A ATUALIDADE DOS
ÚLTIMOS CONSELHOS DE TIAGO
Texto Áureo = "Melhor é o fim das coisas do que o seu princípio; melhor
é o paciente do que o arrogante". Ec 7.8
Verdade Aplicada = Muitos erros seriam evitados, se nós
aceitássemos a vontade de Deus e respeitássemos o seu tempo.
Texto
Bíblico = Tiago 5: 7 - 11
A palavra «...pois...», que aparece no sétimo versículo, vincula
esta secção com o parágrafo anterior. Os «irmãos» são oprimidos pelos ricos;
mas podem ter a esperança firme de que Cristo aparecerá em breve como Juiz.
Esse mesmo fato serve de advertência e de motivo de temor aos ricos, porquanto
a altivez (arrogância, orgulho, amor-próprio) dos mesmos não demorará a ser
cortada, visto que serão conduzidos ao julgamento, devido aos maus tratos que
conferiram aos pobres. O autor sagrado, pois, faz da «paciência» sob todas as
dificuldades (não apenas no caso da opressão pelos ricos) ,o seu tema central.
Ele cria que a vinda de Cristo podia ocorrer a qualquer momento, pelo menos em
sua própria vida terrena, o que era uma esperança comum na igreja cristã
primitiva.
O autor
sagrado, portanto, roga aos crentes que suportem tudo até ao fim, quando o
próprio Cristo será a recompensa pela paciência deles. As perseguições e as
dificuldades faziam com que muitos crentes primitivos se sentissem tentados a
desistir do caminho. Esse é o tema central do livro aos Hebreus, mas que
reaparece em vários outros lugares do N.T. Tiago, portanto, buscava fortalecer
às «mãos fracas e aos joelhos trôpegos(Que não move os membros ou só os move
com dificuldade, arrastadamente)». (Ver Is 35:3).
«Em um mundo como o nosso, a colheita da retidão não ocorre da
noite para o dia. As forças do mal parecem cada vez mais poderosas do que os
poderes do bem. Certas pessoas contam com a maior parte do dinheiro, e o maior
prestigio e poder político e social, não têm escrúpulos em utilizar-se de meios
para obter e conservar o poder, negando àqueles que servem à causa de Cristo.
Por conseguinte, a causa de Cristo às vezes parece inteiramente perdida, como
quando no tempo da crucificação, em que os próprios discípulos de Cristo, desanimados,
o abandonaram e fugiram. (Easton, in loc).
5:7: Portanto, irmãos, sede pacientes ate a vinda do Senhor. Eis que o
lavrador espera o precioso fruto da terra, aguardando-o com paciência, até que
receba as primeiras e as últimas chuvas.
«...paciência...» No grego é «makrothumeo», «ser paciente»,
«ser constante». A raiz é makros, «longo», «longe», e «thumos», «vida»,
«hálito», «alma», «coração», «coragem». Os crentes devem ter uma «coragem
duradoura». A idéia pode ser apenas a da paciência, mais ou menos como esse
vocábulo é usado nas línguas modernas; mas freqüentemente, entretanto, a idéia,
no N.T., é a de «constância», de «resistência» debaixo de certo tipo de
circunstância. Por isso mesmo, tal palavra é freqüentemente usada como sinônimo
de «upomone». O autor sagrado encoraja seus leitores a continuarem constantes e
fiéis na convicção moral, opondo-se ao erro, praticando a santidade pessoal e o
amor fraternal; em suma, fazer aquelas coisas que caracterizam um verdadeiro
discípulo de Cristo. Os leitores originais da epístola poderiam ter de sofrer
certas opressões e perseguições; mas a ordem parece ser dirigida diretamente à
vida cristã diária, e não a alguma instância específica de dificuldade.
«.. .irmãos...» Há um duplo propósito no uso desta palavra,
na epístola de Tiago. Em primeiro lugar, isso identifica os leitores com a
família divina, obrigando-os a observarem as regras próprias dessa família,
respeitando-se mutuamente, como também ao Pai e ao Irmão mais velho. Além
disso, nesta epístola, o uso dessa palavra com freqüência assinala alguma nova
divisão, sendo uma espécie de sinal de tal propósito. (Ver Tg 1:19; 2:1,14 e
3:1, além da presente referência).
«...vinda do Senhor...» Neste caso, o «...Senhor...» é Jesus Cristo
(tal como em Tg 1:1 e 2:1; ver também esse título usado para indicar Jesus, e
ver as notas expositivas sobre o seu «senhorio», em Rm 1:4). O autor sagrado
esperava o retorno de Cristo para breve; e isso ele via como um elemento que
faria grande diferença na vida e na conduta do indivíduo. Isso ajuda a pessoa a
mostrar-se paciente no curso correto, porquanto conduz ao Senhor. A passagem de
I João 3:2 alude à «parousia»(segundo advento de Cristo), como motivo para a
pureza na vida do crente, porquanto a sua vinda inaugurará o juízo. E a segunda
vinda de Cristo também é motivo a ações nobres, porquanto nos é assegurado que
seremos transformados segundo a sua imagem, naquela oportunidade, e assim
chegaremos a compartilhar de sua natureza essencial. Esse será o salto maior
possível em um passo gigantesco, na direção das perfeições e plenitude de Deus
Pai (Ef 3:19), que é uma operação do poder transformador do Espírito Santo (ver
II Co 3:18). O termo «parousia», utilizado neste versículo, bem como na maioria
dos outros mencionados, significa, primariamente, «vinda», e veio a ser usado
como termo técnico para indicar a «segunda vinda» de Cristo.
«...Eis que o lavrador...» O lavrador é homem que nos dá um exemplo
sobre o que o autor sagrado queria dizer. O lavrador precisa esperar; e tem de
exercer paciência, porquanto nenhuma colheita surge imediata e automaticamente.
Antes, é mister que prepare a sua colheita mediante um trabalho diligente, arando
e semeando.
Mas, mesmo
depois de haver feito tudo quanto é possível, ainda assim tem de esperar.
Outrossim, tem de depender da providência divina, pois, sem as chuvas, todo o
seu trabalho será inútil.
«...precioso fruto...» A terra finalmente produz fruto, e sua
produção é vital e preciosa. Recompensa a paciência do lavrador. E este pode
dizer: «Valeu a pena todo o trabalho». Portanto, o crente não precisa ter
dúvidas sobre a preciosidade da vida eterna, a qual será a recompensa de sua
espera, porquanto Cristo voltará para dar vida, e isso com maior abundância do
que agora.
«...as primeiras e as últimas chuvas...» No A.T. há
dois períodos críticos de chuvas, mencionados em Dt 11:14; Jr 5:24; Jl 2:23; Zc
10:1. (Comparar também com Jr 3:3 e Os 6:3).
As primeiras chuvas. Essas ocorriam na estação chuvosa (outono e
inverno) que, na Palestina, normalmente começava nos fins de outubro ou em
começos de novembro, e que algumas vezes se prolongava até janeiro, quando se
transformava em neve. Sua utilidade era a de prover umidade para a semente
recém plantada, para que pudesse germinar. Portanto, era o sinal para a
semeadura. Essas primeiras chuvas eram mais pesadas que as últimas. Chovia
principalmente da direção oeste e sudoeste (ver Lc 12:54), à noite, continuando
por dois ou três dias de cada vez.
As últimas chuvas: Essas ocorriam em abril e maio (na
primavera), chuvas necessárias para que a semente amadurecesse. Não fossem
essas chuvas, a despeito das mais pesadas chuvas do outono e do inverno, e a
umidade não seria suficiente, e a colheita falharia. Assim, pois, os lavradores
da Palestina esperavam ansiosamente pela bênção dá providência divina, para que
pudessem semear e para que a safra pudesse amadurecer e fosse abundante. Assim
como os lavradores dependiam do Senhor para isso, assim também o crente depende
do Senhor em sua inquirição espiritual. Somos informados que, na Palestina,
essas chuvas de modo algum eram garantidas, e em alguns anos elas não vinham,
em contraste com outros lugares, onde as chuvas próprias da estação eram quase
certas. Portanto, a dependência dos lavradores da Palestina é ilustrada melhor
ainda.
Mui
provavelmente, o autor sagrado sabia a respeito dessas chuvas, baseado em sua
experiência pessoal; mas isso não provaria necessariamente que ele escreveu na
Palestina, e nem mesmo que tenha escrito para crentes que ali habitavam, embora
seja possível que a maioria dos leitores originais desta epístola vivesse
naquela porção do mundo.
«Os
seguidores de Jesus constituíam uma pequena e insignificante maioria no
poderosíssimo império romano, e as forças lançadas contra eles pareciam
avassaladoras. Porém, se ao menos agüentassem firme um pouco, mais, quando o
Senhor aparecesse, a sua verdade seria vindicada. (Easton, in loc).
«Por conseguinte,
por causa de vossa profunda e constante miséria, certificai-vos que Deus está
próximo.
5:8: Sede vos também pacientes; fortalecei os vossos corações, porque
a vinda do Senhor está próxima.
«...pacientes...» Temos aqui o mesmo vocábulo que foi utilizado
no sétimo versículo, onde o mesmo é comentado.
«...fortalecei...». No grego é «steridzo», «estabelecer»,
«confirmar». Deriva-se de uma palavra que significa «apoiar», «permanecer», um
elemento ou instrumento de apoio ou estabilização para algo. Fazemos isso
espiritualmente mediante o cultivo dos meios espirituais de desenvolvimento e
crescimento. A coragem aumenta e os propósitos espirituais são firmados e se
tornam frutíferos. (Comparar com I Ts 3:12; Sl 112:8; Jz 19:5,8). O verbo aqui
empregado é comum nas páginas do N.T. (Ver I Pe 5:10; II Ts 2:17; Lc 22:32; At
18:23 e Rm 1:11).
«...corações...» O homem interior, a alma, o homem essencial
está aqui em foco. Essa palavra, no N.T., quase sempre tem esse sentido, embora
ocasionalmente indique a expressão emocional ou intelectual da pessoa, porém,
sempre apontando para o ser essencial.
«...vinda do Senhor...» Trata-se da mesma «parousia» aludida no
sétimo-versículo. Saiba mais sobre PAROUSIA.
«...está próximo...» Os cristãos primitivos esperavam a segunda
vinda de Cristo para seu próprio período de vida. Todos os elementos deste
oitavo versículo estão contidos no versículo anterior, ilustram igualmente o
intuito do presente versículo, o qual foi escrito em confirmação das idéias do
versículo prévio.
É estranha
ao texto a interpretação que diz que o autor sagrado tencionava indicar a
«vinda providencial de Cristo» (na vida diária), a fim de aliviar os
sofrimentos, e não queria indicar o evento escatológico, embora ele também
tivesse feito isso. Antes, cada geração de crentes deve crer que Cristo pode
vir em seu próprio tempo, porquanto isso serve de base de consolo e
santificação.
5:9: Não vos queixeis irmãos, uns dos outros, para que não sejais
julgados. Eis que o juiz esta à porta.
«...Irmãos...» Uma chamada ao interesse mútuo, fraternal, em face do fato que
aqueles que prejudicam a outros membros da família cristã em breve serão
julgados por causa de tais ações.
«...queixeis...» No grego é «stenadzo», que significa
«queixar-se», «suspirar», «queixar-se contra», envolvendo criticas
prejudiciais. Esse verbo é freqüentemente usado na forma «steno»,
«suspirar»,.«queixar-se», e que tem um certo tom reforçado, em relação ao
outro, ou seja, «queixar-se muito». A raiz básica é «stenos», «estreito», «tribulação».
Portanto, não devemos pôr nossos irmãos em Cristo em «posição difícil»,
«oprimindo-o» com queixas e críticas. Alguns estudiosos vêem aqui a idéia de
«culpar a outrem pela aflição da era presente, que em breve terminará», mas tal
interpretação não parece própria ao contexto. Como poderia um crente culpar a
outro por causa disso? Antes, o descontentamento geral e a maledicência é que
estão em foco. Isso envolve ativamente, pelo menos, a «maledicência» contra
outros, em meio ao «juízo» contra eles, conforme se vê no décimo primeiro
versículo. O autor sagrado combate, em ambos os lugares, a atitude e as
expressões de «censura». Só existe realmente um que está qualificado a ser Juiz
dos motivos dos homens, chamando-os à prestação de contas por isso. Se censurarmos
aos outros,,isso deve ser feito com paciência e com a idéia de restaurar, e não
meramente de criticar.
«...para não serdes julgados...» A pessoa censuradora é um
elemento deletério(Que destrói ou danifica; prejudicial, danoso: Que corrompe
ou desmoraliza:), e não construtivo. E torna-se culpado por esse motivo; e,
visto que destrói, ao invés de edificar, está sujeito a severo juízo de Deus.
Encontramos a mesma idéia em Tg 2:12 e ss.; 5:12 e Mt 7:1.
Sempre será
verdade que obtemos aquilo que tivermos dado; colhemos aquilo que tivermos
semeado—encontramo-nos conosco mesmos. Se tivermos prejudicado a outros,
mediante o juízo e as criticas duras, nós mesmos haveremos de sofrer dano e
perda, na exata proporção dos males cometidos. Assim nos ensina a passagem de
II Co 5:10, acerca do tribunal de Cristo; e assim nos ensina a passagem de Gl
6:7,8, que ensina a lei da colheita segundo a semeadura. Nem mesmo o perdão dos
pecados pode fazer isso parar; o pecado perdoado, e a alma salva do dano maior,
não significa que escapamos dos «resultados» de nossos pecados. Seremos
julgados de acordo com o que tivermos praticado, de bem ou de mal, sem importar
o perdão dos pecados. O presente versículo não contempla o juízo no hades; mas
focaliza a prestação de contas, até mesmo no caso dos crentes. Nós, os crentes,
nos encontraremos conosco mesmos.
«O juiz está às portas...» Mui provavelmente, o «...juiz...», neste
caso, é Cristo, porquanto o «Senhor», referido no sétimo versículo, certamente
é ele. (Ver At 17:31 quanto a Cristo como «Juiz»).
Entretanto,
alguns estudiosos preferem pensar que ambas as referências são a Deus Pai,
porquanto, normalmente, ele é aludido nesta epístola como Juiz e Senhor. (Ver
Tg 4:12 quanto a Deus como Juiz). Outros ainda acreditam que Cristo está em
foco no sétimo versículo, mas que, no nono versículo, é Deus Pai (através da
segunda vinda de Cristo) que figura como juiz. Não há maneira absolutamente
segura de resolver a questão, e nem ela se reveste de grande importância. (Ver
Deus como Senhor, no quarto versículo do presente capítulo na lição 11). O
autor sagrado pode ter usado os termos, por todo este capítulo, querendo
indicar a pessoa de Deus Pai. Ou então, devido à menção da «parousia», nos
versículos sétimo e oitavo, que é obviamente de Cristo, e não de Deus Pai,
Cristo pode ser o Senhor e o juiz em ambos os casos, sem que o autor sagrado
nos dê qualquer explicação específica de que agora usava os termos para ó
Filho, e não para indicar a Deus Pai.
«...às portas...» Cristo está próximo do ato de entrar; e, por
assim dizer, já pode ser divisado. Esse é um símbolo dado para ilustrar a
«proximidade» da «parousia», conforme fica implícito nos versículos sétimo e
oitavo. Ele está tão próximo que nos segue com olhar atento, percebendo tudo quanto
fazemos, e nos considera responsáveis pelo que praticamos. Isso pode ser
comparado com a linguagem figurada de Ap 3:20, onde Cristo é visto a bater na
porta a fim de obter admissão a uma igreja local fria e formal.
Visto que a
vinda do Juiz está tão próxima, podemos deixar, com segurança, nas mãos dele,
todas as questões pertinentes ao juízo. (Ver Tg 4:11,12, onde há um severo
aviso contra aqueles que presumem tomar o lugar de Deus, fazendo-se juízes de
outros, quando, na realidade, só há um Juiz qualificado, que é igualmente o
único legislador.
«A íntima
aproximação do Juiz é motivo para suspendermos os nossos próprios juízos, e
isso impede de cairmos naquele pronto julgamento que nos sobrevirá se não
suspendermos tal hábito». (Alford, in loc).
«Nada serve
de freio mais eficaz, para nos entravar as nossas precipitações, do que
considerar que nossas imprecações não se desvanecem no ar, porquanto o juízo de
Deus está próximo». (Calvino, in loc, o da predestinação).
5:10: Irmãos, tomai como exemplo de sofrimento e paciência os profetas
que falaram em nome do Senhor.
«...Irmãos...» Outra chamada aos crentes, para que tomem consciência da conexão
com a família divina, o que envolve sérias responsabilidades.
«...sofrimento...» No grego é usado o termo «kakopatheia»,
«infortúnio», «miséria», «sofrimento» por causa de qualquer forma de mal. As
perseguições, provavelmente, devem ser incluídas nessa explicação. Tal palavra
pode significar «constância», nesse caso, a constância e a paciência nos são
recomendadas, sem qualquer alusão aos sofrimentos, ao infortúnio e às
perseguições; mas a maioria dos intérpretes prefere a idéia anterior. (Comparar
com Hb 11:36-38, quanto aos muitos tipos de sofrimentos e dificuldades que
tiveram de experimentar os santos da Antigüidade, os quais, desse modo, se
tornaram exemplos de como o crente deve suportar essas coisas, mediante o que
se pode obter bom testemunho, e através do que se pode entrar no mundo eterno e
obter elevado grau de glória).
«...paciência...» Melhor tradução seria
«constância», «resistência». Essa palavra também é usada nos versículos sétimo
e oitavo deste capítulo.
«.. .profetas...» Estão em foco os profetas do A.T., os
antigos heróis da fé, os quais deixaram o exemplo apropriado de piedade,
debaixo das pressões exercidas por este mundo hostil. (Ver Mt 5:12; 23:34,37;
At 7:52; Hb 11:33; I Ts 2:15; Lc 11:49; II Cr 36:16 quanto a esse tipo de
invocação ao exemplo dos profetas, a fim de ensinar-nos uma lição moral ou
espiritual). É digno de atenção que o exemplo dos sofrimentos de Cristo não é
mencionado, conforme se poderia esperar. Contraste-se isso com o que diz o
escritor da epístola aos Hebreus, o qual, após fazer muitas ilustrações com os
profetas do passado, ilustrou com o exemplo dado por Cristo (ver os capítulos
onze e doze da epístola aos Hebreus). Pedro, por semelhante modo, apresentou
Cristo como exemplo de como sé deve suportar os sofrimentos, em defesa do direito
(ver I Pe 2:21 e ss.).
«...os quais falaram em nome do Senhor...» O
«...Senhor...», agora, é Deus Pai, porquanto estamos pisando em contexto
vetotestamentário. O sofrimento dos profetas foi ocasionado pela proclamação
fiel da mensagem divina. «Aborreceis na porta ao que vos repreende, e abominais
o que fala sinceramente» (Am 5:10). Ficamos sabendo que os melhores servos de
Deus são os mais expostos aos abusos de homens ímpios e desvairados. Se isso
acontecer convosco, então deveis saber que estais em boa companhia e
participais da mesma esperança da glória eterna que eles tiverem. . (Comparar
com Dn 9:6; 20:9; 44:16 quanto à questão do «homem falando por Deus»).
«...nome...» O «nome» representa a autoridade e o poder da pessoa; é
expressivo de seu caráter distinto; o nome «identifica» a pessoa. Assim também
o «nome divino» significa a identificação do Deus dos céus; e isso subentende o
seu poder e a sua autoridade sobre os homens.
Alguns
homens têm o privilégio de representar «o Nome», ou seja, de falarem por Deus.
Parece que a idéia envolve mais do que o fato que a existência do A.T. lhes deu
o impulso de falarem. Antes, receberam revelações e a inspiração direta, a fim
de se tornarem porta-vozes autorizados de Deus.
Os
sofrimentos dos profetas: «...a vossa espada devorou os vossos profetas, como
leão destruidor» (Jr 2:30). «...viraram as costas à tua lei e mataram os teus
profetas, que protestavam contra eles, para os fazerem voltar a ti...» (Ne
9:26). «...os filhos de Israel deixaram a tua aliança, derribaram os teus
altares, e mataram os teus profetas à espada; e eu fiquei só, e procuram
tirar-me a vida» (I Rs 19:10). «Jerusalém, Jerusalém! que matas os profetas e
apedrejas os que te foram enviados!» (Mt 23:37). Qual dos profetas vossos pais
não perseguiram? Eles mataram os que anteriormente anunciavam a vinda do Justo,
do qual vós agora vos tornastes traidores e assassinos (At 7.52).
5:11: Eis que chamamos bem-aventurados os que suportaram aflições. Ouvistes da
paciência de Jó, e vistes o fim que o Senhor lhe deu, porque o Senhor é cheio
de misericórdia e compaixão.
«...felizes...» Tradução do termo grego «makarios», «feliz»,
«bem-aventurado»; mas, no N.T., tal termo se reveste da idéia de bem-estar
espiritual e Recompensa, e não meramente de uma forma de felicidade que depende
das circunstâncias. O bem-estar espiritual aparece aqui em primeiro plano,
porque Deus abençoa aqueles que se mostram sérios em sua inquirição espiritual,
até mesmo em face de séria oposição. Porém, está particularmente em vista a
recompensa dos céus, a vida eterna. Esse é o vocábulo usado no quinto capítulo
do evangelho de Mateus, onde Jesus apresenta várias «bem-aventuranças». E esse
vocábulo é comentado no trecho de Mt 5:3, onde são dadas a sua história e o seu
uso. Essas notas são úteis como ilustrações do presente texto.
«...perseveram...» No grego é «upomeno», «permanecer»,
«tolerar»; algumas vezes tem o sentido de «ser paciente»; e quase sempre tem a
idéia de «resistência paciente».
«...paciência de Jó...» A palavra aqui traduzida por «paciência» é
«upomone», forma nominal do verbo anterior. Significa «permanência»,
«constância», «perseverança». Ocasionalmente, porém, tem o sentido de
«paciência», conforme essa palavra é atualmente compreendida—isso é, uma espécie
de atitude que tudo suporta, esperando tranqüilamente por algo, sem qualquer
queixa. Mas dificilmente essa é a maneira pela qual a palavra é usada nas
páginas do N.T. Antes, está aqui em foco a idéia de «permanência paciente». Jó
dificilmente poderia ser chamado de «paciente», no sentido normal dessa
palavra.
Ele se
queixou amargamente e muito; não «esperou com paciência» que se modificassem as
suas circunstâncias; antes, ele agonizou continuamente debaixo das suas
circunstâncias. No entanto, Jó «perseverou»; e mostrou-se «constante» em sua
fé, a despeito de seu grande sofrimento físico, das zombarias de seus «amigos»,
e até das blasfêmias de sua esposa, que lhe recomendou amaldiçoar a seu Deus e
morrer. Foi esse o tipo de «constância» que Jó demonstrou supremamente, ,,
debaixo das mais adversas circunstâncias, mediante o que reteve sua fé em Deus.
«Eis que me
matará, já não tenho esperança; contudo, defenderei o meu procedimento» (Jó
13:15). Sob circunstancia alguma ele quis renunciar a Deus. (Ver Jó 1:21 ess.;
2:9 ess.; 13:15; 16:19 e 19:25 ess.).
O Ponto De
Vista Do Cínico
1. Satanás subestimou a Jó. Levou-o a queixar-se amargamente, mas pensou
que poderia destruí-lo, removendo dele as vantagens e os prazeres mundanos.
2. Tal como Satanás, os cínicos modernos duvidam das pessoas
espirituais, pondo em dúvida os seus motivos e a sinceridade de suas ações. Acima de
tudo, duvidam da realidade do mundo celestial que buscam.
3. Jó provou que a verdadeira espiritualidade pode resistir a
qualquer teste, e essa lição é desesperadamente necessária hoje em dia, em um
mundo que está às vésperas do período da tribulação final. Verdadeiramente,
Cristo tem feito diferença em algumas vidas! Aprendamos algo dessas vidas, e
imitemo-las. (Ver I Co 11:1 quanto à «importância do exemplo»).
4. O livro de Jó, acima de qualquer outra coisa, é um protesto
contra o ponto de vista cínico acerca da vida. É um
tratado contra aqueles que supõem que os valores da vida devem estar todos
vinculados às vantagens pessoais.
5. Muitos intérpretes ficam desapontados ante o final da narrativa, pois, como
galardão, Jó recebeu vantagens materiais, prosperidade, etc. As coisas
usualmente não terminam desse modo. Porém, aceitemos esse fato alegoricamente.
Há um grande galardão à espera dos fiéis. Suas obras «os seguem», determinando
sua glorificação e felicidade. (Ver Ap 14:13).
Alguns vivem
para um propósito superior àquilo que é normal para os homens ordinários.
«Podeis queimar meu corpo e espalhar-lhe as cinzas aos ventos dos céus; podeis lançar
minha alma às regiões das trevas, mas não podereis forçar-me a apoiar aquilo
que creio ser errado». (Abraão Lincoln).
Assim também
disseram os huguenotes (Designação depreciativa que os católicos franceses
deram aos protestantes, especialmente aos calvinistas, e que estes adotaram.)
franceses, debaixo da perseguição: «Estamos dispostos a sacrificar nossas vidas
e nossas propriedades ao rei, mas não podemos desistir de nossa consciência
diante de Deus».
"...que fim o Senhor lhe deu...» Isso está
registrado no quadragésimo segundo capítulo do livro de Jó. Ele recebeu em
dobro tudo quanto perdera; e terminou a sua vida terrena em meio ao conforto e
ao luxo. Alguns intérpretes ficam desapontados com essa conclusão; e supõem que
o fim do livro de Jó é apócrifo, porquanto dificilmente a vida termina desse
modo. Contudo, a mensagem do livro é assim salientada: Deus não se olvidou de
Jó, o qual triunfou, finalmente; e isso durante seu próprio período de vida
terrena. Na maioria dos casos, todavia, não é assim que termina esta existência
terrena. O décimo primeiro capítulo da epístola aos Hebreus mostra-nos que o
real consolo é a esperança da vida eterna. De fato, a fé consiste em confiarmos
nas realidades daquele mundo celestial, em que o crente se contenta em ser,
neste mundo, apenas um peregrino. A bênção dos justos dificilmente será
terrena, e certamente a recompensa deles é eterna, pertencente à dimensão
celeste, e jamais temporal em sua natureza.
«...que fim o Senhor lhe deu...» Certamente está em foco a
conclusão providenciada pelo Senhor, que pôs ponto final aos sofrimentos de Jó.
O «propósito» do Senhor, é o de tirar o bem do mal. Curiosamente, alguns
eruditos têm imaginado que aqui há uma alusão à morte de Cristo, pelo que «fim»
teria o sentido de «morrer»; mas isso está muito longe da realidade dó
contexto, ainda que consideremos que a ressurreição faz parte desse «fim».
Outros intérpretes crêem que, com esse termo, o autor sagrado acrescentou o
exemplo deixado por Cristo ao exemplo de Jó; porém se o autor sagrado assim
tivesse querido fazer, é muito difícil que tivesse ocultado seu pensamento em
uma alusão tão obscura e duvidosa. Não obstante, tal pensamento serve de
excelente ilustração para o texto. A recuperação de Jó, após seus sofrimentos,
quando entrou no bem-estar, foi um tipo de ressurreição, sem dúvida.
«...O Senhor é cheio de terna misericórdia...» Uma única
palavra grega é assim traduzida, e ela significa «pleno de misericórdia», «mui
gentil». A raiz desse vocábulo, «splagchnos», significa «órgãos vitais», como o
«coração»; mas algumas vezes estão incluídos os órgãos da cavidade inferior do
tronco do corpo humano, como os «intestinos». Os antigos associavam esses
órgãos às emoções, provavelmente devido à observação que as emoções afetam suas
funções. Usamos a palavra «coração» desse modo, em nossos próprios dias. O
«Senhor é cheio de coração»—e seu equivalente moderno seria «O Senhor tem um
coração terno». (Comparar com Ef 4:32, onde se lêem as palavras «...sede...
compassivos...», e onde é empregada a mesma raiz utilizada aqui).
A palavra
exata, na literatura sagrada, se acha somente em Hermas Sim. v. 7:4; Mand.
vi.3. A forma nominal da mesma se encontra em Hermas Vis. i.3:3; ii,2:8;
iv.2:3; Mand. ix.2; Justino Mártir, Dial. 55 . Porém, palavras derivadas da
mesma raiz, e com a mesma idéia, são de uso freqüente no N.T. Em sua forma
verbal, ela ocorre por doze vezes nas páginas do N.T.; e, em sua forma nominal,
ocorre por onze vezes, embora alguns de seus usos sejam literais, e não
simbólicos. Em Mt 9:36, onde é dito que Jesus teve profunda compaixão das
multidões, é empregado esse vocábulo.
«...compassivo...» No grego é «oiktirmon», isto é,
«misericordioso». Deriva-se de uma palavra que significa «dó». Deus tem dó
daqueles que o temem, tal como um pai tem dó de seus filhos pequenos. (Ver Sl
103:13).
Compaixão:
Há vários pontos que devemos considerar a respeito;
1. Era
qualidade necessária aos sacerdotes (ver Hb 5:2).
2.
Manifesta-se em favor dos sobrecarregados (ver Mt 11:28-30);
Em favor dos
que são fracos na fé (ver Is 40:11 e Mt 12:20);
Em favor dos
que são tentados (ver Hb 2:18);
Em favor dos
aflitos (ver Lc 7:13 e Jo 11:33,35);
Em favor dos que perecem (ver Mt 9:36 e Jo
3:16);
Em favor dos
pobres (ver Mc 8:2);
Em favor dos
enfermos (ver Mt 14:14 e Mc 1:41).
3. É um dos
atributos de Cristo (ver Mt 9:36), devendo ser duplicado nos crentes (ver Gl
5:22,23).
Visto que
Deus é quem possui supremamente essa qualidade, não admira que ele abençoe,
finalmente, àqueles que sofrem dor e tribulação, contanto que nele confiem.
Neste texto, também aprendemos que Deus tem um propósito nos sofrimentos, e que
nem sempre eles são um sinal de castigo contra o pecado.
Jó ocupa
elevado lugar de estima na literatura judaica; e um livro apócrifo foi escrito
em seu nome, «O Testamento de Jó». O autor sagrado concorda com essa avaliação,
e agora se utiliza de seu exemplo para ensinar uma lição espiritual.
«Despido de
todas as possessões terrenas, privado de todos os seus filhos, com um único
golpe, torturado no corpo por chagas, tentado pelo diabo, assediado por sua
esposa, caluniado pelos seus amigos, ele (Jó), entretanto, manteve firme a sua
integridade, resignando-se às dispensações divinas e nunca acusando totalmente
a Deus». (Adam Clarke, in loc).
O cristão
deve ter convicção na eficácia da oração = Tiago 5: 13-17
A oração e a
cura (5.13-18)
Tiago, à
semelhança de tantos outros escritores de cartas do Novo Testamento, conclui
sua homilia (Pregação em estilo familiar e quase coloquial sobre o Evangelho)
com um incentivo à oração. A oração é claramente o assunto deste parágrafo,
sendo mencionada em cada versículo. Tiago a recomenda para o indivíduo crente,
nas diferentes situações que este possa enfrentar (vv. 13-14), e também para a
comunidade (v. 16a). E ele incentiva tal oração, ao sublinhar os poderosos
efeitos de uma oração procedente de um coração justo (vv. 16b-18). Pode ser
observada alguma relação com o versículo 12, através do tema comum do falar com
referência a Deus (discursos maus, v. 12; e bons, vv. 13-18), mas Tiago nada
faz para sugerir tal associação. É mais plausível pensar que Tiago queira
recomendar a oração como uma grande fonte de forças para a aflição que os
leitores estão experimentando (veja o uso de kakopatheia tanto no versículo 10
como no 13). Entretanto, em essência o parágrafo é uma divisão independente.
13. "Orar em todo tempo" é a ordem de Paulo (Ef 6.18; 1
Ts 5.17).
De forma semelhante, Tiago exorta os crentes a orarem em qualquer situação em
que se encontrem. Eles devem orar se estiverem sofrendo. Kakopatheia, a mesma
palavra usada por Tiago no versículo 10 com referência aos profetas, é um termo
geral que denota a experiência de todo tipo de aflição e provação. Paulo usou a
forma verbal desta palavra, ao descrever sua prisão e exortar Timóteo a estar
pronto para passar pelo mesmo tipo de sofrimento (2 Tm 2.9; 4.5).
A oração a
ser oferecida pelos crentes em tais circunstâncias não é necessariamente em
favor do livramento das provações, mas por força para resistir a elas em
fidelidade. O crente também deve orar quando está alegre. Euthymeõ não se
refere a circunstâncias externas, mas à felicidade e alegria de coração que se
pode ter, tanto em tempos maus quanto bons. Paulo incentivou seus companheiros
de viagem a terem este sentimento de bem-estar, mesmo quando o navio deles
corria perigo iminente de destruição (At 27.22,25).
Quando nosso
coração está confortado, é muito fácil esquecermos que este contentamento, em
última análise, vem de Deus. Talvez por isso, mais do que quando estamos
sofrendo, devamos ser lembrados, em tempos de felicidade, de nossa alegre
obrigação de admitirmos o controle supremo de Deus sobre nossa vida. Tiago diz
que devemos fazer isto cantando louvores. A palavra que ele emprega, psaltõ,
lembra-nos da palavra em português, "salmo". Extraída de uma palavra
grega aplicada a um tipo de harpa, ela foi usada na Septuaginta para descrever
certos tipos de cânticos, especialmente os de louvor.
Aquele
louvor cantado estava intimamente relacionado com a oração (cf. 1 Co 14.15); na
verdade, ele pode ser considerado uma forma de oração.
14. A terceira circunstância na qual a oração deve aparecer com
proeminência é agora mencionada de modo específico: a doença. Entretanto,
neste caso, o crente enfermo não recebe ordens para orar, mas para convocar os
presbíteros da igreja, para que estes façam oração sobre ele. Os presbíteros
são mencionados no livro de Atos, em associação com a igreja de Jerusalém
(11.30; 15.2; 21.18) e as igrejas fundadas por Paulo (14.23; 20.17).
Embora, em
suas epístolas, Paulo se refira nominalmente aos presbíteros apenas em 1
Timóteo (5.17) e Tito (1.5), "bispo", mencionado no plural em
Filipenses 1.1 e no singular (provavelmente genérico) em 1 Timóteo 3.1, é quase
por certo um título diferente para a mesma função. Tanto Pedro (1 Pe 5.1)
quanto Tiago pressupõem a existência de presbíteros na igreja, demonstrando que
o ofício devia estar amplamente difundido na primeira igreja. É possível,
embora não haja certeza, que o ofício tenha sido extraído da sinagoga.
A partir do
papel proeminente dos presbíteros em Atos e da descrição do ofício nas
epístolas pastorais, pode se inferir que os presbíteros eram aqueles homens
espiritualmente maduros, responsáveis pela supervisão espiritual de cada
congregação local. Uma vez que os presbíteros efésios tinham de "pastorear"
seu rebanho (At 20.28), e "pastores" nunca são mencionados junto com
presbíteros, é provável que a função que conhecemos como a do
"pastor" ou "ministro" fosse cumprida pelos presbíteros.
Por isso, é natural que o crente que está sofrendo de alguma enfermidade deva
chamar os presbíteros.
Quando os
presbíteros chegam, eles devem orar sobre (epi) aquele que está doente. No
grego bíblico, apenas aqui proseuchomai (façam oração) é seguido por epi: isto
pode indicar simplesmente posição física, mas pode também subentender que as
mãos eram impostas sobre a pessoa doente (veja Mt 19.13). Esta oração deve ser
acompanhada de "unção com óleo" — provavelmente na mesma hora da
oração (considerando o particípio aoristo como contemporâneo, segundo faz a
maioria dos comentaristas), mas também é possível que seja um ato preliminar à
oração.
Esta unção
deve ser realizada em nome do Senhor, representando a autoridade divina com a
qual se pratica a unção (veja Atos 3.6,16; 4.7,10). Mas qual é o propósito
desta unção com óleo? No Novo Testamento, a prática é mencionada somente em
mais um caso: Marcos nos diz que os doze "expeliam muitos demônios e
curavam numerosos enfermos, ungindo-os com óleo" (6.13). Infelizmente, ali
não se oferecem explicações da prática maiores do que as de Tiago. De modo
geral, existem duas possibilidades principais para o propósito da unção.
Primeira, ela pode ter um propósito prático. O óleo era
largamente utilizado como remédio no mundo antigo. Na parábola de Jesus, ele
nos diz que o samaritano que parou para ajudar o homem que havia sido roubado e
espancado "pensou-lhe (Tratamento, sustento, limpeza, curativo, de
crianças ou animais) os ferimentos, aplicando-lhes óleo e vinho" (Lc
10.34). Outras fontes antigas atestam a utilidade do óleo na cura de qualquer coisa,
desde uma dor de dente até uma paralisia (Galeno, famoso médico do segundo
século recomendava o óleo como "o melhor dos remédios para a
paralisia" Mod. Temp., 2). Então, o que Tiago pode estar dizendo é que os
presbíteros devem se aproximar do leito do doente armados de recursos
espirituais e naturais — com oração e remédio. Ambos podem ser administrados
com a autoridade do Senhor e os dois podem ser utilizados por ele na cura do
doente. A dificuldade desta linha de pensamento é dupla.
Primeiramente,
não há evidências de que a unção com óleo fosse usada para qualquer problema
médico — e por que mencionar apenas um remédio (embora muito usado), se tantas
enfermidades diferentes podiam ser encontradas? Em segundo lugar, por que os
presbíteros da igreja deviam fazer a unção, se o propósito dela era somente
medicinal? Seguramente, outros já teriam feito isto, caso se tratasse de um
remédio apropriado para a doença.
Como um tipo
diferente de propósito prático, outros sugerem que a unção podia ser realizada
como expressão exterior e física de cuidado, uma forma de estimular a fé da
pessoa enferma. Algumas vezes, Jesus usou "acessórios" físicos em
suas curas, aparentemente apenas com este propósito. Mas, quando Jesus agia
assim, a ação física era especificamente apropriada à enfermidade, tal como
colocar as mãos sobre os olhos de um cego (Mc 8.23-26) ou seu dedo nos ouvidos
de um surdo (Mc 7.33). Simplesmente não há evidências de que a unção com óleo
fosse usada, de modo geral, com tal propósito.
Assim, é provável
que a unção com óleo tivesse um propósito religioso. Esta segunda explicação
principal da prática pode ser subdividida em dois tipos, de acordo com o fato
de a unção ser vista como detentora de significado sacramental Ou apenas
simbólico. A interpretação sacramental desta prática surgiu cedo na história da
igreja. Com base neste texto, a igreja grega antiga praticava aquilo que
chamava de "euchelaion" (uma combinação das palavras euchê,
"oração", e elaion, "óleo", os dois usados neste texto),
com o propósito de fortalecer o corpo e a alma do enfermo. A igreja do Ocidente
continuou esta prática por muitos séculos, usando também o óleo para unção em
outras ocasiões. Mais tarde, a igreja romana conferiu ao sacerdote o direito
exclusivo de realizar esta cerimônia e desenvolveu o sacramento da
"extrema unção". Este sacramento tem o propósito de remover qualquer
vestígio de pecado e fortalecer a alma da pessoa que está morrendo (a cura é
considerada apenas uma possibilidade).
O Concilio
de Trento (XIV, 1) encontrou a "sugestão" deste sacramento em Marcos
6.13 e sua "promulgação" em Tiago 5.14. É claro que este sacramento
desenvolvido tem pouca base no texto de Tiago: ele recomenda a unção com óleo
para qualquer doença e a associa com a cura, e não com a preparação para a
morte. Todavia, o óleo podia ser considerado um elemento com função
sacramental, à medida que atuava como um "veículo do poder divino".
Da forma como participar da Ceia do Senhor transmite ao crente um
fortalecimento na graça, assim a unção pode ser ordenada por Deus como um
elemento físico, através do qual ele opera a graça da cura no crente enfermo.
Nossa
atitude diante desta posição irá depender bastante de nossa visão geral acerca
de "sacramento". Mas pode ser questionado se uma prática mencionada
apenas uma vez no Novo Testamento (embora çf. Mc 6.13) pode possuir a
importância que esta linha de pensamento atribui à unção. É melhor, então,
pensar na unção com óleo como um ato simbólico. No Antigo Testamento,
freqüentemente a unção é o símbolo da consagração de pessoas ou objetos para o
uso e serviço de Deus. E embora, nestes textos, geralmente seja usado chriõ, é
provável que Tiago tenha escolhido aleiphõ por causa do ato físico envolvido
(veja, abaixo, Nota Adicional sobre aleiphõ e chriõ). Ao orarem, os presbíteros
podiam ungir a pessoa doente, a fim de simbolizar que ela estava sendo
"separada" para receber atenção e cuidado especiais de Deus.
Apesar de
Calvino, Lutero e outros expositores pensarem que a prática da unção, ao lado
do poder de cura, se limitou à era apostólica, é duvidoso se tal restrição pode
ser mantida. A recomendação de Tiago no sentido de que oficiais eclesiásticos
regulares realizassem a prática parece deixar subentendida sua validade
permanente para a igreja. Por outro lado, o fato de a unção de doentes ser
mencionada apenas aqui, dentre as epístolas do Novo Testamento, e também o fato
de que muitas curas foram realizadas sem unção demonstram que a prática não é
um acompanhamento necessário à oração pela cura. Os presbíteros que oram pelo
doente podem utilizá-la, e Tiago claramente recomenda a prática; mas eles não
precisam fazer isto.
Nota Adicional: aleiphõ e chrio (5.14)
A Bíblia
emprega duas palavras gregas que significam "ungir": chriõ e aleiphõ.
A opção de Tiago pela última, no versículo 14, pode ajudar nossa interpretação
de sua referência a "ungir com óleo".
Aleiphõ é
usada apenas vinte vezes na Septuaginta. Ezequiel é o único autor a usá-la no
sentido de "caiar" paredes (sete vezes, todas traduções do heb. tüh).
A palavra muitas vezes se refere ao ato de passar óleo na face ou no rosto com
propósitos higiênicos ou estéticos (nove vezes, geralmente com o termo hebraico
sük). Todavia, em quatro ocasiões o verbo tem um significado cerimonial.
O sentido
exato de Gênesis 31.13 não é claro, mas em Êxodo 40.15 (duas vezes) e Números
3.3, aleiphõ denota a unção cerimonial dos sacerdotes, por meio da qual eles
eram separados para o serviço de Deus.
Este último
sentido é também o sentido habitual de chriõ na Septuaginta. Na maior parte de
suas setenta e oito ocorrências, ele designa a "consagração" de
sacerdotes, de mobílias do santuário ou do rei de Israel. Apenas três vezes se
refere ao tratamento cosmético. De modo significativo, nenhuma palavra é usada
em relação a propósitos medicinais na Septuaginta.
No Novo
Testamento, é mantido o mesmo quadro geral. Chriõ tem sempre um sentido
metafórico, designando o ato especial de Deus separar a Jesus para seu
ministério (Lc 4.18 [ = Is 61.1]; At 4.27; 10.38; Hb 1.9 [ = SI 45.7]) ou a
consagração de Paulo ao ministério dele (2 Co 1.21). Assim como na Septuaginta,
aleiphõ aplica-se, na maior parte dos casos, à unção cosmética ou higiênica (Mt
6.17; Mc 16.1; Lc 7.38,46 [duas vezes]; Jo 11.2; 12.3). Entretanto, é possível
que a palavra tenha algumas implicações simbólicas no relato da unção de Jesus
(Jo 11.2; 12.3).
A
importância destes dados para Tiago 5.14 não é totalmente clara. Por um lado,
pode ser argumentado que chriõ é a palavra que, com maior freqüência, tem
implicações simbólicas e que, se Tiago tivesse tal significado em vista, ele
provavelmente a teria escolhido. Todavia, por outro lado, nenhuma palavra é
usada nas Escrituras com um sentido medicinal (deixando de lado, por ora, Mc
6.13 e Tg 5.14). Em Lc 10.34, onde óleo (elaion) tem claramente um uso
medicinal, é usado o verbo epicheõ, "aplicar". Portanto, Tiago
provavelmente optou por usar aleiphõ aqui, porque é a palavra neotestamentária
que descreve o ato físico, de ungir; no Novo Testamento, chriõ nunca se refere
à unção física.
Mas, apesar
de Tiago descrever uma ação claramente física, não é necessário eliminar dela
todo significado simbólico. Como já vimos, na Septuaginta, aleiphõ é empregado
em equivalência a chriõ, aplicando-se à consagração de sacerdotes (Ex 40.15;
cf. chriõ em 40.13; Nm 3.3). (Josefo pode também usar aleiphõ com sentido
simbólico, paralelamente a chriõ; compare Antiguidades 6.165 com 6.157.)
É melhor,
então, considerar a unção referida por Tiago como um ato físico com significado
simbólico. Uma vez que o simbolismo da "unção" está geralmente
associado com a separação ou consagração de alguém ou alguma coisa para Deus,
provavelmente devamos entender isto como o simbolismo pretendido na ação. Os
presbíteros, ao orarem pela pessoa doente, também a separam para receber
atenção especial de Deus.
15. Apesar de a unção com óleo, devido a seu significado incerto,
naturalmente atrair bastante atenção, devemos nos lembrar de que a principal
preocupação de Tiago nestes versículos é a oração. Isto é
refletido pelo fato de Tiago atribuir a cura prevista à oração dos presbíteros,
não à unção. A oração é denotada com uma palavra incomum, euche, que conota um
desejo ou petição forte, fervoroso (veja o emprego do verbo euchomai em Atos
26.29; 27.29; Rm 9.3). Mas o que torna a oração eficaz não é o fervor ou a
freqüência — é a fé. Fé, em 1.6-8, onde Tiago também discute a eficácia da
oração, refere-se a um compromisso inabalável e sincero com Deus.
Uma vez que
são os presbíteros que fazem esta oração, é claro que aqui a referência é à fé
que eles têm. Tiago descreve dois resultados da oração da fé: o enfermo será
"salvo" e o Senhor o levantará. Salvar (sõzõ), no Novo Testamento,
geralmente se refere ao livramento da morte espiritual, e alguns eruditos
pensam que, aqui, este também é o sentido de Tiago. De fato, eles sugerem que
todo o trecho dos versículos 14-16a pode ser sobre a restauração à saúde
espiritual, em lugar da saúde física.
Mas a
linguagem de Tiago é bastante específica para dar margem a esta interpretação;
é claro que ele está pensando, pelo menos basicamente, na cura física. A
palavra sõzõ é certamente apropriada como descrição da restauração da saúde e
neste sentido é usada freqüentemente nos evangelhos. De forma semelhante, levantará
(egeirõ) é usado para descrever o vigor físico renovado daqueles que foram
curados (Mt 9.6; Mc 1.31; At 3.7). Por isso, o quadro é de presbíteros orando
"sobre" o "doente" no leito, e o Senhor intervindo para
"levantá-lo" dali.
A introdução
de Tiago ao tópico do pecado neste ponto é, sem dúvida, ocasionada pela crença
comum de que a doença era causada por pecado. Mas o uso que Tiago faz de e se
(kan) torna claro que ele não acredita que a doença seja necessariamente
resultado de pecado e, neste ponto, é lógico, ele está seguindo o ensino de
Jesus (cf. Jo 9.2-3). Por outro lado, o Novo Testamento mostra com clareza que
a doença e a morte podem ser causadas por pecado (Mc 2.1-12; 1 Co 5.5 (?);
11.27-30), e é a esta eventualidade que Tiago se refere neste ponto. Isto não
deve ser explicado segundo as linhas das modernas descobertas acerca das
relações entre doenças físicas e psicológicas. O que Tiago associa com a doença
é o pecado, não instabilidade emocional ou desarranjos psicológicos.
Tiago não
introduz nenhuma qualificação para as promessas neste versículo: a oração da fé
salvará o enfermo, e seus pecados ser-lhe-ão perdoados. Será que isto significa
que uma oração por cura, oferecida com fé, será infalivelmente eficaz? Como já
vimos, algumas pessoas sugerem que é assim mesmo, mas limitaram tais curas
miraculosas à era apostólica.
Mas nada no
texto sugere esta restrição. Uma observação mais útil é notar que o lembrete
específico de Tiago é no sentido de que a oração deve ser a oração da fé. Esta
fé, apesar de certamente incluir a idéia de confiança na capacidade que Deus
tem de responder, também envolve uma confiança absoluta na perfeição da vontade
de Deus. Assim, uma verdadeira oração de fé sempre inclui um reconhecimento
tácito (Silencioso, calado. Em que não há rumor; Que não se exprime por
palavras; subentendido, implícito) da soberania de Deus em todas as questões; é
a vontade de Deus que deve ser feita. E é claro que, indubitavelmente, a
vontade de Deus nem sempre é de curar aqueles que estão enfermos (cf. 2 Co
12.7-9). Portanto, a "fé", condição indispensável para a resposta à
nossa oração pedindo cura — esta fé, sendo dom de Deus — pode estar de fato
presente apenas quando a vontade de Deus é de curar.
16a. Como conseqüência (oun) da promessa de que Deus responde à
oração (vv. 14-15a) e perdoa pecados (v. 15b), os crentes
devem se comprometer a confessar seus pecados uns aos outros e a orar uns pelos
outros. A mútua confissão de pecados, que Tiago incentiva como uma prática
habitual (isto é sugerido pelo tempo presente do imperativo), é altamente
benéfica para a vitalidade espiritual da igreja. Isto foi visto na época do
movimento "metodista", na Inglaterra do século XVIII. A
"regra" sugerida para pequenas reuniões de crentes, que abasteciam
espiritualmente aquele movimento, tinha como princípio o incentivo à mútua
confissão e oração, a partir de Tiago 5.16a.
Que tipos de
pecados devem ser confessados? Pode ser que Tiago esteja pensando apenas
naqueles pecados que tenham causado dano a outras pessoas (cf. Mt 5.25-26). Mas
o final da sentença torna provável que estejam em vista especificamente aqueles
pecados que podem ter causado a doença. Para serdes curados expressa o
propósito da confissão mútua e da oração. Muitos consideram esta "cura"
como de natureza espiritual ou, talvez, uma cura geral, incluindo as esferas
física e espiritual. Neste caso, o versículo 16a deve ser encarado como uma
dedução geral extraída da situação específica dos versos 14-15.
Mas é melhor
considerar esta sentença como uma exortação final na discussão da doença
física. Isto se deve ao fato de o verbo "curar" (iaomai) ser
consistentemente aplicado a aflições físicas. Seguramente, ele é usado na
Septuaginta para descrever a cura do pecado da infidelidade (cf. Dt 30.3; Is 6.10;
53.5; Jr 3.22), mas, em geral, naqueles contextos este pecado já fora
explicitamente comparado a uma "ferida". No Novo Testamento, iaomai é
usado em aplicação espiritual apenas em citações destes textos do Antigo
Testamento. Portanto, uma vez que o propósito da confissão e oração é a cura
física, é melhor entender a confissão como estando a envolver quaisquer pecados
que possam colocar obstáculo à cura, e as orações como sendo especificamente em
favor da cura das aflições corporais.
É digno de
nota que, enquanto no versículo 14 os presbíteros devem orar pela cura, aqui
toda a igreja deve estar envolvida na oração pelo restabelecimento. Segundo
Davids, Tiago "generaliza conscientemente, tornando o argumento de 5.14-15
um princípio geral de medicina preventiva...". Este versículo demonstra
que o poder para a cura está investido na oração, não no presbítero. E, embora
seja apropriado que aquelas pessoas encarregadas da supervisão espiritual da
comunidade sejam chamadas para interceder pelos seriamente enfermos, Tiago
deixa claro que todos os crentes têm o privilégio e a responsabilidade de orar
pela cura.
Nota
Adicional acerca da Cura
Tiago
5.14-16 é a única passagem nas epístolas neotestamentárias a tratar diretamente
da questão da cura física. Então, é apropriado que se acrescentem alguns
comentários ao texto e se reflita um pouco mais sobre o assunto da cura. Há
vários pontos a se considerar.
a. A cura física e a cura espiritual. Como já
vimos, algumas pessoas argumentam que o texto não tem absolutamente nada a ver
com a cura física, mas, sim, com a restauração espiritual. Elas afirmam que
astheneõ, no versículo 14, pode significar "espiritualmente fraco" (1
Co 8.11; 2 Co 13.3), da mesma forma que kamriõ, usado no versículo 15 (cf. Hb
12.3). E salvará (sõzõ), levantará (egeifõ) e curados (iaomai) são usados para
descrever a restauração à vitalidade espiritual.
Aparecendo
num contexto onde os perigos da letargia (Estado patológico observado em diversas
afecções do sistema nervoso central, como encefalites, tumores, etc.,
caracterizado por um sono profundo e duradouro do qual só com dificuldade, e
temporariamente, pode o paciente despertar. Estado de insensibilidade
característico do transe mediúnico. Sono profundo.) e negligência espirituais
são bem reais (cf. 5.7-11), uma exortação para que os presbíteros orem pelos
oprimidos e fracos na fé seria inteiramente apropriada.
Apesar de
tudo isto ser verdade, a linguagem de Tiago torna impossível a eliminação da
dimensão física. Primeiro, embora astheneõ possa denotar fraqueza espiritual,
este sentido é geralmente esclarecido por um qualificador (cf. Rm 14.1,
"na fé"; 1 Co 8.7, "consciência") ou pelo contexto. Além
disso, no material mais importante para Tiago, os evangelhos, astheneõ quase
sempre se refere à doença. O mesmo vale para kamriõ. E iaomai, quando não usado
numa citação do Antigo Testamento, no Novo sempre se aplica à cura física. Além
disso, é importante o fato de que, no Novo Testamento, a única outra menção de
"ungir com óleo" apareça numa descrição de cura física (Mc 6.13).
Então,
aceito o fato de que a cura física está em vista, é possível que esteja
envolvida a restauração espiritual? Muitos pensam que este é o caso no
versículo 16a; outros acham que a "salvação", no verso 15, pode ser
deliberadamente ampla e incluir tanto a dimensão física quanto a espiritual.
Por isso, mesmo que a oração da fé não traga a cura, ela pode trazer a salvação
do pecado. Mas esta idéia não se encaixa bem no texto. Em primeiro lugar, a
salvação nunca é vista como resultado de oração, no Novo Testamento.
Em segundo
lugar, conferir dois significados diferentes, embora afins, a
"salvar" e "levantar" é um desrespeito a um princípio
cardinal de semântica: nunca dar a uma palavra mais significado do que requer o
contexto; e devemos ser cautelosos em acrescentar uma referência desnecessária
ao livramento espiritual. Vários elementos do texto exigem uma ligação com a
cura física; todas as coisas no texto fazem sentido como descrições da cura
física. Assim, provavelmente, o significado do texto deva ser limitado à cura
física;
b. De quem é a cura?A resposta de Tiago a esta pergunta é clara:
"o Senhor o levantará". Em nenhum lugar o Novo Testamento sugere
qualquer outra resposta. Os apóstolos, ao "curarem" as pessoas,
deixavam claro que faziam aquilo somente através do poder e da autoridade do
Senhor Jesus (At 4.7-12). Paulo falou do "dom" de cura (1 Co 12.9,
28), mas este dom, como todos os outros, era permitido e dirigido pelo Espírito
que o deu. Entretanto, é interessante que, enquanto Paulo fala de um dom de
cura, Tiago refere-se apenas aos presbíteros que oram pela cura. Não havia
outras pessoas que possuíam o dom de cura nas igrejas de Tiago? O poder de cura
é limitado por Tiago a certos detentores de cargos eclesiásticos?
Estas
perguntas são de difíceis respostas e nos envolvem na questão maior acerca da
relação entre ministérios "carismáticos" e "organizados" no
Novo Testamento. Contudo, em breves palavras, parece que as primeiras igrejas
diferiam no grau em que certos dons eram manifestados. Na verdade, a igreja de
Corinto parece ter sido uma exceção no Novo Testamento, uma vez que apenas ali
ficamos sabendo dos dons "espetaculares" como "curas" e
"milagres" (contraste Rm 12.6-8 e Ef 4.11).
A
"organização" eclesiástica não deve ser considerada como depreciadora
dos dons ou omissa acerca deles, mas como um meio útil de reconhecimento e
manifestação dos dons para a edificação da igreja. Os presbíteros eram aqueles
líderes espirituais reconhecidos por sua maturidade na fé. Portanto, é natural
que eles, com sua rica e profunda experiência, fossem chamados para orar pela
cura. Eles, mais que as outras pessoas, deviam ser capazes de discernir a
vontade do Senhor e orar com a fé que reconhece e recebe de Deus a dádiva da
cura. Ao mesmo tempo, Tiago esclarece que a igreja, como um todo, deve orar
pela cura (v. 16a).
Desta forma,
embora não negue que algumas pessoas na igreja possam ter o dom da cura, Tiago
incentiva todos os cristãos, e especialmente aqueles encarregados da supervisão
pastoral, a serem ativos na oração pela cura.
c. Em que condições Deus cura? Talvez não exista maior desafio
à fé do que aquele que surge quando orações fervorosas e diligentes a favor de
nossa cura e de outras pessoas não são atendidas. Em tais situações surgem
várias perguntas persistentes.
Qual pecado
da pessoa doente impediu a cura? Não há dúvida de que isto, algumas vezes, pode
acontecer. Paulo diz especificamente que alguns cristãos coríntios adoeceram e
morreram, por causa do abuso praticado na Ceia do Senhor (1 Co 11.30). Em
tempos de enfermidade, é apropriado examinarmos nossa vida espiritual, a fim de
vermos se algo não está errado; e, com amor pastoral, incentivar outras pessoas
a fazerem o mesmo.
Tiago diz que a confissão do pecado pode levar à cura (v. 16). Por outro
lado, ele também esclarece que nem toda doença é causada por pecado (veja o
comentário ao versículo 15). A idéia de que precisa haver uma correspondência
direta entre pecado e doença é evidentemente rejeitada pelas Escrituras (cf.
Jó; Jo 9.2-3). Portanto, nem sempre, e talvez nem geralmente, um pecado
específico faz que as orações por cura deixem de ser atendidas.
Será que a
falta de fé impediu a cura? Eu, ou aqueles que por mim oraram, não creram com
suficiente profundidade? Como já vimos, Tiago especifica claramente que é à
"oração da fé" que Deus responde. Então, ele parece deixar
subentendido que a falta de fé é um obstáculo à operação de cura realizada por
Deus. Mas devemos observar cuidadosamente o que isto quer dizer. A fé exercida
na oração é a fé no Deus que, de mo¬do soberano, realiza sua vontade.
Quando
oramos, nossa fé deve necessariamente incluir esta admissão, implícita ou
explícita, dos soberanos propósitos da providência divina. É possível que, às
vezes, recebamos o discernimento acerca da sua vontade em circunstâncias
específicas e oremos com absoluta confiança de que o plano de Deus é atender a
nosso pedido.
Mas é lógico
que casos assim são bem raros — mais raros do que nossos desejos emocionais e
subjetivos podem nos levar a pensar. Assim, a oração pela cura precisa
geralmente se qualificar por um reconhecimento de que a vontade de Deus naquele
assunto é suprema. E está bem cla¬ro no Novo Testamento que Deus nem sempre irá
curar o crente. A própria oração de Paulo em favor de sua cura, feita três
vezes, não foi respondida; Deus tinha um propósito em permitir que o
"espinho na carne", aquele "mensageiro de Satanás", fosse
mantido (2 Co 12.7-9).
Desta forma,
o que estamos afirmando é que a fé com a qual oramos é sempre fé no Deus cuja
vontade é suprema e melhor; apenas algumas vezes esta fé inclui a certeza de
que um pedido em particular está dentro daquela vontade. É exatamente esta
qualificação que se requer para a compreensão da própria promessa de Jesus:
"Se me pedirdes alguma coisa em meu nome, eu a farei" (Jo 14.14).
Pedir "em nome de Jesus" não significa simplesmente proferir seu
nome, mas levar em conta sua vontade. Apenas aqueles pedidos feitos
"segundo esta vontade" estão garantidos.
A oração
pela cura, oferecida na confiança de que Deus irá responder à oração, realmente
traz a cura; mas esta fé, um dom de Deus, estará presente apenas quando a cura
for da vontade de Deus. Por mais dotados, insistentes ou justos que sejamos,
esta fé não pode ser "fabricada". Nesta vida, na maioria das vezes,
não teremos capacidade de saber se a vontade de Deus é de curar; nem sempre
seremos capazes de sentir se está presente aquela "fé" que obtém o
que pede. Portanto, quando nossas orações sinceras e fervorosas em favor da
cura não são atendidas, o problema não está em nossa falta de fé; está faltando
o contexto no qual aquela fé poderia estar presente.
16b. O lembrete de Tiago acerca do grande poder da oração, na última
parte do versículo 16, fornece a base para as exortações à oração, feitas nos
versículos 13-16a. O poder da oração não está limitado aos
"super-santos"; o justo designa apenas uma pessoa sinceramente
comprometida com Deus e que, de coração, busca fazer sua vontade. Aqui, Tiago
aplica uma terceira palavra para "oração" (ARC; deêsis), mas
aparentemente ele a usa sem fazer qualquer distinção de sentido em relação às
outras duas palavras usadas neste parágrafo (cf. proseuchomai nos vv. 13,14,
17-18; euchomai nos vv. 15-16a).
Para
enfatizar a força da oração, Tiago acrescentou dois qualificadores ao verbo
"poder" (pode): a oração pode "em quantidade", muito
(poly), e "em sua operação", por sua eficácia (energoumeriê). A
última palavra, um particípio, pode ser passiva ou média. Se passiva, devemos
traduzir "a oração é muito poderosa quando energizada (por Deus ou pelo
Espírito)". Daí, seria introduzida uma qualificação específica sobre a
eficácia da oração do ponto de vista da vontade de Deus. Entretanto, é mais
provável que o particípio seja médio (como pressupõe a maioria das traduções
modernas), com o significado "a oração é muito poderosa em sua operação,
ou em seu efeito".
17-18. Como exemplo de um homem justo, cujas orações tiveram
grande efeito, Tiago menciona Elias. O profeta, cujos feitos foram tão
espetaculares, e cuja "morte" foi tão extraordinária, era uma das
mais populares figuras entre os judeus. Ele era exaltado por seus milagres
poderosos e denúncias proféticas do pecado.
Entretanto,
acima de tudo, ele era esperado como o ajudador em tempos de necessidade, cuja
vinda iria preparar o caminho para a era messiânica (Ml 4.5-6; Eclesiástico
48.1-10; Mc 9.12; Lc 1.17). Contudo, o que interessa a Tiago não são os dotes
proféticos especiais de Elias ou seu lugar único na história, mas o fato de
que, embora sendo homem semelhante a nós, sua oração teve grande eficácia.
Tiago enfatiza o fervor da oração de Elias, ao usar uma construção
"cognata" de influência semítica: literalmente "em oração, ele
orou". Ele deseja que seus leitores reconheçam que este poder da oração
está à disposição de todos que, sinceramente, seguem o Senhor — não apenas a
algumas pessoas.
A situação
descrita por Tiago está registrada em 1 Rs 17-18. A seca foi proclamada por
Deus, através de Elias, como um meio de punição contra Acabe e Israel, por sua
idolatria. Apesar de o Antigo Testamento não declarar que Elias orou para que
ocorresse a seca, 1 Rs 18.42 retrata-o orando pelo fim dela, e é legítima a
inferência de que ele também orou pelo seu começo. De forma semelhante,
provavelmente devamos considerar os três anos e seis meses, especificados por
Tiago (cf. também Lc 4.25), como um número mais exato dos "três anos"
redondos de 1 Rs 18.1.
Talvez
"três anos e seis meses" tenha sido sugerido por causa de suas
associações simbólicas com um período de julgamento (Dn 7.25; cf. Ap 11.12;
12.14). Mas, à vista do fato de que o Antigo Testamento nunca faz uma menção
específica da oração de Elias pedindo a seca, por que Tiago teria escolhido
isto como seu exemplo — particularmente por haver outros exemplos de oração de
Elias muito mais conhecidos (o fogo que consumiu o sacrifício no Monte Carmelo)
ou por serem mais apropriados ao contexto de Tiago (a ressurreição do filho da
viúva)? É possível que Tiago pretenda que vejamos no solo morto que volta à
vida uma analogia da enfermidade do crente que tem sua saúde restaurada
(Davids), que veremos seu comentário na ajuda 2. Por outro lado, existem sinais
de uma tradição que associava a seca com a oração de Elias (Eclesiástico
48.2-3; 2 Esdras 7.109), e é provável que Tiago tenha feito esta escolha
simplesmente por se tratar de uma ilustração conhecida.
A
IMPORTANCIA DA CONVERSÃO DE UM IRMÃO
ORAÇÃOS IMPORTANTES SEGUNDO TIAGO
A. Pelos desviados e não crentes (v. 5:
19,20) o verbo desviar aqui significa “perambular” é
aquele que vai afastando aos poucos, apostatando da fé. Infelizmente temos
visto esta tragédia acontecer em nossas igrejas todos os dias; pessoas que já
atuaram na obra, já foram fortes espirituais, hoje estão agonizando
espiritualmente. Tiago reforça a idéia de que a igreja precisa levantar seus
caídos, isto não é serviço só do pastor ou da diretoria, uma atitude normal do
corpo quando está vivo é recuperar seus membros enfermos.
a) A igreja precisa acordar para sua
missão maior na terra que ganhar almas I Cor.9:16. “Porque, se anuncio o evangelho, não tenho de que me gloriar, pois me é
imposta essa obrigação; e ai de mim, se não anunciar o evangelho!”
b) Se você não incomoda com o fato de
entrar ano e sair ano e você não ganhar uma pessoa para Jesus, sua igreja não cresce no que depender de você, ore a Deus, peça para
ele mudar isto em você. Jesus comparou o evangelismo com o semear e colher
(Jo.4:34-38) quando você ganha almas, ajuda sua igreja crescer, Deus te
recompensa com bênçãos e que são muitas.
Conclusão.
Conclusão.
Com isto chegamos ao fim do estudo da carta de Tiago. Suas ênfases foi sobre a maturidade espiritual. É portanto um bom momento para examinarmos a nós mesmo e ver como está nossa maturidade, respondendo as seguintes perguntas:
1) Estou me tornando cada vez mais paciente em meio as provações da
vida?
2) Brinco com a tentação ou lhe resisto desde o principio?
3) Alegro me em obedecer a palavra de Deus ou simplesmente a estudo intelectualmente?
4) Estou preso a algum tipo de preconceito?
5) Sou capaz de controlar minha língua?
6) Sou um pacificador ou um agitador? As pessoas me procuram em busca de orientação espiritual?
7) Sou amigo de Deus ou do mundo?
8) Faço planos sem considerar a vontade de Deus?
9) Tratando se de dinheiro, sou egoísta? Sou fiel no pagamento das contas e do dizimo?
10) Dependo naturalmente da oração quando me encontro em dificuldade?
11) Sou uma pessoa que os outros procuram para pedir oração?
12) Qual minha atitude em relação aos irmãos desviados ou desviandos? Critico, faço fofoca a seu respeito ou procuro restaurá-lo em amor? Não devemos apenas envelhecer, mas sim crescer.
2) Brinco com a tentação ou lhe resisto desde o principio?
3) Alegro me em obedecer a palavra de Deus ou simplesmente a estudo intelectualmente?
4) Estou preso a algum tipo de preconceito?
5) Sou capaz de controlar minha língua?
6) Sou um pacificador ou um agitador? As pessoas me procuram em busca de orientação espiritual?
7) Sou amigo de Deus ou do mundo?
8) Faço planos sem considerar a vontade de Deus?
9) Tratando se de dinheiro, sou egoísta? Sou fiel no pagamento das contas e do dizimo?
10) Dependo naturalmente da oração quando me encontro em dificuldade?
11) Sou uma pessoa que os outros procuram para pedir oração?
12) Qual minha atitude em relação aos irmãos desviados ou desviandos? Critico, faço fofoca a seu respeito ou procuro restaurá-lo em amor? Não devemos apenas envelhecer, mas sim crescer.
Bibliografia
J. Moo
Bibliografia
Champlin
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