9 de agosto de 2011

A BELEZA DO SERVIÇO CRISTÃO


A BELEZA DO SERVIÇO CRISTÃO


TEXTO ÁUREO = “Ora, se eu, Senhor e Mestre, vos lavei os pés, vós deveis também lavar os pés uns aos outros” ( Jo 13: 14 )


VERDADE PRÁTICA = A vida cristã só faz sentido neste mundo quando servimos a Deus e ao próximo em perfeito amor.


INTRODUÇÃO


O Serviço Cristão = O salvo é um servo dedicado à obra do Senhor.


- "Bem-aventurado aquele servo que o Senhor, quando vier, achar servindo assim" (Mt.24:46). Nesta expressão da parábola dos dois servos, Jesus nos mostra, claramente, que cada salvo é um servo e que todo servo é alguém que tem de servir, de tem prestar um serviço, serviço que deve ser "assim", ou seja, segundo um modelo, um padrão estabelecido pelo Senhor.


- A vida cristã é uma vida de serviço, de um serviço em todas as áreas da vida, de um cumprimento de tarefas determinadas pelo Senhor e da qual prestaremos contas quando chegarmos à eternidade.


O QUE É SERVIÇO


- A palavra "serviço", no Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, tem, entre outros significados, o de "ação ou efeito de servir, de dar de si algo em forma de trabalho"; "exercício e desempenho de qualquer atividade", palavra que vem do latim "servitium", cujo significado é "'condição de escravo, escravidão, jugo, obediência".


- Na Versão Almeida Revista e Corrigida, a palavra "serviço" aparece, pela vez primeira, em Gn.26:14 e, em nas suas aparições, no Antigo Testamento, é tradução da palavra hebraica " ‘abodah" (????), que tem o mesmo significado do latino "servitium", ou seja, trabalho a ser executado pelo escravo, jugo.


- É interessante notar que a palavra é utilizada tanto para designar as tarefas que Faraó determinava aos israelitas durante a escravidão (Ex.1:14; 5:9,11), como também as tarefas determinadas por Deus, após a libertação, para a adoração ao Senhor (Ex.27:19; 30:16; 35:21,24; 36:1,3.5; Nm.4:30; 8:24; Js.22:27; I Cr.28:20; 29:7; II Cr.31:21; Ez.44:21).


- Em o Novo Testamento, a palavra "serviço", no mais das vezes, é tradução da palavra "diakonia" (????????), cujo significado é o de "ministério", "atendimento a comando, ordem de outro na execução de tarefas" (At.12:25; II Co.8:4; 9:12; Ap.2:19), embora, às vezes, seja, também, tradução de "leitourgía" (??????????), cujo significado é de "ofício público, cerimônia para culto de uma divindade feita pelo cidadão às suas expensas" (Fp.2:17, 30; Hb.9:9) e, mesmo, de "latreia" (???????), palavra que, como vimos na lição anterior, significa "culto" (Jo.16:2).


- O que se percebe é que o ser humano, ao ser criado, foi feito para servir. Desde o Éden, um dos objetivos estabelecidos por Deus ao homem era o trabalho (Gn.2:15). O homem foi feito para dominar sobre a criação terrena, mas para servir a Deus, devendo, através do trabalho, do serviço, exaltar o nome de seu Criador e demonstrar que era imagem de Deus, pois um dos principais aspectos da Divindade é, precisamente, o de ser um ser que trabalha (Jo.5:17). Na Bíblia Sagrada, o Senhor aparece, em Gn.1:1, como um ser que trabalha, ao criar os céus e a Terra, daí porque o trabalho ser uma atividade que nos mostra a condição do homem de ser imagem de Deus. Eis o motivo pelo qual se diz que o trabalho dignifica o homem, é uma das demonstrações mais eloqüentes da dignidade da pessoa humana.


- Ora, se Deus fez o homem para servi-lO, para que executasse tarefas que exaltassem o nome do Senhor, é praticamente intuitivo que todo e qualquer ser humano que se disponha a se submeter ao senhorio de Deus seja alguém que tenha no trabalho uma de suas principais marcas. Não é por outro motivo, aliás, que, ao longo da história sagrada, não encontramos jamais alguém que tenha sido chamado por Deus que não estivesse trabalhando. Deus jamais chamou e jamais chamará desocupados para a Sua obra, porquanto o ócio é algo que está em frontal oposição ao que Deus é, ao que Deus representa.


- Em sendo assim, temos que todo povo chamado e constituído por Deus é um povo que tem no trabalho, no serviço um ponto característico. A Igreja, o povo de Deus da atual dispensação, não é exceção. Muito pelo contrário, Jesus sempre deixou bem claro que os Seus discípulos deveriam ser pessoas que estivessem prontas e dispostas a servir, a executar tarefas para a glória do nome do Senhor.


- Ao chamar os Seus primeiros discípulos, Jesus disse que os faria "pescadores de homens" (Mt.4:19; Mc.1:17). Notemos que, embora Jesus tivesse convidado aqueles homens a abandonarem sua atividade profissional de pescadores, não os convidou para a ociosidade, mas apenas lhes disse que estariam a mudar de trabalho e usou, inclusive, de uma expressão bem clara, que demonstrasse àqueles chamados que continuariam a trabalhar, não mais como "pescadores de peixes", mas como "pescadores de homens". Jesus, ao contrário de muitos aproveitadores do povo de Deus da atualidade, jamais convidou pessoas para serem ociosas e sem qualquer atividade.


- Ao sintetizar o que significa ser Seu discípulo, Jesus foi bem claro ao mostrar que ser discípulo de Jesus é ser servo, é ter de executar um serviço, uma tarefa determinada pelo Senhor. Jesus afirmou que, quem quisesse vir após Ele, deveria negar a si mesmo(Mt.16:24; Mc.8:34; Lc.9:23), ou seja, passar a ser um "servo", alguém que não tem vontade própria, que não faz o que quer, mas que atende à vontade do senhor. Além de negar a si mesmo, deveria ser alguém que "tomasse a sua cruz", ou seja, que assumisse suas responsabilidades, que suportasse o peso de, na execução da vontade do Senhor, fosse aborrecido pelo mundo, fosse considerado um maldito, sofresse a condenação de todo o sistema pecaminoso que a Bíblia chama de "mundo". Ao chamar de "cruz" o peso de servir a Deus, Jesus bem mostrou que não se trataria de algo fácil, de algo simpático, nem tampouco de algo que fosse compreendido pelo mundo.


Bem ao contrário, fazer a vontade de Deus, ou seja, tornar-se Seu servo é algo que é visto pelo mundo como um vitupério, isto é, como uma ofensa, uma afronta, um insulto aos homens deste mundo, visto que nosso bom testemunho, o "bom cheiro de Cristo", é cheiro de morte para os que espiritualmente estão mortos (II Co.2:15,16).


Entretanto, devemos, sim, para sermos verdadeiros servos de Deus, levar o vitupério de Cristo, rejeitando os "tesouros do Egito" (Hb.11:6; 13:13).



OBS:  Em sua feliz alegoria sobre a vida cristã, "O Peregrino", John Bunyan mostra como a decisão de servir a Deus já causa comoção e reação contrária por parte dos incrédulos. Cristão é imediatamente contrariado em sua decisão de ir para a cidade celeste por Obstinado e Flexível, a demonstrar como o serviço a Deus significa sempre vitupério aos homens pecadores.


- É interessante observar que o serviço do salvo, portanto, está vinculado a esta rejeição do mundo. Serviço cristão é, antes de mais nada, renúncia a si mesmo e rejeição do mundo. Não há como servir a Deus se não se deixar o mundo e, conseqüentemente, tornar-se inimigo do mundo (Tg.4:4). Moisés, que é o exemplo trazido pelo escritor aos hebreus, para demonstrar que servir a Deus é rejeitar os "tesouros do Egito" e assumir o vitupério de Cristo, é a personagem que mais vezes nas Escrituras é chamada de "o servo do Senhor" , pois, das 22 vezes que esta expressão aparece na Versão Almeida Revista e Corrigida, em 18 delas se refere a Moisés, como uma eloqüente mostra que o servo tem de deixar o mundo para ser um servo do Senhor.


- Mas, ser discípulo de Jesus não é apenas negar a si mesmo e a tomar a cruz, mas, também, segui-lO, ou seja, esta renúncia de si mesmo, esta tomada da cruz deve ser algo contínuo, que não deve cessar. Em At.10:7, é dito que Cornélio chamou alguns criados seus bem como piedosos soldados que estavam a seu serviço para fossem ao encontro de Pedro. No texto original, é dito que tais soldados serviam o centurião continuadamente (o grego é "proskartereo" - ????????????). É este tipo de serviço que Jesus exige de Seus discípulos, um serviço contínuo, dedicado, ininterrupto.


- O serviço deve ser contínuo e ininterrupto pois deve durar durante toda a dispensação da graça. A ordem do Senhor para os Seus servos é de que negociem até que Ele venha (Lc.19:13). Mas, além de ser contínuo e ininterrupto, o serviço deve ser dedicado, ou seja, deve ser uma entrega, algo consagrado a Deus. O servo de Deus deve ser alguém que tem "dedicação integral", ou seja, cujos atos sempre tenham como objetivo a exaltação do nome do Senhor, que faça tudo para o Senhor.


- Este tipo de serviço só é possível se o servo caminha com Jesus a vida toda, ou seja, se não pára na primeira milha, que é a milha do dever, mas prossegue na milha do amor (cf. Mt.5:41). O serviço a Deus não pode ser um mero cumprimento de um dever, pois aquele que faz apenas o que lhe é mandado, que apenas cumpre seu dever, é um servo inútil (Lc.17:10). Devemos ir além da "nossa obrigação", porquanto se formos tão somente justos e corretos, cumprindo o nosso dever, estaremos em falta para com Deus, pois como nada Lhe demos, não podemos exigir qualquer recompensa (Rm.11:35).


Por isso, tudo quanto fizermos na obra de Deus, temos de fazer de boa vontade, com dedicação, além do que nos é exigido, para que não caiamos no juízo divino (I Co.9:16,17).

- O discípulo de Jesus deve servir continuadamente, deve prestar um serviço ao Senhor, pois, se aceita a Jesus como Senhor e Salvador, assume a condição de "servo" e "servo" é aquele que trabalha, que faz um serviço. O próprio Jesus disse que deveríamos ir a Ele, nós, que estávamos cansados e oprimidos, que seríamos aliviados por Ele (Mt.11:28). A vida com Cristo, porém, não é uma vida sem fardo.


Se é verdade que o fardo pesado dos nossos pecados é retirado quando nos encontramos com Cristo, também é fato que Jesus nos dá um fardo e um jugo (Mt.11:29,30). Trata-se de um fardo leve, de um jugo suave, mas não deixa de existir um fardo e um jugo. Este fardo e este jugo nada mais são que o serviço que temos de prestar ao Senhor. Com a salvação, voltamos a ser mordomos do Senhor, Seus servos excelentes na criação, tendo, pois, que realizar algo segundo a vontade de Deus.


- O serviço é, portanto, uma parte indissociável da vida do salvo. Todo salvo tem de servir a Deus, tem de Lhe prestar um serviço e, para que não houvesse qualquer dúvida a respeito, o próprio Jesus foi chamado de "o Servo do Senhor", notadamente no livro do profeta Isaías, onde há "quatro cânticos do Servo"( Is.42:1-4; 49:1-6; 50:4-9 e 52:13-53:12) a fim de nos dar o exemplo de que como deveríamos nos comportar enquanto Igreja, enquanto corpo de Cristo.(I Co.12:27).


- Jesus, mesmo, mostrou que todo salvo é chamado para servir. Nas Suas últimas instruções aos discípulos, o Senhor disse que chama as pessoas para que elas dessem fruto permanente e dar este fruto, que é o fruto do Espírito, é a finalidade de todo serviço cristão (Jo.15:15,16). Nesta passagem, apesar de Jesus nos chamar de amigos, diante da intimidade que nos oferece, não deixa de considerar que continuamos a ser servos, tendo uma tarefa a realizar na face da Terra, tarefa esta, repita-se, que nos porá em confronto contra o mundo (Jo.15:18-21).


- Podemos, então, dizer que o "serviço cristão" é tudo aquilo que o Senhor determina que façamos pelo fato de O termos aceitado como Senhor e Salvador de nossas vidas, tarefas estas que devemos executar até o dia do arrebatamento da Igreja, demonstração de que, ao aceitarmos a Cristo, renunciamos a nós mesmos, tomamos a nossa cruz e passamos a segui-lO.


AS CARACTERÍSTICAS DO SERVIÇO CRISTÃO


- Se o cristão é servo de Deus e, como tal, deve servir, ou seja, executar tarefas ao Senhor enquanto existir, como deve ser este serviço? Quais as características exigidas pelo Senhor? Para responder a esta questão, nada melhor do que observarmos a figura do "Servo do Senhor", no livro do profeta Isaías, em que se dizem quais seriam as características de Jesus, características estas que servem também como referencial para a Igreja, visto que devemos seguir as pisadas de Cristo (I Pe.2:21).


- Em quatro trechos, chamados pelos estudiosos da Bíblia de "cânticos do Servo", o profeta Isaías mostra, com riqueza de pormenores, o ministério terreno de Jesus e a Sua qualidade de servo, pois, como afirmou o apóstolo Paulo, na Sua humilhação, o Senhor despiu-Se da Sua glória e assumiu a forma de servo, para fazer a vontade do Pai e para anunciar a salvação à humanidade (Fp.2:5-9).


- O primeiro destes "cânticos do Servo" encontra-se em Is.42:1-4, onde o texto sagrado nos diz que o "Servo do Senhor" é alguém que foi escolhido por Deus. Este é um dos grandes ensinos que temos: assim como Jesus foi escolhido por Deus para vir ao mundo e nos resgatar, os servos do Senhor são também escolhidos por Jesus para glorificar o Seu nome nesta Terra (Jo.15:16).


- Não se pode servir a Deus se não se é escolhido pelo Senhor. O serviço cristão é a resposta a um chamado da parte do Senhor. Não existem "oferecidos" na casa de Deus, não se pode servir a Deus fazendo aquilo que se quer, mas tão somente aquilo que é resultado da "vocação", da "chamada" do Senhor. Cada um tem um serviço diferente naquilo que, em conjunto, é a obra de Deus. Por isso a Igreja é comparada a um corpo, porque o corpo, embora seja um, possui muitas atividades e funções, que não concorrem entre si mas que se completam, dando vida e crescimento ao organismo (I Co.12:12-31).


- A segunda característica do Servo do Senhor é que Ele seria intensamente agradável a Deus. Deus nEle comprazeria a Sua alma, ou seja, ficaria satisfeito com o Seu trabalho, concordaria com tudo o que fosse feito. Esta profecia cumpriu-se literalmente, em relação a Jesus, quando, por duas vezes, o Pai disse estar agradado de Jesus, a saber, no batismo e na transfiguração (Mt.3:17; 17:5).


- O serviço cristão é feito para agradar a Deus, não aos homens. Temos de fazer aquilo que Deus nos determinou com o objetivo exclusivo de agradá-lO. Somente serve a Deus quem quer agradá-lO (Gl.1:10). Como diz o apóstolo Paulo, quem quer agradar aos homens, não serve a Deus. Tudo quanto fizermos deve ser para agradar a Deus. Não nos esqueçamos que somente os que forem agradáveis ao Senhor poderão herdar com Ele todas as coisas (Mt.25:32-40).


- A terceira característica do Servo do Senhor é que teria o Espírito de Deus sobre Ele. Efetivamente, quando de Seu batismo, Jesus foi ungido com o Espírito Santo e com virtude. Isto nos mostra claramente que, para servir a Deus, não podemos usar de recursos humanos, não temos condições de, por nós mesmos, fazermos coisa alguma, mas dependemos exclusivamente do Espírito de Deus, sendo esta uma das principais razões pelas quais foi Ele mandado para ficar com a Igreja até o arrebatamento.


- Jesus, logo após dizer que deveriam Seus servos produzir fruto permanente e que, nesta produção, seriam aborrecidos pelo mundo, foi claro ao afirmar que o Espírito Santo viria para testificar do Filho e que os salvos também testificariam, pois o Espírito estaria neles (Jo.15:26,27; 16:13). Vemos, pois, que o serviço não pode ser exercido senão através da orientação do Espírito Santo, mediante a unção do Santo (I Jo.2:20).


- A quarta característica do Servo do Senhor, no primeiro cântico, é de que produziria juízo entre os gentios. Aqui vemos que o Servo do Senhor, por Sua obediência e fidelidade, alçaria a condição de juiz. Como já dito supra, o serviço cristão produz condenação àqueles que caminham para a perdição (II Co.2:15,16). Eis o motivo pelo qual o serviço do salvo é sempre combatido pelos homens sem Deus e sem salvação, é sempre um serviço que "navega contra a maré",  que vai contra "o curso deste mundo" (Ef.2:1-6). Quando servimos a Deus, estamos a testificar contra o pecado e contra o mundo, pois propagamos a Palavra do Senhor, pela qual o mundo há de ser julgado (Jo.12:48).


- A quinta característica do Servo do Senhor é a Sua fidelidade. O profeta diz que o Servo não clamaria, não Se exaltaria, não faria ouvir a sua voz na praça, não quebraria a cana trilhada, não apagaria o pavio que fumega, produziria o juízo em verdade, não faltaria, não seria quebrantado até que pusesse o juízo na terra e as ilhas aguardariam a Sua doutrina.  O que vemos nestas expressões do profeta é a fidelidade do Servo do Senhor: Ele, em momento algum, deixaria de fazer o que Lhe havia sido ordenado, não abandonaria a Sua condição humilde, cumprindo rigorosamente a lei, sob a qual haveria de nascer, como também a vontade do Pai. Não deixaria que o Espírito de Deus fosse extinto em Seu ser e não abandonaria a verdade. Que lições para os servos de Deus da atualidade que, por vezes, acabam sendo envolvidos pela vaidade, pela soberba e não seguem obedientes à Palavra do Senhor. Tomemos cuidado para que possamos ser fiéis até o fim!


- No segundo "cântico do Servo" (Is.49:1-6), o Servo do Senhor é apresentado como alguém que fora chamado desde o ventre, ou seja, mais uma vez se ressalta que o servo deve ser chamado, não um oferecido. Muitos, ao longo da história de Israel, notadamente a partir do período interbíblico, ofereceram-se como Messias aos judeus, mas eram "oferecidos", não "chamados" e, por isso, falsos messias que tanto desencanto e decepção causaram entre os israelitas. Nos dias hodiernos, não é diferente, pois vivemos os dias que antecedem à vinda de Cristo, onde muitos "falsos cristos" têm surgido (Mt.24:24).


- O Servo do Senhor, porém, distingue-Se dos falsos messias porque a Sua mensagem outra não é senão a Palavra de Deus: "fez a Minha boca como uma espada aguda" (Is.49:2). A mensagem do Servo do Senhor é o Evangelho, as boas novas da salvação (Mc.1:15; Jo.12:47), o Seu testemunho é a vida eterna (I Jo.5:11). Por isso, teve sempre a proteção do Senhor e Se apresentou ao mundo como uma "flecha limpa escondida na aljava de Deus" (Is.49:2). Não só pregava a mensagem do Senhor, como também a vivia, apresentando-Se em pureza de coração, em perfeita santidade, merecendo, assim, a proteção do Senhor, como se viu literalmente em duas oportunidades, seja em Nazaré (Lc.4:29,30), seja no alpendre de Salomão, no templo em Jerusalém (Jo.10:39).


- A santidade de vida e a Palavra de Deus como única mensagem continuam sendo requisitos para os servos do Senhor. Nisto podemos distinguir os genuínos e autênticos servos de Deus dos falsos mestres, falsos cristos e falsos apóstolos que hoje, como pragas, estão a empestear o ambiente religioso dos nossos dias.


Os falsos servos não pregam a Cristo, nem tampouco a autêntica Palavra de Deus, deixando de lado as riquezas eternas para pensar única e tão somente no "aqui e agora", na "fé inteligente" que só se exerce para as coisas desta vida. Com quem nos parecemos: com Jesus ou com estes falsos mestres?


- O Servo do Senhor é alguém que recebe o testemunho do próprio Deus, pois Seu objetivo será o de glorificá-lO. O Servo é humilde o bastante para reconhecer que seria rejeitado por Israel, mas esta rejeição não seria qualquer obstáculo ao Seu reconhecimento pelo Senhor, visto que fez o que devia fazer, gastou as Suas forças e o direito e o galardão encontram-se com Deus e não com o povo rebelde e duro de cerviz. A rejeição de Israel, diz o profeta neste segundo cântico, faria com que o Servo do Senhor Se tornasse, também, luz para os gentios, que, assim, teriam a oportunidade as salvação. O Servo não seria derrotado em Seu trabalho, mas, no tempo certo, receberia em herança as herdades assoladas (Is.49:8).


- Notamos aqui como o Senhor é diferente dos homens. Recentemente, ouvimos de um especialista em consultoria de empresas que a remuneração deve ser feita segundo os resultados do esforço de alguém, não em relação ao esforço propriamente dito. Com Deus, porém, é diferente. Ele é justo e sabe de todas as coisas e não está tão preocupado com o resultado do esforço dos Seus servos, mas, sim, com a dedicação e esforço deles. O galardão levará em conta a qualidade desta dedicação, não os resultados, muitos dos quais são enganosos, como se vê na descrição do tribunal de Cristo em I Co.3:12-15. Há, hoje em dia, uma corrida atrás de números e de quantidade, mas não é isto que o Senhor está vendo, mas, sim, o esforço, a dedicação, o trabalho de cada um. Temos sido como o Servo do Senhor?


- O terceiro "cântico do Servo" (Is.50:4-9) descreve o Servo do Senhor como alguém que tem uma língua erudita, língua adestrada para dizer a seu tempo uma palavra ao que está cansado, palavra esta que resultado do aprendizado que se tem com o Senhor, aprendizado este motivado pelo despertar a cada manhã pelo Senhor. Vemos, pois, que o Servo do Senhor era dotado de uma intimidade muito grande com o Senhor, com um contacto diário e permanente, uma vida de oração.


- Muitos, hoje em dia, querem servir a Deus, mas não têm tempo para ser despertados por Ele, para manterem um diálogo diário e contínuo com o Senhor. Não são dedicados à oração, nem tampouco ouvem o Senhor antes de falar. O resultado é que suas línguas não são eruditas, falam o que não convêm, deixam-se dominar pela língua, o que é extremamente perigoso, como nos ensina Tiago (Tg.3:1-12). O Servo do Senhor não é assim, antes, primeiro ouve o que Deus tem a falar, para, só então, falar e falar com sabedoria, acertadamente, pois, como ensina o pastor João da Cruz Parente, articulista do Portal Escola Dominical, sabedoria nada mais é que "saber tomar decisões acertadas".


- O segredo da obediência do Servo está em que sabe ouvir o Seu Senhor. O profeta afirma que, por ter aberto os ouvidos ao Senhor, o Servo não Lhe é rebelde (Is.50:5). Também daí vem o segredo da perseverança, pois o Servo não Se retirou para trás, mesmo quando injuriado e ferido (Is.50:6,7).

Como diz o escritor aos hebreus, Jesus suportou toda a afronta, pelo gozo que Lhe estava proposto (Hb.12:2), gozo este de que tinha conhecimento porque, obedientemente, aprendera do Senhor, ouvira a Sua voz e crera no que havia sido dito. Também todos quantos aprenderem do Senhor, saberão suportar as afrontas, sabendo que nada se pode comparar ao que nos está reservado (Rm.8:18).


- Saber suportar o sofrimento apesar de toda a fidelidade a Deus é uma das características do Servo do Senhor (Is.50:6,7). Hoje em dia, porém, não são poucos os que acham que o servo de Deus não pode sofrer coisa alguma e que, se houver sofrimento, há algum pecado ou algum fracasso. Nada mais enganoso. O Servo do Senhor sofreu muito, deu Suas costas aos que O feriam, as Suas faces aos que arrancavam os cabelos, não escondia a Sua face dos que cospiam nEle, mas, mesmo assim, não estava confundido nem deixou de ter a ajuda do Senhor, pois o Seu rosto eram um seixo, ou seja, tinha firmeza espiritual, sabia que tudo aquilo Lhe havia sido dito pelo Senhor, mas que Lhe havia, também, prometido a vitória. Temos condições de sermos servos de Deus?


- O Servo do Senhor tudo suportou porque sabia da Sua sinceridade, porque era uma realidade na Sua vida a comunhão que tinha com o Senhor. Ele estava perto e não longe do Senhor, ninguém poderia condená-lO, ninguém poderia contender com Ele, Sua vida de santidade O permitia desfrutar da vida eterna, e, contra a eternidade, não há como prevalecer as aflições e contrariedades passageiras e momentâneas. Esta é a verdadeira "fé inteligente", a convicção de que nos está reservada a vida eterna e que nada neste mundo pode ser buscado, querido ou desejado, porque é muito fugaz e passageiro. Ter "fé inteligente" é ter a certeza de que os céus nos estão reservados e que nada neste mundo se pode comparar com o que nos está prometido, por isso, quando "...não tiver luz nenhuma, confia no nome do Senhor e se firma sobre o seu Deus" (Is.50:10, com modificação das pessoas gramaticais).


- O quarto e último "cântico do Servo" (Is.52:13-53:12) é, certamente, o mais conhecido de todos, quando se observa que o Servo do Senhor operaria com prudência, seria engrandecido, elevado e mui sublime, embora não tivesse parecer nem formosura. O Servo do Senhor não impressionaria pela Sua aparência, mas, sim, pela Sua prudência, ou seja, pela ciência do Santo (Pv.9:10).


- O Servo do Senhor não tinha beleza alguma, foi desprezado, considerado o mais indigno dentre os homens, mas, ao ser obediente e fiel a Deus até o fim, suportando toda a afronta e humilhação, tomou sobre Si as nossas enfermidades e as nossas dores levou sobre Si. Assumiu o nosso lugar e foi ferido por causa das nossas transgressões e moído pelas nossas iniqüidades, fazendo com que pudéssemos estar em paz com Deus novamente. Tudo suportou calado, chegando a morrer e ser sepultado, para que pudéssemos ter acesso ao Senhor. Sem ter cometido qualquer injustiça, por obediência, morreu por nós, assumiu nossas culpas e agradou ao Senhor, que ficou satisfeito com o Seu trabalho. Em conseqüência, tornou-se o justificador de muitos e vitorioso, podendo agora interceder pelos transgressores.



- Como disse o apóstolo Paulo, o Servo do Senhor foi fiel até a morte e morte de cruz e, por isso, foi posto sobre todo o nome, constituído como Senhor dos senhores, diante de quem todo joelho se dobrará (Fp.2:5-11). Antes da exaltação, porém, veio a humilhação, o sofrimento e a obediência, mesmo caminho que têm de seguir todos quantos desejem ser servos do Senhor. Servir a Deus é suportar a afronta pelo gozo que nos está proposto (Hb.12:2), é saber que o serviço cristão não traz recompensas nem benefícios nas coisas desta vida, mas nos garantirá um galardão nos céus (Mt.5:11,12).


O SERVIÇO CRISTÃO


- Mas, após termos visto como é o serviço cristão, mediante a análise dos "quatro cânticos do Servo" do livro do profeta Isaías, temos de verificar o que faz parte do serviço cristão, qual é o seu teor, qual é o seu conteúdo. O que é servir a Deus?


- O apóstolo Paulo afirmou que o eterno propósito de Deus feito em Cristo Jesus nosso Senhor é o conhecimento da multiforme sabedoria de Deus pelos principados e potestades nos céus, anunciando entre os gentios, por meio do Evangelho, as riquezas incompreensíveis de Cristo (Ef.3:8-11).


- A primeira razão de ser da Igreja, portanto, é a pregação do Evangelho aos judeus e aos gentios, ou seja, a anúncio da boa-nova, da boa notícia de que Deus enviou o Seu Filho ao mundo para que todo aquele que nEle crê não pereça mas tenha a vida eterna (Jo.3:16). Jesus deixou isto bem claro ao determinar aos discípulos que pregassem o Evangelho a toda a criatura por todo o mundo (Mc.16:15).


-A Igreja existe para pregar o Evangelho, para continuar a pregação de Jesus (Mc.1:14,15). Este, aliás, é um dos motivos pelos quais a Igreja é chamada de "o corpo de Cristo", pois deve continuar a fazer o que Jesus fez. Enquanto esteve em Seu ministério terreno, o Senhor ia por todas as partes de Israel pregando o Evangelho, mas, agora, já que os Seus não o receberam, mandou que a Igreja prosseguisse este Seu trabalho, continuando a pregar o Evangelho, só que agora a todas as nações, inclusive aos judeus.


- Mas a Igreja não serve apenas para pregar o Evangelho. Tem ela também a tarefa de integrar as pessoas que aceitam a salvação no seu interior. Embora a salvação seja imediata e uma operação do Espírito Santo, o fato é que o crente não pode ser deixado à mercê, isolado e sozinho no mundo. Muito pelo contrário, assim que alguém aceita a Cristo como seu Senhor e Salvador, tem de ser integrado na igreja local, no grupo social onde passará os dias aguardando a volta de Cristo(At.2:41,44).


- Outra função importantíssima que é a do aperfeiçoamento dos santos (Ef.4:11-16), a começar pelo discipulado (At.11:25,26). O crescimento espiritual do salvo somente se dá na igreja local. Este é o modelo bíblico, de modo que sem qualquer respaldo nas Escrituras o falso ensino do "self-service", tão em voga nos nossos dias, segundo o qual se pode servir a Deus "sozinho", pois "antes só do que mal acompanhado". Muitos têm se decepcionado com escândalos, intrigas e injustiças nas igrejas locais, que, como todo grupo social de seres humanos, têm defeitos e problemas (que o digam as igrejas que receberam epístolas dos apóstolos...) e, em meio a estas decepções, não vigiam e se deixam enganar por esta doutrina demoníaca. Precisamos uns dos outros para crescermos espiritualmente, para perseverarmos na fé.


- A Igreja, como é o povo de Deus na Terra na atual dispensação, é o único povo que pode adorar a Deus, visto que está em comunhão com Ele, já que seus pecados foram tirados por Jesus (Jo.1:29; Rm.5:1). É, portanto, dever da Igreja adorar a Deus, em espírito e em verdade, já que o Pai procura tais adoradores (Jo.4:23). Deve, portanto, a Igreja cumprir este dever de adoração, que já estudamos na lição anterior.


- A Igreja é uma nação santa, é o sal da terra e luz do mundo (Mt.5:13,14) e, por isso, por ainda estar no mundo, embora dele não seja (Jo.17:11,15,16), torna-se o porta-voz natural de Deus para os gentios e para os judeus. A Igreja é a "boca" de Deus para o mundo e, por isso, temos o dever de proclamar a Palavra, de dizer ao mundo qual é a vontade de Deus em todos os assuntos e questões que se apresentarem enquanto perdurar a nossa jornada, a nossa peregrinação. Por isso, tem a Igreja uma missão profética, deve proclamar a Palavra de Deus e exigir o seu cumprimento por grandes e pequenos, sem receio, a exemplo do que faziam os profetas do Antigo Testamento.


- Como a Igreja foi chamada para dar fruto e fruto permanente (Jo.15:16), frutos, aliás, que são diferentes dos outros povos (Mt.7:15-20), porque se trata do fruto do Espírito (Gl.5:22) e só a Igreja tem e recebeu o Espírito Santo (Jo.14:17), temos que o comportamento da Igreja é diferente do comportamento dos demais homens, sejam judeus, sejam gentios, de sorte que a Igreja acaba por ter, também, uma missão ética, o dever de se portar de modo a não dar escândalo aos outros povos (I Co.10:32), tendo de ter uma conduta que identifique a sua comunhão com o Pai (Mt.5:16). É por este motivo que tem a Igreja um dever ético, ou seja, um comportamento distinto do mundo.


- É, aliás, neste ponto que devemos realçar que o "serviço cristão" não é apenas o cumprimento de atividades eclesiásticas. Muitos pensam que servir a Deus significa ter uma religiosidade, uma participação nas atividades de sua igreja local. Isto faz parte, sim, do serviço cristão, mas é apenas um aspecto deste serviço. Servimos a Deus em todo o lugar, a todo tempo, pois os verdadeiros adoradores adoram o Pai em espírito e em verdade (Jo.4:23). Desta maneira, não é no templo ou nas atividades realizadas pela igreja local que mostramos nosso serviço cristão, mas em todos os aspectos de nossa vida, pois o verdadeiro servo está a exaltar seu Senhor a todo instante, em tudo quanto faz (Mt.5:16). É preciso haver o que se tem denominado de "integridade cristã", ou seja, que a nossa vida esteja INTEIRAMENTE dedicada a Deus e, em sua INTEIREZA, seja um motivo para que os homens glorifiquem ao nosso Pai que está nos céus.



- Também por estar no mundo e por se apresentar em grupos sociais, as chamadas "igrejas locais", a Igreja acaba tendo de ter um papel perante a sociedade, como, aliás, todo grupo social. Os grupos sociais estão reunidos na sociedade, que é o grupo maior, o grupo que tem, por fim, promover a felicidade, o bem-estar, o chamado bem comum. As igrejas locais não fogem a esta obrigação, que decorre da sua própria natureza de ser parte da sociedade. Deus não nos tirou do mundo nem Jesus quis que isto se fizesse (Jo.17:15) e, diante desta realidade, assim como fez Nosso Senhor, devemos, também, ter uma atuação social digna de nota, que sirva de testemunho de nossa comunhão com Deus.


- A Igreja é o lugar que o Senhor designou para que sirvamos a Ele, pois, isoladamente, ninguém consegue desenvolver-se espiritualmente e chegar até a glorificação, último estágio de nossa salvação. As imperfeições humanas são tantas que o Senhor fez com que nos uníssemos nas igrejas locais, a fim de que cada um ajudasse o outro a crescer espiritualmente e a resistir ao mal até aquele grande dia. Tem-se, portanto, que um dever de cada cidadão desta nação chamada Igreja é o de ajudar uns aos outros, por intermédio do aconselhamento cristão (Rm.15:14; Cl.3:16; I Ts.5:11; Hb.3:13; 10:25); o de consolar uns aos outros, por intermédio da visitação (I Ts.4:18; Hb.10:24; Tg.5:16); o de promover a comunhão uns com os outros, por intermédio da conciliação (Mt.18:15-17;Ef.5:21; Cl.3:13).


- A ajuda aos necessitados, tanto do ponto-de-vista material quanto espiritual, é outro grande elemento do serviço cristão. Quando Jesus disse que Seus discípulos deveriam dar fruto permanente, também mandou que eles se amassem uns aos outros (Jo.15:17), repetindo assim o que é chamado de "o novo mandamento": "Que vos ameis uns aos outros, como eu vos amei" (Jo.15:12). Este amor não é comprovado por palavras, mas, sim, por gestos, atos, ações (I Jo.3:18).


- A Bíblia ensina-nos que devemos nos amar uns aos outros (Jo.13:35), preferirmo-nos em honra uns aos outros (Rm.12:10), recebermo-nos uns aos outros (Rm.15:7), saudarmo-nos uns aos outros (Rm.16:16), servimo-nos uns aos outros pela caridade (Gl.5:13), suportarmo-nos uns aos outros em amor (Ef.4:2; Cl.3:13), perdoarmo-nos uns aos outros (Ef.4:32; Cl.3:13), sujeitarmo-nos uns aos outros no temor de Deus (Ef.5:21), ensinarmos e admoestarmo-nos uns aos outros (Cl.3:16; Hb.10:25), não mentirmos uns aos outros (Cl.3:9), consolarmo-nos uns aos outros (I Ts.4:18), exortamo-nos e edificarmo-nos uns aos outros (I Ts.5:11; Hb.3:13), considerarmo-nos uns aos outros para nos estimularmos à caridade e às obas obras (Hb.10:24), confessarmos as culpas uns aos outros (Tg.5:16).


- O serviço cristão envolve, portanto, atos pelos quais demonstremos nosso amor ao próximo. Por isso, não pode o salvo se isentar de toda e qualquer ação que venha a promover o bem-estar da coletividade, a bênção de Deus sobre as pessoas, que venha mitigar o sofrimento daquele que está ao nosso redor.


Na parábola do bom samaritano (Lc.10:25-27), Jesus mostrou que próximo é qualquer um que esteja em nosso caminho e, em algumas oportunidades, o apóstolo Paulo ensinou que fazer o bem a outrem é uma qualidade que não pode faltar àqueles que dizem servir a Deus (Rm.12:13-21; Gl.4:31,32; Cl.3:12-14; I Ts.4:9-12).


- Sendo a Igreja a coluna e firmeza da verdade (I Tm.3:14-16), ao mesmo tempo em que tem o dever de proclamar a Palavra, exigindo de gentios e de judeus a observância das Escrituras, internamente, a Igreja deve preservar a sã doutrina (II Tm.4:1-5; Tt.2:7-10), lutando tenazmente contra os falsos mestres que se introduzem no seu meio (II Pe.2:1-3; Jd.4), conservando, assim, a massa pura, não permitindo que se ponha nela o fermento arruinador (Mt.13:33; 16:6,11; Mc.8:15; Lc.12:1).


- Por fim, cumpre-nos observar que a Igreja, como é um organismo vivo, não pode permitir que as coisas desta vida venham a matar a vida espiritual de seus membros. Por isso, é necessário que a Igreja mantenha os seus membros avivados, proporcionando um ambiente de avivamento espiritual contínuo, demonstrando, assim, ter vida em si mesmo, já que é o corpo de Cristo (Jo.5:26).


- Cada um na função que foi estabelecida pelo Senhor, temos de servi-lO, pregando o Evangelho, integrando os salvos na igreja local, aperfeiçoando os santos mediante o estudo da Palavra de Deus, adorando a Deus, buscando influenciar o mundo para que ele viva de acordo com a vontade de Deus, dando um bom testemunho para que os homens glorifiquem ao Senhor, inclusive ajudando ao próximo, tanto material quanto espiritualmente, lutando pela preservação da sã doutrina e pela manutenção de uma vida avivada na igreja local a que pertencemos. Temos feito isto que o Senhor nos determina? Temos cumprido as tarefas cometidas pelo Senhor?


A MISSÃO DA IGREJA NO MUNDO = João 20.21


“Missão” vem de uma palavra latina que significa “enviar”. Jesus ordenou aos seus primeiros discípulos, como representantes daqueles que os seguiriam — “Assim como o Pai me enviou, eu também vos envio” Jo 20.21; cf. 17.18). Essa missão é ainda válida: a Igreja universal, incluindo cada igreja local e cada cristão, é enviada ao mundo para cumprir uma tarefa especifica.


A tarefa dada à Igreja tem duas partes.


Primeiro e fundamentalmente, é obra de testemunho perante todo o mundo, fazendo discípulos e plantando igrejas (Mt 24.14; 28.1 9-20; Mc 13.10; Lc 24,47-48). A Igreja proclama Jesus Cristo por toda parte, como Deus encarnado, Senhor e Salvador, e anuncia o convite de Deus aos pecadores para que entrem na vida, voltando-se para Custo por meio do arrependimento e da fé (Mt 22.110; At 17,30). O ministério de Paulo como plantador de igrejas e evangelista por todo o mundo, tanto quanto possível, é um modelo para se levar adiante essa tarefa primária ( Rm 1.14; 15.17-29;  I Co 9.19-23; CL 1.28-29).


Em segundo lugar, todos os cristãos são chamados para realizar obras de misericórdia e compaixão. Confiando no mandamento de Deus para amar ao próximo, os cristãos devem responder com generosidade e compaixão a todas as formas de necessidades humanas (Mt 25.34-40; LC 10.25-37; Rm 12.20-21).


Jesus curou doentes, alimentou famintos e ensinou a ignorantes  ( Mt 15.32; 20.34; Mc 1.41; 10.1), e os que são novas criaturas em Cristo devem pôr em prática a mesma compaixão. Ao agirem assim, darão credibilidade ao evangelho que pregam a respeito de um Salvador cujo amor transforma pecadores naqueles que amam a Deus e ao próximo (Mt 5.16; Cf. 1 Pe 2.1 1-12).


Embora Jesus tenha previsto a missão aos gentios (Mt 24.14; Jo 10.16; 12.32), seu um ministério terreno foi dirigido às “ovelhas perdidas da casa de Israel” (Mt 15.24). Paulo, o apóstolo aos gentios, sempre ia primeiro aos judeus, quando pregava (At 13.42-48; 14.1; 17.1-4,10; 16.4-7,19). Porque o direito dos judeus em ouvir primeiro o evangelho era determinação divina (At 3.26; 13.46; Rm 1.16), é importante para os cristãos continuarem testemunhando aos judeus. Como Paulo disse, foi de Israel, segundo a carne, que Cristo veio para ser o Salvador do mundo (Rm 9.5)


A MISSÃO DA IGREJA


Qualquer debate a respeito da missão da Igreja leva-nos a considerar os alicerces nos quais acha-se edificada a sua identidade. Os pentecostais certamente tornaram-se notórios pelo fervor de sua reação à missão redentora que nos confiou o Senhor Jesus Cristo. Mesmo assim, cada geração deve ter a sua própria apreciação da missão e propósitos nos quais centralizam-se a sua identidade. Nosso conceito da Igreja e de sua missão encontra-se profundamente arraigado à nossa experiência com Cristo e com o Espírito Santo. Sugerir que nos esquivemos dessa influência para, simplesmente, teorizarmos a respeito da Igreja e de sua missão, implica na remoção da parte essencial de nossa vocação.


Embora algumas tradições religiosas considerem o Movimento Pentecostal como basicamente centralizado nas experiências, não devemos permitir que isso lance dúvidas à obra soberana de Deus reintroduzida no século XX. O Espírito tem, graciosamente, permitido que o nosso movimento sirva de testemunho do revestimento de poder necessário à Igreja ser o meio de levar a efeito a missão redentora que nos confiou Deus.2


A MISSÃO DA IGREJA SEGUNDO A BÍBLIA


Embora os temas do Pentecostes e da missão da Igreja sejam importantes à nossa reflexão, a compreensão bíblica torna-se indispensável. Desde a Criação até à Consumação, a Bíblia registra a reconciliação como o aspecto fundamental do caráter divino. A missão de Deus, que é reconciliar consigo mesmo a humanidade, segundo os registros autorizados das Escrituras, revela a origem de nossa motivação suprema quanto à missão da Igreja.


ALICERCES NO ANTIGO TESTAMENTO


O Antigo Testamento oferece-nos as figuras iniciais dos esforços de Deus em redimir um povo que lhe refletisse a glória.
A história primitiva do povo de Deus está fixada no contexto de “as nações” (Gn 12.3; 22.17). Esse fato tem profunda relevância para o desdobramento da intenção de Deus: a redenção da humanidade.


Gênesis 1.26-28 revela que a humanidade foi criada à imagem de Deus. Embora esse fato requeira explicações consideráveis, dois elementos fazem-se fundamentais:


(1) Fomos criados para ter comunhão com Deus.


(2) Temos a responsabilidade, pelo fato de termos sido criados à sua imagem, de manter esse relacionamento com Deus.


A totalidade da raça humana compartilha de uma origem e dignidade comuns em virtudes de suas raízes também comuns. Jamais poderemos contemplar o mundo sem vermos a Deus como o Deus de toda a humanidade, Estamos sujeitos a Deus, e vivemos na esfera de sua atividade redentora.


O Gênesis (capítulos 1 — 11) registra os inícios da História; o Apocalipse, a sua culminação. O caráter redentivo de Deus permeia o tema da salvação, tema este que abre caminho pelas complexidades da História, e que terá como auge a redenção de um número incontável de pessoas de cada “tribo e língua” reunidas em derredor do trono divino (Ap 5.9,10; 7.9-17). No relato da família de Abraão, vemos o início do escopo mundial da redenção (Gn 12.1-3). Não foi para excluir o restante da humanidade que Deus escolheu um homem ou um povo.


Pelo contrário: Abraão e Israel foram escolhidos para que canalizassem as bênçãos divinas a todos os povos da terra (Gn 12.3). Deus foi lidando com Abraão e com Israel a fim de exprimir suas reivindicações redentoras sobre todas as nações. Israel, como o povo de Deus no Antigo Testamento, tinha um triste histórico: esquecer-se do propósito para o qual fora escolhido por Deus. Seu orgulho veio a ser causa de muitas tragédias. Deus usava continuamente os profetas, inspirados pelo Espírito Santo, para lembrar ao povo de que sua identidade era de “luz para todas as nações” (Is 49.6).


Exodo 19.4-6 retrata como Deus salvou a Israel do Egito. O Senhor era, para com Israel, como se fosse uma águia vigiando seus filhotes no aprendizado do vôo. Israel era “propriedade peculiar” de Deus. A terra inteira era do Senhor, mas Israel devia ser “reino sacerdotal e povo santo”. Santo no sentido de ser separado para Deus, a fim de cumprir o seu propósito de abençoar a todas as nações.


Num trecho paralelo (Dt 7.6-8), Deus induziu a seu povo a lembrar-se de que não mereciam essa condição por sua própria grandeza qualitativa ou quantitativa. Eram sua possessão preciosa pela sua própria escolha e graça, e porque Ele é amor. Como povo santo de Deus, deviam refletir-lhe o amor. Por isso, tomou-os um “reino sacerdotal”. Nesse trecho, Deus estava fazendo seu povo lembrar-se de sua missão. Israel devia funcionar como intermediário entre as nações e Deus.


Como “nação santa”, teria de se dedicar completamente aos propósitos para os quais foram escolhidos e colocados. Sua identidade não tinha outra fonte senão o amor de Deus, e seu propósito não tinha outra origem senão aquela definida pelo Senhor.


Outro trecho do Antigo Testamento oferece-nos uma perspectiva clara acerca da intenção de Deus para o seu povo. O Salmo 67 é um cântico missionário; uma oração para que Deus abençoe o seu povo. As bênçãos divinas sobre os israelitas demonstrariam às nações que Ele é gracioso. Sua salvação seria então conhecida, e todas as nações da terra participariam de seu louvor jubiloso. Esse salmo era cantado regularmente em conexão com a bênção sacerdotal (Nm 6.24-26).


Vemos aqui uma mensagem tanto ao povo de Deus no Antigo Testamento, quanto à Igreja: Deus entrega ao seu povo o papel central na tarefa mediadora de proclamar e demonstrar às nações o seu nome (ou seja: o seu caráter) e a sua salvação.


O povo de Deus é convocado


(1) para proclamar às nações o seu plano (Gn 12.3);
(2) para participar do seu sacerdócio como agentes de bênção para o mundo (Ex 19; Dt 
7); e

(3) demonstrar o seu propósito a todos os povos ( Sl 67) .

O SERVO DO SENHOR

A missão redentora de Deus, vista mais claramente em Jesus Cristo, deve ser examinada dentro do fundo histórico do que Deus já estava fazendo durante o período veterotestamentário. Esse fato é ressaltado nitidamente em Isaías 49.3-6.


No v. 3, o Servo é chamado Israel, mas não pode haver referência à nação de Israel, pois o propósito de Deus é usar o Servo para trazer a restauração ao próprio Israel (v. 5) . Deus declara ao Servo: “Também te dei para luz dos gentios, para seres a minha salvação até à extremidade da terra” (v. 6). O Espírito Santo pairava sobre Simeão quando este tomou o Menino Jesus nos braços, e louvou a Deus por Ele haver cumprido Isaías 49.6 (Lc 2.25-32).


Jesus passou a comissão adiante aos seus seguidores em Lucas 24.47,48 e Atos 1.8, com o mandamento adicional de esperar a promessa do Pai: o poder do alto. O mesmo versículo (Is 49.6) oferece mais motivos para a salvação dos gentios (At 28.28).


A encarnação de Cristo, portanto, demonstrou, na carne humana, o caráter reconciliador de Deus. Ele, na sua graça soberana, procura restaurar a sua criação a si mesmo. A identidade e a missão da Igreja acham-se arraigadas na pessoa de Jesus Cristo e naquilo que Deus tem realizado através dEle. Ao buscarmos entender a Igreja e a sua missão, devemos sempre voltar à missão redentora tão claramente articulada e exemplificada pelo Unigênito de Deus - Jesus Cristo.


Em Jesus Cristo, vemos o testemunho mais fundamental do Reino de Deus. Este estava personificado em Jesus, conforme vemos no seu ministério e milagres. Sua vida, morte e ressurreição garantem-nos que, quando Ele vier de novo, esmagará a soberba que tem destruído a harmonia entre as nações bem como entre as pessoas. Em Jesus, vemos o poder de Deus que um dia neutralizará o governo humano, e encherá o mundo com um reino de justiça.” O reino, ou governo de Deus, através da vida e ministério de Jesus, revelou o poder para destruir o domínio sufocante que o pecado tem sobre a humanidade. Essa é a base da missão global da Igreja na era presente.


A proclamação feita por Jesus das boas-novas do Reino deve ser entendida em termos da aliança com Abraão, cujas condições declaravam o propósito de Deus: abençoar a todos os povos da terra (Gn 12.3).


Jesus não deixou dúvidas quanto ao Reino de Deus já ter entrado na História, embora sua derradeira consumação ainda esteja no futuro (Mt 24.14).
Porque esse reíno já está manifestado à destra do trono do Pai, onde Jesus está agora exaltado, e intercede por nós (At 2.33,34; Ef 1.20-22; Hb 7.25; 1 Jo 2.1) e de onde “tendo recebido do Pai a promessa do Espírito Santo, derramou isto que vós agora vedes e ouvis” (At 2.33), a Igreja pode avançar com confiança. O testemunho autorizado do ministério terrestre de Cristo, registrado nos evangelhos, ajuda-nos a compreender onde acharemos o nosso propósito, e como devemos oferecer o nosso serviço no cumprimento da missão que nos confiou Cristo,


É essencial, para entendermos a natureza da Igreja e de sua missão, tomar consciência de que qualquer tentativa de se ministrar em nome de Jesus deve reduplicar seu ministério no seu propósito, caráter e poder. Nosso ministério é legítimo somente se representar de modo verídico o ministério de Cristo.


Qualquer esforço que tenha por alvo o ministério de Cristo, deve refletir a solicitude do Salvador pela redenção eterna da humanidade. Cristo anda em nosso meio com a firme intenção de ministrar aos perdidos, aos quebrantados, aos cativos e aos oprimidos deste mundo. Ser cristão é perguntar onde Cristo está operando e como poderemos participar de sua obra. Esse propósito eterno é a única causa que merece a nossa filiação, e em direção da qual vale a pena levar o povo de Deus.


PODER PARA A MISSÃO


Para o cristão realmente entender o que ele realmente é, faz-se indispensável a afirmação de que a missão da reconciliação, revestida pelo poder do Espírito Santo, fornece a essência de nossa identidade: Somos um povo vocacionado e revestido pelo poder do alto (At 1.8) para sermos cooperadores de Cristo na sua missão redentora. A partir daí, o que significa ser um pentecostal está pelo menos parcialmente incorporado à avaliação da natureza e do resultado do batismo no Espírito Santo conforme registrado em Atos 2. Os pentecostais têm afirmado historicamente que esse dom, prometido a todos os crentes, é o poder para a missão.


Os pentecostais recebem esse nome, disse o missiólogo pentecostal Melvin Hodges, porque acreditam que o Espírito Santo virá aos crentes nos tempos atuais assim como veio aos discípulos no Dia de Pentecostes. Um encontro desse tipo resulta na presença poderosa do Espírito que passa a assumir a liderança. O resultado também inclui manifestações evidentes do seu poder para redimir e para levar a efeito a missão de Deus.


O MODO DE LUCAS ENTENDER A MISSÃO


O modo de Lucas elaborar essa conexão crucial entre o batismo no Espírito e a eficácia da missão da Igreja pode ser visto no mútuo relacionamento de pelo menos três textos em Lucas e Atos. Lucas 24.49 oferece uma perspectiva missionária no seu enfoque da necessidade de poder para a tarefa que a Igreja tem diante de si: “E eis que sobre vós envio a promessa de meu Pai; ficai, porém, na cidade de Jerusalém, até que do alto sejais revestidos de poder”.


O tema de revestimento de poder para a missão é retomado em Atos 1.8, onde Jesus, imediatamente antes de subir ao Pai, reafirma aos discípulos: “Mas recebereis a virtude do Espírito Santo, que há de vir sobre vós; e ser-me-eis testemunhas tanto em Jerusalém corno em toda a Judéia e Samaria e até aos confins da terra”. Essa promessa foi cumprida no Dia de Pentecostes, conforme se vê registrado em Atos 2. O batismo no Espírito Santo, com sua manifestação exterior do falar noutras línguas, é vital para o cumprimento da promessa que aparece em todos esses textos.


As palavras inspiradas de Pedro que seguiram o derramamento pentecostal demonstram que ele recebeu um esclarecimento relevante da missão que Cristo veio introduzir. Falando pelo Espírito, Pedro identificou as implicações apostólicas na profecia do antigo profeta Joel. O apóstolo viu claramente a vinda do Espírito no Dia de Pentecostes como uma confirmação de que já tinham chegado os “últimos dias” (At 2. 14-21). Isto quer dizer que a Era da Igreja, a era do Espírito, é a última era antes da volta de Cristo para estabelecer seu reino na terra. Não haverá nenhuma outra era antes do Milênio. Pedro explicou, ainda, que a vinda do Espírito deixou claro que a obra de Cristo era vitoriosa, e que sua posição como Senhor e Cristo era garantida (At 2.34-3 6).


Pedro passou, então, a experimentar um resultado surpreendente do revestimento de poder mediante o batismo no Espírito: tomou-se porta-voz do Espírito Santo para proclamar as boas-novas do perdão mediante Jesus Cristo, e fez um apelo aos ouvintes para que se reconciliassem com Deus. Ao mesmo tempo, Pedro levou os ouvintes a entender que uma resposta obediente à mensagem da reconciliação resulta em sua imediata integração à comunidade que demonstra vividamente, através de uma nova ordem redentora, o que significa ser reconciliado com Deus (At 2.37-40).


O restante do capítulo dois oferece um pequeno relance da primeira igreja.
Vemos como os crentes procuravam concretizar a chamada envolvida no batismo pentecostal para serem uma comunidade nascida do Espírito e comissionada a testemunhar por meio do Espírito de Cristo.


Uma teologia pentecostal da missão da Igreja deve levar a sério o fato de o batismo no Espírito ser uma promessa cumprida. A linha de argumento seguida pela totalidade de Atos dos Apóstolos demonstra a natureza do papel do Espírito no plano de Deus para a redenção. A estrutura em Atos demonstra que esse revestimento de poder tem a intenção de levar o povo de Deus a atravessar terrenos geográficos e culturais com as boas-novas do Evangelho. A Igreja irrompe da miopia do povo de Deus no Antigo Testamento, e começa a refletir a natureza universal do plano eterno de Deus para a redenção.


O revestimento do poder pentecostal possibilita as várias expressões de ministério que aparecem em Atos, O Espírito Santo é o dirigente da missão. Não somente o Espírito capa- cita as pessoas a testemunhar, como também dirige quando e onde esse testemunho deve ser dado.


Vastas fronteiras culturais foram atravessadas quando o Evangelho avançou além das fronteiras de Jerusalém (At 8). Os cristãos que saíram de Jerusalém proclamavam o Evangelho “por toda parte” (v. 4). Os vv. 5-8 registram como Filipe anunciou o Evangelho aos samaritanos, bem como os poderosos encontros resultantes em que o Evangelho triunfou e trouxe “grande alegria”.


Atos 10 demonstra como a Igreja foi levada a reconhecer que os gentios deviam ser incluídos no Reino de Deus. A Igreja deve abranger todos os povos, e dar testemunho ativo do fato de que o Evangelho é para todas as nações. A visitação angelical e os sonhos também parecem indicar que o sobrenatural pode, na realidade, ter sido bem normal nesse plano de Deus para a redenção, conforme Ele o tornava conhecido aos gentios.


Atos 11.19-26 revela que numerosos gentios foram acolhidos na igreja em Antioquia. Barnabé foi designado a ajudá-los, e avaliou essa igreja crescente como legítima. O resultado foi uma autêntica igreja multicultural que concretizava dois fatos: o Evangelho devia ser pregado com poder até aos “confins da terra”, e aqueles que o ouviam deviam corresponder com uma mudança genuína na maneira de viver e nos seus mútuos relacionamentos. O fato de que “em Antioquia, foram os discípulos, pela primeira vez, chamados cristãos” (v. 26), demonstra que outras pessoas reconheciam tal transformação em suas vidas.


Esse testemunho incomparável do movimento poderoso do Evangelho através das fronteiras culturais e geográficas produziu muito fruto quando Antioquia veio a tomar-se uma igreja internacional, multicultural e missionária. Atos 13.2,3 registra seu processo de selecionamento e confirmação, quando enviou seus primeiros missionários, Paulo e Barnabé.


Atos 13.4 demonstra que o Espírito Santo, além de instigar a igreja em Antioquia a enviar esses missionários, também lhes determinou os alvos a serem alcançados. Semelhantes atividades missionárias, guiadas pelo Espírito Santo, continuavam a avançar em círculos cada vez maiores, ultrapassando barreiras culturais. Atos 15 narra a orientação do Espírito Santo no sentido de afirmar que o Evangelho de Cristo abrange a todos, e que não é exclusivamente judaico.
A decisão da conferência em Jerusalém, orientada pelo Espírito, levou Paulo, Barnabé e outros a atravessar barreiras ainda maiores.


Nos capítulos subseqüentes de Atos dos Apóstolos, Lucas continua seu mapeamento do plano redentor de Deus, levado a efeito pelo Espírito Santo através dos homens revestidos pelo seu poder. Lucas enfatiza com clareza o fato de que esses apóstolos e crentes, descritos em Atos dos Apóstolos, recebiam poder e orientação do Espírito de modo bem semelhante a Jesus quando de seu ministério terreno.


A maneira de Lucas tirar um paralelo entre o batismo no Espírito Santo e o revestimento de poder para a missão da Igreja pode ser resumida de modo sucinto: “A glossolalia, como parte integrante da experiência do batismo no Espírito em Atos 2, representava uma participação verbal no revestimento do poder do Espírito e... no poder criador do Espírito para dar início à ordem de vida redentora de Cristo Jesus”.


Em Atos 10 e 19, essa experiência também é mencionada explicitamente, e é subentendida em vários outros casos (At 4 e At 8). Faz parte crucial da teologia de Atos ligar o falar noutras línguas ao poder do Espírito para admitir uma pessoa e um grupo como testemunhas, participando individual e coletivamente na missão redentora de Jesus Cristo.


Em Atos 11,17 e 15.8, Pedro relata o fato de que a inclusão dos gentios na comunidade redentora está ligada a uma experiência comum no batismo no Espírito. Quando declara que Deus “lhes deu testemunho, dando-lhes o Espírito Santo, assim como também a nós” (15.8), coloca categoricamente o batismo no Espírito dentro da intenção do derramamento no Dia do Pentecostes. Em essência, diz a todos aqueles que ouvem a narração daquele dia tão importante na casa de Cornélio, que o batismo no Espírito Santo com a evidência do falar noutras línguas é parte integrante daquele encontro espiritual com Deus.


Esse encontro assinala claramente o senhorio de Cristo: Ele está no comando de tudo. Evidencia a sua autoridade ao criar em nós uma nova língua, demonstrando, assim, que Ele não somente é o Criador como também o Recriador. Ele é o Deus que está incorporando alguns de cada tribo e língua e povo e nação no seu reino, e as portas do hades não poderão prevalecer contra semelhante esforço (Mt 16.18; Ap 5.9).


O mesmo encontro com Jesus Cristo, hoje, dá-nos poder para testemunhar da mensagem do Reino, e para participar de modo criativo da comunidade da redenção que conclama o mundo a reconciliar-se com Deus (2 Co 5,20).


Concluindo: várias questões devem ser reiteradas no tocante à importância do Pentecoste para o desenvolvimento de uma teologia da Igreja e de missões. A conexão entre o batismo no Espírito dado no Dia de Pentecostes e nosso entendimento e implementação da missão da Igreja é estreita e intrínseca. “O Pentecoste significa que a vida eterna e sobrenatural do próprio Deus transbordou sobre a Igreja, e que o mesmo Deus, no seu ser e poder, estava presente no seu meio”.


O revestimento de poder, que está presente no batismo no Espírito Santo, visa levar o povo de Deus a atravessar fronteiras geográficas e culturais com as boas-novas do Evangelho. “A missão da Igreja é a continuação da missão de Jesus Cristo”. Assim como o Espírito Santo foi dado a Jesus para o cumprimento de sua missão (Lc 3.22), assim também o Espírito .é dado aos seus discípulos (At 1.8; 2.4) para continuar essa mesma missão (de reconciliação) — e isso de modo carismático,


CONCLUSÃO


Ministério à Igreja. A Igreja é o estandarte da reconciliação entre a humanidade e Deus, e dos seres humanos entre si, E “a comunidade dos pecadores justificados,... que experimentam a salvação, e que vivem nas ações de graças... Ela, com os olhos fitos em Cristo, vive no Espírito Santo”.47 O ministério que se estende à Igreja afirma que, aquilo que nos vincula num só, não pode ser resumido na forma de dogmas, mas tem muita coisa a ver com o ser incluído numa comunidade que reflete a comunhão com Deus e, subseqüentemente, o convívio fraternal com uma humanidade redimida



BIBLIOGRAFIA

Bíblia de Estudo Genebra

Portal Escola Dominical

There are 7 comments on O Serviço Cristão - Prof. Dr. Caramuru Afonso Francisco.

Previous: O Serviço Cristão - Pr. Elienai Cabral

Next: O Serviço Cristão - Pr. Edevir Peron

EBDweb, Escola Dominical na Web

Teologia Sistemática – Stanley M. Horton


SEGUE ABAIXO MAIS UM COMPLEMENTO REFERENTE O ESTUDO


Fomos alistado para o serviço cristão



SERVIÇO CRISTÃO

HEBRAICO = ABODAH
GREGO = DIAKÔNIA
LATIM = SERVITIUM



- SERVIÇO = Ato ou efeito de servi, exercício 
e desempenho de cargos ou funções de qualquer atividade.

 
- SERVIÇO CRISTÃO = É o trabalho que amorosa e sacrificilmente consagramos a Deus visando a expansão do seu reino e a edificação do corpo de Cristo

- Somos despenseiros e cooperadores: 1 Co 4:1 / 1 Co 3:9





                               OBJETIVOS DO SERVIÇO CRISTÃO

 

- Adorar a Deus : Cl 3:16-17 / 1 Co 10:31
- Anunciar o evangelho : At 4:20 / Mt 28:18-20
- Ensinar : 2 Tm 3:16-17
- Visitar os santos em suas necessidades : Tg 1:27 / Mt 25:36 / Is 1:17 / Is 58:7
- Aperfeiçoamento dos santos Ef 4: 11-13

Devemos fazer as boas obras não para ser salvos, mas porque já somos salvos Ef 2: 8-10

É para isso que fomos chamados, para dar frutos Jo 15:16


CARACTERISTICAS DO SERVIÇO CRISTÃO


1º - Chamado pelo Senhor : Jo 15:16 / Is 49:1

2ª - É agradável ao Senhor : Is 42:1 / Gl 1:10

3º - Porduz justiça : Jo 12:48

4º - Fidelidade : Lc 16:10 / Is 42:4 / Mt 22: 20-21 / Ap 2:10 / 1 Co 4:2

5º - Dedicado : 1 Co 9: 16-17

6º - Boa palavra : Is 50:4 / 2 Tm 2:15

7º Diligente, aplicado e disposto : Pv 13:4

- O serviço cristão não traz recompensa nem benefícios,materialmente falando, porém nos garante um galardão nos céus ( Ver o estudo " Considerações sobre o tribunal de Cristo " )

- Prestação de contas : 1 Co 5:10 / Rm 10:14 / Ap 14:13 / Hb 4:13

- Deus não escolhe os capacitados, mas capacita os escolhidos. A obra é prioridade, o Senhor nos encoraja e nos sustenta 1 Co 15:58 / Is 41:10



 Elaboração pelo:- Evangelista Isaias Silva de Jesus                                                          

Nenhum comentário: