20 de julho de 2011

A COMISSÃO CULTURAL E A GRANDE COMISSÃO


A COMISSÃO CULTURAL E A GRANDE COMISSÃO

Ev. José Costa Junior

CONSIDERAÇÕES INICIAIS


            O assunto desta lição diz respeito à comissão cultural e a grande comissão. Jesus disse que os crentes são “o sal da terra” e “a luz do mundo” (Mt 5;13-16). Por sua influência e testemunho eles detêm o progresso da iniqüidade (II Ts 2;16,17). Por seu testemunho, devem dar a conhecer o que DEUS requer do homem e a necessidade de arrependimento e regeneração. Com esta finalidade, DEUS fez de SEU povo os guardiões de SUA verdade (II Co 5;19 – Gl 2;7). Com as Escrituras, os homens devem sempre encontrar a verdade relativa a DEUS e às coisas espirituais, se desejarem conhecer tudo isso. Mas, mais do que isso, a Igreja deve mostrar a Palavra da Vida para o mundo (Fp 2;16) e batalhar pela verdade (Jd 3). A Grande Comissão manda que a Igreja vá por todo o mundo e faça discípulos de todas as nações (Mt 28;39 – Mc 16;15 – Lc 24;46-48 – At 1;8). As Escrituras não nos mandam “converter”, mas sim “evangelizar” o mundo. Com isso quer-se dizer que a Igreja é devedora ao mundo todo, isto é, que a Igreja está sob a obrigação de dar ao mundo todo, uma oportunidade de ficar sabendo a respeito DELE e aceitar SUA salvação. Walter Freytag afirmou: “Sem missão, a história não é outra coisa senão história humana, cujo progresso consiste, na melhor das hipóteses, em intensificação de sua própria catástrofe. Mas, se conhecemos o Reino que está para vir, não podemos nos rejubilar na promessa, sem proclamá-la: - O SENHOR está perto!”.


            Embora o crente deva separar-se de toda aliança mundana (II Co 6;14-18), ele deve todavia apoiar todas as causas que buscam promover o bem social, econômico, político e educacional da comunidade. Paulo diz: “Então, enquanto temos oportunidade, façamos bem a todos, mas principalmente aos domésticos da fé” (Gl 6;10).  Notamos aqui que temos um dever primário mais alto para com os outros crentes, mas que temos um dever para com o resto do mundo também.


O tripé que norteia o Ministério da Igreja em relação ao mundo,  está firmado (1) no testemunho pessoal e (2) na exposição da Palavra para a salvação (evangelização) e (3) na promoção do bem social (misericórdia). Isto é o que o autor da lição chama de “Missão Integral”. O que os cristãos às vezes não percebem é que o fato de que a responsabilidade de amar as outras pessoas se estende à totalidade da mesma. Ou seja, o homem é mais do que uma alma destinada para outro mundo; é também um corpo que vive neste mundo. E como residente desta continuidade do tempo e do espaço, o homem tem necessidades físicas e sociais que não podem ser isoladas das necessidades espirituais. Logo, a fim de amar ao homem conforme ele é – o homem total – é necessário que a Igreja tenha uma solicitude acerca das suas necessidades sociais, bem como das suas necessidades espirituais. 


As Epístolas do Novo Testamento abundam de exortações para os cristãos cuidarem uns dos outros e dos de fora. Paulo escreveu: “não olhe cada um somente para o que é seu, mas cada qual também para o que é dos outros” (Fp 2;4). Outra vez: “Levai as cargas uns dos outros, e assim cumprireis a lei de Cristo (Gl 6;2). Os Apóstolos João e Tiago também são muito explícitos no que diz respeito à responsabilidade do cristão (Igreja) no sentido de amar os outros (I Jo 3;17,18 – Tg 1;27). Em síntese, o homem é moralmente responsável pelos demais homens. Ele é o guardião do seu irmão.


            O objetivo deste estudo é trazer algumas informações, colhidas dentro da literatura evangélica, com a finalidade de ampliar a visão do que o comentarista desta lição chama de comissão cultural e a grande comissão. Não há nenhuma pretensão de esgotar o assunto ou de dogmatizá-lo, mas apenas trazer ao professor da EBD alguns elementos e ferramentas que poderão enriquecer sua aula.


MISSÃO INTEGRAL – UMA ORDENAÇÃO DIVINA


            Acompanhando a obra evangelizadora, com o objetivo de cuidar do homem integralmente, as Escrituras nos exortam a cuidar dos pobres, dos necessitados e do bem social, em nome do SENHOR. Embora a ênfase do Novo Testamento esteja na ajuda material para os que fazem parte da Igreja (At 11;29 – II Co 8;4 – I Jo 3;17), há ainda uma afirmação de que é correto ajudar os descrentes ainda que eles não correspondam com gratidão nem aceitem a mensagem do evangelho. JESUS nos ensina: “Amai, porém a vossos inimigos, fazei bem e emprestai, nunca desanimado; e grande será a vossa recompensa, e sereis filhos do Altíssimo; porque ele é benigno até para com os ingratos e maus. Sede misericordiosos, como também vosso Pai é misericordioso” (Lc 6;35,36). A questão central na explicação dada por JESUS é que devemos imitar a DEUS, sendo bondosos aos que são ingratos e egoístas.


Tais ações para com o mundo deve também incluir participações em atividades cívicas ou tentativas de influenciar a política do governo a ser mais consonante aos princípios morais bíblicos. Onde há uma injustiça sistemática no tratamento dos pobres ou de minorias étnicas ou religiosas, a igreja deve também orar – quando tiver oportunidade – denunciar tal injustiça. Todos esses são meios com os quais a Igreja pode exercer sua missão integral. Os homens não têm muita probabilidade de sentirem sede pela água da vida enquanto estiverem assoberbados pela sede física. Noutras palavras, se os cristãos não mostrarem nenhuma solicitudes para com as necessidades físicas e sociais básicas dos homens, neste caso não poderão esperar uma resposta muito positiva da parte deles para sua mensagem espiritual. 

As responsabilidades sociais específicas dos cristãos se dividem em Responsabilidades Sociais pelos seus e Responsabilidades Sociais por todos os homens.


Responsabilidades Sociais pelos seus:


1.      Prover para si mesmo.


Há um sentido de que o amor próprio está na própria base da responsabilidade social. O homem deve amar a seu próximo como a si mesmo. Paulo disse: “Pois nunca ninguém aborreceu a sua própria carne, antes a nutre e preza...”. Não será possível viver e amar aos outros a não ser que a pessoa ame a sua própria vida e a sustente. “Exorto-vos porem irmãos”, escreveu Paulo, “e procureis viver quietos, tratar dos vossos próprios negócios, e trabalhar com vossas próprias mãos, como já vo-lo mandamos, a fim de que andeis dignamente para com os que estão de fora, e não tenhais necessidade de coisa alguma”. Destarte, uma das coisas mais importantes que cada homem capaz pode fazer em prol dos outros é ganhar sua própria vida de modo que outros não precisem prover tanto para si mesmo quanto para aqueles que se recusam a se sustentar. Neste sentido o amor-próprio é um dos bens sociais primários e mais fundamentais que alguém possa realizar.


2.       Prover para sua família


Naturalmente, nem toda pessoa está capacitada a prover para si mesma. Há crianças, dependentes, viúvas, órfãos e outras pessoas indigentes. Se acontecer que alguma destas pessoas está na família imediata d’alguém ou entre seus parentes, neste caso é sua responsabilidade prover para elas. Quanto a este assunto, a Bíblia é muito clara: “Mas, se alguém não cuida dos seus, e especialmente dos da sua família, tem negado a fé, e é pior que um incrédulo” (I Tm 5;8). Além disto: “Se alguma mulher crente tem viúvas, socorra-as, e não se sobrecarregue a igreja, para que esta possa socorrer as que são verdadeiramente viúvas (v. 16). A lição é que a obrigação social primária pelos pobres e necessitados não recai sobre a Igreja nem sobre o Estado, mas sim sobre a família imediata. Paulo não permitia que viúvas com menos de sessenta anos de idade fossem colocadas no rol da assistência. As viúvas mais jovens eram encorajadas a manter-se ocupadas e a casar-se de novo. A regra subentendida é que a pessoa deve prover para seus próprios, a não ser que seja incapaz de cuidar de si mesma. Se alguém deixar de prover para seus parentes, fracassou na sua responsabilidade cristã básica à sua própria família.


3.      Prover para seus irmãos crentes

Segundo as Escrituras, a próxima responsabilidade social da pessoa é com os demais crentes. Além da sua própria família, há as necessidades doutros crentes, que devem procurar o cristão. Paulo conclamou aos gálatas: “Então, enquanto temos oportunidade, façamos bem a todos, mas principalmente aos domésticos da fé” (Gl 6;10). João ressaltou a providência para as necessidades dos irmãos e escreveu: “Quem, pois, tiver bens do mundo, e, vendo o seu irmão necessitando, lhe fechar o seu coração, como permanece nele o amor de Deus? (I Jo 3;17). A responsabilidade social do cristão, quanto ao amor além da sua própria família, começa com a família de DEUS.


            Responsabilidades Sociais para com todos os homens:


            A exortação: “Fazei o bem a todos os homens”, é repetida de vários modos em toda a Bíblia. Paulo escreveu: “que pratiquem o bem, que se enriqueçam de boas obras, que sejam liberais e generosos,”(I Tm 6;18). O escritor de Hebreus lembra àqueles crentes: “Mas não vos esqueçais de fazer o bem e de repartir com outros, porque com tais sacrifícios Deus se agrada” (13;16). A partir daí pode-se delinear as áreas exatas da responsabilidade social esboçadas nas Escrituras.


1.      Pelos pobres         


JESUS disse: “Os pobres sempre os tendes convosco...” (Mt 26;11). Com isto, descreveu a inevitabilidade da pobreza como um fenômeno social, não seu desejo. De fato, JESUS disse: “Mas quando deres um banquete, convida os pobres, os aleijados, os mancos e os cegos; e serás bem-aventurado; porque eles não têm com que te retribuir; pois retribuído te será na ressurreição dos justos” (Lc 14;13,14). A Bíblia ensina que é moralmente errado explorar os pobres e moralmente certo ajudá-los. Quer sua necessidade seja o alimento, roupa ou abrigo, o crente é moralmente obrigado a ajudar a satisfazê-la. Na realidade, aquilo que alguém faz em prol dos pobres está fazendo a CRISTO: “Em verdade vos digo que, sempre que o fizestes a um destes meus irmãos, mesmo dos mais pequeninos, a mim o fizestes”, porque “tive fome, e me destes de comer; tive sede, e me destes de beber; era forasteiro, e me acolhestes; estava nu, e me vestistes; adoeci, e me visitastes; estava na prisão e fostes ver-me” (Mt 25;40 – 35,36).


2.      Pelas viúvas e Órfãos


As Escrituras têm numerosas referências às viúvas e aos órfãos. DEUS disse: “A nenhuma viúva nem órfão afligireis. Se de algum modo os afligirdes, e eles clamarem a mim, eu certamente ouvirei o seu clamor” (Ex 22;22,23). O Novo Testamento também ressalta a obrigação social do cristão também aos órfãos e às viúvas.
JESUS advertiu: “Guardai-vos dos escribas...que devoram as casas das viúva...” (Mc 12;40). A obrigação que os cristãos têm com as viúvas e os órfãos pode ser aplicada, por extensão, a outras pessoas necessitadas, tais como as deficientes, as desabrigadas e as indefesas. O princípio da responsabilidade social é que há uma obrigação para ajudar aos outros que não podem ajudar a si mesmo.


3.      Pelos escravos e oprimidos


O Novo Testamento é tão oposto a escravidão quanto o é o Antigo Testamento. Paulo indicou que “não há judeu nem grego; não há escravo nem livre; ... porque todos vós sois um em Cristo Jesus” (Gl 3;28). Quando o escravo fugitivo, agora convertido, Onésimo, voltou ao seu senhor, era “não já como escravo; antes, muito acima de escravo, como irmão caríssimo...quer na carne, quer no sangue” (Fm 16). DEUS está fortemente oposto às instituições da escravidão humanas. Quer a escravidão seja política, quer econômica, DEUS está dizendo: “Deixa o meu povo ir”.


4.      Pelos soberanos e governantes


Os cristãos têm uma responsabilidade social não somente aos demais cidadãos, como também aos soberanos. É um dever tríplice: obedecer-lhes, honrá-los e pagar impostos a eles. Jesus instruiu que se deve pagar o tributo a quem é devido o tributo; impostos a quem são devidos os impostos; respeito a quem é devido o respeito; honra a quem é devida a honra (Rm 13;7). Na mesma passagem diz-se aos cristãos: “Toda alma esteja sujeita às autoridades superiores; porque não há autoridade que não venha de Deus; e as que existem foram ordenadas por Deus” (v. 1). Os governantes são chamados ministros ou servos de DEUS (Rm 3;14), mas não são DEUS. Nenhum cristão tem uma obrigação social de obedecer a um governo que toma sobre si o lugar de DEUS. Pelo contrário, o cristão tem uma obrigação espiritual de desobedecer à semelhante governo. Fazer doutra forma seria idolatria. Agora não é moralmente justificável rebelar-se contra um governo que não está assumindo o papel de DEUS. Debaixo de DEUS o governo tem plena autoridade. Naturalmente, a pessoa pode e deve cooperar com seu governo para melhorá-lo, mas não há justificação bíblica para trabalhar para derrubar seu governo, a não ser que assuma o papel de DEUS.


5.       Para promover a paz e a moralidade

É para o bem de todos como seres sociais, que a sociedade seja pacífica e piedosa. Com esta finalidade, os cristãos estão encarregados com uma responsabilidade especial diante de todos os homens. “Antes de tudo pois...”, escreveu o Apóstolo, “Exorto, que se façam súplicas, orações, intercessões, e ações de graças por todos os homens, pelos reis, e por todos os que exercem autoridade, para que tenhamos uma vida tranqüila e sossegada, em toda a piedade e honestidade” (I Tm 2;1,2). O cristão, pois, deve fazer tudo quanto puder para ser um embaixador da paz na sociedade. Seja qual for o papel mediador que desempenhar para unir os homens, seja por intercessão à DEUS, seja por negociações com os homens, o cristão deve levar esta obra adiante. E seja qual for a influência para o bem moral que o cristão possa exercer na sua comunidade ou no mundo, decerto deve ser ativo em exercê-lo.
           

            A responsabilidade social do cristão começa com sua própria família e se estende a todos os homens, devendo ser medida de acordo com os seus recursos; isto é o que o cristão deve fazer. Tais atitudes são bons testemunhos de CRISTO, sendo feito ao necessitado é feito para CRISTO, pode ajudar a ganhar os homens para CRISTO e feito por amor a CRISTO.



GRANDE COMISSÃO – A IGREJA PROCLAMA O EVANGELHO NO MUNDO


Os quatro Evangelhos, de uma forma ou de outra, falam desta “Grande Comissão”. João, por exemplo, registra: “Não dizeis vós: Ainda há quatro meses até que venha a ceifa? Ora, eu vos digo: levantai os vossos olhos, e vede os campos, que já estão brancos para a ceifa” (Jo 4;35). Mais tarde, quando JESUS apareceu aos seus discípulos, depois da ressurreição, dele declarou: “Paz seja convosco; assim como o Pai me enviou, também eu vos envio a vós” (Jo 20;21).


Mateus também dá ênfase à comissão. Ele registra estas palavras de JESUS: “Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-os a observar todas as coisas que eu vos tenho mandado; e eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos” (Mt 28;19,20). Aqui JESUS vincula com o evangelho a promessa de sua presença com o “ir”. É claramente uma promessa que depende de nossa atividade. Como disse Loren Cunningham, fundador de Jovens Com Uma Missão (JOCUM): “-Onde não há ide, não há eis”.


O comissionamento da Igreja por Cristo, para evangelizar o mundo, começa com um simples mandamento. IDE! Ir é uma palavra de ação. Implica uma chamada para o envolvimento e a atividade. Ir tem três sentidos básicos – “movimentar-se”, “trabalhar” e “agir”. Implica na palavra Ide, conforme usada em Mc 16:15, há um senso de urgência, ou um espírito de “agora”. JESUS não está fazendo uma sugestão casual que poderia ser adiada. ELE estava emitindo uma ordem vital, urgente.



Urgência é um tema freqüente nos Evangelhos. Vem-nos à mente a parábola da grande ceia narrada por CRISTO: “Jesus, porém, lhe disse: Certo homem dava uma grande ceia, e convidou a muitos. E à hora da ceia mandou o seu servo dizer aos convidados: vinde, porque tudo já está preparado. Mas todos à uma começaram a escusar-se. Disse-lhe o primeiro: Comprei um campo, e preciso ir vê-lo; rogo-te que me dês por escusado. Outro disse: Comprei cinco juntas de bois, e vou experimentá-los; rogo-te que me dês por escusado. Ainda outro disse: Casei-me e portanto não posso ir. Voltou o servo e contou tudo isto a seu senhor: Então o dono da casa, indignado, disse a seu servo: Sai depressa para as ruas e becos da cidade e traze aqui os pobres, os aleijados, os cegos e os coxos. Depois disse o servo: Senhor, feito está como o ordenaste, e ainda há lugar. Respondeu o senhor ao servo: Sai pelos caminhos e valados, e obriga-os a entrar, para que a minha casa se encha” (Lc 14;16-23). Notamos as palavras “sai depressa”, JESUS dava ênfase a um senso de urgência.


Urgência semelhante encontra-se nas palavras de CRISTO: “Importa que façamos as obras daquele que me enviou, enquanto é dia; vem à noite, quando ninguém pode trabalhar.” (Jo 9;4). A partir do momento que seus recaíram sobre este texto até esta mesma hora amanhã, aproximadamente 150 mil pessoas morrerão no mundo. Pesquisadores de missões nos dizem que metade delas nunca ouviu falar de JESUS, nem sequer uma vez. Isto, amado, é urgência.


CONCLUSÃO


Concluindo, espero em DEUS ter contribuído para despertar o seu desejo de aprofundar-se em tão precioso ensino, proporcionado oportunidade de agregar algum conhecimento sobre estes assuntos e ter motivado sua vida a envolver-se decisivamente no IDE de JESUS de uma forma integral.   Conseguindo, que a honra e glória seja dada ao SENHOR JESUS. 

Ev. José Costa Junior



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