13 de novembro de 2013

CONTRAPONDO A ARROGÂNCIA COM HUMILDADE

CONTRAPONDO A ARROGÂNCIA COM HUMILDADE – Ev. José Costa Junior

CONSIDERAÇÕES INICIAIS

            O assunto desta lição diz respeito à virtude da humildade contrapondo à soberba e a arrogância. "Tende em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, (...) que a Si mesmo se esva­ziou, assumindo a forma de servo (...) e a Si mesmo se humilhou, tornando-se obediente até à morte, e morte de cruz. Pelo que também Deus O exaltou sobremaneira" (Fp 2.5, 7b-9a).

Quando a velha serpente, que foi expulsa dos céus por sua soberba e arrogância, falou suas palavras de tentação aos ouvidos de Eva, essas palavras levavam consigo o próprio veneno do inferno. E quando ela ouviu, e entregou seu desejo e sua vontade à possibilidade de ser como Deus, conhecendo o bem e o mal, o vene­no entrou em sua alma, sangue e vida, destruindo para sempre aquela abençoada humildade e depen­dência de Deus que teria sido nossa felicidade per­pétua. E, em vez disso, sua vida e a vida da raça que brotou dela se tornaram corrompidas desde a raiz com o mais terrível de todos os pecados e maldi­ções: o veneno da soberba e arrogância do próprio Satanás.

Todas as desgraças das quais o mundo tem sido o cenário, todas as suas guerras e derramamento de sangue en­tre as nações, todo o egoísmo e sofrimento, toda a ambição e inveja, todos os seus corações partidos e vidas amarguradas, com toda a sua infelicidade cotidiana, têm sua origem no que esta arrogância maldita e infernal — seja o nosso próprio ou o de outros — nos trouxe. É a soberba e arrogância que faz a redenção necessária; é da nossa soberba e arrogância que precisamos, acima de todas as coisas, ser redimidos! E nossa compreensão da ne­cessidade de redenção vai depender grandemente de nosso conhecimento da terrível natureza do poder que entrou em nosso ser. Nenhuma árvore pode crescer se não for na raiz da qual brotou. O poder que Satanás trouxe do inferno, e lançou para dentro da vida do homem, está operando diariamente, a todo tempo, com grande po­der por todo o mundo.

Os homens sofrem por sua causa; eles temem e lutam e fogem disso, e ainda não sabem de onde isso vem e de onde provém sua terrí­vel supremacia! Não é de admirar que eles não sabem onde ou como isso deverá ser vencido. A arrogância tem sua raiz e força em um terrível poder espiritual, tanto fora de nós como dentro; tão necessário como confessá-la e lamentá-la como sendo nosso próprio é conhecê-la em sua origem satânica. Se isso nos leva a um desespero completo de, absolutamente, subju­gar e expulsar essa arrogância, isso nos levará o quanto antes ao único poder sobrenatural no qual nossa li­bertação poderá ser encontrada: a redenção do Cor­deiro de Deus. A batalha desesperada contra a atuação do ego e do orgulho dentro de nós pode, real­mente, tornar-se ainda mais desesperadora quando pensamos no poder das trevas por trás de tudo isso; mas o desespero completo irá preparar-nos melhor para percebermos e aceitarmos um poder e uma vida fora de nós mesmos, que é a humildade dos céus tal como foi trazida para baixo e para perto pelo Cordei­ro de Deus, a fim de expulsar Satanás e sua soberba e arrogância.

Nenhuma árvore pode crescer se não for na raiz da qual brotou. Assim como precisamos olhar para o primeiro Adão e sua queda para conhecer o poder do pecado dentro de nós, precisamos conhe­cer também o Último Adão e Seu poder para nos dar interiormente uma vida de humildade tão real e per­manente e dominante quanto tem sido a da arrogância. Temos nossa vida de Cristo e em Cristo, tão verda­deiramente — de fato mais verdadeiramente — como de Adão e em Adão. Temos de andar arraigados Nele "retendo a Cabeça, da qual todo o corpo (...) cresce o crescimento que procede de Deus" (Cl 2.7, 19). A vida de Deus, a qual, na encarnação, entrou na natu­reza humana, é a raiz na qual devemos estar firmados e crescer; é o mesmo poder grandioso que trabalhou lá e, desde então, ruma para a ressurreição, que traba­lha diariamente em nós. Nossa única necessidade é estudar e conhecer e confiar na vida que foi revelada em Cristo como a vida que agora é nossa, e espera por nosso consentimento para ganhar possessão e domínio de todo o nosso ser.

            O objetivo deste estudo é trazer algumas informações, colhidas dentro da literatura evangélica, com a finalidade de ampliar a visão do sobre a humildade contrapondo à soberba e a arrogância. Não há nenhuma pretensão de esgotar o assunto ou de dogmatizá-lo, mas apenas trazer ao professor da EBD alguns elementos e ferramentas que poderão enriquecer sua aula.

CRISTO EXEMPLO DE HUMILDADE

            É de inconcebível impor­tância que tenhamos pensamentos corretos do que Cristo é — do que realmente O constitui como o Cristo — e especialmente do que pode ser conside­rado como Sua característica principal, a raiz e a essência de todo Seu caráter como nosso redentor. Não pode haver senão uma resposta: é a Sua humil­dade. O que é a encarnação, Seu esvaziar a Si mes­mo e ter-se tornado homem, senão Sua humildade celestial? O que é a Sua vida na terra, Seu assumir a forma de um servo, senão a humildade? E o que é a Sua expiação senão a humildade? "A Si mesmo se humilhou, tornando-se obediente até à morte" (Fp 2.9). E o que são Sua ascensão e Sua glória senão a humildade exaltada ao trono e coroada de glória? "A Si mesmo se humilhou (...) pelo que também Deus O exaltou sobremaneira" (vs. 8, 9). Nos céus, onde Ele estava com o Pai, em Seu nascimento, em Sua vida, em Sua morte, em Seu assentar-se no trono: tudo isso não é outra coisa a não ser humildade. Cristo é a humildade de Deus incorporada na natu­reza humana: o Amor Eterno humilhando-se a Si mesmo, revestindo-se com as vestes da mansidão e da bondade para vencer, e servir e nos salvar. Como o amor e condescendência de Deus fazem Dele o benfeitor, e auxiliador e servo de todos, assim, Je­sus, por necessidade, se tornou a Humildade Encar­nada. E, assim, mesmo no centro do trono, Ele é o manso e humilde Cordeiro de Deus.

Se isso for a raiz da árvore, sua natureza tem de ser vista em cada ramo, folha e fruto. Se a humildade for a primeira, a graça todo-inclusiva da vida de Jesus - se a humildade for o segredo de Sua expiação -, então, a saúde e a força de nossa vida espiritual de­penderão inteiramente de colocarmos essa graça em primeiro lugar também, e fazer da humildade a princi­pal coisa que admiramos Nele, a principal coisa que pedimos Dele, a única coisa pela qual sacrificamos tudo o mais.

É de se admirar que a vida cristã seja tão fre­quentemente fraca e infrutífera, se a própria raiz do Cristo-vida é negligenciada, é desconhecida? É de se admirar que a alegria da salvação seja tão pouco ex­perimentada, se aquela atitude em que Cristo a en­controu e a trouxe é tão pouco procurada? Até que uma humildade que descansará em nada menos do que o fim e a morte do ego — que renuncia a toda honra dos homens, como Jesus fez, para buscar a hon­ra que vem somente de Deus; que se considera e faz de si mesmo absolutamente nada, para que Deus possa ser tudo, para que somente o Senhor seja exaltado — até que tal humildade seja o que buscamos em Cristo, acima de nossa maior alegria, e seja bem-vinda a qual­quer preço, há muito pouca esperança de que haja uma religião que vencerá o mundo.
           
A HUMILDADE NA VIDA DIÁRIA

Nosso amor a Deus será medido pelo nosso contato diá­rio com os homens e o amor que Ele exibe; e que nosso amor a Deus será tido como uma desilu­são, exceto quando sua verdade é provada nas situa­ções de teste da vida diária com homens como nós. Também é assim com nossa humildade. E fácil pen­sar em nos humilharmos diante de Deus, mas a hu­mildade diante dos homens será a única prova sufici­ente de que nossa humildade diante de Deus é real, de que a humildade tem feito sua morada em nós e torna-se nossa própria natureza, prova de que nós, na verdade, como Cristo, fizemos de nós mesmos pes­soas sem reputação. Quando, na presença de Deus, a humildade de coração torna-se, não uma postura que assumimos por um tempo, quando pensamos Nele ou oramos a Ele, mas o próprio espírito de nossa vida, isso se manifestará em todo o "conduzir adian­te" nossos irmãos.

A lição é de profunda importância: a única humildade que é realmente nossa não é aque­la que tentamos mostrar diante de Deus em oração, mas aquela que carregamos conosco, e sustentamos, em nossa conduta comum; as insignificâncias da vida diária são a importância e os testes da eternidade, pois elas provam qual é realmente o espírito que nos do­mina. É na maioria de nossos momentos desprotegidos que realmente mostramos e vemos o que somos. Para conhecer o homem humilde, para conhecer como o homem humilde se comporta, você tem de segui-lo na vida comum de seu dia-a-dia.

Não foi isso que Jesus ensinou? Quando os dis­cípulos disputaram quem seria o maior, quando Ele viu como os fariseus amavam os primeiros lugares nos banquetes e os primeiros bancos nas sinagogas, quando Ele lhes deu o exemplo ao lavar-lhes os pés: aí Ele ensinou Suas lições de humildade. A humilda­de diante de Deus não é nada se não for provada em humildade diante dos homens.

É também assim nos ensinamentos de Paulo. Aos romanos, ele escreveu: "Preferindo-vos em honra uns aos outros" (12.10); "Em lugar de serdes orgulhosos, condescendei com o que é humilde" (12.16); "Não sejais sábios aos vossos próprios olhos" (12.16). Aos coríntios: "O amor", e não há amor algum sem a humildade como raiz, "não se ufana, não se ensoberbece, não procura os seus interesses, não se exaspera"(l Co 13:4, 5). Aos gálatas: "Sede servos uns dos outros, pelo amor. (...) Não nos deixemos possuir de vanglória, provocando uns aos outros, tendo inveja uns dos outros" (5.13,26).

Aos efésios, imediatamente após três maravilhosos capítulos sobre a vida celestial: "Andeis (...) com toda humildade e man­sidão, com longanimidade, suportando-vos uns aos ou­tros em amor" (4.2); "Dando sempre graças por tudo (...), sujeitando-vos uns aos outros no temor de Cristo" (5.20,21). Aos filipenses: "Nada façais por partidarismo, ou vanglória, mas por humildade, considerando cada um os outros superiores a si mesmo. (...) Tende em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Je­sus, (...) a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo, (...) e a si mesmo se humilhou" (2.3, 5, 7, 8) E aos colossenses: "Revesti-vos de ternos afetos de mi­sericórdia, de bondade, de humildade, de mansidão, de longanimidade. Suportai-vos uns aos outros, perdoai-vos mutuamente, (...) assim como o Senhor vos perdoou" (3.12, 13). É em nossa relação uns com os outros, em nosso tratamento uns para com os outros, que a verda­deira humildade de mente e o coração de humildade serão vistos. Nossa humildade diante de Deus não tem valor, mas nos prepara para revelar a humildade de Jesus aos homens como nós.

O homem humilde busca a todo tempo agir de acordo com a regra: "Em honra preferindo-vos uns aos outros; servos uns dos outros; considerando cada um os outros superiores a si mesmo; sujeitando-vos uns aos outros." A pergunta frequentemente feita é: "Como podemos considerar outros superiores a nós mesmos, quando vemos que eles estão muito abaixo de nós em sabedoria e santidade, em dons naturais ou em graça recebida?"

Esse assunto prova prontamente que entendemos muito pouco o que a real humildade de mente é. A verdadeira humildade vem quando, à luz de Deus, vi­mos a nós mesmos como nada sendo, consentindo em desistir e nos desfazer de nós mesmos, para permitir que Deus seja tudo. A alma que fez isso e pode dizer: "Eu me perdi encontrando a Ti", não mais se compara com outros. Ela desistiu para sempre de todo pensa­mento do ego na presença de Deus; ela encontra os homens comuns como alguém que não é nada e não busca nada para si mesmo; ela é um servo de Deus e, por causa Dele, um servo de todos. Um servo fiel pode ser mais sábio que o mestre e, ainda assim, conservar o verdadeiro espírito e postura do servo. O homem hu­milde respeita cada filho de Deus, mesmo o mais débil e o mais indigno, e honra-o e o prefere em honra como o filho de um Rei. O espírito Daquele que lavou os pés dos discípulos faz com que nos seja, de fato, uma ale­gria sermos os menores, sermos servos uns dos outros.

O homem humilde não sente ciúmes ou inveja. Ele pode louvar a Deus quando outros são preferidos e abençoados antes de ele ser. Ele pode suportar ou­vir outros sendo louvados e ele sendo esquecido, pois na presença de Deus ele aprendeu a dizer como Pau­lo: "Nada sou" (2 Co 2.11). Ele recebeu o espírito de Jesus — que não se agradou a Si mesmo e não buscou Sua própria honra — como o espírito de sua vida.

Entre o que são consideradas tentações para haver impaciência e irritação, para haver opiniões du­ras e palavras bruscas, tentações que vêm de falhas e pecados de cristãos, o homem humilde carrega a de­terminação frequentemente repetida em seu coração, e mostra isso em sua vida: "Suportai-vos uns aos ou­tros, perdoai-vos mutuamente, (...) assim como o Se­nhor vos perdoou".

Ele aprendeu que, revestindo-se do Senhor Jesus, ele se revestiu "de ternos afetos de misericórdia, de bondade, de humildade, de mansidão, de longanimidade." Jesus tomou o lugar do ego, e não é uma impossibilidade perdoar como Jesus per­doou. A humildade de Jesus não consiste meramente em opiniões ou palavras de auto-depreciação, mas, como Paulo coloca, "em um coração de humildade", cercado de compaixão e amabilidade, mansidão e longanimidade, a doce e humilde gentileza reconhe­cida como a marca do Cordeiro de Deus.

Em esforçar-se por ter as experiências mais ele­vadas da vida cristã, o crente está frequentemente sob o perigo de visar a e de se regozijar no que alguém pode chamar de a virtude mais humana e va­lorosa, como ousadia, alegria, desprezo ao mundo, zelo, auto-sacrifício — até mesmo os antigos estóicos ensinaram e praticaram isso-, enquanto as mais pro­fundas e gentis, as mais divinas e mais celestiais gra­ças, aquilo que Jesus primeiro ensinou sobre a terra, pois as trouxe do céu, aquilo que está mais evidente­mente ligado à Sua cruz e com a morte do ego — pobreza de espírito, mansidão, humildade, modéstia — são raramente consideradas ou valorizadas. Portan­to, vamos nos revestir de um coração de compaixão, bondade, humildade, mansidão, longanimidade, e va­mos provar nossa semelhança com Cristo, não ape­nas em nosso zelo por salvar o perdido, mas antes de tudo em nosso relacionamento com os irmãos, suportando e perdoando uns aos outros, assim como o Senhor nos perdoou.

CONCLUSÃO

Que toda a grande bondade de nosso Deus  faça conhecida a nós e tome de nossos corações todo tipo, grau e forma de soberba e arrogância  vindo de nossa própria natureza corrupta; e que Deus desperte em nós uma profunda verdade e  humildade que nos faça suscetíveis à Sua luz e Santo Espírito.

Concluindo, espero em DEUS ter contribuído para despertar o seu desejo de aprofundar-se em tão precioso ensino e ter lhe proporcionado oportunidade de agregar algum conhecimento sobre estes assuntos. Conseguindo, que a honra e glória seja dada ao SENHOR JESUS. 




Ev. José Costa Junior









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