22 de abril de 2025

Jesus o pão da vida

 

Jesus o pão da vida 

TEXTO ÁUREO

 

“Eu sou o pão da vida.” (Jo 6.48)

 

Entenda o Texto Áureo

 

(48–51) Há um estreito paralelismo e contraste entre os versos 48–50 e 51.

 

O “pão da vida” e o “pão vivo” são apresentados em paralelo: “que desce … para que …” (vv. 48–50) e “que desceu … se alguém … viverá para sempre” (v. 51).

 

No primeiro caso, o resultado é apresentado como parte do propósito divino (“que desce … que” [ἵνα]); no segundo, como uma simples consequência histórica (“desceu … se alguém …”).

 

VERDADE PRÁTICA

Jesus é o Pão da Vida que sacia a fome espiritual de todo ser humano.

 

Entenda a Verdade Prática:

 A expressão "Jesus é o Pão da Vida" é uma metáfora que descreve Jesus como o alimento essencial para a vida espiritual e eterna

 

LEITURA BÍBLICA = João 6:1-14

 

João 6.1-14

 

1. Depois disso, partiu Jesus para o outro lado do mar da Galiléia, que é o de Tiberíades.

 

Depois disto. Veja 5:1. partiu, ou seja, se afastou da cena de Seu ministério naquele momento, a qual não é especificada, e não de Jerusalém, como se este versículo estivesse diretamente conectado ao capítulo 5. A introdução abrupta desse relato é digna de atenção.

 

Tudo o que lemos é que a partida “para o outro lado do mar da Galileia” (ou seja, para o lado leste) aconteceu algum tempo após a visita a Jerusalém, que, como vimos, provavelmente ocorreu durante a festa do Ano Novo.

A Páscoa também estava próxima, se o texto atual em 6:4 estiver correto; mas não sabemos nada com João sobre os fatos que imediatamente antecederam o incidente. Essa informação deve ser buscada nos outros Evangelhos. É significativo que os Sinóticos relacionem a partida do Senhor a dois eventos críticos.

 

Todos concordam em afirmar que essa retirada ocorreu após notícias vindas de fora. Mateus liga o fato ao relato da morte de João Batista, trazido pelos discípulos (14:13).

 

Lucas posiciona o evento imediatamente após o retorno dos doze de sua missão, embora sem combinar os dois acontecimentos de forma definida (Lucas 9:10).

 

Marcos ressalta com mais clareza que um dos objetivos da retirada era o descanso após um trabalho exaustivo (6:30–31).

 

Esses indícios de uma convergência de motivos correspondem perfeitamente à plenitude da vida. Lucas preserva o elo que combina esses fatores: “Herodes”, ele diz, “buscava ver [Jesus]”, perturbado pelo pensamento de um novo João que poderia ocupar o lugar daquele que ele havia assassinado (9:9).

 

As notícias da morte de João Batista, dos planos de Herodes e do trabalho dos doze, chegando ao mesmo tempo, fizeram com que um breve período de retiro tranquilo, fora dos domínios de Herodes, fosse uma decisão natural de sabedoria e compaixão. Lucas é o único que menciona o nome do local escolhido para esse propósito: “uma cidade chamada Betsaida” (9:10), ou seja, o distrito de Betsaida Julias, em Gaulanítide, ao nordeste do lago (Josefo, Antiguidades, 18.2.1).

 

Essa segunda cidade com o mesmo nome provavelmente estava na mente de João ao se referir a “Betsaida da Galileia” (12:21; mas não 1:44) como a cidade natal de Filipe.

 

Talvez possamos acrescentar que essa retirada para uma devoção tranquila seria ainda mais necessária se tivesse como objetivo cobrir o período da Páscoa, a qual o Senhor não poderia celebrar em Jerusalém devido à hostilidade demonstrada contra Ele pouco antes.

Tiberíades. Este é o nome pelo qual o lago era conhecido pelos escritores clássicos (Paus. 5:7, p. 391, λίμνη Τιβεριάς).

 

O título aparece apenas aqui e em 21:1 no Novo Testamento; e, em 21:1, nenhum segundo nome é dado. O incidente posterior não está na base comum dos relatos Sinóticos e, portanto, não está conectado ao título sinótico do lago. O nome Tiberíades, a capital esplêndida mas profana que Herodes, o tetrarca, construiu para si mesmo, não é mencionado no Novo Testamento, exceto nestes dois lugares e no versículo 23.

 

2. E grande multidão o seguia, porque via os sinais que operavam sobre os enfermos.

 

O seguia – não apenas nesta ocasião específica, mas em geral (ἠκολούθει). O versículo descreve de forma vívida o trabalho habitual, o ambiente e a influência de Cristo. O sentido aqui contrasta com o de Mateus 14:13 e Lucas 9:11.

 

Seus sinais…os sinais que Ele realizava … O verbo (ἐποίει, traduzido na Vulgata como faciebat), assim como os anteriores, indica um ministério contínuo.

 

3. E Jesus subiu ao monte e assentou-se ali com os seus discípulos.

 

E subiu Jesus ao monte. O uso do artigo definido implica um senso instintivo do cenário familiar, a cadeia de montanhas que circunda o lago. Esse uso também é encontrado na narrativa sinóptica, em Mateus 5:1, 14:23, 15:29; Marcos 3:13, 6:46; Lucas 6:12, 9:28.

 

Mateus acrescenta que era “um lugar deserto” (14:13).

 

Sentou-se. Literalmente, estava sentado. A palavra ganha uma vivacidade distinta quando considerada em conexão com o v. 5. Compare com Mateus 13:1, 15:29.  

 

4. E a Páscoa, a festa dos judeus, estava próxima.

 

E já a Páscoa…estava perto – Ou seja, “próxima” (João 2:13, 7:2, 11:55), e não como alguns, incluindo Irineu (?), e alguns modernos interpretaram, como “recentemente passada.”

A menção da festa provavelmente tem o propósito de oferecer uma pista para compreender as lições espirituais do milagre, que são desenvolvidas no discurso que se segue (1Coríntios 5:7); ao mesmo tempo, serve para explicar como grupos de peregrinos a caminho de Jerusalém podem ter sido atraídos a se desviar para ouvir o novo Mestre, além da “multidão” que já estava ligada a Ele.

 

A festa dos judeus – Ou seja, “a festa bem conhecida.” A expressão, quando usada sozinha, normalmente refere-se à Festa dos Tabernáculos, “a grande festa nacional.” Compare com João 7:2 (onde a ordem é diferente) e 5:1, nota.

 

5. Então, Jesus, levantando os olhos e vendo que uma grande multidão vinha ter com ele, disse a Filipe: Onde compraremos pão, para estes comerem?

 

Jesus não viu a multidão que se aproximava da montanha, mas depois de ter descido do monte até à margem do lago, certamente para encontrar lá a multidão à qual Ele desejava mostrar-se como o Salvador.

 

Chegamos a esta conclusão pelo versículo 15, segundo o qual Jesus, quando as pessoas tentaram fazê-Lo rei, partiu novamente para o monte; assim, esse também foi um lugar de recolhimento na primeira ocasião. Jesus estava lá sozinho com Seus discípulos.

 

Isso já foi dito expressamente por Mateus, de acordo com o qual Jesus, ἐξελθὼν – saindo de Sua solidão – viu uma grande multidão.

 

Conforme o versículo 22 no relato de Mateus, Jesus, após a alimentação, estava na margem do lago com Seus discípulos e os constrangeu a entrar em um barco; e quando Ele despediu as multidões, subiu a um monte para orar. A narrativa aqui está resumida e deve ser complementada pelos primeiros Evangelhos.

 

João pôde fazer esse resumo porque contava com essa complementação; e não é culpa dele se alguns encontram dificuldade nisso, porque não compreendem sua relação com os três primeiros Evangelhos, apesar das pistas que ele deu de maneira tão clara.

 

A necessidade da complementação é evidente até pelo fato de que a razão para a alimentação – “Este é um lugar deserto, e já é tarde”, Mateus 14:15, Marcos 6:35 – está faltando aqui. Para as palavras “Quando Ele viu uma grande multidão” aqui, correspondem as palavras “Ele viu uma grande multidão” em Mateus 14:14.

 

A isso deve ser adicionado primeiro: “Ele foi movido de compaixão por eles” e “Ele começou a ensinar-lhes muitas coisas”, em Marcos 6:34, e “Ele lhes falava sobre o Reino de Deus”, em Lucas 9:11.

 

Então segue: “Ao cair da tarde, os discípulos se aproximaram de Jesus e disseram: — Este lugar é deserto, e já é tarde. Mande as multidões embora, para que, indo pelas aldeias, comprem para si o que comer”, Mateus 14:15 (NAA).

 

Então, o relato nos versículos 16 e 17 de Mateus é dado com mais detalhes aqui. Enquanto Jesus, em Mateus, fala aos discípulos de maneira geral, aqui Ele tem trata com Filipe e André; mas não devemos pensar em uma contradição com os primeiros Evangelhos. É apenas o que ocorre entre ver e falar que é omitido; e o falar com os discípulos, assim como o intervalo, foi provocado pela visão da multidão.

 

6. Mas dizia isso para o experimentar; porque ele bem sabia o que havia de fazer.

 

Para o testar – para ver se ele poderia lidar com a dificuldade. Compare com 2 Coríntios 13:5; Apocalipse 2:2.

 

A palavra não implica necessariamente (como esses textos mostram) a ideia secundária de tentação (compare também Mateus 22:35; Marcos 12:15); mas, na prática, no caso dos homens, tal prova geralmente assume essa forma, já que leva ao fracasso, seja como intenção de quem aplica o teste (Mateus 16:1, 19:3, 22:18, etc.), ou como resultado da fraqueza de quem é testado (Hebreus 11:17; 1Coríntios 10:13). Compare com Deuteronômio 13:3.

 

Pois ele bem sabia o que havia de fazer. Ao longo do Evangelho, o Evangelista escreve como alguém que tinha um conhecimento íntimo da mente do Senhor.

Ele revela tanto os pensamentos que pertencem ao conhecimento interno e absoluto de Jesus (εἰδέναι, vv. 61, 64, 13:3, 18:4, 19:28), quanto aqueles que refletem experiência e percepção reais (γινώσκειν, v. 15, 4:1, 5:6, 16:19).  

 

7. Filipe respondeu-lhe: Duzentos dinheiros de pão não lhe bastaram, para que cada um deles tome um pouco.

 

Duzentos dinheiros. Veja Marcos 6:37. Não podemos determinar como esse valor exato foi calculado. A referência pode estar relacionada a algum fato não registrado. Cada um deles. Omitir “deles”.  

 

8. E um dos seus discípulos, André, irmão de Simão Pedro, disse-lhe:

 

André. Ele aparece em outras ocasiões associado a Filipe, como em 1:44 e 12:22.

 

9. Está aqui um rapaz que tem cinco pães de cevada e dois peixinhos, mas que é isso para tantos?

 

Pães de cevada  v. 13. Este detalhe é exclusivo de João. Compare com 2Reis 4:42. O pão de cevada era o alimento dos pobres. Wetstein (ad loc.) reuniu várias passagens para mostrar o pouco valor atribuído a ele. Veja Juízes 7:13 e seguintes; Ezequiel 13:19.

 

Peixinhos. Mais precisamente, “peixes.” É interessante notar que a palavra original (ὀψάρια) aparece no Novo Testamento apenas nesta passagem e em João 21. Pode ter sido um termo comum na Galileia.

 

10. E disse Jesus: Mandai assentar os homens. E havia muita relva naquele lugar. Assentaram-se, pois, os homens em número de quase cinco mil.

 - Jesus. Omitir “E.”

 

As pessoas … os homens – “as pessoas” (τοὺς ἀνθρώπους) … “os homens” (οἱ ἄνδρες) … cinco mil. A mudança de termo no segundo caso implica a observação adicionada por Mateus (14:21): além de mulheres e crianças.

 

Muita erva. Veja a nota em Marcos 6:39. A diferença na forma como esse detalhe é apresentado parece indicar o testemunho de duas testemunhas oculares.

Esse detalhe corresponde à data fixada (João 6:4), que é no início da primavera.

 

11. E Jesus, tomou os pães e, havendo dado graças, repartiu-os pelos discípulos, pelos que estavam assentados, e igualmente também os peixes, quanto eles queriam.

 

Jesus … Portanto, Jesus, respondendo à obediência da fé.

 

Havendo dado graças (v. 23) Com este ato, o Senhor assume o papel de cabeça da família (compare com Lucas 24:30).

 

A palavra em si aparece em João apenas em 11:41. Esta segunda passagem sugere que a ação de graças foi feita em reconhecimento à revelação da vontade do Pai, em conformidade com a qual o milagre foi realizado.

 

Nos relatos paralelos, a palavra usada é “abençoou” (ainda assim, compare Mateus 15:36; Marcos 8:6).

 

As duas palavras preservam os dois aspectos da ação: em relação à fonte e ao modo de sua realização. Compare neste contexto Mateus 26:26 e seguintes; Marcos 14:22 e seguintes.

 

Repartiu-os aos… aos que … As palavras “aos discípulos … e os discípulos” devem ser omitidas. São uma adição evidente introduzida a partir de Mateus 14:19.

 

12. E quando estavam saciados, disse aos seus discípulos: Recolhi os pedaços que sobejaram, para que nada se perca.

 

Pedaços. Ou seja, os pedaços partidos para distribuição (Ezequiel 13:19). O comando para recolhê-los é preservado apenas por João.

 

13. Recolheram-nos, pois, e encheram doze cestos de pedaços dos cinco pães de cevada, que sobejaram aos que haviam comido.

 

Doze. O número implica que o trabalho foi realizado pelos apóstolos, embora eles não tenham sido mencionados especificamente. Compare com o v. 70.

Cestos. Os cestos robustos de vime (κοφίνους), distintos dos “cestos frágeis” e flexíveis (σφυρίδες, Mateus 15:37; Marcos 8:8).

 

14. Vendo, pois, aqueles homens o milagre que Jesus tinha feito, diziam: Este é verdadeiramente o profeta que devia vir ao mundo.

 

(14, 15) Este incidente é exclusivo de João, mas Lucas preserva um detalhe que o ilustra. Ele observa que Cristo falou às multidões “acerca do reino de Deus” (Lucas 9:11); e é natural supor que a agitação causada pela morte de João Batista, que em parte levou ao retiro do Senhor, pode ter levado muitos a acreditar que Ele se colocaria à frente de uma revolta popular para vingar o assassinato.

 

O Profeta que havia de vir ao mundo. Compare com João 1:21, 1:25, 7:40. A frase é característica de João. No entanto, veja Mateus 21:11 e Atos 7:37.  

 

INTRODUÇÃO

 

O texto escolhido narra fatos acontecidos na Galileia, perto do mar de Tiberíades. D. A. Carson, nos informa no “O comentário de João”, p. 269: “Esse nome foi dado por Herodes Antipas, por volta do ano 20 d.C., em homenagem ao imperador romano Tibério César. Não tardou para que o nome da cidade fosse também transferido para o lago. Daí o mar da Galileia ser conhecido também como o lago de Tiberíades”. Na Galileia acontece o milagre da multiplicação dos pães e dos peixes, obviamente, esse milagre atende perfeitamente ao propósito joanino de enfatizar a divindade de Cristo. A grande lição deste texto é: O milagre de Deus ocorre quando o homem decreta sua falência.

 

I. JESUS, A MULTIDÃO E O MILAGRE DA MULTIPLICAÇÃO

 

1. A multiplicação de pães e peixes.  A história da alimentação dos 5.000 é o quarto sinal empregado por João para demonstrar que Jesus é o Messias e o Filho de Deus. É o único milagre registrado nos quatro Evangelhos (Mt 14.13-23; Mc 6.30-46; Lc 9.10-17).

 

Já que João provavelmente escreveu para suplementar e fornecer mais informações não registradas nos sinóticos, o registro desse milagre enfatiza a sua importância estratégica de duas maneiras:

1) demonstra o poder criador de Cristo mais claramente do que qualquer outro milagre, e

 

2) o milagre apoia decisivamente os propósitos de João de demonstrar a divindade de Jesus Cristo enquanto também serviu de preparo para o sermão de Jesus sobre "o pão da vida" (vs. 22-40).

 

É interessante observar que os dois milagres criativos de Jesus, a transformação da água em vinho (2.1-10)

 

E a multiplicação dos pães (vs. 1-14), falam dos elementos principais da Ceia do Senhor ou comunhão (v. 53).

 

Um considerável espaço de tempo pode haver entre os capítulos 5 e 6. Se a primeira festa de 5.1 é a dos Tabernáculos, então pelos menos seis meses haviam se passado (outubro a abril). Se a festa de 5.1 é a Páscoa, então um ano se passou entre esses capítulos, O capítulo 6 apresenta uma estrutura semelhante ao capítulo 5, pois ambos ocorrem em torno de uma festa judaica e ambos conduzem a um sermão de Jesus sobre a sua divindade. Enquanto o capítulo 5 se desenrola no sul ao redor da Judeia e de Jerusalém, o capítulo 6 se desenrola no norte da Galileia. O resultado de ambos os capítulos é o mesmo: Jesus é rejeitado não apenas na região sul, mas também na região norte.

 

2. O milagre. Não, este não é o único milagre registrado nos outros evangelhos. Os únicos milagres mencionados por João registrados também nos outros evangelhos são esses narrados nesse capítulo: a multiplicação dos pães e dos peixes, e Jesus andando sobre o mar. Jesus andando sobre as águas é um milagre relatado nos Evangelhos de Mateus (14:22-33), Marcos (6:45-52) e João (6:16-21).

 

O milagre da multiplicação dos pães e dos peixes é o mais documentado e o mais público dos milagres. Está registrado em todos os evangelhos. Embora João omita vários detalhes do registro dos Evangelhos Sinóticos, oferece outros pormenores que não estão contemplados naqueles. Os Evangelhos Sinóticos, por exemplo, mencionam dois motivos pelos quais Jesus e seus discípulos foram para o lado oriental do mar da Galileia. Primeiro, eles andavam muito atarefados com as demandas variegadas das multidões e nem sequer tinham tempo para comer.

Segundo, estavam abatidos com a notícia trágica da morte de João Batista, por ordem do rei Herodes.

 

3. Qual era o interesse da multidão? -As multidões não seguiam Jesus por causa da fé, mas por curiosidade em relação aos milagres que ele realizava (v. 26). Entretanto, apesar das motivações equivocadas da multidão, Jesus, tendo compaixão dela, curou seus enfermos e alimentou as pessoas (cf. Mt 13.14; Mc 6.34).

 

A multidão que desabala de Cafarnaum e arredores para encontrar Jesus naquela região deserta não o busca movida pela fé genuína. Ela o vê apenas como um operador de milagres. Busca-o apenas como alguém que pode ajudá-la em suas necessidades imediatas. Mesmo assim, os Evangelhos Sinóticos dizem que Jesus sentiu compaixão dessa multidão, pois eram como ovelhas sem pastor. Ele passou a ensiná-los e a curar seus enfermos. Dessa forma, Jesus nos ensina que ele, como divino provedor, se importa com nossas necessidades e nos atende segundo sua imensa bondade.

 

II. JESUS DESAFIA A FÉ DOS DISCÍPULOS

 

1. “E Jesus subiu ao monte”. Antes mesmo de a grande multidão chegar, Jesus já tinha visto suas necessidades e decidido supri-las. Ele sabia que as pessoas estavam exaustas e sem rumo, como ovelhas sem pastor. E sabia que precisavam ser alimentadas. O local do milagre da multiplicação dos pães, segundo o Evangelho de João 6, é descrito como estando próximo de Tiberíades.

 

A multiplicação dos pães e peixes é referida como ocorrendo num local próximo ao Mar da Galileia, que é também conhecido como o Lago de Tiberíades. De acordo com a tradição cristã, os apóstolos Pedro, André e Felipe moravam próximo onde aconteceu o milagre da multiplicação dos pães e peixes, nos arredores do Mar da Galileia, em Betsaida.

 

2. O desafio para os discípulos. Jesus aproveita a ocasião para colocar Filipe em prova: “Onde compraremos pães para que comam?” Filipe, com sua mente pragmática, responde: “Senhor, o problema não é onde, mas como. Para atender essa grande multidão, era preciso ter pelo menos 200 denários. Esse dinheiro nós não temos”. Filipe era bom em economia.

Sabia muito bem calcular valores para constatar que havia um gritante abismo entre a receita e as despesas. Mas no quesito fé ele estava reprovado, pois não tinha nenhuma visão espiritual. Ele só viu o problema, mas não divisou a solução. Só viu a limitação humana, mas não a onipotência divina. A resposta de Filipe revela o fato de que ele pode pensar somente na esfera do mercado, o mundo natural.

 

Um denarius era o pagamento de um dia para um trabalhador comum; 200 denarii, portanto, representavam oito meses de salário. Na mente pragmática de Filipe, eles estavam lidando com um problema sem solução. Havia uma multidão faminta, num lugar deserto, numa hora avançada, sem comida, sem dinheiro e sem lugar para comprar alimento.

 

Se Filipe acentua a falta de dinheiro para alimentar a multidão, André destaca a pequena provisão disponível para alimentar tanta gente. Nenhum dos dois conseguiu discernir a disposição de Jesus para resolver o problema. Quando olhamos para a insignificância dos nossos recursos e a grandeza dos desafios, ficamos desesperados. Jamais poderemos atender à demanda das multidões se nos fiarmos em nossos próprios recursos.

 

3. Uma lição de provisão. Nos outros relatos desse milagre é usado o termo grego ichthys para peixe, mas João os chama de opsaria, indicando que eram peixes pequenos (talvez salgados) que davam um gosto especial aos pães de cevada. Pelo tamanho da multidão, essa pequena refeição dificilmente era digna de nota. André a mencionou apenas para mostrar que não havia o suficiente para tantas pessoas famintas. Mas para o propósito do Senhor ela era suficiente.

 

O rapaz entregou seu lanche a André, que o levou a Jesus, e Jesus então o multiplicou. Não podemos fazer o milagre, mas podemos levar o que temos às mãos de Jesus. Deus não nos chama para prover para sua obra. Essa é a responsabilidade dele. Deus nos chama para colocarmos em suas mãos o que nós temos, ainda que sejam apenas alguns pães e peixes, e ele cuidará da multiplicação.

 

III. JESUS – O PÃO QUE DESCEU DO CÉU

 

1. Qual é o real interesse da multidão? Os versículos 22-23 indicam que o povo que testemunhou as curas de Jesus e a alimentação ainda se encontrava no lugar original em que esses milagres haviam acontecido (a leste do lago), ou, movido pela curiosidade, o povo queria encontrar-se com Jesus novamente. Pessoas de outros barcos vindos de Tiberíades (no literal noroeste do lago) também tinham ouvido a respeito dos milagres e estavam procurando por Jesus.

 

No versículo 26 Jesus afirma que eles estavam ali porque comestes, enfatizando que as multidões que o seguiam eram motivadas por desejos superficiais de alimento e não por algum entendimento do verdadeiro significado espiritual da pessoa e da missão de Jesus (8.14-21; Mc 6.52).

 

Jesus repreendeu a multidão por causa das noções materialistas que tinham a respeito do reino messiânico (cf. v. 26; 4.15). Embora um dia o reino do Messias será um reino litoral e físico, o povo não percebia o seu caráter e as suas bênçãos espirituais maiores de "vida eterna" dadas imediatamente àqueles que creem no testemunho de Deus do seu Filho, comida... que subsiste para a vida eterna. A continuação do sermão indica que isso é uma referência ao próprio Jesus (v. 35).

 

2. O Pão do Céu. Há, pelo menos, sete declarações somente no Evangelho de João que autenticam essa identidade divina:

 

1) “Eu sou o pão da vida” (6.35,48,51);

2) “Eu sou a luz do mundo” (8.12; 9.5);

3) “Eu sou a porta das ovelhas” (10.7.9);

4) “Eu sou o Bom Pastor” (10.11,14);

5) “Eu sou a ressurreição e a vida” (11.25);

6) “Eu sou o caminho, a verdade e a vida” (14.6);

7) “Eu sou a videira verdadeira” (15.1,5).

 

Há uma comparação, no versículo 32, entre “o maná” na peregrinação de Israel, no deserto, sob a liderança de Moisés, com o “verdadeiro pão que desce do céu”, ou seja, o próprio Cristo, nosso Senhor, que afirma que quem se alimentar desse pão “viverá para sempre” (Jo 6.50,51).

 

A lógica da multidão parece ser que a alimentação milagrosa operada por Jesus fora um milagre pequeno em comparação ao que Moisés fizera. Para crer nele, eles precisariam vê-lo alimentar a nação de Israel na mesma escala que Deus fizera quando enviou maná e alimentou toda a nação de Israel durante a peregrinação pelo deserto ao longo de 40 anos (Êx 16.11-36).

Exigiam que Jesus fizesse mais do que Moisés para que pudessem crer nele. Citaram o SI 78.24. O maná dado por Deus era temporário e pereceu; foi somente uma pequena sombra do que Deus lhes oferecia no verdadeiro pão, Jesus Cristo, que dá vida espiritual e eterna à humanidade ("mundo" — v. 33). João escreveu seu evangelho para que crêssemos “que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus e, crendo, [tivéssemos] vida em seu nome” (Jo 20.31, NVI).

 

É neste evangelho que vemos as grandes declarações “Eu Sou” de Cristo. Este infográfico irá ajudá-lo a conhecer mais quem o Salvador proclamou ser. Jesus disse que Ele é o Pão da Vida para explicar que ele é essencial para nossas vidas. Jesus nos dá vida e sustento. Somente Ele pode saciar a nossa fome espiritual e nos dar a Vida Eterna. O alimento que Jesus nos oferece é completo. Ele nos alimenta espiritualmente, saciando nossa necessidade de Deus. Quando cremos em Jesus, ele passa a viver dentro de nós. Assim como o pão entra dentro de nós e nos sustenta, Jesus entra em nossas vidas e nos dá uma vida nova. E o sustento que Jesus nos dá nunca acaba.

 

3. O que é “comer o pão”? Esse pronunciamento reitera exatamente os vs. 33,35,47-48. o pão que eu darei pela vida do mundo é a minha carne. Jesus sê refere aqui profeticamente ao seu iminente sacrifício na cruz (cf. 2Co 5.21; 1 Pe 2.24).

 

Jesus entregou voluntariamente a sua vida pela humanidade má e pecadora (10.18; 1 Jo 2.2).

 

Os judeus haviam apelado para a sua religião tradicional como se esta fosse mais adequada do que a promessa de Jesus (6.31).

 

Agora Jesus, declarando-se como o pão da vida (48), com sutil humor acrescentou: Vossos pais comeram o maná no deserto e morreram (49). A antiga aliança não satisfez a mais profunda necessidade do homem. Mas quanto ao Pão novo e eterno, o que dele comer não morre (50).

 

Além disso, o novo Pão está aqui, disponível para todos os homens por meio da cruz. O pão que eu der é a minha carne, que eu darei pela vida do mundo (51).

 

A Comida e a Bebida Verdadeiras (6:52-59).

 

A promessa de Jesus de que Ele daria a sua carne... pela vida do mundo (6,51) causou uma discussão ("um violento debate", segundo a versão NEB em inglês) entre os judeus, e eles perguntaram: Como nos pode dar este a sua carne a comer? (52) Naturalmente, Jesus falava figuradamente da sua conciliação, mas eles vacilaram, e os homens ainda vacilam, com respeito à ideia da cruz, e da sua elevada provisão.

 

Eles não perguntaram: "Como podemos comer?" E sim: "Deus consegue fazer isso?"." Os homens ainda fazem a mesma pergunta, de uma forma ligeiramente diferente: "Deus é capaz de santificar completamente um homem?"

 

A resposta de Jesus descreve a maneira exclusiva da santidade cristã e ao mesmo tempo proclama a grande promessa da possibilidade da vida eterna, da vida de santidade. Se não comerdes (ou seja, não existe alternativa) a carne do Filho do Homem e não beberdes o seu sangue, não tereis vida em vós mesmos. Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem [no presente] a vida eterna, e eu o ressuscitarei no último Dia (53-54).

 

Aquele que participa, pela fé, da sua natureza, da vida de santidade, tem a vida eterna. A santidade de coração é a essência do significado da Ceia do Senhor. Dois temas para posterior desenvolvimento aparecem na resposta de Jesus. Quem come a minha carne e bebe o meu sangue permanece em mim, e eu, nele (56).

 

A mesma palavra aqui traduzida como permanecer aparece como "estar em" no exemplo da videira e das varas no capítulo 15. O tema da unidade do Pai, do Filho e do crente é evidente no versículo 57. Assim como o Pai, que vive, me enviou, e eu vivo pelo Pai, assim quem de mim se alimenta também viverá por mim (cf. Jo 17:21).

 

O resumo final da resposta de Jesus mostra a completa inadequação da antiga aliança e a satisfação duradoura que há no novo Pão. Vossos pais...comeram o maná e morreram; quem comer este pão viverá para sempre (58).

 

CONCLUSÃO

 Muitos, pois, dos seus discípulos, ouvindo isso, disseram: Duro é este discurso; quem o pode ouvir? (60) O discurso era duro, não por ser ininteligível, mas porque transmitia as exigências completas e elevadas da cruz. "Ele reivindicava a completa submissão, a autodevoção, e a autoentrega dos discípulos. Ele significativamente apontava para a morte".' Quem o pode ouvir? significa "Quem pode aceitar isso?"  Ainda hoje, muitos estão dizendo a mesma coisa! Apesar de as palavras de Jesus serem espírito e vida (63), Ele sabia que alguns não estavam reagindo com fé: Bem sabia Jesus, desde o princípio, quem eram os que não criam e quem era o que o havia de entregar (64; cf. Jo 2:25).

 

Nós cremos e por isso mesmo, recebemos desse pão que sacia a alma e renova nossas esperanças! Desde então, muitos dos seus discípulos tornaram para trás e já não andavam com ele.

 

Alguns o haviam seguido por razões erradas; outros tinham muita vontade de refugiar-se na religião tradicional; outros acharam o chamado da santidade de coração e vida excessivamente exigente — então tornaram para trás! Por que eles voltaram? Um desenvolvimento intitulado "Discípulos nas Encruzilhadas" poderia ser estruturado em torno de três ideias básicas:

 

1. Alguns estavam mais interessados em ganhos materiais (pães) do que em permitir que Jesus dirigisse as suas vidas (26-27);

 

2. Alguns estavam completamente satisfeitos com uma forma de religião isenta de comprometimento (30-31);

 

3. Alguns, particularmente Judas, enxergaram o custo do verdadeiro discipulado, da santidade de coração (53,70-71).

 

Então Jesus voltou-se para os doze e disse: Quereis vós também retirar-vos?

 

Ótima Aula

 

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