OS IMPÉRIOS
MUNDIAIS E O REINO DO MESSIAS
TEXTO ÁUREO = “E o reino, e o domínio, e a majestade dos remos debaixo de todo
o céu serão dados ao povo dos santos do Altíssimo; o seu reino será um reino
eterno, e todos os domínios o servirão, e lhe obedecerão”(Dn 7.2 7).
VERDADE PRÁTICA = Enquanto os impérios humanos caem, o Reino
de Deus se expande através de Jesus Cristo.
LETURA
BIBLICA = Daniel 7: 3-8, 13,14
INTRODUÇÃO
Daniel 7 conclui a seção aramaica do livro (veja comentários em
1.1-2) e encerra as mensagens relacionadas aos poderes pagãos mundiais. Em certo
sentido, esse capítulo serve de ponte entre a seção gentia e a seção judaica
seguinte. A primeira seção, expressa na língua das terras onde Israel e Judá
estavam exilados, levou a palavra de Deus aos imperadores e impérios dos
gentios. A segunda, na língua da promessa ao povo da promessa, levou a palavra
infalível de Deus ao remanescente de Israel. A perspectiva da primeira é a
ordem mundial gentia. A perspectiva da segunda seção apresenta o Reino de Deus
em primeiro plano, ainda que em conflito com as forças do mundo. Assim, esse
sétimo capítulo faz convergir as duas perspectivas, a terrena e a celestial.
Junto com o capítulo 2, ele tem sido definido como o coração da mensagem de
Daniel.
A VISÃO DOS QUATRO ANIMAIS
O Sonho De Daniel Com As Quatro
Bestas E Sua Interpretação, 7:1-14
7: 1 - Enquanto no capítulo 2 o
sonho era de Nabucodonosor, registramos aqui o sonho de Daniel. Em muitos aspectos, estes sonhos são paralelos; de fato, o
sonho de Daniel parece dar ampliação e entendimento tanto a Daniel 2 como a
Apocalipse 13. Estes capítulos fornecem uma chave para o entendimento do livro
de Apocalipse.
7:2-3 - Quatro grandes animais
vieram do mar, cada uma diferente da outra.
Estas quatro bestas são identifica das como quatro reinos (7:17, 23). O
"mar" parece representar a massa humana da sociedade (Isaías 17:12;
Apocalipse 17:15). Os "ventos" são forças usadas por Deus para
comandar e até mesmo para destruir (Jeremias 49:36; 51: 1).
Os animais e a imagem de
Nabucodonosor (7.1-3). No primeiro ano de Belsazar
(1) seria quatorze anos antes da queda do reino Babilônico. O sonho de Daniel
sobre a ordem das coisas futuras lançou a vista do tempo em que o profeta se
encontrava, mais de cinco séculos antes do nascimento de Cristo, até a nossa
era e até o fim dos tempos. Da sua perspectiva, rodeado por uma escuridão
silenciosa da noite (2), emergiu uma figura violenta e furiosa - tempestuosos
ventos do céu, animais rugindo (3) subindo das águas, espalhando-se pela terra,
um após o outro.
Os ventos do céu agitando o mar é uma figura ilustrativa das
duas dimensões da realidade na história. Há a existência terrena de pessoas e
nações representada pelo mar agitado e a terra sólida. Há a ordem celestial,
sobrenatural. Os dois domínios estão envolvidos no curso dos afazeres humanos,
e entre eles e dentro deles há um conflito dinâmico de forças.
Há um paralelo impressionante entre a visão de Daniel descrita
aqui e a visão de Nabucodonosor da grande imagem. Na verdade, elas claramente
retratam as mesmas realidades históricas, embora de pontos de vista diferentes.
O capítulo 2 retrata a história como Deus permitiu que um monarca pagão a
vislumbrasse. A imagem continha elementos da própria situação de Nabucodonosor.
Na visão de Daniel compartilhamos da concepção de um homem de Deus que consegue
captar um vislumbre da perspectiva de Deus. Nabucodonosor viu a ordem mundial
elevando-se em uma magnificência esplendorosa, um colosso dourado cintilante,
mas Daniel viu a mesma substância em forma de animais temerosos e vorazes.
Stevens percebe a relevância do símbolo da bestialidade sendo
aplicado aos tiranos da história. "Devemos nos curvar em respeito diante
dessa manifestação avaliadora divina sobre o caráter do governo imperial do
mundo. Quais são os atributos dos animais? Guardar o que é seu a qualquer
custo; brigar por aquilo que não têm, mas que querem ter; voar e procurar a
violência, sedentos de sangue a qualquer provocação [.,,] inclinados a sentir o
máximo de satisfação no sangue, na agonia, na perda e na morte dos objetos da
sua fúria [...] Deus anteviu esse espírito predominante nos impérios mundiais
até o fim. Na verdade, esse é o verdadeiro espírito do império mundial. E o
militarismo é o seu instrumento indispensável".15 Verdadeiramente, "o
SENHOR não vê como vê o homem" (1 Sm 16.7).
7:4 - A primeira besta era como
um leão com asas de águia, mas lhe foi dado uma mente de homem. Esta
representaria a Babilônia (veja Daniel 2:37-38).
O leão com asas (7.4). A identificação dos três primeiros animais parece claramente um
paralelo com a interpretação de Daniel da imagem do capítulo 2. O leão com asas
de águias [...] foi levantado [...] e posto em pé como um homem e recebeu um
coração de homem.
Essa imagem provavelmente representa Nabucodonosor como a grande
personificação do império babilônico. Sua degradação é sugerida pelo despojar
das asas, e sua restauração pelo presente de um coração e a postura ereta de um
homem. O rei dos animais é representado pela força e ferocidade, e o rei das
aves, pela graça, agilidade e voracidade; combinados retratam o poder e a
grandeza régia desse rei e de seu reino.
7:5 - O segundo animal era como
um urso levantando-se sobre um de seus lados, com três costelas entre os
dentes. Como este corresponde ao sonho de
Nabucodonosor, representa o império medo-persa (Daniel 2:39; também 8:3, 20).
O urso desajeitado (7.5). O segundo animal, semelhante a um urso, "tendo sua pata
levantada, pronto para atacar" (Berkeley), era o segundo animal mais
feroz. As três costelas em sua boca e a ordem: Levanta-te, devora muita carne,
descrevem seu instinto predatório. Os reinos da Babilônia, Lídia e Egito podem
representar as costelas entre os dentes do urso. Pusey descreve de maneira
vívida a impassibilidade desajeitada do império persa-imponente e pesado na sua
estratégia militar, devastador de vidas e recursos humanos. A campanha militar
de Xerxes contra a Grécia, que experimentou sua derrota inicial na batalha de
Maratona, mais se assemelhava à migração de imensos bandos do que à ação de um
exército. Estima-se em mais de dois milhões e meio de soldados em ação.
7:6 - A terceira besta era como
um leopardo, mas com quatro asas e quatro cabeças. Esta corresponderia ao império macedônio ou grego (Daniel 2:39;
também 8:8, 21).
O leopardo com suas asas
velozes (7.6). O leopardo com quatro asas de
ave é um símbolo apropriado do grego Alexandre, cuja velocidade impressionante
e poder admirável rapidamente colocaram a Pérsia e o mundo aos seus pés. A
divisão em quatro partes do seu reino logo após a sua morte é sugerida pelas
quatro cabeças.
Poder, saque e terror (7). O caráter distinto do quarto animal é o terror que provoca no
observador; ele era terrível e espantoso e muito forte, o qual tinha dentes
grandes de ferro. "Ele devorava e dilacerava suas vítimas em pedaços e
pisoteava o que sobrava com seus pés" (Berkeley). Sua diferença marcante
em relação aos outros animais antes dele era especificamente notada.
Dez chifres (7). Da sua cabeça cresciam dez pontas ("chifres", ARA).
Símbolos de poder militar, esses chifres representam dez reis ou reinos (cf. v.
24). Saindo da mesma cabeça eles apresentavam uma unidade na diversidade, como
partes de um mesmo animal. Eles também pertenciam ao mesmo período histórico em
contraste com as sucessivas aparições dos animais.
O temeroso chifre pequeno (8). Saindo da mesma cabeça e desalojando três das pontas primeiras
subiu outra ponta pequena. Mais devastador do que qualquer um dos seus
predecessores, esse chifre torna-se o assunto principal do restante do
capítulo. Um ser humano, dotado de inteligência e sagacidade extraordinárias,
com um imenso orgulho, é sugerido pelos olhos de homem, e uma boca que falava
grandiosamente.
7:7-8 - A quarta besta não é
descrita, exceto que tinha dentes de ferro e dez chifres, do meio dos quais
saiu um chifre menor que arrancou três dos primeiros chifres (veja 7:23-24). Esta quarta besta se identifica com o império romano (Daniel 2:
40-45), que estava no poder quando o reino de Deus foi estabelecido. Contudo,
este reino guerreia com os santos (7:19-21). Esta besta também é descrita em
Apocalipse 13.
O monstro indescritível
(7.7-8). O quarto animal torna-se o tópico especial
da interpretação do anjo nos versículos 15-28. Essa criatura espantosa mas
indefinível lembra fortemente o caráter heterogêneo da parte inferior da imagem
de Nabucodonosor com as pernas de ferro e os pés e dedos formados de uma
mistura de ferro e barro (2.40-43).
O CLÍMAX DA VISÃO PROFÉTICA
7:9 - O "Ancião de
Dias" é Deus Pai que é de "eternidade a eternidade" (Salmo 90:
1-2). Ele é retratado aqui como representando a
pureza e o poder.
7: 1O - Milhares de milhares e
milhões de milhões estavam diante dele (veja Apocalipse 5: 11-14). O Pai é retratado sobre o trono para julgar (veja Apocalipse
20:11-15), mas realmente o julgamento final será por seu Filho (Atos 17:31; 2
Coríntios 5: 1 O).
Os tronos de julgamento
(7.9-10). Quando a fúria do quarto animal alcançou
seu clímax, Daniel viu tronos sendo estabelecidos, e o ancião de dias toma seu
assento de julgamento. Coberto por uma luz inefável, cercado por milhares de
milhares que o serviam, o Juiz iniciou o juízo [...] e abriram-se os livros.
Esse quadro é claramente refletido em Apocalipse 20.4.
7: 11-12 - Deus domina e julga
os reinos do mundo (DanieI4:17-25). Daniel
observa as palavras do chifre menor e que a quarta besta é morta. O resto das
bestas teve seu domínio tomado, mas suas vidas foram prolongadas durante um
tempo.
O julgamento do animal e dos
animais. O quarto animal encontra seu fim no
julgamento de Deus. O animal foi morto, e o seu corpo, desfeito e entregue para
ser queimado pelo fogo. Com ele foi o pequeno chifre (ponta). Os outros animais
receberam uma prolongação de vida, todavia, foi-lhes removida sua autoridade e
foram colocados debaixo do domínio divino.
7: 13-14 - Um como o Filho do
Homem veio com as nuvens do céu. Do ponto de vista do céu ele "veio",
mas do ponto de vista da terra ele "foi levado" (Atos 1:9). Foi-lhe então dado domínio, glória e um reino. Isto identifica
claramente o tempo quando Cristo foi coroado como Rei dos reis. Na sua
ascensão, ele recebeu a "promessa" (Atos 2:30-36; Efésios 1 :20-23).
Este governo de Cristo continuará eternamente (Daniel 2:44; Hebreus 12:28).
Um novo rei e um novo reino. A seguir vem uma bela visão de um como o filho do homem (13),
que vem nas nuvens do céu e recebe um domínio eterno (14). Todos os povos,
nações e línguas tornam-se sujeitos a Ele. A escolha do título "Filho do
homem" por Jesus inevitavelmente identifica o novo Rei. E a proclamação de
Jesus acerca do Reino identifica o novo domínio. A relação dessa visão com a visão
de 2.44 é evidente. Ali a pedra que foi cortada da montanha substitui os reinos
(cr. Mt 24.30 e Ap 1. 7).
A interpretação do sonho, 7:
15-28.
7:15-17 - Daniel afligiu-se no
espírito e pediu uma interpretação. Foi-lhe dito que estes quatro animais eram
quatro reis.
7:18 - Mas os santos receberão
o reino e o possuirão para todo o sempre ( 7:22,27).
A explicação dos animais (7.15-18). Não é de admirar que Daniel estava perplexo e abatido (15) com
a visão que acabara de ter. Devido a sua sabedoria em relação aos caminhos de
Deus, ele tinha percepção suficiente para compreender algo do significado do
panorama que havia se estendido diante dele. Mas a amplitude disso e as
implicações sombrias para as pessoas da terra e para o seu próprio povo eram
mais do que Daniel podia absorver calmamente.
Deus é bom em prover ajuda aos seus filhos quando mais precisam
dela. O anjo de Deus estava lá para socorrer Daniel, para que ele compreendesse
melhor o que estava acontecendo. Os quatro animais, ele explicou, eram quatro
reis (17) ou reinos. Mas a conseqüência final da história é o quinto reino, o
governo dos santos do Altíssimo (18).
7: 19-22 - Mais explicação é
dada com respeito à batalha travada pela quarta besta contra o reino de Deus
(veja Apocalipse 13:6-7). Nos dias do império romano, a
igreja foi colocada sob a prova mais severa de toda a história. A perseguição
foi causada não somente pela falsa religião, mas era apoiada pelo poder
político de um império mundial! Se a igreja pudesse ter sido esmagada teria
sido naquele tempo! Mas quando o império romano caiu, desde então não houve
mais, nem haverá, outro império mundial dominado por homens. O reino de Cristo
é mundial por natureza (Marcos 16: 15-16), e permanecerá para sempre.
7:23-24 - É incerto se os dez
reis são para serem tomados literalmente ou no estilo apocalíptico como
significando simplesmente "o número completo ou pleno." Nem pode ser arbitrariamente determinado quem o chifre menor é
nem quem são os três que foram destruídos. Houve períodos quando Roma esteve em
paz com a igreja, mas houve mais do que um rei que forçou a adoração ao
imperador e perseguiu aqueles que se recusavam a curvar-se a eles. Talvez este
chifre menor signifique a disparidade entre os dominadores.
7:25 - Sua blasfêmia contra o
Altíssimo é forte. De fato, é lhe dado poder
contra os santos por "um tempo, dois tempos e metade de um tempo".
Isto corresponde a Apocalipse 12:14 como o período em que a mulher foi
alimentada pelo Senhor, quando ela teve que fugir para o deserto. Representa um
período de 3V2 anos, um tempo quebrado, mas curto (tempo = 1 ano, tempos = 2
anos, 1/2 tempo = V2 ano). É também igual a 1260 dias (Apocalipse 11:3; 12:6) e
42 meses (Apocalipse 11 :2; 13:5), e tudo isto descreve este mesmo período de
severa perseguição.
"TEMPO, TEMPOS, E 1/2 TEMPO" - DANIEL 7:25; 12:7;
APOCALIPSE 12:14 “1 ano + 2 anos +
1/2 ano = 3 1/2 anos
"1260 dias" - Apocalipse 11:3; 12:6.
"42 meses" - Apocalipse 11:2; 13:5.
Este é o período de tempo quando a mulher foge para o deserto e
o povo de Deus está sob a extrema prova de sua fé. Será o reino capaz de
permanecer? Depois deste período, a resposta é clara: "os santos possuíram
o reino"!
O quarto animal (7.19-26). Esse animal era a preocupação maior de Daniel, como tem sido no
caso dos estudantes do livro de Daniel. Assim, o anjo concentrou-se nesse
aspecto e deu-lhe uma atenção maior.
Esse animal com grandes dentes [ ... ] de ferro e garras de
metal ("bronze", ARA) era indescritivelmente horrível. Ele era mais
devasso na sua capacidade de destruir e sua crueldade do que qualquer um dos
seus predecessores. Embora no início tivesse dez pontas (chifres), um pequeno
chifre surgiu para desalojar três outros e distinguir-se no seu vigor e
crescimento. Em ferocidade e ostentação esse chifre era mais firme do que o das
suas companheiras. No [mal, esse chifre atacou o próprio Deus, o Altíssimo, e
fazia guerra contra os santos e os vencia (21).
Esse quarto animal, explica o anjo, será o quarto reino na
terra, o qual será diferente de todos os reinos; e devorará toda a terra, e a
pisará aos pés, e a fará em pedaços (23).
Que império é esse? Que reino na história pode ser identificado com o quadro
pavoroso desse quarto animal? Seguindo a interpretação adotada no capítulo 2,
esse seria o Império Romano, embora a maioria dos intérpretes modernos discorde
desse ponto de vista. O parecer popular é que o animal em forma de dragão
representa os gregos: cujos dez chifres representam os dez governantes que
sucederam Alexandre. O pequeno chifre seria Antíoco Epifânio.
Roma identificada. Young, apoiando a posição de que esse quarto animal representava
o Império Romano, diz: "É provavelmente correto concordar com a visão
tradicional de que esse quarto império é Roma. Isso já era expresso na época de
Josefo, e te sido amplamente aceito. Podemos citar Crisóstomo, Jerônimo,
Agostinho, Lutero, Calvin como alguns dos comentaristas que concordam com essa
posição, ou que são, pelo meno: partidários da mesma.
Em tempos posteriores, estudiosos como E. W. Hengstenberg, H Ch.
Havernick, Carl Paul Caspari, Karl Friedrich Keil, Edward Pusey e Robert DiccWilson
[apoiaram essa teoria]".
Young apresenta duas razões de a teoria romana ter obtido a
supremacia no Novo Testamento e ter sido aceita pelos intérpretes desde então.
a) "Nosso Senhor identificou-se como o Filho do Homem, a
figura celestial de Daniel 7, e conectou a 'abominação da desolação' com a
futura destruição do Templo (Mt 24)".
b) "Paulo usou a linguagem de Daniel para descrever o
Anticristo; e o livro de Apocalipse empregou o simbolismo de Daniel 7 para
referir-se aos poderes que existiam naquela época e aos poderes futuros.
"A razão de a teoria do Império Romano tornar-se tão predominante na
igreja primitiva é porque ela é encontrada no Novo Testamento, não porque os
homens pensavam que tinham achado uma saída simples para a dificuldade".
3) O que significa a "ponta pequena" ("pequeno
chifre", vv. 8, 11,20-22, 24-26)? Intérpretes conservadores concordam
quase de maneira universal em que o pequeno chifre de Daniel 7 é o Anticristo,
que deverá vir no final dos tempos. Jerônimo insistia nesta te ria,
contrariando Porfírio.22 Poucos que aceitam a inspiração sobrenatural de Daniel
têm questionado a argumentação de Jerônimo. No entanto, inúmeros estudiosos
insistem em que o pequeno chifre nesse capítulo não deve ser identificado com o
pequeno chifre (ponta pequena) do capítulo 8. Quanto ao pequeno chifre - a
audácia profana -, o egoísmo crescente desse ser humano que surge do solo
político da história humana o distingue como a culminação da iniqüidade e
impiedade. Sua caracterização como tendo olhos de homem (8) sugere que ele é um
homem de caráter extraordinário, possuindo inteligência, sagacidade e uma
percepção muito além da dos seus contemporâneos. Ele vencerá mundo pela
racionalidade e lógica tanto quanto pela força armada. A expressão boca que
falava grandiosamente (8) indica habilidade na eloqüência, persuasão, um poder
de comunicação que serve como arma de guerra contra Deus e o homem.
Esse é o "homem do pecado, o filho da perdição, o qual se
opõe e se levanta contra tudo o que se chama Deus ou se adora; de sorte' que se
assentará, como Deus, no templo de Deus, querendo parecer Deus" (2 Ts
2.3-4). Esse é o "mistério da injustiça" (2 Ts 2.7 "o
iníquo" (2 Ts 2.8).: É impossível que esse perverso seja identificado com
Antíoco Epifânio Esse tirano estava morto havia cerca de duzentos anos na época
de Paulo. Ele pode simbolizar "o iníquo", mas Paulo colocou o
Anticristo no fim dos tempos, na culminação do conflito entre Deus e o
Anti-Deus.
A frase:
E proferirá palavras contra o Altíssimo (25) é regida pela preposição contra. A
palavra aramaica letsadh significa "ao lado de, contra". "Ela
denota que ele usará uma linguagem na qual colocará Deus de lado, e dará
atenção a outro.
Ele se colocará na posição de Deus, fazendo-se semelhante a
Deus, e destruirá os santos de Deus.
c) Os reinos dos homens e o Reino de Deus (7.13-14,18,22,27-28)
7:26-28 - Mas o julgamento é
dado contra o chifre menor e seu reino chega ao fim (Apocalipse 19: 19-21). Os santos foram vitoriosos ao enfrentarem o mal. A causa pela
qual muitos tinham morrido foi vingada. E, como o reino permaneceu, assim
também aqueles que tinham morrido sempre "reinarão". O período
descrito em Apocalipse 20 como "os mil anos" parece ser o período
descrito em Daniel 7:18,22,27 como o tempo em que "os santos possuíram o
reino". O reino de Deus agüentou a prova feita pelo império romano.
Ele continuará a permanecer durante um período de tempo pleno,
completo (l0 x 10 x 10· = 1.000). Nem Satanás nem qualquer outra força pode
levá-la ao fim, mas somente na plenitude do tempo Deus concluirá os eventos
deste mundo (2 Pedro 3:9-13).
1) Teorias divergentes. O que é esse reino (18) que o Altíssimo deverá entregar ao
filho do homem (13) e, por meio dele, aos santos do Altíssimo (22)? Onde esse
reino está localizado? Quem são seus cidadãos? Quando virá? Inúmeras teorias
têm proliferado em torno desse tema importante. Talvez não haja nenhum aspecto
da revelação mais importante, além da própria redenção, do que o Reino de Deus.
Tampouco há assunto mais essencial para a compreensão de todas as implicações
da redenção e do significado do evangelho no seu cenário universal.
a) Israel é o
"ungido" de Deus e provê o cerne do Reino. Essa é a visão liberal e está intimamente ligada à teoria de
que o quarto reino é a Grécia e que o pequeno chifre é Antíoco Epifânio. Não há
o reconhecimento de um Messias pessoal e sobre-humano. Alguns chegam a afirmar
que Onias, o sumo sacerdote que resistiu a Antíoco e foi morto por ele, poderia
ser "o ungido". Argumenta-se que o autor de Daniel não poderia ter
nenhum tipo de conhecimento acerca de
b) Uma visão espiritualizada. Essa visão é creditada primeiro a Orígenes e tem sido seguida
por muitos intérpretes ao longo dos séculos. Desse ponto de vista, não precisa
haver um tempo de um julgamento final e crucial. Cristo é o Juiz agora e tem
sido desde o seu primeiro aparecimento. O Reino já está aqui e onde quer que o
domínio de Deus estenda sua influência sobre os corações dos homens. A maioria
dos escritores católicos, seguindo Agostinho, defende esse ponto de vista, com
algumas ressalvas, identificando o Reino com a Igreja. A Cidade de Deus, de
Agostinho, é um exemplo clássico dessa apresentação. A neo-ortodoxia, na sua
escatologia, tende à interpretação espiritualizada do encontro contínuo dos
homens e nações com o justo Juiz e seu julgamento.
c) Israel na Palestina. Essa teoria é defendida pela maioria dos intérpretes
dispensacionalistas e fundanientalistas da profecia. Gabelin, Ironside,
Blackstone, Larkin e muitos outros têm habilmente fomentado essa "visão de
intervalo". Ela é denominada dessa forma por causa do longo intervalo ou
hiato requerido pela teoria entre a Primeira e a Segunda Vindas. A era da
Igreja ou da dispensação é vista como um "espaço de tempo" na
profecia, um tempo de espera até que Deus possa cumprir seus propósitos e
trazer Israel de volta do banimento para a Terra da Promessa, a Palestina. A
aliança do Antigo Testamento é feita com o Israel literal e somente pode ser
cumprida por ele.
O Reino é visto como um reino político do qual Cristo é o rei e
Israel o governo. O local é a terra, na verdade, um pequeno ponto na terra, a
Palestina. O tempo dessa era dourada é um período de mil anos no fim dos
tempos, o milênio.
d) O Reino em continuidade até
a consumação. Essa teoria associa duas das
teorias precedentes, formando uma síntese maior. Ela afirma que o Reino de Deus
é o mesmo governo de Deus que Jesus instituiu em seu ministério, morte e
ressurreição. Foi isso que Ele proclamou quando disse: "O Reino de Deus
chegou". Era isso que Ele queria que seus discípulos orassem: ''Venha o
teu Reino. Seja feita a tua vontade, tanto na terra como no céu" (Mt 6.10)
.
Mas o Reino de Deus é mais do que isso. Jesus proclamou o
crescimento e progresso do Reino em parábolas como a do semeador. Ele também
deixou claro em parábolas de julgamento que deveria haver uma culminação do
Reino no fim dos tempos. Essa culminação ocorreria na tribulação e no
julgamento, porém, mais importante que isso, ela resultaria na vitória total de
Deus e seu povo em um reino de justiça e paz na terra.
Jesus não disse nada sobre o milênio. O mesmo ocorreu com
Daniel. O Reino deve ser um Reino eterno, e seu governo deve cobrir todas as
nações. Young ressalta que no segundo (como também no sétimo) capítulo de
Daniel "o reino messiânico é representado como sendo de duração eterna.
Por essa razão, não podemos identificá-lo com um milênio de somente mil anos de
duração".
A apresentação das Escrituras de que o Reino deve ser eterno é
um argumento forte contra a hipótese de que deva durar somente mil anos.
Além disso, o Reino de Deus é mais do que um regime político
limitado a uma pequena raça, oprimida como tem sido, exercendo um controlo
autocrático sobre todos os outros povos. O Reino de Deus vindouro não se oporá
aos princípios da graça que Jesus estabeleceu. O caráter essencial da salvação,
do relacionamento pessoal em um viver santo, não será deixado de lado no tempo
da consumação. Em vez disso, esse será um tempo em que a mensagem do anjo
anunciando o nascimento do Messias se cumprirá "paz na terra aos homens
aos quais ele concede o seu favor" (Lc 2.14, NVI).
Então, Aquele que Isaías chamou de “Príncipe da Paz” (Is 9.6),
reinará com justiça e "a terra se encherá do conhecimento do SENHOR, como
as águas cobrem o mar" (Is 11.9; Hc 2.14).
2) O Reino e os reinos. Um dos problemas mais controversos desse capítulo é a relação
do Reino de Deus e sua consumação com os reinos dos homens no fim dos tempos. A
teoria do "intervalo" requer a hipótese de um Império Romano
"restaurado", encabeçado por dez reis e finalmente pelo próprio
Anticristo, que desaloja três reis. O procedimento desse perverso (iníquo) será
especificamente com um Israel reconstituído que o considerará o Messias e se
comprometerá com ele por meio de uma aliança. O rei quebra essa aliança
irresponsavelmente e volta sua fúria contra Israel. Esses são os santos com
quem essa pequena ponta (chifre) fazia guerra [00.] e os vencia (21); na
verdade, ele destruirá os santos do Altíssimo (25); e os aniquilaria se não
houvesse uma intervenção divina.
Tanto Keil quanto Young discordam dessa interpretação. Ao
interpretar o segundo capítulo e esse, Young ressalta que o Deus dos céus
estabelece seu Reino, não depois, mas "nos dias desses reis".
Na verdade, o capítulo 2 requer, e o capítulo 7 permite que
esses reinos, de alguma forma, resistam até a consumação final. A imagem do
capítulo 2 permanece intacta até que no último estágio é golpeada nos pés. Em
7.12 lemos: E, quanto aos outros animais, foi·lhes tirado o domínio; todavia,
foi·lhes dada prolongação de vida até certo espaço de tempo. E, em Apocalipse
11.15 lemos: "Os reinos do mundo vieram a ser de nosso Senhor e do seu
Cristo". Lemos mais adiante: "e os reis da terra trarão para ela a
sua glória e honra" (a Nova Jerusalém, Ap 21.24). Poderia parecer que a
existência humana na terra não cessa no tempo da consumação, nem desaparecem as estruturas sociais da lei e da ordem. Poderíamos
concluir que na vinda do verdadeiro Rei à Terra o que é bom no viver humano
seria, antes, realçado, em vez de desalojado ou destruído.
Mas, precisamos ir adiante. O reino messiânico não apenas tem um início;
ele também chega a uma consumação! Não podemos deixar de reconhecer a
importância da unidade essencial dos reinos sucessivos nos símbolos de Daniel.
Há um elo cultural essencial ao longo de todas as eras subseqüentes. Só
o fato do destronamento de um imperador não significa que seu povo tenha
desaparecido da face da Terra. Eles também não esqueceram as coisas boas e
úteis que aprenderam dos seus pais. A pompa e a grandeza da Babilônia foram
absorvidas pelo gigantismo da Pérsia, e a civilização sensual e materialista da
Pérsia se fundiu com a Grécia. Igualmente notamos que o esplendor da
literatura, da arte e da filosofia grega torna os romanos mais gregos do que os
próprios gregos. E até o dia de hoje a firmeza das leis romanas e suas
estruturas políticas fazem parte da base da civilização ocidental.
Em relação aos dez reis, descritos como dez chifres (partes) do quarto
animal, Keil e Young mostram que o número dez não deve ser entendido
matematicamente, mas simbolicamente. O número dez significa perfeição e
suficiência.
Uma importante informação acerca desse discurso é provida pela figura do
animal no fim dos tempos descrito no Apocalipse. "E eu pus-me sobre a
areia do mar e vi subir do mar uma besta que tinha sete cabeças e dez chifres,
e, sobre os chifres, dez diademas, e, sobre as cabeças, um nome de blasfêmia. E
a besta que vi era semelhante ao leopardo, e os seus pés, como os de urso, e a
sua boca, como a de leão; e o dragão deu-lhe o seu poder, e o seu trono, e
grande poderio" (Ap 13.1-2).
Obviamente, esse animal é uma combinação dos quatro animais de Daniel 7.
Todos os elementos de poder, cultura e perversidade estão combinados em um.
Parece claro que a manifestação política no fim dos tempos surgirá diretamente
das civilizações mundiais e se tornará uma manifestação extremamente perversa.
Mas os santos do Altíssimo receberão o reino e possuirão o reino para
todo o sempre e de eternidade em eternidade (18). O fim da história não deverá
ocorrer em decorrência de uma explosão atômica ou da destruição do que é bom. O
alvo do projeto de Deus é o reino de Deus e a consumação e preservação de tudo
o que é bom e belo e verdadeiro e santo.
Elaboração
pelo:-
Evangelista Isaias Silva de Jesus
Igreja Evangélica Assembléia de Deus
Ministério Belém Em Dourados – MS
BIBLIOGRAFIA
www.estudosdabiblia.net
Comentário
Bíblico Beacon
Nenhum comentário:
Postar um comentário