28 de dezembro de 2014

INTRODUÇÃO AO TRIMESTRE



INTRODUÇÃO AO TRIMESTRE

Três meses depois da saída do Egito, Deus conduziu os hebreus pelo deserto até o Monte Sinai, onde ficaram acampados (Êx 19:1,2). Ali, Israel se tornou uma nação eleita e santa ao entrar em um relacionamento de aliança com Deus (Êx 19:3-8). A eleição divina de Israel colocou essa nação em uma posição especialmente privilegiada no mundo.

No Monte Sinai, o Senhor declarou, em particular, a Moisés, a quem chamou à Sua presença, as orientações preparatórias para a entrega da Lei (Êx 19:3-6). Ali, o Senhor proferiu os Dez Mandamentos (Decálogo) que se constituíram nos estatutos perpétuos para serem obedecidos (Êx 20:6; 24:12).

Do meio de uma tremenda tempestade, acompanhada de terre­motos e do som sobrenatural de trombetas, com a montanha toda envolta em fumo e coroada de chamas aterradoras, Deus falou as palavras dos Dez Mandamentos e deu a Moisés a lei. Tais ordenanças revelam os princípios espirituais e relacionais de Deus ao Seu povo, bem como Sua natureza santa, os quais os seres humanos devem observar como parâmetro de conduta (Dt 33:3).

Os "Dez Mandamentos" revelam, nesta aliança de Deus com Israel, o próprio caráter de Deus e, como tal, são uma demonstração do comportamento que Deus requer de todo ser humano em relação a Deus e ao semelhante, cuja profundidade e alcance foram bem demonstrados por Jesus no sermão do monte.

Deus requereu de Israel e requer, também, de nós – Igreja do Senhor Jesus - duas atitudes em relação às Suas ordenanças: que possamos ouvir e obedecer (Dt 11:26,27). Desse modo, tornamo-nos Sua propriedade peculiar, Seu reino sacerdotal e Seu povo santo (Êx 19:5,6).

O Ev. Dr. Caramuru Afonso Francisco, citando Meir Matzliah Melamed, em seu comentário sobre “A Ética Cristã e os Dez Mandamentos”, diz que “... A importância dos Dez Mandamentos não se resume unicamente no seu significado, mas ao fato de que constituem exemplos clássicos para todas as demais leis”.

Hans Ulrich Reifler, em sua análise sobre “a ética dos Dez Mandamentos”, diz:

Os Dez Mandamentos foram escritos por Deus em duas tábuas (Êx 31:18) e foram reconhecidas como o cerne ou o princípio da lei já em Êxodo 24:12: "Então disse o Senhor a Moisés: Sobe a mim ao monte, e fica lá; dar-te-ei tábuas de pedra, e a lei, e os mandamentos que escrevi, para os ensinares". Além desses dois textos básicos, encontramos referências a elas em Deuteronômio 10:1-5.

No Novo Testamento, com exceção do quarto mandamento, que se refere à observância do sábado, encontramos todos os Dez Mandamentos em suas formas inibidora (ou negativa) e positiva (ou construtiva).


Mandamento

Referência Correlata no Novo Testamento

1 e 2

1João 5.21

3

Tg 5.12

4

Nenhuma referencia

5

Ef 6.1-3

6

Rm 13.9

7

1Co 6.9, 10

8

Ef 4.28

9

CI3.9; Tg 4.11

10

Ef 5.3

Além dessas referências específicas, temos alusões ao Decálogo nos ensinos de Jesus em Mateus 15; 19; 22:37-40; Lucas 10:26-28, e em outras passagens.

A expressão "Dez Mandamentos" deriva de Êxodo 34:28 e de Deuteronômio 4:13; 10:4:

"E ali esteve com o Senhor quarenta dias e quarenta noites; não comeu pão nem bebeu água; c escreveu nas tábuas as palavras da aliança, as dez palavras" (Êx 34:28);
"Então vos anunciou ele a sua aliança, que vos prescreveu, os dez mandamentos, e os escreveu em duas tábuas de pedra" (Dt 4:13);

"Então escreveu o Senhor nas tábuas, segundo a primeira escritura, os dez mandamentos que ele vos falara no dia da congregação, no monte, no meio do fogo" (Dt 10:4).

Ao longo da história, os cristãos dividiram os Dez Mandamentos de maneiras diferentes. De um lado temos a Igreja Ortodoxa Grega e a Igreja Ortodoxa Russa, juntamente com as Igrejas Reformadas e os anabatistas, seguindo a divisão proposta por Orígenes, Agostinho, Bonifácio e Calvino; e do outro lado encontramos a divisão empregada pela Igreja Católica Romana e pelas Igrejas Luteranas.


As Igrejas Ortodoxas e Reformadas

A Igreja Católica Romana e as Igrejas Luteranas

1. Não terás outros deuses diante de mim (Ex 20:3).

1. Não terás outros deuses e não farás imagens.

2. Não farás imagens de escultura (Ex 20:4-6).

2. Não tomarás o nome de Deus em vão.

3. Não tomarás o nome de Deus em vão (Ex 20:7).

3. Lembra-te do dia de sábado.

4. Lembra-te do dia de sábado, para o santificar (Ex 20:8-11).

4. Honra teus pais.

5. Honra teus pais (Ex 20:12).

5. Não matarás.

6. Não matarás (Ex 20:13).

6. Não adulterarás.

7. Não adulterarás (Ex 20:14).

7. Não furtarás.

8. Não furtarás (Ex 20:15).

8. Não dirás falso testemunho.

9. Não dirás falso testemunho (Ex 20:16).

9. Não cobiçarás a casa de teu próximo.

10. Não cobiçarás a casa de teu próximo, nem sua mulher ou servo, ou animal (Ex 20:17).



10. nem sua mulher ou servo, ou animal.

Seguindo o modelo proposto por Calvino, baseado em Agostinho e Orígenes, percebemos que os primeiros quatro mandamentos, correspondente a “primeira tábua, tratam da relação vertical, ou seja, das responsabilidades do homem para com seu Criador, enquanto a "segunda tábua", ou os seis mandamentos restantes, trata da relação horizontal, isto é, das responsabilidades do homem para com seu próximo. Reencontramos esta dupla relação no ensino de Jesus Cristo, quando o Mestre respondeu a respeito do grande mandamento: "Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu entendimento. Este é o grande e primeiro mandamento. O segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Destes dois mandamentos dependem toda a Lei e os Profetas" (Mt 22:37-40).

Outra maneira de dividir os Dez Mandamentos e agrupá-los em três partes:


Mandamentos

Êxodo 20

Assunto

1-3

vv. 2-7

Relação correta com Deus.

4

vv. 8-11

Relação correta com o trabalho.

5-10

vv. 12-17

Relação correta com a sociedade.

Ou então:


Mandamentos

Êxodo 20

Assunto

1-3

vv. 2-7

Moral teológica.

4-6

vv. 8-14

Moral individual.

7-10

vv. 15-17

Moral social.

Assim, partindo da observação dos aspectos vertical e horizontal do Decálogo, traçamos o seguinte esboço:

1. O testemunho da singularidade e exclusividade de Deus (Êx 20:3).

2. O testemunho da incomparabilidade de Deus (Êx 20:4-6).

3. O testemunho da santidade de Deus (Êx 20:7).

4. O testemunho do senhorio de Deus sobre o tempo (Êx 20:8-11).

5. A proteção da velhice (Êx 20:12).

6. A proteção da vida (Êx 20:13).

7. A proteção do matrimonio e do corpo (Êx 20:14).

8. A proteção da propriedade e do trabalho (Êx 20:15).

9. A proteção da honra (Êx 20:16).

10. A proteção contra as ambições erradas e a cobiça (Êx 20:17).

Segundo o pr. Esequias Soares, o Decálogo é a única parte do Pentateuco escrita "pelo dedo de Deus" (Êx 31.18), linguagem figurada que, segundo Agostinho de Hipona, indica "pelo Espirito de Deus" e, de acordo com Clemente de Alexandria, "pelo poder de Deus". É também a única porção da lei que Israel ouviu partir da voz do próprio Deus no monte quando ele transmitia essas Dez palavras (Êx 19.24, 25; 20.18-20). Os demais preceitos foram transmitidos por Javé exclusivamente a Moisés. Além dessas características, elas servem como esboço de toda a lei de Moisés. Todavia, isso não coloca o seu conteúdo numa posição acima da legislação mosaica porque toda a lei veio de Deus e "toda a Escritura é inspirada por Deus" (2Tm 3.16 - ARA).

Ainda, segundo o pr. Esequias Soares, as Dez palavras foram dadas a Israel logo após a libertação dos israelitas do Egito e se aplicam primariamente aos hebreus, não a toda a humanidade. Isso fica muito claro na expressão "para que se prolonguem os teus dias na terra que o SENHOR, teu Deus, te dá" (Êx 20.12; Dt 5.16), que diz respeito à terra de Canaã. E o quarto mandamento, na recapitulação em Deuteronômio, afirma "porque te lembrarás de que foste servo na terra do Egito e que o SENHOR, teu Deus, te tirou dali com mão forte e braço estendido; pelo que o SENHOR, teu Deus, te ordenou que guardasses o dia de sábado" (Dt 5.15). O sábado legal era o sinal do concerto entre Javé e o seu povo Israel (Êx 31.13,17). São peculiaridades do sábado no sistema mosaico que o Senhor Jesus e seus apóstolos não incluíram como parte obrigatória na fé cristã.

Alguns interpretam que o Senhor Jesus Cristo sintetizou as duas tábuas nos dois grandes mandamentos (Mt 22:34-40), com a ressalva do sábado, pois não há ensino no Novo Testamento para a observância do quarto mandamento.

O sábado (mencionado pela primeira vez em Gênesis 2:1-3 e depois juntamente com o relato do maná em Êxodo 16) agora é formalmente instituído como lei à nação de Israel. Esse dia era um símbolo do descanso que os cristãos hoje desfrutam em Cristo e também da redenção que a criação desfrutará no milênio. O sábado judaico (hb. Shabbath – “cessar, interromper”), o sétimo dia da semana, começa ao pôr-do-sol da sexta-feira e termina ao pôr-do-sol do sábado. Nenhuma passagem do Novo Testamento ordena os cristãos a observar o sábado.

Conquanto o cristão não esteja mais obrigado a observar o sábado judaico, ele tem fortes razões bíblicas para dedicar um dia, em sete, para seu repouso e adoração a Deus:

a) O princípio de um dia sagrado de repouso foi instituído antes da lei judaica - “E abençoou Deus o dia sétimo e o santificou” (Gn 2:3). Isto indica que o propósito divino é que um dia, em sete, fosse uma fonte de benção para toda a humanidade e não apenas para a nação judaica.
b) O propósito espiritual de um dia de descanso em sete é benéfico ao cristão. No Novo Testamento esse dia era visto como uma cessação de labor e ao mesmo tempo um dia dedicado a Deus; um período para se conhecer melhor a Deus e adorá-lo; uma oportunidade para dedicar-se em casa e em público às coisas de Deus (Nm 28:9; Lv 24:8).

c) Jesus nunca ab-rogou o princípio de um dia de descanso para o homem. O que Ele reprovou foi o abuso dos líderes judaicos quanto à guarda do sábado (Mt 12:1-8; Lc 13:10-17; 14:1-6).

d) Jesus indica que o dia de descanso semanal foi dado por Deus para o bem-estar espiritual e físico do homem (Mc 2:27).

e) Nos tempos do Novo Testamento os cristãos dedicavam um dia especial, o primeiro dia da semana, para adorar a Deus e comemorar a ressurreição de Cristo (At 20:7; 1Co 16:2; Ap 1:10).

Muitos identificam o Decálogo como lei moral sem fazer restrição ao quarto mandamento, que fala do sábado. É importante que se saiba que o sábado foi dado como uma bênção para os israelitas e posto como sinal entre Deus e Israel, como memorial da libertação do Egito (Êx 31.13, 17; Dt 5.15). Nem a Igreja e nem nenhuma nação têm compromisso com o sábado legal de Moisés para observar o sétimo dia da semana (Cl 2.14-17). Jesus disse que o sábado é um preceito cerimonial (Mt 12.1-5; João 7.21, 22).

Segundo o pr. Esequias Soares, matar, adulterar, furtar e proferir falso testemunho já existia nos códigos mesopotâmios e do Egito como crimes, embora os fundamentos e propósitos fossem diferentes dos revelados na lei de Moisés. Os hebreus do período pré-Sinai sabiam que era errado desonrar a Deus pelo uso impróprio do seu nome, como era igualmente errado faltar com o respeito aos pais e cobiçar a propriedade alheia. Mas com a revelação do Sinai, eles tiveram uma compreensão mais ampla desses mandamentos e passaram a entender que não se tratava de meras normas jurídicas, mas da vontade de Deus. Foi Javé quem colocou a lei no coração e na mente de todos os seres humanos, dando-lhes assim as condições necessárias para discernirem entre o certo e o errado, por meio da consciência (Rm 2.14-16). O concerto do Sinai mostra a origem divina de todos esses mandamentos.

Diz, ainda, o pr. Esequias Soares:

Os Dez Mandamentos não aparecem como tal na sua totalidade nenhuma vez sequer no Novo Testamento. Os mandamentos que o Senhor Jesus citou para o moço rico (Mt 19:18,19) e os mencionados pelo apóstolo Paulo (Rm 13:9), além de não serem a totalidade, não estão na sequência canônica. Na fé cristã, a sua autoridade é a mesma das demais partes das Sagradas Escrituras.

A lei cerimonial é a parte da legislação mosaica que trata das cerimônias de sacrifícios e das festas religiosas, do kashrut, leis dietéticas, dentre outras, que se cumpriu em Jesus. Os preceitos de caráter jurídico, como a lei civil, também já foram cumpridas, porque não existe mais um estado teocrático, e a Igreja não é um Estado.

A questão é se a moral cristã deve estar fundamentada nos Dez Mandamentos e qual é o papel desses preceitos na vida da Igreja. Quando o Novo Testamento afirma que a lei foi abolida por Cristo, não especifica se é lei moral, cerimonial ou civil. O apóstolo Paulo inclui a parte do sistema mosaico que foi "gravado com letras em pedras" (2Co 2:7). Assim, quando se diz que não estamos debaixo da lei, mas debaixo da graça (Rm 6:14, 15), dizemos que essa lei é a Torá completa, e não parte dela. Toda a lei resume-se na lei do amor, amor a Deus e ao próximo (Mt 22:37-40; Rm 13:8-10). Estar debaixo da graça significa que fomos libertos da lei para servir e não para pecar, nós somos servos de Cristo e não da lei, é o Espírito Santo que guia o cristão no dia a dia (Rm 7:6) (Ensinador Cristão).

É válido, ainda, ressaltar o seguinte:

Todo o Pentateuco é considerado a Lei de Deus e não meramente os Dez Mandamentos (ler Josué 24:26). O que de fato existem são preceitos morais, cerimoniais e civis, mas a Lei é uma só. “É chamada de Lei de Deus porque veio de Deus, e lei de Moisés porque foi ele o mediador entre Deus e Israel (Ne 10:29). Ambos os termos aparecem alternadamente na Bíblia (Ne 8:1,2,8,18; Lc 2:22,23). A cerimonia dos holocaustos, a circuncisão e o preceito sobre o cuidado dos bois são igualmente reconhecidos como lei de Moisés (2Cr 23:18; 30:16; At 15:5; 1Co 9:9)” (LBM – CPAD).

Referências Bibliográficas:

Hans Ulrich Reifler. A ética dos dez Mandamentos. Vida Nova.

Esequias Saores. Os Dez Mandamentos – Valores Divinos para uma Sociedade em Constante Mudança. CPAD.

Paul Hoff – O Pentateuco. Ed. Vida.

Leo G. Cox - O Livro de Êxodo - Comentário  Bíblico Beacon. CPAD.

Victor P. Hamilton - Manual do Pentateuco. CPAD.

Dr. Caramuru Afonso Francisco. A Ética Cristã e os Dez Mandamentos. PortalEBD.


26 de dezembro de 2014

O TEMPO DA PROFECIA DE DANIEL



O TEMPO DA PROFECIA DE DANIEL

TEXTO ÁUREO = “Ninguém, de maneira alguma, vos engane, porque não será assim sem que antes venha a apostasia e se manifeste o homem do pecado, o filho da perdição” ( 2 Ts 2: 3 ).

VERDADE PRÁTICA = O tempo do fim é a ocasião em que Deus fará com que o seu Reino triunfe sobre todos os poderes do mal.

LEITURA BIBLICA = Daniel 12: 1-7, 7-911-13

INTRODUÇÃO

O TEMPO DA PROFECIA

12: 1 - Durante o domínio romano haveria uma grande catástrofe, "qual nunca houve, desde que houve nação". Jesus confirmou esta profecia quando ele falou sobre a destruição de Jerusalém em Mateus 24:21-22 e Marcos 13: 19-20. Os discípulos se livraram porque Jesus os tinha prevenido quanto aos sinais da destruição iminente. Ele até tinha ligado a destruição de Jerusalém com a profecia de Daniel (Mateus 24:15; Lucas 21:20-22).

Haverá um tempo de angústia (1). O reino do Anticristo está em toda parte nas Escrituras retratado como uma crise do mal. As palavras de Gabriel sucintamente o descrevem como um tempo "quando a rebelião dos ímpios tiver chegado ao máximo" (8.23, NVI). Um tema recorrente nas Escrituras é o ensino que um tempo de grande angústia será o clímax da era da rebeldia do homem contra Deus e conduzirá ao ponto culminante do Reino de Deus. Jeremias se refere ao "tempo da angústia para Jacó" (Jr 30.7). Jesus em seu discurso descreve esse tempo de angústia como "dias de vingança" (Lc 21.22) e "grande aflição, como nunca houve desde o princípio do mundo [...] nem tampouco haverá jamais" (Mt 24.21; Mc 13.19-20). A interpretação futurista considera uma boa parte do livro de Apocalipse um retrato desse período, especialmente os capítulos 6-19.

Mas a Grande Tribulação traz consigo muito mais do que o clímax do mal; ela introduz o triunfo de Deus. Um dos aspectos importantes que o livro de Daniel ensina é que os poderes do mundo celestial estão profundamente interessados e engajados nos afazeres dos homens na terra. E, naquele tempo, se levantará Miguel, o grande príncipe, que se levanta pelos filhos do teu povo. Esse é o arcanjo convocado para socorrer o Ser glorioso em 10.13. Vemos o clímax dramático em Apocalipse 12.7-8: "E houve batalha no céu: Miguel e os seus anjos batalhavam contra o dragão; e batalhavam o dragão e os seus anjos, mas não prevaleceram".

Fica claro que o povo de Israel está envolvido no clímax da história. Seguidas vezes encontramos em Daniel as seguintes expressões: o teu povo ou os filhos do teu povo. Ao mesmo tempo é necessário guardar uma perspectiva. Deus tem uma preocupação com toda a humanidade. Os eventos que marcam o clímax das eras são cósmicos; seu impacto é internacional e mundial. A Palestina é, sem dúvida, um estágio da ação divina. Mas toda a terra e os céus constituem a cena da operação final de Deus nessa era. O ponto para o qual a história está se movendo é a culminação do Reino de Deus

12:2-3 - Isto não aponta necessariamente para a ressurreição final, mas antes a uma ressurreição espiritual. Ele diz que "muitos", em vez de "todos," se erguerão. No final da ressurreição, "todos" sairão dos túmulos (João 5:28-29). Além disso, quando isto é ligado com o versículo 10, os "muitos" que são purificados são contrastados com os ímpios que continuam a proceder impiamente. Daniel 12:2 é cumprido na ressurreição espiritual daqueles que aceitaram Cristo (João 5:25). Mas "alguns" que obedeceram voltaram à vergonha e desprezo eternos (Mateus 24: 12-13) enquanto "alguns" permaneceram fiéis à vida eterna.

E muitos dos que dormem no pó da terra ressuscitarão (2). Essa é a revelação mais clara da doutrina da ressurreição no Antigo Testamento. Ela nos lembra que é Cristo que "trouxe à luz a vida e a incorrupção" (2 Tm 1.10). Alguns intérpretes acreditam que a ressurreição mencionada aqui é uma ressurreição parcial relacionada somente aos judeus que morreram na tribulação. Calvino insiste em que esse estreitamento do escopo é injustificável. Para ele, esse texto ressalta o aspecto do mal e do bem, ou seja, alguns serão separados para a vida eterna e outros para vergonha e condenação eterna. Ele entende que a palavra muitos significa "os muitos" ou "todos" e que aqui se tem em mente a ressurreição geral.

Os sábios, pois, resplandecerão como o resplendor do firmamento [...] como as estrelas, sempre e eternamente (3). Esses sábios são abençoados com a "sabedoria que vem do alto" (Tg 3.17). A palavra sábios (chappim), usada mais freqüentemente em Daniel (14 vezes), significa aqueles que possuem a sabedoria humana, ou seja, os magos. Nesse texto é usado hamaskkilim, palavra que vem da raiz sakal, que significa ser prudente, inteligente, ter entendimento, ensinar. Por isso, lemos na nota de rodapé da KJV: "aqueles que ensinam". D. L. Moody disse: "Não são os grandes desse mundo que brilharão mais. Sabemos muito pouco a respeito de Nabucodonosor e outros reis, exceto pelo fato de preencherem a história desses humildes homens de Deus L .. ] Mas os homens de Deus resplandecem [ ... ] Já passaram mais de 2.500 anos desde a época de Daniel, mas milhões de pessoas continuam lendo acerca da sua vida e ações. E assim será até o fim. Ele será mais conhecido e mais amado; ele resplandecerá mais à medida que o mundo envelhece.

RESSURREIÇÃO E VIDA ETERNA

12:4-6 - O livro seria selado e guardado para "os últimos dias." Um dos dois anjos pergunta, "Quanto tempo levará até o fim destas maravilhas?" Oito vezes nestes capítulos "o fim" (referindo a um tempo indicado) é mencionado (11: 27,35,40; 12:4,6,8-9, 13). Será que isto se refere a: o fim do mundo; o fim do sistema judaico e economia; ou o fim de Roma, que marcou o fim dos reinos mundiais pagãos? Nada indica que o fim do mundo seja indicado, e o fato que o tempo na terra tem continuado centenas de anos depois que os quatro reinos mundiais passaram, prova que Daniel não tinha em vista o fim deste mundo. Há razões plausíveis para aceitar qualquer dos dois últimos pontos de vista.

a) Características dos últimos dias (12.4). A mensagem final do glorioso Mensageiro a Daniel foi: fecha estas palavras e sela este livro, até ao fim do tempo (4). Que as palavras foram fechadas e o livro está selado fica evidente pela imensa confusão que tem caracterizado a interpretação desse livro nesses mais de dois milênios. Adam Clarke escreve: "A profecia não será entendida até que seja cumprida. Então, a profundidade da sabedoria e da providência de Deus sobre essas questões será claramente percebida".

Mas, fechar o livro não significa o fim das coisas. Haverá um tempo de intensa atividade na área de transporte, educação e comunicação. Então, esses acontecimentos do fim compelirão os sábios a procurar uma sabedoria mais profunda acerca da revelação deste livro. Dificilmente podemos evitar em identificar a breve descrição de Daniel com os nossos dias.

Muitos correrão de uma parte para outra, e a ciência se multiplicará. O transporte de massas e a velocidade são marcas da nossa era. A mobilidade ininterrupta dos povos do mundo, a comunicação de massa quase instantânea, a demanda insistente e universal por educação pelas massas, são características dos nossos tempos.

Quanto tempo durará? (12.5). Enquanto Daniel estava parado à beira do rio (5, Tigre, ele recebeu uma mensagem final concernente aos mistérios que tinha visto. Completamente consciente, ele estava vendo além do véu da visão humana.

O mesmo Ser glorioso, vestido de linho (7), que havia aparecido no início dessa manifestação, estava presente para confortá-lo e dar entendimento. Young diz: "A descrição parece indicar que a Pessoa Majestosa aqui presente não é outro senão o próprio Senhor. A revelação, portanto, é uma teofania, uma aparição pré-encarnada do Filho Eterno".


12:7 - O mensageiro vestido de linho identificou que seria "quando se acabar a destruição do poder do povo santo". A referência a "tempo, dois tempos e metade de um tempo" também foi usada em Daniel 7:25 e parece claramente paralela ao período descrito em Apocalipse 12:4 (d. Apocalipse 11:4; 12:6; 11:2; 13:5). No Apocalipse tinha sido dado poder a Roma para perseguir o povo de Deus durante este período. Contudo, chegou a hora quando Roma caiu como império mundial, enquanto que o reino de Deus continuou. O povo de Deus pode ter sido espalhado e perseguido, mas não foi destruído.

A PROFECIA FOI SELADA

12:8-9 - Daniel não entendeu a resposta dada, mas foi-lhe dito: "Vai, Daniel, porque estas palavras estão encerradas e seladas até ao tempo do fim". Este talvez se ajuste melhor ao tempo quando Roma caísse, pois em Apocalipse 10:7, quando a sétima trombeta soou, foi dito: "cumprir-se-á, então, o mistério de Deus, segundo ele anunciou aos seus servos, os profetas". Os reinos mundiais pagãos não atingirão uma estabilidade duradoura. Somente o reino de Deus é um reino indestrutível (Daniel 2:44; 7:13; 7:25-27; Hebreus 12:28).

12: 1O - Ainda que os ímpios continuem na impiedade, os justos serão capazes de perseverar, porque têm entendimento de que Deus verdadeiramente domina nos reinos dos homens e, enfim, os justos serão vitoriosos (Apocalipse 13:9-10,18; 14:12-13).

12: 11 - O significado deste versículo não é determinado facilmente. Talvez os 1.290 dias sejam o período entre dois eventos significativos que esmagaram o sistema judaico de adoração. O tempo em que o "sacrifício diário" foi afastado é o tempo mencionado em Daniel 11:31 e Daniel 8: 11, quando Antíoco Epifânio desconsagrou o templo. Esta foi a primeira "abominação" posta. Mas houve uma segunda vez, e Jesus a identifica claramente com a destruição do templo, quando Jerusalém foi destruída em 70 d.C. (veja Mateus 24: 15; Lucas 21:20-22; DanieI9:26627). Por que 1.290 dias são usados para descrever o tempo entre estes dois eventos? Nenhuma resposta definitiva pode ser dada. O estilo apocalíptico de números tornando-se antes simbólico do que literal, talvez se refira a um período indefinido, mas um que somente Deus sabia e sobre o qual ele tinha comando.

12: 12 - Abençoado seja aquele que chega aos 1335 dias. De novo, somos deixados somente a especular quanto ao significado. A destruição de Jerusalém ocorreu no ano 70 d.C. e, enquanto isto marcou um tempo significativo na história do povo de Deus, um momento ainda maior foi quando o reino de Deus provou-se indestrutível. Roma tentou esmagar a igreja, mas, em vez disso, a própria Roma caiu.
A batalha de Armagedom, seguida pelo reino de Cristo de mil anos, é um tempo de grande alegria para o povo de Deus (Apocalipse 20:6; Daniel 7: 18,22,27). Esse ponto no tempo foi subseqüente à queda de Jerusalém e marcado por um acréscimo de mais 45 dias simbólicos. Os impérios mundiais pagãos foram terminados; somente o reino de Deus é universal por natureza (Daniel 2:44-45).

12:13 - Estas coisas seriam cumpridas num futuro distante, mas Daniel ficaria confirmado como um profeta verdadeiro.

Assim, veio à palavra a Daniel: vai até ao fim; porque repousarás e estarás na tua sorte, no fim dos dias (13; cf. v. 9).

Adam Clarke apresenta uma palavra confortadora: "Temos aqui um conselho apropriado para cada pessoa.

1) Você tem um caminho - um caminho na vida, que Deus determinou para você; ande neste caminho; este é o seu caminho.

2) Haverá um fim para você de todas as coisas terrenas. A morte está diante da porta e a eternidade está muito próxima; vá até o fim - seja fiel até a morte.

3) Há um descanso preparado para o povo de Deus. Você descansará; seu corpo no túmulo; sua alma no favor divino aqui e, finalmente, no paraíso.

4) Como, na Terra Prometida, havia muito para cada pessoa do povo de Deus, assim haverá muito para você. Não se feche para essa: promessa, não a negocie, não permita que o inimigo a roube de você. Esteja determinado a se levantar para receber a herança, no fim dos dias. Cuide para guardar a fé; morra no Senhor Jesus, para que você possa ressuscitar e reinar com Ele por toda a eternidade".

Alexander Maclaren sugere uma Mensagem para o Ano Novo com os seguintes pensamentos do versículo 13:

1) A Jornada - Vai ("siga o seu caminho", NVI).

2) O Lugar de Descanso do Peregrino - porque descansarás.

3) O Lar Final - estarás na tua sorte, no fim dos dias.

Daniel recebeu a clara confirmação da sua esperança em relação à imortalidade.
Séculos, e até milênios, passariam antes do seu cumprimento integral. Mas no fim dos dias, quando a consumação chegar, Daniel estará lá reunido com as multidões dos remidos da terra e do céu.

Então ele será não um espectador de visões, mas um participante dos tremendos acontecimentos na introdução da plena glória do Reino de Deus. No arrebatamento ele observará a glória, a sabedoria e a honra Daquele que desde o princípio determinou o cumprimento da história do Reino de Deus. Ele participará do grande "Aleluia" dos redimidos. Então os "reinos do mundo vieram a ser de nosso Senhor e do seu Cristo. E ele reinará para todo o sempre" (Ap 11.15).

Elaboração pelo:- Evangelista Isaias Silva de Jesus
Igreja Evangélica Assembléia de Deus Ministério Belém Em Dourados – MS
BIBLIOGRAFIA
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Comentário Bíblico Beacon