Ética Cristã e Política
TEXTO ÁUREO = "Portanto,
dai a cada um o que deveis: quem tributo, tributo; a quem imposto, imposto; a
quem temor, temor; o quem honra, honra." (Rm 13.7)
VERDADE PRÁTICA = A
política faz parte da vida em sociedade. Como o cristão não vive isolado, ele
deve ter consciência política, sendo sal e luz neste mundo.
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE = Romanos 13.1-7
HINOS SUGERIDOS: 386, 398, 401 DA HARPA
CRISTÃ
INTRODUÇÃO
O crente é um súdito do reino de Deus
na Terra, e como tal tem os seus deveres de cunho espiritual a cumprir com ele.
Nada obstante, é também cidadão do país onde nasceu e tem para com este
obrigações cíveis, como os demais cidadãos, uma vez que recebe do Estado o
amparo, a segurança, os direitos, enfim, que as leis deste lhe outorgam. Nesta
lição vamos tratar do papel que cabe à Igreja dentro do contexto político do
Estado, ressaltando a sua inteira independência do mesmo, da separação que deve
existir entre ambos.
UMA PERSPECTIVA BÍBLICA DA POLITICA
Um dos textos mais importantes da
história sobre a questão política. A palavra de Deus estabelece princípios
claros acerca do papel do Estado e da responsabilidade dos cidadãos, a fim de
que haja ordem e progresso na sociedade. Destacaremos, à luz do texto, três
verdades importantes:
Em primeiro lugar, a origem das autoridades constituídas (Rm
13.1,2). Paulo diz que não há autoridade que
não proceda de Deus e as autoridades que existem foram por ele instituídas.
Logo, se opor deliberada e formalmente à autoridade é resistir à própria
ordenação de Deus. Aqueles que entram por esse caminho de desordem e anarquia
trarão sobre si mesmos condenação. É óbvio que o apóstolo Paulo não está
dizendo que Deus é o responsável moral pelos magistrados ditadores e corruptos
que ascendem ao poder. Deus instituiu o princípio do governo e da ordem e não o
despotismo. As autoridades não podem domesticar a consciência dos cidadãos nem
desrespeitar a sua fé. Nossa sujeição às autoridades não é submissão servil nem
subserviência, mas submissão crítica e positiva. A relação entre a Igreja e o
Estado deve ser de respeito e não de subserviência. Deus não é Deus de confusão
nem aprova a anarquia. Deus instituiu a família, a igreja e o Estado para que
haja ordem na terra e justiça entre os homens.
Em segundo lugar, a natureza das autoridades constituídas
(Rm 13.3-5). As autoridades
constituídas não devem ser absolutistas. Elas governam sob o governo de Deus. A
fonte de sua autoridade não emana delas mesmas nem mesmo do povo. Emana de Deus
através do povo.
Portanto, a autoridade é ministro
(diákonos) de Deus, ou seja, é servo de Deus para servir ao povo. Aqueles que
recebem um mandato pelo voto popular não ascendem ao poder para se servirem do
povo, mas para servirem ao povo. Não chegam ao poder para se locupletarem, mas
para se doarem. Não buscam seus interesses, mas os interesses do povo. Esse
princípio divino mostra que o político que sobe ao poder pobre e desce dele
endinheirado não merece nosso voto.
O político que usa seu mandato para
roubar os cofres públicos e desviar os recursos que deveriam atender as
necessidades do povo para se enriquecer ilicitamente deve ter nosso repúdio e
não nosso apoio. O político que rouba ou deixa roubar, que se corrompe ou deixa
a corrupção correr solta, que acusa os adversários, mas protege seus aliados,
não deve ocupar essa posição de ministro de Deus, pois Deus abomina a injustiça
e condena o roubo.
Em terceiro lugar, a finalidade das autoridades constituídas
(Rm 13.4-7). Deus instituiu as
autoridades com dois propósitos claros: a promoção do bem e a proibição do mal.
O governo é ministro de Deus não só para fazer o bem, mas, também, para exercer
o juízo de Deus sobre os transgressores. Portanto, devemos sujeitar-nos às
autoridades não por medo de punição, mas por dever de consciência. Cabe a nós,
como cidadãos, orar pelas autoridades constituídas, honrá-las, respeitá-las e
pagar-lhes tributo, uma vez que seu chamado é para atender constantemente à
essa honrosa diaconia, de servir ao povo em nome de Deus. Quando, porém, as autoridades
invertem essa ordem e passam a promover o mal e a proibir o bem, chamando luz
de trevas e trevas de luz, cabe a nós, alertar as autoridades a voltarem à sua
vocação. Se essas autoridades, porém, quiserem nos impor leis injustas,
forçando-nos a negar a nossa fé, cabe-nos agir como os apóstolos: “Antes,
importa obedecer a Deus do que aos homens” (At 5.29).
O ESTADO E A BÍBLIA
O Brasil está vivendo uma efervescência
política em todos os segmentos da sociedade, especialmente na igreja
evangélica, incluindo a Assembleia de Deus. O momento político de nosso país
requer das lideranças evangélicas, especialmente da Assembléia de Deus, uma
postura equilibrada e moderada face às ofertas politiqueiras comprometedoras. A
igreja evangélica não deve omitir-se desse momento político de eleições, mas
deve fazer-se valer pelo seu papel moral no seio da sociedade brasileira. O
poder decisório de nossa igreja requer de nossos líderes o compromisso, antes
de tudo, com os valores expressos no Evangelho de Jesus Cristo. A
contextualização de nosso papel evangélico não pode jamais significar a
absorção do sistema mundano que opõe-se às premissas do Evangelho de Cristo.
Há uma interpretação equivocada acerca
do papel da igreja quanto à submissão ao Estado. Em Romanos 13.1-2, lemos que
“toda alma esteja sujeita às autoridades superiores; porque não há autoridade
que não venha de Deus, e as autoridades que há foram ordenadas por Deus.
Por isso, quem resiste à autoridade
resiste à ordenação de Deus”. Respeitar as autoridades e submeter-se a elas não
significa acomodar-se às suas corrupções e desvarios políticos. Significa ter
uma atitude de coerência com os princípios que não ferem a Palavra de Deus. O
Estado não é divino. Apenas a autoridade positiva do Estado é “ordenada por
Deus”.
O Estado não tem a última palavra em
relação aos assuntos litigiosos, porque é uma instituição temporária. Portanto,
a Igreja deve prescindir dele. A Igreja deve preservar seus valores de
representação como instituição moral e ética, cobrando do Estado quando esses
valores forem ameaçados.
As instituições governamentais existem
para aplicação das leis que regem os indivíduos dentro de uma nação. Elas são
identificadas como agentes de representação da ordem política. Porém, a ordem
política existente é relativa, provisória, mutável e mutante, porque um dia
será estabelecido um governo divino sobre a Terra, depois da vitória final de
Cristo sobre todo o principado e poder.
Para sermos “o sal da terra” e a “luz
do mundo” numa sociedade corrompida, precisamos impor nosso papel como Igreja,
no sentido de desenvolver uma vida social e política capaz de influenciar o
mundo que vivemos. A Igreja deve se conscientizar da importância do momento
político e indicar pessoas capazes de defenderem os valores mais sagrados da
sociedade. A consciência da Igreja é a garantia contra a corrupção no seio da
sociedade. A omissão da Igreja quanto à participação da vida política deixa
vazios nossos parlamentos políticos do papel crítico, construtivo e
sensibilizador da Igreja. Os regimes autoritários e os governos corruptos
surgem pela falta do papel político da Igreja, que é comprometida com os ideais
do Evangelho de Cristo.
POLÍTICA SEGUNDO A BÍBLIA
1. Dupla cidadania do cristão. O cristão vive nesta terra uma verdadeira tensão. Ao mesmo
tempo que as Escrituras afirmam que a nossa cidade está nos céus (Fl 3.20),
asseguram, também, que somos peregrinos neste mundo (1 Pe 2.11). Não há
qualquer contradição nessas verdades bíblicas, pois elas simplesmente enfatizam
o desafio do servo de Deus em viver de forma transitória na esfera terrenal. Ao
interceder pelos seus discípulos, Jesus pediu ao Pai: "Não peço que os
tires do mundo, mas que os livres do mal" (Jo 17.15).
Portanto, temos duas cidadanias:
celestial e terrena. Uma conquistada por herança, a outra por local de
nascimento. Isso significa que os crentes não podem estar alienados da
sociedade e das questões sociais, políticas e econômicas. Como cidadãos deste
planeta e embasados em uma visão de mundo eminentemente bíblica, devemos
respeitar as leis e participar das discussões do cenário político, influindo
nos temas da sociedade e do governo, a exemplo de José e Daniel.
2. Separação entre Estado e Igreja. A conscientização dos crentes a respeito da importância da
participação política não significa a união entre o Estado e a Igreja. A
propósito, o Senhor Jesus estabeleceu a clara separação entre esses dois ao
ordenar: "Dai, pois, a César o que é de César, e a Deus o que é de
Deus" (Lc 20.25). As palavras do Mestre reforçam tanto a responsabilidade
espiritual quanto social, enfatizando que Igreja e Estado possuem papéis bem
distintos. A Igreja deve influenciar o governo, mas não pode confundir-se com
ele. Quando o Estado tenta intervir na Igreja, ou vice-versa, os prejuízos são
inevitáveis, com implicações que afetam a consistência doutrinária da
cristandade. Foi o que ocorreu quando o imperador romano Constantino uniu a
religião cristã com o Estado, incorporando elementos do paganismo. Por isso, a
separação entre o Estado e a Igreja foi um ponto crucial defendido na Reforma
Protestante.
A SEPARAÇÃO DO ESTADO DA IGREJA: UMA HERANÇA PROTESTANTE
DEFININDO A IGREJA E O ESTADO
A Igreja de Deus é o povo que foi
resgatado do mundo de perdição através da obra sacrificial de Cristo. É, então,
Sua propriedade e corpo místico (Tt 2.14).
A Igreja se constitui no verdadeiro
refúgio do cristão, onde ele pode alcançar o mais desejado triunfo: a eterna
salvação. Alegremo-nos em pertencer à Igreja do Deus vivo
O Estado é a nação politicamente
organizada e tem o dever de garantir a ordem e a segurança da Nação, tudo
fazendo para alcançar o seu progresso. A garantia dos direitos individuais é da
competência do Estado. Explicando melhor, o Estado é uma organização que
protege a família em todos os seus direitos definidos na constituição. Garante
os direitos individuais do cidadão, e visa alcançar os ideais do povo, a
virtude e a expansão econômica. Objetiva a prática da justiça social, que não
favorece o rico em detrimento do pobre, posto que diante da lei,e,
conseqüentemente do Estado, todos são iguais e merecem igual tratamento, igual
respeito aos seus direitos. Enfim o Estado protege a sociedade, que por sua vez
tem na família a sua célula máter que é, em última análise, a base do Estado.
1. A missão da Igreja no governo do mundo. Em relação ao poder temporal, a Igreja não recebeu de Deus
a autoridade para dominá-lo, nem para submetê-lo ao seu governo. A missão da
Igreja é espiritual. Ela é a luz do mundo e o sal da Terra, e como tal a sua
missão é “iluminar” e “salgar” a Terra.
2. A origem do Estado.
O Estado é de origem sobrenatural. Dissemos que a origem do Estado é
sobrenatural porque toda a autoridade, todo o poder procede de Deus. É Deus
quem outorga a autoridade ao homem para exercer o governo sobre o homem,
visando o bem estar do homem.
Por esta razão o apóstolo Paulo
recomendou aos crentes em Roma: “Toda a alma esteja sujeita às potestades
superiores; porque não há potestade que não venha de Deus; e as potestades que
há foram ordenadas por Deus. Por isso quem resiste à potestade à ordenação de
Deus; e os que resistem trarão sobre si mesmos a condenação” (Rm 13.1,2). Leia
também 1Pe 2.13-17. Contudo é bom que se esclareça que toda a autoridade humana
está subordinada à autoridade de Deus e certamente Ele cobrará de cada
governante os erros e as iniqüidades praticadas em Seu nome.
3. A missão do Estado.
Sabemos que os elementos essenciais que constituem o Estado são: um território,
uma população, uma lei e urna organização administrativa. “O Estado é uma
sociedade humana organizada que se submete ao mando e à orientação de um poder
central, com a finalidade de estabelecer o bem próprio de cada um, ao mesmo
tempo que busca o bem geral”.
A INDEPENDÊNCIA ENTRE A IGREJA E O ESTADO
O maior prejuízo que a Igreja do senhor
sofreu, através dos séculos, teve início quando o Imperador Constantino aderiu
ao cristianismo, batizando-se ele e toda a sua corte, arrastando assim ao seio
da Igreja todos os seus maus hábitos e a sua idolatria. Aquilo que Satanás não
havia conseguido, afogando-a no sangue dos mártires que eram cruelmente
lançados às feras, nas arenas do Coliseu Romano, ou nas fogueiras e outros
inomináveis sofrimentos, que os obrigavam a morar nas cavernas e covas
(catacumbas) mas, sem no entanto, silenciarem quanto ao testemunho de Cristo
(Hb 11.38), alcançou, no entanto, tomando o cristianismo a igreja oficial do
Império, afogando os líderes da época, na “seda e na púrpura” ou seja, no
pecado e na luxúria. Deste modo, sua autoridade espiritual foi aniquilada, e,
os tais, para agradar as autoridades seculares, foram obrigados, pouco a pouco,
a mudar o essencial, no que respeita ao culto, à doutrina e à disciplina.
tornando o cristianismo autêntico, naquilo que é hoje a Igreja Romana, que de
cristã só tem o nome. Por essa razão, entendemos que a independência entre a
Igreja e o Estado deve ser absoluta.
O CRENTE COMO CIDADÃO DO CÉU
A Bíblia ensina, que a Igreja está
aguardando ansiosamente a sua trasladação para a sua pátria celestial (Fp
3.20,21; J0 17.16), e classifica esta expectativa como a “bem aventurada
esperança” (Tt 2.12,13). Na qualidade de cidadão do Céu, devemos viver de tal
maneira a não causar escândalo nem aos gentios, nem aos judeus, nem à Igreja de
Deus (1Co 10.32). Devemos nos portar com dignidade diante de todos.
TODA A POTESTADE VEM DE DEUS
O apóstolo Pedro, concorda com o
conceito inspirado do apóstolo Paulo, ï que respeita à obediência às potestades
superiores, porque “assim é a vontade de Deus, que fazendo o bem, tapeis a boca
à ignorância dos homens loucos’‘(1Pe 2.15). Todos sabemos que os magistrados
são constituídos por ordenação de Deus (Rm 13.1). Não é necessário temê-los, se
praticamos as boas ações, mas, se as más, seremos punidos com o rigor da lei, e
o mesmo apóstolo Pedro afirma que, se sofrermos, soframos não como ladrões, rebeldes
ou malfeitores, mas como cristãos, e nisso glorifiquemos a Deus (1 Pe4.15,16).
1. O poder do Estado tem sua origem em Deus. De conformidade com os ensinos dos profetas sobre a
soberania de Deus e sua intervenção no governo do mundo (Dn4.17,31,32), o
Senhor Jesus, quando interrogado pelos fariseus e herodianos quanto à licitude
de pagar ou não- tributo a César, respondeu: “Dai pois a César o que é de
César,e a Deus o que é de Deus”. Perante Pilatos Ele foi claro ao responder: “O
meu reino não é deste mundo”. E diante da alegação do mesmo Pilatos, que
afirmava possuir poder para mandar crucificá-lo ou soltá-lo, Jesus respondeu de
modo inquestionável: “Nenhum poder terias sobre mim, se de cima te não fosse
dado”. Assim sendo, o Senhor deixava claro que a autoridade de Cesar, de
Herodes, de Pilatos e todos os governantes em todos os tempos procede de Deus.
Ele é a causa primeira de toda a autoridade, tanto do Estado quanto da Igreja.
Por isso Jesus como perfeito homem, submeteu-se ao poder do Estado (Mt 17.24-27;
Fp 2.6-8). Nós não podemos fazer menos que isso
O CRISTÃO DEVE OBEDECER ÀS AUTORIDADES
Nos regimes democráticos, o governo é
dividido em três poderes: Legislativo, Executivo e Judiciário. A todos esses
poderes devemos obediência e respeito.Sujeitar-se à ordenação humana por amor
ao Senhor é mandamento, e, não somente s bons e humanos, mas também aos maus.
Cristãos há, que se negam a pagar
impostos ao Estado, e, quando o fazem é com malícia, alguns chegam ao extremo
de subornar o fisco, cometendo um pecado que mais cedo ou mais tarde, de Deus
recebem a devida cobrança e raramente prosperam em seus negócios, isto, quando
não sofrem outros revezes (1 Pe 2.11), “aui1oqueohomemsemear, isto também
ceifará” (Gl 6.7,8). Honrar, respeitar e reverenciar os membros desses poderes
é justo. “A quem honra, honra; a quem tributo, tributo”.
INSUBMISSÃO ÀS AUTORIDADES É REBELDIA
Sem dúvida, o povo de Deus, através de
todos os tempos, tem sofrido dura oposição por parte das autoridades, mas isto
não nos autoriza a fazer oposição aos poderes constituídos.
Por três séculos, o Império Romano
desencadeou cruel perseguição à Igreja. O apóstolo Paulo foi vítima desses
poderes até a morte, mas deixou escrito: “Quem se opõe ‘as autoridades, resiste
a Deus”.
É dever do verdadeiro servo de Deus,
cooperar, ajudar, e acatar as ordens das autoridades para o seu próprio bem,
orando por elas (1Tm 2.13). Resistir- lhes ouopor-se-lhes é diabólico e traz
consequências embaraçosas. (1Tm 4.12).
COMO O CRISTÃO DEVE LIDAR COM A POLÍTICA
O PERIGO DA POLITICAGEM
Como em algumas das igrejas a
conscientização política ainda é incipiente, faz-se necessário um alerta
referente ao perigo da politicagem. Os dicionários em geral conceituam
politicagem como: “política reles e mesquinha de interesses pessoais”. O perigo
dos atos politiqueiros é colocar em descrédito o evangelho e a igreja cristã. O
cristão fiel jamais pode compactuar com este procedimento. Os princípios
cristãos não podem ser negociados. A ética e a moral cristã não podem ser
vendidas e nem compradas.
Aqueles que são contrários as
convicções cristãs não podem receber o apoio e nem o voto da igreja. O cristão
não pode se iludir com o esplendor das promessas e nem com as supostas
garantias apresentadas. Os que não compartilham os ideais do evangelho não
devem ser homologados pelo povo de Deus. No cristianismo primitivo a igreja em
Corinto foi advertida a observar este princípio (2Co 6.14).
Contudo, apesar da orientação bíblica,
obreiros fraudulentos ludibriam e manipulam as ovelhas sob seus cuidados.
Interessados em levar vantagem pessoal não hesitam em apoiar candidatos
políticos contrários a fé cristã. Vislumbram benefícios econômicos e “status”
social. Sem nenhum pudor, ao leve toque musical, prostram-se diante da estátua
de Nabucodonozor. Estão interessados em manter ou adquirir privilégios e
indispostos a sofrer retaliações por causa do evangelho.
Não satisfeitos em apoiar candidatos de
conduta repreensível, soma-se a este erro, o uso da mídia e do púlpito da
igreja para promover a iniquidade. O cristão é cidadão e deve exercer sua
cidadania. Contudo, não pode esquecer que também é cidadão do céu. Como Embaixador
de Cristo representa os interesse do reino de Deus na terra. Portanto, não pode
apoiar, nem permitir ou promover apoio aqueles que afrontam o reino de Deus.
COMO DELIMITAR NOSSA ATUAÇÃO
Os princípios éticos devem ser
observados. O púlpito da igreja não pode ser transformado em “palanque
eleitoreiro”. As orientações devem ser claras, precisas e esclarecedoras,
contudo, não se pode ocupar o espaço da palavra ou da adoração. As convicções
cristãs devem ser conhecidas por todos bem como a posição da igreja. Se houver
coerência entre o discurso e a fé cristã, certamente a igreja acatará o
conselho da liderança.
Por outro lado não se pode confundir a
cruz de Cristo com ideologias partidárias. A renovação política não pode ser
substituída pela transformação espiritual. A degeneração da sociedade não será
resolvida ou corrigida por uma série de leis que inibam a má conduta. Somente a
propagação do evangelho de Jesus Cristo pode deter o declínio e a ruína moral
de nossa sociedade.
A igreja deve fazer oposição a qualquer
ideia que desrespeite a mensagem do evangelho. Precisa se mobilizar para
erradicar os políticos corruptos em todas as esferas. Porém, a batalha nas
urnas será constante. Se usarmos apenas a ferramenta política certamente
venceremos umas batalhas e perderemos outras. Mas, se cumprirmos nosso papel de
sal da terra e luz do mundo, o poder do evangelho pode desarraigar para sempre
a iniquidade dos corações.
Levanto a bandeira da conscientização
política e sou favorável a mobilização evangélica. Entendo que o cristão deva
divulgar sua posição coerente com o evangelho. No entanto, lembro que nossa
luta não é contra a carne e o sangue (Ef 6.12). A Igreja não pode se limitar a
fazer oposição e oferecer resistência à iniquidade no poder temporal. Não pode depositar
sua confiança e esperança em decisões políticas, embora não deva subestimá-la
ou negligenciá-la.
As lideranças devem promover o “voto
consciente” sem descuidar-se do avivamento espiritual. O avivamento liderado
por John Wesley (1703-1791) trouxe mudanças sociais na Inglaterra. Porque na
realidade o mal a ser combatido é o pecado
AJUSTANDO O FOCO DA IGREJA
Durante todo o tempo que Jesus Cristo
esteve aqui na terra, ele nos deixou muitos ensinamentos, e demonstrou ao mundo
a sua maior missão através do seu grande amor por nós, que era libertar e
salvar a humanidade. Aos seus discípulos, foi dada a missão de continuar a
espalhar este amor, como também fazer novos discípulos, a igreja.
Nos dias atuais, é possível notar, que
a igreja de Cristo vem perdendo o seu maior foco, no que se diz respeito à sua
principal tarefa, que é anunciar ao mundo o grande amor de Deus. Mc 16: 15-16.
É verdade sim, que mundo afora, as
igrejas estão cada vez mais lotadas. Mas o evangelho genuíno da Palavra, tem
sido verdadeiramente pregado? Temos ensinado a essas pessoas sobre o Reino de
Deus e a sua justiça?
Devemos compreender o fato de que o
nosso governo não pode nos salvar! Só Deus pode. Nunca lemos no Novo Testamento
sobre Jesus ou qualquer um dos apóstolos gastando qualquer tempo ou energia em
ensinar os crentes a reformar o mundo pagão de suas práticas idólatras, imorais
e corruptas através do governo. Os apóstolos nunca convidaram os crentes a
demonstrar desobediência civil e protestar contra as leis injustas ou esquemas
brutais do Império Romano. Em vez disso, os apóstolos ordenaram os cristãos do
primeiro século, assim como nós hoje, a proclamar o evangelho e viver vidas que
dão evidência clara do poder transformador do Evangelho.
O propósito original da igreja, dado
por Deus, não se encontra em ativismo político. Em nenhum lugar na Bíblia temos
o comando de gastar nossa energia, nosso tempo ou nosso dinheiro em assuntos
governamentais. A nossa missão não reside na mudança da nação através de uma
reforma política, mas na mudança de coração através da Palavra de Deus. Quando
os crentes acham que o crescimento e a influência de Cristo podem de alguma
forma se aliar com a política do governo, eles corrompem a missão da igreja. O
nosso mandato cristão é espalhar o evangelho de Cristo e pregar contra os
pecados do nosso tempo. Só à medida que os corações dos indivíduos em uma
cultura são alterados por Cristo é que a cultura começa a refletir essa
mudança.
CONCLUSÃO
O cristão não pode ser contrário a uma
atividade que busca a “conduta ideal do Estado”. Como cidadãos da terra,
precisamos viver num determinado local físico e social, que faz parte de um
Estado, que faz parte de um País. Esses precisam ser administrados por homens
de bem. Melhor seria que fossem cristãos. Que Deus nos dé sabedoria e visão.
A melhor atuação política da igreja
deve ser por meio da conscientização e orientação dos seus membros, para que
votem com ética e discernimento bíblico. Cabe à liderança o ensino adequado da
política à luz das Escrituras, enfatizando a importância da politização sadia
dos crentes e o envolvimento com as questões públicas. Por outro lado, não se
recomenda o envolvimento direto da igreja local com as disputas
político-partidárias ou a declaração de apoio a candidatos. O púlpito não é
lugar para propaganda eleitoreira, e a igreja de Deus (Gl 1.13) não é trampolim
político, mas a coluna e firmeza da verdade (1Tm 3.15).
Igreja
Evangélica Assembleia de Deus Ministério Belém Em Dourados – MS
Bibliografia
Lições
bíblicas CPAD 1990
CPAD, Revista, Lições Bíblicas Jovens,
alunos, 2º trimestre 2015
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