17 de setembro de 2014

OS PECADOS DE OMISSÃO E DE OPRESSÃO



OS PECADOS DE OMISSÃO E DE OPRESSÃO – Ev. José Costa Junior

CONSIDERAÇÕES INICIAIS

O assunto desta lição diz respeito aos pecados de omissão e opressão. Esta lição apresenta uma severa denúncia contra os ricos que têm granjeado prosperidade mediante opressão. Os tais são condenados, não por serem ricos, mas porque suas riquezas foram mal adquiridas, permanecendo sobre elas as marcas da corrupção. Tiago concita-os a chorar e a lamentar por causa das desventuras que lhes sobrevirão. Os orientais são muito efusivos na expressão de suas mágoas. Ouro, prata e vestuários (Mt 6.19; At 20.33) eram os principais artigos de que se compunha a riqueza no Oriente.

Quando Tiago fala sobre as riquezas “comidas de traça” e “enferrujadas”, ele está empregando o perfeito profético, em que se fala do futuro como se já tivesse ocorrido. "O destino inevitável da riqueza deles é referido como se já se tivesse realizado". Apesar de todas as evidências externas de prosperidade e de brilhante sucesso, as vestes deles, aos olhos divinos, estavam comidas de traça; sua prata e seu ouro, em que confiavam, estavam corroídos; o seu deslustre testemunhava contra eles. Se estas palavras tiveram ou não seu cumprimento imediato nas desgraças que precederam a destruição de Jerusalém, permanece o princípio geral de que enfrentarão, um dia, inevitável retribuição os que parecem viver confiados em riquezas apodrecidas.

A principal oposição aos cristãos, naquela época, partia dos ricos. Aqui o apóstolo passa a especificar outras razões de queixa e mostra como as riquezas deles se têm corrompido. Não somente cerravam suas entranhas de compaixão pelos pobres, mas os salários justos e legais, devidos aos trabalhadores que ceifavam seus campos, esses eram retidos por eles (Lv 19.13; Dt 24.15; Jr 22.13; Ml 3.5). Pintando assim o quadro da luta entre o capital e o trabalho, Tiago não hesita em acusar de fraude os opressores. E embora os gritos e apelos dos oprimidos encontrassem ouvidos moucos da parte dos opressores, “penetravam nos ouvidos do Senhor dos exércitos”. "Jeová Sabaote", Senhor das hostes, ou dos Exércitos é um frequente designativo de Deus no Velho Testamento, e significa Sua onipotência pela qual governa o mundo, defende o Seu povo e castiga os ímpios.

Ele não é um espectador indiferente (Êx 3.7-10). Procedendo daquele modo, os ricos só faziam “acumular tesouros para os últimos dias”. Tiago sente em sua alma o iminente juízo a desabar sobre a Santa Cidade, quando os judeus mais ricos foram despojados de tudo, seguindo-se um reinado de terror, que prevaleceu onde quer que se achassem judeus. Todavia o caso sugere também que tais condições, aí descritas, prevalecerão grandemente ao chegar ao fim a presente dispensação.

     O objetivo deste estudo é trazer algumas informações, colhidas dentro da literatura evangélica, com a finalidade de ampliar a visão do sobre os pecados de omissão e opressão. Não há nenhuma pretensão de esgotar o assunto ou de dogmatizá-lo, mas apenas trazer ao professor da EBD alguns elementos e ferramentas que poderão enriquecer sua aula.

                                                                                                                                            I.            O PECADO DE OMISSÃO

Antes de abordar o tema específico, vale lembrar alguns conceitos importantes sobre o pecado. Segundo Vincent Cheung, o pecado produziu efeitos devastadores na humanidade. A “representatividade federal” de Adão refere-se ao seu papel como o representante de toda a humanidade no Éden. A Escritura ensina que, quando ele pecou, agiu no lugar de todos os seus descendentes na mente divina. Portanto, quando Adão caiu em pecado, toda a humanidade caiu com ele: “... o pecado entrou no mundo por um homem, e pelo pecado a morte, assim também a morte veio a todos os homens... uma só transgressão resultou na condenação de todos os homens...” (Rm 5.12,18). Adão representou a raça humana no Éden como um “cabeça federal” e não como um “cabeça orgânico”. Toda a humanidade está condenada por seu pecado, não por causa de relação física com ele, mas porque ele a representava na mente divina; isto é, Deus soberanamente determinou que Adão representasse toda a humanidade no Éden.

Portanto, toda pessoa concebida após Adão está condenada pela culpa herdada mesmo antes do indivíduo ter uma oportunidade de cometer quaisquer pecados pessoais. Quando ele pecou, toda a humanidade pecou; quando ele ficou sob condenação, toda a humanidade ficou sob condenação (Rm 5.18). O termo PECADO ORIGINAL refere-se à culpa herdada, antes do que ao pecado cometido por Adão. Adão foi o nosso representante na mente de Deus, assim a sua culpa nos foi imputada na mente divina. Embora não fosse necessário que Deus salvasse pecadores, uma vez que a decisão foi feita, a morte de Jesus se tornou necessária para pagar o preço pelos pecados dos homens; a morte de Cristo era o único caminho para a salvação do homem.

Voltando à Epístola, fim de resumir seu pensamento, Tiago acrescenta um provérbio conclusivo que alguns supõem poderia ter sido um ensino de Jesus, por causa do tom e do tema: Aquele, pois, que sabe o bem que deve fazer e não faz, comete pecado. Aparentemente, apenas reprova o pecado da omissão: Quando uma pessoa sabe o que deve fazer (dar algo a um pobre), mas negligencia esse ato de caridade, não desperdiçou apenas uma oportunidade de obedecer – tal pessoa pecou. No entanto o contexto levanta esse ensino da arena da verdade genérica e coloca-os nas vidas desses negociantes. Há claramente algo que eles “sabem” que “devem” fazer e pelo que são responsáveis (Lc 12.47-48), que é obedecer a Deus e segui-lo nos negócios.

Entretanto seus interesses comerciais com frequências os induzem a planejar segundo os padrões do mundo, e a acumular bens, à semelhança do rico louco (Lc 12.13-21). Nas Escrituras, fazer o bem frequentemente é praticar atos de caridade (Tg 1.21-25 e Gl 6.9). Portanto, Tiago pode estar sugerindo que eles planejam segundo o mundo porque são motivados pelo mundo, visto que Deus tem o Seu próprio modo de investir dinheiro; dá-los aos pobres (Mt 6.19-21). Se levassem a Deus em consideração, não estariam, com certeza, tentando melhorar seu padrão de vida; Deus os conduziria ao alívio dos que sofrem ao seu redor, isto é, a fazer o bem.

              Os pecados de omissão e os de comissão serão levados a juízo. Será condenado tanto aquele que não fizer o bem que sabe deve fazer e o que fizer o mal que sabe que não deve fazer. Oh, que fossemos tão cuidadosos para não omitir a oração e ao descuidar a mediação e o exame de nossas consciências, já que não devemos cometer crassos vícios externos contra a luz!
           
                                                             II.            O PECADO DE ADQUIRIR BENS A CUSTA DA EXPLORAÇÃO ALHEIA

     Tendo falado a cristãos cujos corações estavam sendo seduzidos pelo mundo, Tiago dirige a atenção, a seguir, aos incrédulos ricos. Tiago os condena sem rebuço, com linguagem parecida à do Senhor Jesus (Lc 6.20-26), a fim de desviar os cristãos da sedução das riquezas, e prepara-los para suportar o teste do sofrimento nas mãos dos ricos.

 Ao chamar estas pessoas de ricos (5.1), Tiago as classifica com os incrédulos (não cristãos) que cita em 2.6 e 1.9. Tais pessoas, diferentemente das citadas em 4.14, estão do lado de fora do redil, pelo que não há palavras confortadoras para elas. Poderá haver perdão se se desviarem de seus maus caminhos, se se arrependerem e se unirem à comunidade dos cristãos, mas Tiago não expressa esperança de que isto venha a acontecer. Sua intenção é encorajar a comunidade cristã e não objetiva converter os ricos.

    A advertência inicial leva-os a uma descrição vivida de sua miséria, vista através dos olhos proféticos. “As vossas riquezas estão apodrecidas” retrata de modo geral o estado dessas pessoas: toda a segurança que sentem, todos os alicerces em que baseiam seus sonhos e esperanças apodrecem de vez, segundo a perspectiva eterna de Tiago. Tal asserção torna-se mais específica quando dois tipos muito comuns de riquezas são mencionados. Primeiramente, “as vossas vestes estão comidas de traças” Têm os guarda-roupas cheios de vestuários que poderiam ter sido usados pelos pobres, mas antes ainda de parecerem gastos pelo uso, as traças dão cabo dessas roupas.

Hoje, uma pessoa poderia facilmente dizer: ”Não há remédio, suas roupas estão completamente fora de moda”. Em segundo lugar, “o vosso ouro e a vossa prata se enferrujaram”. Essa gente guardou sua fortuna, que não ajuda nem aos donos nem aos pobres, pois o dinheiro foi guardado para o “dia da necessidade”. A “ferrugem” é prova de que se trata de riqueza inútil. Hoje, quando alguém guarda seu dinheiro no banco, alguém lhe dirá: “seu dinheiro está sendo corroído pela inflação”. Portanto, o ensino de Tiago é semelhante ao de Jesus: “Não ajunteis tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem tudo consomem, e onde os ladrões minam e roubam; Mas ajuntai tesouros no céu, onde nem a traça nem a ferrugem consomem, e onde os ladrões não minam nem roubam. Porque onde estiver o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração” (Mt 6.19-21).

Esse tesouro acumulado produz uma consequência: “a sua ferrugem dará testemunha contra vós, e devorará a vossa carne como fogo”. É uma imagem antecipada do julgamento final, como se as moedas oxidadas e as vestes corroídas de traças estivessem sendo exibidas perante o tribunal. 

Tais evidências condenam os usuários, pois, houvesse Deus sido servido, as mercadorias emprateleiradas teriam sido usadas: as roupas para vestirem os nus e os alimentos para alimentarem os famintos. A semelhança do rico da parábola (Lc 6.19-31), esses serão atirados no inferno, onde o fogo “nunca se apaga” (Mc 9.43). Tiago pinta esse quadro como se a própria ferrugem que lhes devorou a prata e o ouro agora lhes estivessem corroendo a alma, como um fogo, representando, talvez, o tormento da culpa diante do tesouro desperdiçado que os condena eternamente.

                                                                  III.            O ESCASSO SALÁRIO DOS TRABALHADORES “CLAMA” A DEUS

Além do mais, Tiago sabe que as riquezas acumuladas em geral indicam injustiça. Na palestra, em geral, tratava-se de injustiça com trabalhadores rurais. “Vede! O salário dos trabalhadores que ceifaram os vossos campos, e que por vós foi retido com fraude, está clamando”. O sistema econômico da Palestina utilizava trabalhadores braçais diaristas, em vez de escravos, em parte porque o escravo passaria a custar mais, caso ele convertesse ao judaísmo. Esses trabalhadores contratados eram os filhos jovens das famílias de camponeses expulsas de suas terras por causa de bancarrotas, quando as hipotecas das propriedades venceram e não havia como pagá-las. Tais trabalhadores viviam da mão a boca. O salário de hoje é para comprar o desjejum de amanhã. Quando o salário não era pago no fim do dia, a família passava fome.

A despeito de uma porção de mandamentos no Antigo Testamento (Lv 19.13; Dt 24.14-15), os ricos descobriam jeitos de reterem o salário dos trabalhadores (Jr 22.13; Ml 3.5). O fazendeiro poderia retê-lo até o fim da época da colheita, a fim de garantir que o camponês viria trabalhar; poderia apelar para uma minúcia técnica a fim de provar que o contrato não foi cumprido; ou poderia alegar estar cansado demais para pagar o salário no fim do dia. Se o trabalhador reclamasse, o patrão o poria na lista negra; se fosse aos tribunais, o rico teria os melhores advogados. Assim é que Tiago retrata o dinheiro no bolso dos ricos, dinheiro que deveria ter sido usado para pagar os trabalhadores que clamam por justiça.

A vida do rico contrata violentamente com o sofrimento do pobre: “Deliciosamente viveste sobre a terra, e vos deleitastes”. Muitos desses ricos poderiam protestar, afirmando ser da classe média, e que haviam merecido os prazeres que agora desfrutavam. Tiago os contempla da perspectiva dos pobres e chama aquilo de extravagância, o mesmo que I Pe 5.6 taxa de vício. Na verdade é extravagância em face ao sofrimento de outros. Por isso, acrescenta Tiago: “Cevastes os vossos corações no dia de matança”. A palavra no grego tem dois sentidos. Por um lado significa: “Vós tendes vos divertido no dia de matança”. Visto que a carne fresca logo seria salgada, ou posta para secar, era costume a pessoa que sacrificasse um animal dar uma grande churrascada. Mas, por outro lado, Tiago tem em mente o duplo sentido que ele compreende muito bem. Os ricos tem abundância para comer; gozam a vida. Mas trata-se do dia bíblico da matança, o dia em que Deus vai liquidar Seus inimigos (Is 30.33; 34.5-8). Gozavam a vida como se fosse o dia da matança; no entanto, é irônico: eles são agora o novilho cevado, e o facão de Deus está no pescoço deles.

CONCLUSÃO

Concluindo, espero em DEUS ter contribuído para despertar o seu desejo de aprofundar-se em tão precioso ensino e ter lhe proporcionado oportunidade de agregar algum conhecimento sobre estes assuntos. Conseguindo, que a honra e glória seja dada ao SENHOR JESUS. 



Ev. José Costa Junior



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