ESPERANDO
MAS TRABALHANDO NO REINO DE DEUS
Texto
Base: Mateus 25:14-30
”Cada um administre aos outros o dom com o recebeu,
como bons despenseiros da multiforme graça de Deus" (1Pd.4:10).
INTRODUÇÃO
Trataremos nesta Aula da Parábola dos Talentos. Ela
é uma das mais ricas ilustrações a respeito do sentido da mordomia do homem em
relação a Deus. Nela, Jesus mostra-nos, com clareza meridiana, o papel e o
lugar do homem no seu relacionamento com Deus. Esta Parábola é mencionada
apenas por Mateus e incluída no sermão escatológico de Jesus.
Ela encontra-se inserida nos ensinos de Jesus a
respeito da sua vinda, tendo o objetivo de mostrar aos seus discípulos a
necessidade da fidelidade e da diligência na obra de Deus como aspectos da
vigilância exigida para o seu retorno. Ela foi proferida alguns dias depois da
chegada de Jesus em Jerusalém. Foi a última que ele proferiu, talvez no dia em
que foi preso, à noite. O Senhor Jesus não proferiu esta Parábola com o
objetivo de ensinar sobre a Salvação, mas, sobre a fidelidade dos salvos na
administração dos Talentos, ou dos Dons recebidos.
I.
INTERPRETAÇÃO DA PARÁBOLA DOS DEZ TALENTOS
Na Parábola dos Talentos, Jesus conta a história de
um homem que, partindo para fora da terra, chamou os seus servos e
entregou-lhes os seus bens. Para um servo deu cinco talentos, a outro, dois e
ao terceiro, um. Vejamos a interpretação de alguns itens da Parábola.
1.
O Homem da Parábola (Mt.25:14). A parábola começa
dizendo: ”Porque é assim como um homem que, ausentando-se do país, chamou os
seus servos e lhes entregou os seus bens”(Mt.25:14). É claro que este homem da
parábola representa o próprio Senhor Jesus. Este homem após passar aqui na
Terra um período de 33 anos, fez sua viagem de volta à Casa de seu Pai. Porém,
antes de partir, como bom Senhor, ele não deixou seus servos ociosos e nem
desamparados. Antes “...chamou os seus servos, e entregou-lhes os seus bens”.
2.
Este Homem tem Servos, ou seja, ele é Senhor (Mt.25:14).
Isto nos mostra bem que a nossa condição diante de Cristo, mesmo após a
salvação, é uma condição de servos, de mordomos.
Isto é deveras importante afirmar num instante em
que muitos são os que pregam um evangelho diferente, que reduz o Senhor Jesus à
inadmissível condição de empregado qualificado, pronto e obrigado a atender a
todos os caprichos dos crentes, em nome de uma “confissão positiva” sem
fundamento. Só Deus é o dono, portanto, só a sua vontade deve prevalecer, não a
dos servos. É por não compreenderem esta realidade bíblica, tão importante que
constou das “últimas instruções” do Senhor, que muitos têm se deixado envolver
por ventos de doutrina sem respaldo bíblico, como são a doutrina da confissão
positiva e da teologia da prosperidade.
3.
Quem eram os Servos. Certamente que estes servos não eram os
anjos, embora eles também sejam servos (Mt.4:11; Hb.1:14). Aqui, nesta
Parábola, o dono dos talentos chamou “os seus servos”. Desta feita, não se
tratava de pessoas estranhas, desconhecidas, mas, os que viviam na sua casa.
Portanto, os servos somos nós. Ser crente significa ser servo, e isto não
implica em algo depreciativo, mas, honroso, considerando que somos servos
daquele que a Bíblia denomina de “...Rei dos reis e Senhor dos senhores”(Ap.19:16).
Ser servo do Rei dos reis e do Senhor dos senhores,
ser servo daquele que disse: “toda a terra é minha”, “minha é a prata e meu é o
ouro”; daquele do qual a sua Palavra diz, que “do Senhor é a terra e a sua
plenitude, o mundo e aqueles que nele habitam”; daquele que nos amou “e se
entregou a si mesmo por nós”(Gl.2:20), é uma coisa que nos enche de júbilo.
4.
Este Homem partiu para fora da terra (Mt.25:14).
Isto nos indica que haveria uma ausência física do dono dos bens. Os servos,
então, durante esta ausência física do seu senhor, deveriam tomar conta do
bem-estar do seu patrimônio, até que ele voltasse. É precisamente o que
significa a vida do crente enquanto estamos aqui nesta Terra.
Nosso trabalho é realizar as obras do dono que se
ausentou fisicamente. Desde o momento em que Jesus foi ocultado da visão física
dos discípulos (At.1:9), eles não podiam ficar inertes ou perplexos, mas deviam
fazer o que o Senhor estava acostumando fazer até a sua volta (At.1:11-14;
20:24).
Este período de ausência física do dono é o período
da dispensação da graça (Ef.3:2,9-11), o período em que cabe à Igreja fazer
aquilo que Jesus fazia, ter as mesmas atitudes que Jesus tinha enquanto esteve
entre nós, isto é, anunciar o evangelho da Salvação da graça.
5.
O trabalho dos Servos (Mt.25:15-18). Na Parábola está bem
claro que não houve doação. Os bens continuaram sendo do dono da casa, ou seja,
do homem que partiu “para fora da terra”, o qual “muito tempo depois, veio o
Senhor daqueles servos, e ajustou contas com eles”. Perceba que “muito tempo
depois”, quando ele retornou, ele continuava sendo o Senhor e continuava sendo
o dono dos bens “entregues” aos seus servos. Também os servos tinham
consciência de que não eram donos daqueles bens. Servo não pode considerar nada
como sendo seu. Tudo que estiver em seu poder é propriedade de seu Senhor, até
mesmo seus filhos, aliás, até ele próprio. Pelo exposto na Parábola, os servos
entenderam que os talentos recebidos eram bens do seu Senhor. Como servos fiéis
que eram, procuraram trabalhar da melhor maneira, possível. É assim que fazem
os servos fiéis, ainda hoje.
Quanto ao servo negligente, ou o “mau servo”, também
tinha consciência de que aquele talento não era seu, e que, no futuro, teria
que prestar contas ao seu Senhor. Por isto, “cavou na terra e escondeu o
dinheiro do seu senhor”.
Nenhum deles entendeu que tinha recebido um prêmio
pelos serviços prestados, ou um presente pessoal. Sabiam ter recebido os
talentos para trabalharem com eles; sabiam ter em mãos um instrumento de
trabalho que lhes fora entregue por seu senhor.
6.
A prestação de contas (Mt.25:19) – “E, muito tempo
depois, veio o senhor daqueles servos e ajustou contas com eles”. Aqui, Jesus
nos ensina que teremos de prestar contas quando o Senhor voltar. Sua volta é
certa, demorará, conforme se depreende da Parábola, mas acontecerá de forma
inevitável. Quando o Senhor chegar, deveremos nos apresentar com os talentos
que nos foram confiados, pois, na eternidade, apenas as nossas obras nos
seguirão (Ap.14:13). Estas obras serão manifestadas a todos e, no Tribunal de
Cristo, passarão pelo teste do fogo, pela prova divina e, então, o trabalho que
cada um fez por meio do corpo se revelará de forma inapelável diante daquele em
que tudo está nu e patente (Hb.4:13).
II.
USANDO A NOSSA CAPACIDADE PARA O REINO DE DEUS
1.
O Senhor reparte seus talentos segundo a nossa capacidade (Mt.25:15).
O Homem da Parábola é um Homem sábio, pois antes de entregar “os seus bens”,
procurou conhecer os seus servos e determinou a capacidade de cada um. Para
este conhecimento ele não necessitou de informações de terceiros; não mandou
“grampear” o telefone de ninguém; não espalhou “espiões”, ou agentes secretos
no meio do povo; não incentivou e não apoiou o dedurismo.
Ele era um homem sábio. Sobre “este homem”, declarou
Davi: “... tu me sondas, e me conheces. Tu conheces o meu assentar e o meu
levantar; de longe entendes o meu pensamento”(Salmo 139:1,2). Podemos afirmar
que Deus quer intercessores, não “informantes”. Ele sabe e conhece tudo sobre
cada um dos seus servos, por isto pode dar “a cada um segundo a sua
capacidade”.
a)
O que recebeu cinco talentos (Mt.25:16,19-21).
Este foi o que recebeu mais talentos, dentre os três. Nota-se que era o mais
capacitado, tanto que logo após a saída do seu senhor, foi imediatamente
aplicar os talentos que recebera, sabendo que o tempo é curto e não sabia
quando o seu senhor voltaria. O seu esforço foi 100% recompensador, pois
produziu mais 05(cinco) talentos (Mt.25:16,20). Isto significa que o verdadeiro
cristão esmera-se em aplicar os seus talentos, procurando produzir o máximo que
puder para o Senhor Jesus, sabendo que o seu galardão é certo (1Co.15:10).
b)
O que recebeu dois talentos (Mt.25:17,22,23). Este servo
recebeu com bom grado os dois talentos, e não demonstrou nenhuma inveja ou
ciúmes do que recebera cinco, pois sabia de sua capacidade de produção. O
Senhor sabe perfeitamente quantos talentos ou dons podemos administrar. Ele
conhece a estrutura de cada indivíduo (Sl.103:14), pois Ele fez a cada um de
nós e nos acompanhou desde a nossa geração (Sl.139:13-16). Sendo assim, tem
condições plenas para dar os talentos segundo a capacidade de cada um, sem
qualquer condição de errar, pois é o único que nos conhece perfeitamente. Este
servo não quis saber por que recebeu apenas dois talentos, pelo contrário,
trabalhou com máxima dedicação e o incremento foi igual ao do primeiro servo,
ou seja, 100%.
c)
O que recebeu apenas um talento (Mt.25:18,24,25).
Esse servo, que na Parábola é chamado de servo mau, recebeu um talento apenas;
mas, não é por isso que foi considerado mau. Ele gozava da plena confiança do
seu senhor, tanto quanto os outros dois, a ponto de também lhe ser confiado um
talento. A confiança do senhor era igual para todos os servos. O servo que
recebeu um talento só tinha recebido um talento em virtude de sua capacidade,
de sua aptidão. Portanto, em nada era diferente dos demais servos. Isto é
importante deixar bem claro: o senhor não fez acepção de pessoas, mas foi justo
na distribuição.
Entretanto, ao contrário dos outros dois servos,
este, ao receber o talento, traiu a confiança do seu senhor, não negociando.
Isto caracteriza desobediência ao mandamento do senhor, pois, a ordem de
negociar, embora não tenha sido explícita por Jesus na Parábola, está inferida,
na medida em que o senhor, na prestação de contas, chama o servo de infiel.
A infidelidade é consequência da desobediência. O
senhor havia se ausentado, mas continuava sendo o senhor, e o servo, mesmo
tendo recebido o talento, continuava sendo servo e, portanto, lhe era
necessário a obediência.
A manutenção de nossa comunhão com o Senhor, mesmo
estando ele ausente, depende da obediência. Obedecer é se manter em posição de
vigilância, é se credenciar para o reino dos céus.
2.
O Senhor confia nos seus Servos. Na Parábola, o homem é
capaz de confiar nos seus servos.
“... chamou os seus servos, entregou-lhes os seus
bens... e ausentou-se logo para longe” (Mt.25:4,15).
Para agir desta maneira é preciso ter confiança. O
Senhor confiava e continua confiando nos seus servos. Não se diz que ele chamou
os parentes, ou mesmo os amigos mais chegados, mas que “chamou os seus servos”.
Consideremos ainda que ele entregou bens de grande
valor. Não exigiu qualquer garantia. Não determinou como deveriam aplicar “os
seus bens”. Não contratou “fiscais” para vigiar os passos dos seus servos e
estarem atentos para que não houvesse má administração de seus talentos. Não
fez qualquer tipo de ameaça. Ao partir, não marcou a data de seu retorno.
Para fazer o que ele fez era preciso confiar, e ele
confiou. Com esse procedimento ímpar ele estabeleceu aos seus servos, como
forma de servi-lo, o principio da responsabilidade pessoal.
Ele concedeu-lhes plena liberdade de ação. Ele quer
ser servido com temor, nunca por medo; com alegria, e não com tristeza; de
forma voluntária, nunca como que por obrigação. Ele ama seus servos e quer ser
amado por eles. É assim que ele quer ser servido.
Todos nós conhecemos este Homem; seu nome é Jesus.
Com efeito, “este homem” tratava seus servos de uma forma diferente de todos os
demais senhores. Certa feita Ele disse aos seus servos: “Já vos não chamarei
servos, porque o servo não sabe o que faz o seu senhor, mas tenho-vos chamado
amigos”(João 15:15).
3.
O acerto de contas (Mt.25:19) – “E, muito tempo
depois, veio o senhor daqueles servos e ajustou contas com eles”.
É interessante notar, em primeiro lugar, que Jesus
fala em “muito tempo depois”. A Parábola, portanto, indica que a dispensação da
graça, o tempo destinado para os servos negociarem, seria extenso.
Tudo parecia indicar que nada aconteceria, que a
desobediência ficaria impune e que o labor dos servos obedientes tinha sido em
vão, um zelo dispensável e desnecessário. Mas, sem que alguém esperasse, chegou
o dia do retorno do senhor e, com ele, a prestação de contas. Mais uma vez,
Jesus mostra que chegará o Dia em que prestaremos contas pelos nossos atos –
“Assim, pois, cada um de nós dará conta de si mesmo a Deus”(Rm.14:12).
a)
O acerto de contas dos Servos Fiéis (Mt.25:20-23).
Os servos apresentaram as suas obras e, em tendo sido elas aprovadas, tiveram a
oportunidade de serem reconhecidos pelo senhor e de serem convidados a entrar
no seu gozo. Este julgamento mostra-nos a realidade do Tribunal de Cristo, o
local onde os servos do Senhor serão julgados pelas suas obras. O Tribunal de
Cristo é exclusivo para os servos bons e fiéis e terá lugar depois do
arrebatamento da Igreja e antes da Ceia das Bodas do Cordeiro. Nele, os salvos
serão julgados pelo que tiverem feito por meio do corpo, ou bem, ou mal (2 Co.5:10).
O Senhor, ali, verificará o que foi dado ao servo e o que ele granjeou com o
que lhe foi dado.
A mensagem dada ao servo que recebeu cinco talentos
é absolutamente idêntica ao que recebeu dois talentos, uma vez que o trabalho
de ambos foi, também, igual - “Bem está, bom e fiel servo. Sobre o pouco foste
fiel, sobre muito te colocarei; entra no gozo do teu senhor” (Mt.25:21,23).
Ambos os servos duplicaram os talentos que
receberam, ambos exerceram a plenitude de sua capacidade na obra do Senhor,
ambos tiveram dedicação integral, de sorte que ambos tiveram o mesmo galardão.
Não foi, porém, pelas obras que cada um chegou ao gozo do Senhor, mas pela sua
fidelidade e obediência.
b)
O acerto de contas do Servo Mau (Mt.25:24-30).
O julgamento do Servo Mau não será realizado no Tribunal de Cristo. Refere-se o
Senhor, aqui, ao Juízo Final ou Juízo do Trono Branco, já que os ímpios serão
julgados nesta oportunidade, onde haverá, sim, condenação, ao contrário do
Tribunal de Cristo, onde os que forem julgados jamais perderão a salvação,
ainda que sejam salvos como que pelo fogo (1Co.3:15).
O Servo Mau surge com desculpas, num comportamento
bem diferente daquele que foi apresentado pelos servos fiéis. Assim procede o
homem no pecado: tenta sempre encontrar uma justificativa para o seu erro, mas
a Bíblia diz que os pecadores são inescusáveis, ou seja, não têm quaisquer
desculpas diante de Deus (Rm.1:20).
Veja
algumas particularidades desse Servo Mau:
• Em primeiro lugar,
ele mentiu, pois alegou que conhecia o senhor (Mt.25:24). Se conhecesse mesmo o
senhor, teria se empenhado em negociar os talentos.
Quem o diz é o próprio senhor, na parábola, que
afirma que, pelo menos, o Servo Mau deveria ter se preocupado em não causar a
perda do poder aquisitivo do patrimônio que lhe fora confiado (Mt.25:26).
• Em segundo lugar, ele acusou o senhor
de “homem duro”, que ceifava onde não semeara e ajuntava onde não espalhara
(Mt.25:24).
Vemos, aqui, a segunda particularidade do pecador:
ele sempre culpa Deus pelas suas próprias faltas. Quantos, nos nossos dias, não
têm culpado Deus, negado até a existência de Deus? Quantos não acusam Deus de
ser impiedoso e cruel porque mandará pessoas à perdição eterna? Ao mesmo tempo
em que vociferam palavras de acusação contra Deus, pecam desmedidamente,
escandalizam o evangelho, muitas vezes até, sob a paciência deste mesmo Deus
injustamente acusado.
• Em terceiro lugar,
o servo negligente chama o Senhor de Ladrão (Mt.25:24) – “...que ceifas onde
não semeaste...”. Ceifar onde não se semeou é invadir terreno alheio, é
apropriar-se do alheio, é chamar o Senhor de ladrão.
• Em quarto lugar,
o servo mau chama o senhor de cobiçoso (Mt.25:24) - “que ajuntas onde não
espalhaste”. Ajuntar onde não se espalhou é uma expressão proverbial que indica
um desejo ilegítimo de crescimento, uma ganância. O Servo Mau, entretanto, ao
assim se referir ao senhor, denuncia a sua própria ganância. Ele havia se
apropriado indevidamente do talento recebido e o enterrara porque sabia que
tudo que granjeasse seria do senhor e não dele.
• Em quinto lugar, o servo mau diz que
teve medo do Senhor (Mt.25:25) -
“atemorizado, escondi
na terra o teu talento...”. Não adianta ter medo de Deus. É preciso ter
respeito, reverência, não medo. O servo mau alegou ter medo de Deus, por isso
não lhe obedeceu. É assim mesmo: quem tem medo, não obedece. Pode até fazer o
que se manda, mas isto não é obedecer, pois a obediência é uma ação voluntária,
não forçada.
Não podemos mostrar aos homens um Deus irado, cruel
e pronto a castigar. O medo de Deus não resolve. Na Grande Tribulação, os
homens terão medo de Deus, que estará derramando terríveis juízos sobre a
Terra, mas não se arrependerão de seus pecados, pois medo não transforma, não
torna ninguém obediente.
• Em sexto lugar, o servo mau não
devolveu corretamente o que havia recebido do Senhor (Mt.25:25) –
“...aqui tens o que é teu”. Ele mentiu mais uma vez, ao dizer ao senhor: “aqui
tens o que é teu”. Diante do longo tempo decorrido, o talento devolvido não
tinha o mesmo valor do talento que havia sido entregue. O tempo passou e, como
a vida é dinâmica, o patrimônio recebido se desvalorizou, tanto que o senhor
diz que, se o servo mau quisesse mesmo apenas devolver o que lhe havia sido
dado, teria entregado o talento ao banqueiro para que este o negociasse e,
assim, não haveria perda de valor. O servo mau se apropriou de parte do valor
do talento ilegitimamente.
Assim ocorre com aquele que não usa o Dom que Deus
lhe deu. Ele retém ilegitimamente e o Dom não será simplesmente devolvido ao
Senhor, pois haverá um prejuízo irreparável, pois o bem que deveria ter sido
feito com aquele Dom, a glória que deveria ter sido dada a Deus através daquele
Dom nunca terá sido concretizada e, como sabemos, quatro coisas não voltam
atrás: o tempo passado, a oportunidade perdida, a palavra dita e a pedra
atirada.
O Servo Mau, portanto, não teria mais condições de
repor o valor perdido e, por isso, era praticante de uma injustiça, de uma
iniquidade.
Que possamos, no momento da prestação de contas,
sermos achados fiéis e diligentes, e não servos negligentes - “Bem-aventurado
aquele servo que o Senhor, quando vier, achar servindo assim” (Mt.24:46).
III.TRABALHANDO
ATÉ O SENHOR VOLTAR
“E, muito tempo depois, veio o senhor daqueles
servos e ajustou contas com eles” (Mt.25:19).
Todos
os salvos são chamados para fazer a Obra de Deus
- “Mas vós sois a geração eleita, o sacerdócio real...” (1Pd.2:9). Segundo a
Bíblia, nesta Dispensação da Graça, cada crente é um sacerdote. No Antigo
Testamento nenhum Sacerdote era constituído para não fazer nada. Todo Sacerdote
tinha um trabalho para fazer.
Jesus Cristo, na conclusão do Seu Ministério aqui na
Terra, sabendo que o tempo de partir “para fora da Terra” era chegado, Ele
proferiu esta que foi sua última Parábola, deixando claro que todos os seus
servos deveriam se empenhar em fazer a Sua Obra.
Ao não deixar nenhum dos servos sem Talento, e ao
fazer a distribuição segundo a capacidade de cada um, o Senhor Jesus confirmou
a grande chamada:
“E disse-lhes: Ide por todo o mundo, pregai o
evangelho a toda criatura. Quem crer e for batizado será salvo...”
(Mc.16:15,16).
“Portanto, ide, ensinai todas as nações,
batizando-as em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-as a
guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado; e eis que eu estou convosco
todos os dias, até à consumação dos séculos. Amém!” (Mt.28:19,20).
Jesus não exigiu uma produção igual para todos os
seus servos, ele respeitou a capacidade de cada um. Todavia, ninguém poderia
alegar que não podia fazer nada, porque todos receberiam dos “bens” do Senhor,
na forma de Dons, ou Talentos, os quais seriam seus instrumentos de trabalho.
Os seus servos teriam ampla liberdade para usarem os
Talentos, mas que era necessário usá-los. Uma coisa eles deveriam estar
cônscios: o Senhor voltaria e que, no Dia de Sua Vinda, haveria um ajuste de
contas com cada um, e cada um seria, como de fato será, recompensado não pela
quantidade das obras, mas, pela fidelidade na forma em que elas seriam
realizadas.
Deus não pede o que não temos para dar. Deus não
exige o que não podemos fazer. Deus conhece as limitações de cada um, e só
exige conforme a capacidade daquele que recebeu os Seus bens. Não somos iguais,
Deus sabe disto. Somos membros de um Corpo, o Corpo de Cristo. Seja qual for
nossa capacidade, somos necessários nesse Corpo.
Portanto, se você recebeu cinco talentos, dê glórias
a Deus, negocie com eles e ganhe outros cinco. Se você recebeu dois talentos,
dê glórias a Deus negocie com eles e ganhe outros dois.
Se você recebeu apenas um talento, dê glórias a
Deus, negocie com ele e ganhe outro talento. Alegre-se, porque na verdade nós
não merecíamos receber nada. Tudo o que temos e tudo o que somos é pela
misericórdia de Deus.
Devemos estar cônscios de que um Dia prestaremos
contas. No Tribunal de Cristo, receberemos do Senhor a recompensa pelo trabalho
que fizermos para Ele (ler 1Co.3:12-15 cf. 2Co.5:10). Alegremo-nos com essa
verdade. O que precisamos ter cuidado é não fazer a Obra do Senhor
relaxadamente, como fez o Servo Mau da Parábola. É necessário fazer a Obra do
Senhor com zelo, porque fazer a Obra de Deus relaxadamente é apropriar-se de
maldição. Está escrito: “Maldito aquele que fizer a obra do SENHOR
relaxadamente...” (Jr.48:10).
CONCLUSÃO
Se por um lado devemos esperar, ou aguardar a Vinda
do Senhor, por outro lado, enquanto isso não acontece, é nosso dever trabalhar
na causa do Mestre, levando a Palavra do Evangelho a todo o mundo
(Mt.28:19,20). É justamente isso que o Senhor Jesus Cristo ensinou com a
Parábola dos Talentos.
Vimos que fazer tal trabalho não se trata de uma
opção, mas de algo obrigatório, posto que tal ordem foi dada pelo Senhor.
Precisamos desenvolver os talentos que recebemos de Deus, e precisamos estar
cônscios de que Jesus pode vir a qualquer momento para prestar contas dos
talentos ou do talento que Ele nos confiou (Mt.24:36; Mc.13:32; At.1:7).
Portanto, cada "um" deve administrar "aos outros o dom como
recebeu, como bons despenseiros da multiforme graça de Deus" (1Pd.4:10).
Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com
Referências Bibliográficas:
Bíblia de Estudo Pentecostal.
Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.
Comentário Bíblico popular (Novo Testamento) -
William Macdonald.
Revista Ensinador Cristão – nº 76. CPAD.
Comentário Bíblico Pentecostal. CPAD.
Comentário do Novo Testamento – Aplicação Pessoal.
CPAD.
Dr. Caramuru Afonso Francisco. Fidelidade e
Diligência na Obra de Deus. PortalEBD_2005.
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