não estar lá agora, mesmo que tenha estado lá.”

“Eu sei que ela está lá”, afirmou o menor, “porque fui ao pé da escada, chamei-a e ela me respondeu.” Os discípulos sabiam que seu Mestre havia ascendido, porque ele lhes respondeu pelo “som do céu”!


(c) A consumação da obra de Cristo. O êxodo não se completou senão cinqüenta dias mais tarde, quando, no Sinai, Israel foi organizado como povo de Deus. Da mesma maneira, o beneficio da expiação não foi consumado, no sentido pleno, até ao dia de Pentecoste, quando o derramamento do Espírito Santo foi um sinal de que o sacrifício de Cristo foi aceito no céu, e que o tempo de proclamar sua obra consumada havia chegado.


(d) A unção da igreja. Assim como o batismo do Senhor foi seguido por seu ministério na Galiléia, assim também o batismo da igreja foi um preparatório para um ministério mundial; um ministério, não como odeie, criador duma nova ordem de coisas, mas um de simples testemunho; entretanto, para ser levado a cabo unicamente pelo poder do Espírito de Deus.


(e) Habitação na igreja. Depois da organização de Israel no Sinai, Jeová desceu para morar no meio deles, sendo sua presença localizada no Tabernáculo. No dia de Pentecoste o Espírito Santo desceu para morar na igreja como um templo, sendo sua presença localizada no corpo coletivo e nos cristãos individuais. O Espírito assumiu seu oficio para administrar os assuntos do reino de Cristo. Esse fato é reconhecido.em todo o livro de Atos; por exemplo, quando Ananias e Safira mentiram a Pedro, em realidade mentiam ao Espírito Santo que morava e ministrava na igreja.


(f) O começo duma nova dispensação. O derramamento pentecostal não foi meramente uma exposição miraculosa de poder com a intenção de despertar a atenção e convidar a que se inquirisse acerca da nova fé. Foi o princípio duma nova dispensação. Foi o advento do Espírito, assim como a encarnação foi o advento do Filho. Deus enviou seu Filho, e quando a missão do Filho havia sido cumprida, ele enviou o Espírito do seu Filho para continuar a obra sob novas condições.


O ministério do Espírito Santo.


O Espírito Santo é o representante de Cristo; a ele está entregue toda a administração da igreja até a volta de Jesus. Cristo sentou-se no céu onde Deus “sobre todas as coisas o constituiu como cabeça da igreja”, e o Espírito desceu para começar a obra de edificar o corpo de Cristo. O propósito final do Consolador é o aperfeiçoamento do corpo de Cristo. A crença na direção do Espírito estava profundamente arraigada na igreja primitiva.

Não havia nenhum aspecto da vida em que não se reconhecesse seu direito de dirigir, ou em que não se sentisse o efeito de sua direção. A igreja entregou inteiramente sua vida à direção do Espírito; ela continuou a rejeitar as formas fixas de adoração, até que no fim do século, a influência do Espírito começou a declinar e as práticas eclesiásticas ocuparam o lugar da direção do Espírito.


A direção do Espírito é reconhecida nos seguintes aspectos da vida da igreja:


(a) Administração. Os grandes movimentos missionários da igreja primitiva foram ordenados e aprovados pelo Espírito. (Atos 8:29; 10:19, 44; 13:2, 4.)

Paulo estava consciente de que todo o seu ministério era inspirado pelo Espírito -

Santo. (Rom. 15:18, 19.). Em todas as suas viagens ele reconhecia a direção do

Espírito. (Atos 6:3; 20:28.)


(b) Pregação. Os cristãos primitivos estavam acostumados a ouvir o Evangelho pregado “pelo Espírito Santo enviado do céu” (1 Ped. 1:12), o qual recebiam “com gozo do Espírito Santo” (1 Tess. 1:6). “Porque nosso Evangelho nõo foi a vós somente em palavras, mas também em poder, e no Espírito Santo, e em muita certeza” (1 Tess. 1:5). O pastor A. J. Gordon, há muitos anos fez a seguinte declaração: “Nossa época está perdendo seu contacto com o sobrenatural: o púlpito está descendo ao nível da plataforma secular.”


(c) Oração. Jesus, tal qual João, ensinou a seus discípulos um modelo de oração como guia em suas petições. Porém, antes de partir, ele falou de nova classe de oração, oração “em meu nome” (João 16:23), não repetindo seu nome como uma espécie de superstição, mas, sim, como um modo de se aproximar de Deus, unido espiritualmente a Cristo pelo Espírito. Desse modo oramos como se Jesus mesmo estivesse na presença de Deus. Paulo fala de “orando em todo o tempo com toda a oração e súplica no Espírito” (Efés. 6:18). Judas descreve os verdadeiros cristãos como “orando no Espírito Santo” (v. 20). Em Romanos 8: 26, 27, lemos que o Espírito está fazendo em nós o mesmo que Cristo está fazendo por nós no céu, isto é, está intercedendo por nós. (Heb. 7:25.) Assim como na terra Cristo ensinou a seus discípulos como deviam orar, da mesma maneira, hoje, ele ensina a mesma lição por meio do Consolador ou Ajudador. Naquele tempo foi por uma forma externa; agora é por uma direção interna.


(d) Canto. Como resultado de ser cheios do Espírito, os crentes estarão “falando entre vós em salmos e hinos, e cânticos espirituais; cantando e salmodiando ao Senhor no vosso coração” (Efés. 5:18,19). “Falando entre vós” significa o canto congregacional. “Saímos”pode se referir aos salmos do Antigo Testamento, os quais eram cantados; “cânticos espirituais” denotam expressões espontâneas de melodia e louvor inspiradas diretamente pelo Espírito Santo.


(e) Testemunho. Na igreja primitiva não existia essa linha de separação entre o ministério e o povo leigo que hoje em dia se observa na cristandade. A igreja era governada por um grupo ou concílio de anciãos, mas o ministério de expressão pública não estava estritamente limitado a eles.

A qualquer que estivesse dotado com algum dom do Espírito, quer fosse profecia, ensino, sabedoria, línguas ou interpretação, lhe era permitido contribuir com sua parte no culto. A metáfora “corpo de Cristo” descreve bem o funcionamento da adoração coletiva sob o controle do Espírito. Isso traz à nossa mente a cena dum grupo de membros, um após outro, contribuindo com sua função particular no ato completo da adoração, e todos, igualmente, dirigidos pelo mesmo poder animador.


A ascensão do Espírito.


O que é certo de Cristo é certo do Espírito. Depois de concluir sua missão dispensacional, ele voltará ao céu num corpo que ele criou para si mesmo, esse “novo homem” (Efés. 2: 15), que é a igreja, o seu corpo. A obra distintiva do Espírito é “tomar deles um povo para o seu nome” (de Cristo) (Atos 15:14), e quando isso for realizado e houver “entrado a plenitude dos gentios” (Rom. 11:25), terá lugar o arrebatamento da igreja que, nas palavras do pastor A. J. Gordon, é “o Cristo terreal (1 Cor. 12:12,27) levantando-se para encontrar o Cristo celestial”. Assim como Cristo finalmente entregará seu reino ao Pai, assim também o Espírito Santo entregará sua administração ao Filho. Alguns têm chegado à conclusão de que o Espírito já não estará no mundo depois que a igreja for levada. Isso não pode ser, porque o Espírito Santo, como Deidade, é onipresente. O que sucederá é a conclusão da missão dispensacional do Espírito como o Espírito de Cristo, depois da qual ainda permanecerá no mundo com outra e diferente relação.


A Oração na Igreja em Expansão


A severa perseguição que se seguiu ao martírio de Estevão espalhou os crentes em todas as direções. Lucas nos dá exemplos do que deve ter acontecido em muitos lugares, quando descreve o ministério de Filipe, em Samaria, e o de Pedro, na Judéia. Visto que os crentes enfrentavam a perseguição com incessantes orações (por exemplo, At 12.5), podemos estar seguros de que, mediante a oração e orientação do Espírito, a Grande Comissão foi coroada de êxito em lugares acerca dos quais Lucas nada menciona. Atos, entretanto, deixa transparecer alguns indícios (At 9.31; 12.24; 15.3; 21.4; 28.14), incidindo a última parte do livro sobre a missão efetuada pelo apóstolo Paulo entre os povos gentílicos.

Assim que os crentes foram dispersos de Jerusalém, Filipe foi à cidade de Samaria, onde pregou (At 8.4). Nessa cidade, aconteceu um glorioso despertamento espiritual. Espíritos malignos eram expulsos, milagres podiam ser vistos e muita gente experimentava curas sobrenaturais. Em toda a cidade havia muita alegria. Entretanto, o Espírito Santo ainda não descera sobre nenhum deles.

Os apóstolos, pois, que estavam em Jerusalém, ouvindo que Samaria recebera a palavra de Deus, enviaram para lá Pedro e João. Os quais, tendo descido, oraram por eles para que recebessem o Espírito Santo. (Porque sobre nenhum deles tinha ainda descido, mas somente eram batizados em nome do Senhor Jesus.) (At 8.14-16.) Que essas pessoas estavam genuinamente salvas, não há o que duvidar. Havia crido e foram batizados tanto homens como mulheres (At 8.12,16). Não havia qualquer indício de dúvida em Pedro e João de que o Espírito Santo não poderia ser destinado àqueles recém-convertidos. Fora o próprio Pedro que, no dia de Pentecostes, anunciara: “Porque a promessa vos diz respeito a vós, a vossos filhos, e a todos os que estão longe: a tantos quantos Deus, nosso Senhor, chamar” (At 2.39).

A experiência pentecostal ainda estava bem viva na memória de Pedro e João. Para eles, era inimaginável que qualquer crente regenerado pudesse permanecer muito tempo sem o batismo no Espírito Santo. Mas, como aqueles novos crentes poderiam ter a experiência pentecostal? A Bíblia nos dá uma resposta sucinta: quando Pedro e João chegaram, “oraram por eles para que recebessem o Espírito Santo” (At 8.15). Não é de pouca importância que Pedro e João tenham orado nesse sentido, isto é, que os crentes samaritanos pudessem “receber” de forma ativa o Espírito, que pudessem “tomar” para si mesmos a promessa do Espírito (para uma discussão mais pormenorizada sobre esse assunto, consulte o livro de Stanley M. Horton, O que a Bíblia Diz Sobre o Espírito Santo, Rio de Janeiro: CPAD, 1993).

Não houve nenhuma solicitação para que Deus lhes desse o Espírito Santo, visto que o Espírito já lhes fora concedido. Mas Ele ainda não havia sido dado quando João escreveu: “Porque o Espírito ainda não fora dado, por ainda Jesus não ter sido glorificado” (Jo 7.39). Naturalmente, quando ele (João) e Pedro visitaram a cidade de Samaria, Jesus já havia sido glorificado, e o Espírito Santo, concedido (At 2.33). Conseqüentemente, tudo o que os crentes samaritanos precisavam era tão-somente obter a fé necessária para receber esse dom gracioso.

A oração de Pedro e João foi acompanhada pela imposição de mãos. Alguns eruditos pensam que essa prática limitava-se aos apóstolos, especialmente no que diz respeito ao recebimento do Espírito Santo. Todavia, a experiência de um discípulo pouco conhecido chamado Ananias, põe abaixo essa suposição. Nas instruções recebidas para ir ter com Saulo de Tarso, havia a informação de que Saulo estivera orando “e numa visão ele viu que entrava um homem chamado Ananias, e punha sobre ele a mão, para que tornasse a ver” (At 9.12). O ministério da imposição de mãos não estava confinado a uns poucos, mas era e continua sendo para os muitos que ministram às necessidades dos crentes, inclusive para o crente cheio do Espírito que não possua um ministério específico.

A imposição de mãos parece ter sido um meio especial de estimular a fé daqueles por quem a oração era feita. Não havia qualquer transmissão mística de poder, mas o ato simbolizava a outorga do Espírito Santo por parte do Pai. O resultado das orações e da imposição de mãos foi exatamente o que já era de se esperar:

“E receberam o Espírito Santo” (At 8.17).

As Escrituras não registram tudo o que sucedeu quando os samaritanos receberam o Espírito, embora seja óbvio que existiram certas manifestações externas: “E Simão, vendo que pela imposição das mãos dos apóstolos era dado o Espírito Santo, lhes ofereceu dinheiro” (At 8.18). Que Simão tenha testemunhado algo muito significativo, não se pode duvidar, considerando seu olho impuro para os negócios e o lucro (At 8.9-11,18,19). À luz de outras narrativas de recebimento do Espírito Santo, fica muito claro que Simão viu os samaritanos falarem em línguas, enquanto demonstravam jubilosa exaltação e magnificavam a Deus (At 2.11; 10.46; 13.52; 19.6).

Depois de as pessoas aceitarem a Cristo como Salvador, nossa preocupação imediata deveria ser que elas fossem cheias do Espírito Santo. De fato, devemos focalizar nossa atenção mais na disponibilidade do crente em receber que na capacidade de Deus em dar. Ao orarmos veementemente para que os novos convertidos tenham essa experiência, é apropriado, surgindo a fé, impor-lhes as mãos, esperando que Deus lhes dê o dom prometido a todos os crentes.


Recebendo a Orientação de Deus


Quando as pessoas realmente oram, Deus ouve e responde, pondo em movimento o seu glorioso poder. Algumas vezes, a resposta depende da prontidão de outros indivíduos em ouvir e obedecer as instruções de Deus. Mediante a intervenção divina, Saulo esteve face a face tanto com Jesus quanto consigo mesmo, ficando totalmente sem defesa (At 9.3,4). Foi nessa total agonia de alma que ele orou. Embora Deus interviesse de forma sobrenatural, ao chamar a atenção de Saulo, Ele usou um de seus mais humildes servos, Ananias, para completar aquela transformação espiritual, quando lhe disse: “Levanta-te, e vai à rua chamada Direita, e pergunta em casa de Judas por um homem de Tarso chamado Saulo; pois eis que ele está orando” (At 9.11).

A oração realiza muitas coisas. Contudo, Deus com freqüência usa pessoas para levar a resposta. Aquilo que não podemos fazer, Deus fará mediante intervenções miraculosas em resposta às nossas orações. Mas aquilo que podemos fazer, Deus normalmente nos permite que façamos. Ficamos a imaginar quais teriam sido as conseqüências para a vida de Saulo, se Ananias não estivesse atento aos impulsos e instruções de Deus. E também nos perguntamos se, por vezes, algumas almas desesperadas não se vêem privadas das intenções de Deus para com elas, por causa da indisposição ou da falta de preparo de seus servos em servir de agentes da revelação de Deus.

Era de fundamental importância que Saulo orasse. Além do que, no processo divino de levar as pessoas a essa situação, sempre parece ser algo necessário, “porque Deus é o que opera em vós tanto o querer como o efetuar, segundo a sua boa vontade” (Fp 2.13). As conseqüências da oração de Saulo estão além da nossa compreensão. Nunca um crente esteve mais completamente submisso à vontade de Deus e nem foi usado mais eficazmente em alcançar o mundo para Cristo do que Paulo.

Mas Ananias foi o agente de Deus que levou Saulo a movimentar-se na direção certa. Que encorajamento sua mensagem deve ter sido para Saulo! “Irmão Saulo, o Senhor Jesus, que te apareceu no caminho por onde vinhas, me enviou, para que tornes a ver e sejas cheio do Espírito Santo” (At 9.17). Saulo, que mais tarde veio a ser chamado de Paulo, foi uma das pouquíssimas pessoas na história completamente sujeita à vontade de Deus (At 22.14). Quando nos encontramos com Jesus face a face e oramos com a máxima sinceridade, podemos ter certeza de que Deus nos dirigirá. E o método que Deus usa para nos orientar bem que pode ser através de um de seus servos.


Oração ante à Perseguição x Crescimento


Pedro e João foram instrumentos usados por Deus para levar a cura, de forma extraordinária, a um homem que desde o nascimento era aleijado e incapaz de andar (At 3). Indignados diante do que os dois ensinavam e faziam, os sacerdotes e o capitão da guarda do Templo, juntamente com os saduceus, ordenaram que eles fossem lançados na prisão (At 4.1-3). Mas, no dia seguinte, Pedro, renovado pelo Espírito Santo (At 4.8), pregou destemidamente a todos os seus opositores. Finalmente, após serem ameaçados pelas autoridades, Pedro e João tiveram permissão para ir embora. Retornando à companhia dos irmãos, deram-lhes notícias da proibição feita pelos principais sacerdotes e anciãos, isto é, de que não deveriam mais nem falar e nem ensinar no nome de Jesus. Esse edito pôs a Igreja Primitiva de joelhos, em oração.


E, ouvindo eles isto, unânimes levantaram a voz a Deus, e disseram: Senhor, tu és o que fizeste o céu, e a terra, e o mar, e tudo o que neles há; que disseste pela boca de Davi, teu servo: Por que bramaram as gentes, e os povos pensaram coisas vás? Levantaram se os reis da terra, e os príncipes se ajuntaram à uma, contra o Senhor e contra o seu Ungido. Porque verdadeiramente contra o teu santo Filho Jesus, que tu ungiste, se aluntaram, não só HerodeS, mas Pôncio Pilatos, com os gentios e os povos de Israel; para fazerem tudo o que a tua mão e o teu conselho tinham anteriormente determinado que se havia de fazer. Agora pois, ó Senhor, olha para as suas ameaças, e concede aos teus servos que falem com toda a ousadia a tua palavra; enquanto estendes a tua mão para curar, e para que se façam sinais e prodígios pelo nome do teu santo Filho Jesus. E, tendo orado, moveu-se o lugar em que estavam reunidos; e todos foram cheios do Espírito Santo, e anunciavam com ousadia a palavra de Deus (At 4.24-31).


Apesar cio conteúdo da oração estar bem claro nesta passagem, não temos a descrição do modo como os crentes oraram. Um deles pode ter liderado as orações, enquanto que os outros assentiam com améns. Ou vários lideravam a oração, um de cada vez. Também é possível que todos citassem o Salmo 2 em uníssono (At 4.25,26). Contudo, qualquer que tenha sido a maneira como procederam, o certo é que a unidade era o ponto convergente da sua oração: “E, ouvindo eles isto, unânimes levantaram a voz a Deus, e disseram (At 4.24).

Sua oração iniciou-se com o devido reconhecimento do Deus ao qual se dirigiam: “Senhor, tu és o que fizeste o céu, e a terra, e o mar, e tudo o que neles há” (At 4.24). A palavra aqui traduzida por “Senhor” é diferente das outras palavras dirigidas a Deus. Essa palavra tem um sentido óbvio: “mestre”, “soberano” ou “autoridade suprema”. Esse tipo de reconhecimento não apenas honra a Deus como o Criador do Universo, como também gera fé nos corações daqueles que oram a um Deus tão grande.

Na oração da Igreja perseguida, os crentes também reconheceram a onisciência de Deus e a sua predeterminação em tudo quanto acontecera ao Senhor Jesus (At 4.25-28). Os sofrimentos e a morte de Jesus continuavam bem vivos na mente deles. O conhecimento da onisciência de Deus e seu completo controle sobre tudo que acontece é igualmente vital para os crentes hoje em dia. Isso nos assegura que Deus está consciente de todas as vicissitudes da vida e jamais é pego de surpresa. Ele continua sendo a Majestade suprema o Soberano que prevê e predetermina tudo quanto sucede no universo. É Ele quem nos dá o livre-arbítrio e nos permite saber que podemos confiar tudo inteiramente aos seus cuidados.

Em Atos 4.29, a oração deixa de reconhecer a Deus como õ Deus do passado, descrevendo-o também como o Deus do presente... “Agora pois, ó Senhor, olha para as suas ameaças”. Aquele pequeno grupo de crentes perseguidos sabia que o Deus que demonstrara controle no passado, era igualmente capaz de controlar no presente a crise que enfrentavam.

Todos nós vivemos tempos difíceis, nos quais as tribulações parecem que vão nos avassalar. A preocupação e a oração, nessas ocasiões, deveriam visar menos a prevenção e a remoção das tribulações e mais a obtenção de forças e a decisão de fazer frente às tribulações com bom ânimo e confiança. Quando ameaçados, a reação daqueles combatentes cristãos não foi a retirada e o silêncio. Também não apelaram para que Deus fizesse parar as ameaças, trazendo julgamento contra os que os ameaçavam. Pelo contrário, o que pediram foi ousadia e poder para declarar intrepidamente a mensagem de que eram portadores.

Enfrentaram a oposição com coragem e plena confiança, porque sabiam que Deus tinha consciência de sua situação. O Deus que os comissionara a declarar a sua mensagem poderia autenticar o ministério deles com sinais e maravilhas:

“Concede aos teus servos que falem com toda a ousadia a tua palavra; enquanto estendes a mão para curar, e para que se façam sinais e prodígios pelo nome do teu santo Filho Jesus” (At 4.29,30). Tinham absoluta certeza de que as manifestações miraculosas seriam um amém divino aos seus esforços concentrados, testificando que Deus, de fato, estava trabalhando com eles e através deles. Ainda hoje a resposta a um testemunho insípido, de pouco poder e muitas palavras, continua sendo o poder de Deus, manifesto em ações poderosas do Espírito Santo e por meio de curas, sinais e maravilhas concedidos por Deus. Devemos nos encher de coragem e implorar a Deus por um testemunho eficaz, nunca permitindo que as evidências pentecostais sejam relegadas ao passado.


Nem precisamos indagar se a oração daquele grupo primitivo de cristãos foi ouvida. A resposta foi dinâmica:

(1) o lugar onde estavam reunidos foi sacudido;

(2) todos foram cheios do Espírito Santo; e

(3) anunciaram a Palavra de Deus com ousadia (At 4.31).


A resposta de Deus foi dada por meio do Espírito Santo, tal como Jesus antes indicara: “Mas recebereis a virtude do Espírito Santo, que há de vir sobre vós” (At 1.8). Aqueles discípulos haviam recebido o Espírito Santo no dia de Pentecostes. Não obstante, aquela outorga especial de poder não excluía a necessidade de “novos enchimentos, de novas unções, de novos movimentos do Espírito, de novas manifestações do poder e dos dons do Espírito e de uma perpétua dependência da ajuda do Espírito” (Horton, O que a Bíblia Diz Sobre o Espírito Santo).

Aqueles apóstolos do primeiro século não podiam subsistir em seu andar cristão sem uma comunhão freqüente com a Deidade — e nem o podem os crentes deste século. Deus nos dá graça para o momento, mas não nos enche, como se fôssemos um reservatório, no tocante ao futuro. Os seguidores de Jesus devem pôr em prática uma comunhão constante com Deus. E o meio para atingirmos esse fim é uma vida de oração coerente e transbordante.

A reação normal, quando o Espírito Santo desce sobre as pessoas, é que elas se expressem em palavras (Lc 1.42; At 2.4; 4.32; 10.46; 19.6). Atos 4.31 declara que, depois de terem sido cheios do Espírito, aqueles crentes “anunciavam com ousadia a palavra de Deus” — aliás, exatamente pelo que haviam orado (At 4.29). Deve-se notar que sua ousadia no falar derivava-se do fato de terem sido cheios do Espírito e não do seu pedido por sinais e maravilhas. Entretanto, os sinais e maravilhas apareceram em resposta ao pedido que haviam feito, confirmando a Palavra que era pregada clara, ousada e abertamente. A ousadia no testemunho também é uma obra do Espírito Santo.


As lições que devemos aprender dessa excepcional passagem sobre a oração e suas conseqüências são diversas:

(1) ao surgirem perseguições e ameaças, devemos nos reunir com o povo de Deus e orar;

(2) quando estivermos orando, fortaleçamos nossa fé, confessando a grandeza do Deus a quem oramos;

(3) oremos com base na Palavra de Deus, naquilo em que ela se aplica à nossa situação;

(4) não oremos meramente por nossa auto-preservação e escape, quando surgirem perseguições e formos ameaçados, mas oremos para que tenhamos um ministério eficaz, a despeito dessas mesmas perseguições e ameaças; e

(5) oremos para que Deus aumente a nossa capacidade de sermos cheios do Espírito Santo e que Ele confirme a sua Palavra com sinais miraculosos.


Recebendo Orientação para Enviar Obreiros


Desde o início da Igreja, as missões têm sido sua maior prioridade. É por elas que pulsa o próprio coração de Deus ( Jo 3.16; Lc 19.10). Quanto mais a Igreja se aproxima do coração de Deus, mais profundamente calam as missões dentro de si mesma: “E, servindo eles ao Senhor, e jejuando, disse o Espírito Santo: Apartai-me a Barnabé e a Saulo para a obra a que os tenho chamado. Então, jejuando e orando, e pondo sobre eles as mãos, os despediram” (At 13.2,3). O verbo aqui traduzido por “servindo” vem do grego leitourgeo, de onde deriva a palavra “liturgia”. Seu uso, no capítulo 13 de Atos, parece sugerir uma mistura de louvor e oração.

Adicione-se a isso o jejum e você terá uma intensa e unida devoção ao Senhor. Nesse tipo de ambiente, a visão se expande e as pessoas encontram orientação divina para suas vidas.

Não somos informados da maneira exata como o Espírito Santo falou ao grupo que se reunira para orar. Mas o simples fato de alguém obter a orientação necessária tem mais significado que os meios utilizados para a sua obtenção. Temos a incrível tendência de dar excessivo valor aos meios pelos quais obtemos a orientação divina, mais que à própria orientação em si, sendo que este é o fator mais importante. Isso não significa que devemos ser displicentes acerca dos meios pelos quais Deus nos revela sua vontade, pois mais tarde isso facilmente poderia nos impedir de reconhecer e receber a orientação divina. Só depois que o jovem Samuel foi instruído sobre como atender à orientação divina, é que ele foi capaz de reconhecer e recebê-la (1 Sm 3.1-14).


A passagem de Atos 13.2 diz apenas: “Disse o Espírito Santo”. Há várias possibilidades quanto ao modo como essa palavra foi transmitida:


(1) por meio de uma forte impressão no coração de um ou mais líderes (At 8.29; 9.15,16);

(2) através de uma visão (At 9.10; 10.3,10-16; 16.9); ou

(3) mediante o dom da profecia (At 15.13,28,32; 21.11).


Quanto à terceira possibilidade, deve-se ser extremamente cauteloso, pois a evidência do uso desse meio na Bíblia é, num certo sentido, um tanto restrita, O britânico Donald Gee, erudito da Bíblia, altamente respeitado no mundo inteiro, escreve: “Pode-se afirmar que não há uma única instância no Novo Testamento em que o dom da profecia tenha sido deliberadamente utilizado para dar orientações” (Donald Gee, Concerning Spiritual Gifis, Springfield, Missourj:Gospel Publishing House, 1949, p. 44).

Paulo e Barnabé já haviam sido chamados, pelo Senhor. Agora, como resultado direto de estarem orando e jejuando, a igreja em Antioquia viu-se encorajada a liberá-los de seus deveres locais e enviá-los em missão. É provável que o grupo reunido tivesse orado conforme as instruções dadas pelo Senhor: “Rogai pois ao Senhor da seara que mande ceifeiros para a sua seara” (Mt 9.38).

A consagração dos primeiros missionários foi precedida de jejum e oração. E, do mesmo modo que o jejum e a oração prepararam a Igreja para ouvir a ordem do Espírito Santo, assim também o jejum e a oração foram empregados na hora do envio: “Então, jejuando e orando, e pondo sobre eles as mãos, os despediram” (At 13.3). A obra a ser realizada era um empreendimento espiritual. Metodologia mundana e experiências pessoais de alguém que não tivesse o Espírito não seriam e nem são suficientes. A orientação dada a uma igreja deve ser espiritual.

A obra precisa ser feita pelo poder do Espírito. Quando uma igreja engaja-se em atividades espirituais, fica armado o palco para o ministério e evangelismo espirituais. De Antioquia, Paulo e Barnabé saíram para alcançar o mundo com o evangelho e estabelecer um padrão missionário digno de ser seguido por todas as gerações.

Podemos tirar várias lições dessa passagem. A liderança da Igreja faz bem em dar prioridade ao exercício espiritual, sobretudo à oração, ao serviço prestado ao Senhor e ao jejum. Aprender a receber e a seguir a orientação do Espírito na seleção e envio de obreiros é essencial a um ministério missionário eficaz. O Espírito Santo é a fonte da orientação divina, independente dos meios que Ele venha a empregar. Além disso, Ele trabalha melhor em meio a uma atmosfera de louvor e oração. Quando o Espírito Santo tem liberdade para orientar o seu povo, o evangelismo acaba se tornando a preocupação primária da igreja local.


Orando pelos Obreiros


Alguém já afirmou que Jesus deixou apenas um pedido de oração para a Igreja: “E, vendo a multidão, teve grande compaixão deles, porque andavam desgarrados e errantes como ovelhas que não têm pastor. Então disse aos seus discípulos: A seara é realmente grande, mas poucos os ceifeiros. Rogai pois ao Senhor da seara que mande ceifeiros para a sua seara” (Mt 9.36-38; veja Lc 10.2). Numa outra oportunidade, Ele admoestou: “Levantai OS vossos olhos, e vede as terras, que já estão brancas para a ceifa” (Jo 4.35).

Pessoas destituídas de visão não têm paíxão pelas almas e não oram o suficiente. Mas dê a elas uma visão capaz de gerar em seus corações a compaixão pelo próximo, e elas se tornarão como John Knox, que orou: “Dá-me a Escócia, ou morrerei!” Há mais de um século, o professor W. F. Adeney (veja a poesia citada um pouco antes escreveu: “Nunca esteve aberto um campo tão vasto para a foice da ceifa como em nossos dias. Por conseguinte, nunca houve tanta necessidade de obreiros. O que o mundo mais precisa é de missionários apostólicos, homens e mulheres que tenham o Espírito de Cristo” (ibidem, p. 382).

Hoje, a extensão dos campos prontos para a ceifa desafiam a imaginação. Mais de cinco bilhões de pessoas habitam o mundo atualmente. A cada trinta anos, sua população duplica. Se essa taxa de crescimento se mantiver constante, lá pelo ano 2020 haverá mais de dez bilhões de pessoas neste mundo sendo cada uma delas uma pessoa por quem Cristo morreu. Quando as multidões da borda do Pacífico, da Eurásia, da África e das Américas estiverem todas reunidas, somente então Cristo verá o resultado do “trabalho da sua alma... e ficará satisfeito” (Is 53.11).

Mas, como isso será realizado? De que maneira essa tão vasta colheita será enfim reunida? “Rogai pois ao Senhor da seara que mande ceifeiros para a sua seara.” Os obreiros, portanto, são fruto da oração. Quão imperativo é que a Igreja ore, como nunca o fez em toda a sua história, especifica- mente para que o Senhor envie um exército de ceifeiros! Orar para que Deus envie obreiros para os campos de colheita é uma excelente maneira de multiplicar o impacto das orações de um crente.

Uma das maiores tarefas a que um obreiro pode se dedicar é a oração. Portanto, cada obreiro adicionado à leva de ceifeiros é outra pessoa que ora. A qualificação primária de todo e qualquer ganhador de almas é que ele seja um guerreiro de oração. A oração é a força espiritual que levará Cristo à plena posse do seu Reino, garantindo-lhe as nações como herança e os confins da Terra por possessão (Sl 2.8). O campo de colheita pertence ao Senhor. E Ele quem envia obreiros, chamando-os e equipando-os pelo Espírito Santo. Somente então Ele poderá instilar aquele amor zeloso pelas almas, necessário para que se alcance um mundo de almas perdidas.


Oração para a Propagação do Evangelho


O sucesso do evangelho depende das orações dos crentes além do que a maioria de nós percebe. É um mal de proporções gigantescas negligenciar a intercessão pela propagação rápida e eficaz do evangelho: “Rogai pois ao Senhor da seara que mande ceifeiros para a sua seara” (Mt 9.38).

No que se relacionam à oração, as instruções finais do apóstolo Paulo aos crentes tessalonicenses visavam esta finalidade:

“No demais, irmãos, rogai por nós, para que a palavra do Senhor tenha livre curso e seja glorificada, como também o é entre vós; e para que sejamos livres de homens dissolutos e maus; porque a fé não é de todos” (2 Ts 3.1,2).

“Tenha livre curso” é uma alusão às corridas que se realizam nos estádios. Paulo retrata a Palavra do Senhor como se ela estivesse numa corrida, e deseja que ela corra eficazmente até alcançar a coroa estabelecida ou “seja glorificada, como também o é entre vós [os crentes de Tessalônica]”. Paulo percebeu que a oração é o propulsor capacitador, que impele a Palavra do Senhor na direção do seu alvo pretendido: a conversão dos não-regenerados. Sem a oração, a corrida está perdida.

A segunda parte da petição relaciona-se com a primeira. Homens ímpios e maus obstruem, ou pelo menos busca obstruir, o avanço do evangelho. “Dissolutos” (tradução do grego atopos) significam, literalmente, “inconveniente”, “injurioso”, “moralmente nocivo”. Indivíduos assim sem fé e perniciosos estão sempre presentes para se opor à Palavra de Deus, seja mediante o ridículo ou através de qualquer outro meio que impeça a manifestação do mensageiro de Deus. Paulo percebeu, e nós somos sábios para crer, que a resposta para esse problema sempre será a mesma: liberdade através das orações do povo de Deus.

Elaboração pelo:- Evangelista Isaias Silva de Jesus

Bibliografia

Teologia Bíblica da Oração – Robert L. Brand e Zenas J. Bicket

Conhecendo as Doutrinas Bíblicas – Myer Pearlman

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