29 de junho de 2010

O Ministério Profético no Antigo Testamento

O Ministério Profético no Antigo Testamento.

“E disse: Ouvi agora as minhas palavras; se entre vós houver profeta, eu, o SENHOR, em visão a ele me farei conhecer, ou em sonhos falarei com ele”. (Nm 12.6)


Introdução

O ministério profético no Antigo Testamento foi algo notável da autoridade divina na vida dos santos homens de Deus. Os profetas tornaram-se o canal de comunicação entre Deus e os homens, e a sua missão era levar a verdadeira mensagem. Mesmo que alguns não a aceitassem, Deus continuou por gerações a falar de contínuo com os homens através deste ministério. O ministério profético, tema deste trimestre, certamente contribuirá para o enriquecimento espiritual da igreja.

I – O profeta no tempo patriarcal.

Uma das funções determinadas por Deus, para o homem, e isto se define a um uso instrumental ao ofício de profeta, é a mais antigas entre todos os momentos em que Deus se relaciona com a humanidade. Para se declarar ao homem Deus falava aos seus ouvidos, como foi no principio com Adão (Gn 2.16), e daí em diante as manifestações do divino passam a ser de ordem específica e com a sua verdadeira presença. O plano do Senhor em abrir uma “linha de comunicação”, neste caso que ligasse a criatura com o seu criador, fez com que o Senhor usasse o próprio homem como seu instrumento.

O fato de Deus criar esse mecanismo de comunicação faz com que o homem que outrora caído, passa a partir daí, a se comunicar com o Senhor. Ao se falar de algo tão profundo, e ao mesmo tempo maravilhoso, é de igual importância entender que aqueles que são chamados, estes são sem duvida as pessoas mais importantes para o estudo deste trimestre. Portanto existe a importância de se compreender a necessidade do uso do ministério profético, que levou o Senhor a escolher uma grande quantidade de homens, em tempos determinados, para a expressão maior da presença divina, a profecia.

O termo profeta aparece já pela primeira vez em Genesis 20.7, quando o Senhor aparece em sonho a Abimeleque rei de Gerar, e repreendo este rei em favor de Abraão. “Agora, pois, restitui a mulher ao seu marido, porque profeta é, e rogará por ti, para que vivas; porém se não lha restituíres, sabe que certamente morrerás, tu e tudo o que é teu”. O Senhor estava preservando o casamento de Abraão, e a presença dEle sobre a vida daquele casal. Ao observarmos quando o Senhor diz: “restitui a mulher do seu marido, porque profeta é,” foi o Senhor quem disse e não o homem. Ao passo que, na continuação do versículo, se Abimeleque desobedecer à ordem divina valeria a sentença de morte. O episódio de Abraão retrata muito bem o carisma com que Deus sempre tratou os seus mensageiros (Sl 105.15). Abraão foi o primeiro ao qual o Senhor se refere como profeta.

E foi através de homens cheios da graça Divina que foram manifestadas a presciência de Deus aos homens. O divino revelando-se em seus projetos aos seus servos os santos profetas. Desta forma, a operação do ministério profético, começaria bem mais adiante na história de Israel. Cerca de 430 anos após Abraão, Deus levantaria outro homem que principiaria esse ministério. Foi através de Moisés que o realmente os profetas foram efetivados como pessoas que poderiam possuir um ministério dado pelo Senhor aos homens (Nm 11.29).

II - Um trabalho determinado por Deus

O ministério profético torna os homens escolhidos por Deus em verdadeiros instrumentos em suas mãos (Sl 104.4). A profecia refere-se ao ser humano como o canal de comunicação que o Senhor usou para transmitir aos seus servos na antiguidade todas as verdades inerentes aos acontecimentos do presente e futuro daquele período (Is 41.22). Os profetas se apresentavam aos seus contemporâneos como homens que tinham uma palavra a dizer. O oráculo falado é a forma pela qual a palavra de Deus era expressada. Cada profeta possuía uma singularidade que era sua marca de originalidade.

As profecias de Amós e de Jeremias por exemplo, são diferentes como eram as personalidades dos dois profetas.

A palavra profeta (heb., navi´ ) pode ser definida como aquele que fala em nome de outro. Como aconteceu com Moisés no monte Horebe, a presença do Senhor fora tão forte na vida deste homem que enquanto ele tentava se esquivar do trabalho que lhe era proposto, o Senhor envia-lhe um auxiliar; “E tu lhe falarás, e porás as palavras na sua boca; e eu serei com a tua boca, e com a dele, ensinando-vos o que haveis de fazer.” (Ex 4.15).

A iniciativa da chamada para o ministério profético depende exclusivamente da vontade divina, (Ex 3.1-4,17; cf. Is 6; Jr 1.4-19). O objetivo do profeta no Antigo Testamento era anunciar a Palavra verdadeira da parte de Deus, se o referido profeta não falasse conforme a vontade divina ou falasse pela sua própria, cairia sobre ele o castigo (Jr 14.14 cf. Dt 18.20). Portanto a palavra de um profeta teve um grande valor entre os que a ouvirão, foi o que aconteceu com Samuel (I Sm 3.20).

III - Um ministério árduo.

A missão do profeta não estava baseada apenas numa vida espiritual com princípios rigorosos, pois além da sua chamada específica, se esperava do profeta uma vida exemplar e condizente com aquilo que ele pregava. A bíblia nos da um exemplo de um profeta que teve sua vida observada por uma mulher (II Re 4.9), foi assim no passado e continua da mesma forma no presente. Aquela mulher observou o andar de Elizeu que sempre passava por perto da sua residência, “tenho observado que este que sempre passa por nós é um santo homem de Deus”. Será que em nossos dias alguns que se intitulam “homens de Deus” são capazes de expressar em sua vida diária o testemunho santo requerido pela palavra de Deus (Lv 20.7).

O ministério profético no Antigo Testamento foi marcado pela mais excelente visões e revelações dadas pelo Senhor aos homens.

Mas, a excelência das visões e revelações levou estes grandes homens de Deus a pagarem um alto preço em seus ministérios. Quando Natã, o profeta, teve por incumbência de falar com o rei Davi sobre o seu pecado, ele usou de muita sabedoria ao usar uma parábola para fazer com que o rei entendesse o seu pecado, mas finalmente veio o profeta; Então disse Natã a Davi: “Porque, pois, desprezaste a palavra do SENHOR, fazendo o mal diante de seus olhos? A Urias, o heteu, feriste à espada, e a sua mulher tomaste por tua mulher; e a ele mataste com a espada dos filhos de Amom”. ( II Sm 12.9) . Neste momento, em que o rei Davi ouvia do profeta que era ele o transgressor, ouviu também a sentença pelo seu pecado vers 14.

O ministério dado por Deus aos seus servos levou a estes homens a pregarem a várias gerações que não conheciam o Senhor. O motivo que levou a estes profetas a pregarem a palavra verdadeira era uma só, fazer valer a palavra do Senhor Deus de Israel. Sempre existiram no passado, aqueles que não temeram reis, príncipes, sacerdotes nem a própria morte, para que através da palavra profética alcançar que alguns chegassem ao arrependimento

Quando se ministra a palavra de Deus com veracidade, sem maquiagem, Deus opera. Podemos perceber isso no episódio de Jonas, profeta do antigo testamento, que conhecia muito bem o poder de Deus. Mesmo que tentando fugir da presença de Deus, (Jn.1) mas, ao pregar a palavra profética (Jn 3.3) o comportamento daquela cidade mudou, e como sabermos, desde o trono real até aos camponeses, todos se humilharam diante do Senhor (Jn 3.6-9). Bastou anunciar a pregação verdadeira que Deus usou de misericórdia, mesmo que não fosse esta a vontade do profeta (Jn 4.1,2).

Para o Senhor operar deve existir uma renuncia maior por parte daqueles que são chamados para servi-lo. O próprio Cristo nos diz que aqueles que nele crêem farão obras maiores que esta (Jo 14.12). Não basta ter chamada, tem que trabalhar buscar a face do Senhor, estar disposto a sofrer e a pagar o preço pela sua obra.

Que Deus, pela sua presciência e bondade, possa levantar ainda nestes dias, homens capazes para a sua obra, que não se embaracem com as coisas desta vida (II Tm 2. 4).

A propagação da verdadeira profecia, como pode ser verificada, é uma ordenação divina que era paulatinamente falada aos ouvidos de todo o Israel (Jr 35.15). Os profetas de um modo geral eram tidos como pessoas importantes na sociedade, tanto na construção do estado patriarcal, com Moisés no comando de um povo para construir uma nova nação, ou na estruturação de um estado político, no tempo de Samuel na transição de um estado tribal para uma monarquia (I Sm 10.19).

IV - Samuel um ministério maior.

Os profetas não eram simplesmente indivíduos perceptivos no sentido político ou social. Eles eram pessoas que, pela revelação de Deus possuíam um conhecimento maior dos eventos históricos daquele período para aos quais eram enviados. Os profetas tinham o dever de falarem apenas aquilo que lhes era autorizado pelo Senhor (I Rs 13.9), assim a palavra do Senhor haveria de ser aceita por todos (I Re 18.39).

Dentre todo o ministério profético do Antigo Testamento, o ministério do profeta Samuel foi especial. Escolhido por Deus para o cargo de profeta acumulou também o cargo de sacerdote. Nascido por meio de um milagre divino (I Sm 1.2-6), o jovem profeta começou desde cedo a ter revelações ( I Sm 3.1-10). Samuel crescia e toda a palavra profética que dizia era confirmada pelo Senhor (I Sm 3.19). Com a morte do sacerdote Eli (I Sm 4.18), Samuel assume o cargo de sacerdote em Israel.

A escolha de Samuel para o ministério profético e sacerdotal foi aceita pelo Senhor (I Sm 7.9). E foi através de Samuel que foi escolhido o primeiro rei de Israel, Saul, e foi pelo seu ministério o segundo rei, Davi, que governou sobre a nação santa (I Sm 16.13)

Enquanto o profeta falava de Deus aos homens, o sacerdote ele levava os homens até a presença de Deus. O sacerdote não poderia ser alguém comum (Lv 17.5), dentro lei instituída por Deus (Nm 2.3), nem o próprio rei poderia fazer o sacrifício, como aconteceu com Saul, que perdeu o seu reinado pela sua desobediência (I Sm 15.22-26).

Algo recorrente na vida dos profetas do Antigo Testamento é que sempre surgiram em tempos de crise espiritual. Com objetivo de levar a poderosa palavra de Deus, tais homens foram hostilizados, criticados e até mortos (Mt 23.37). Mas alguns destes profetas conseguiram com que o povo, mesmo que por pouco tempo, voltassem para o caminho do Senhor, e retardassem os castigos divinos.

Conclusão

O ministério profético no Antigo Testamento foi marcado pela presença de Deus na vida dos homens que se dedicaram na obra do Senhor. Que nestes últimos dias da igreja neste mundo, o Senhor Jesus Cristo possa levantar homens cheios da sua presença com ousadia e coragem para anuncia a verdadeira palavra de Deus. A sinceridade requerida de todos os santos profetas no Antigo Testamento continua válida em os nossos dias.

Por:- Presb. Juarez Alves Pereira

Assembléia de Deus Parque Nova Dourados

Dourados MS.

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