12 de julho de 2016

Igreja Agência Evangelizadora


Igreja Agência Evangelizadora

Texto Áureo = "Mas recebereis a virtude do Espírito Santo, que há de vir sobre vós; e ser-me-eis testemunhas tanto em Jerusalém como em toda a Judeia e Samaria e até aos confins da terra." (At 1.8)

 VERDADE PRÁTICA =  Apesar das duras provações pelas quais tem passado, a Igreja de Cristo segue em direção ao alvo que Deus lhe designou a evangelização.

TEXTO BÍBLICO = Atos 1. 1-14 = Atos 15.1-6,28,29.

INTRODUÇÃO

Na lição de hoje, refletiremos de forma breve acerca dos perfis da igreja do primeiro século e a do século atual. Esse exercício se faz necessário visto que estamos vivendo em um novo tempo. Enquanto a modernidade desmotivava o estudo teológico, fala-se agora da necessidade de uma teologia pública, ou seja, a mensagem cristã adequada em termos de linguagem, forma e conteúdo às necessidades das pessoas do mundo atual.

Se ela fechar-se em si, poderá tornar-se sectária, obsoleta e incomunicável às pessoas que dela mais precisam. Não obstante, abrir-se em demasia pode levar a comunidade de fé ao perigo de descaracterizar-se diante das absorções indiscriminadas de modelos que não servem para a sua vivência.

I. O PERFIL DA IGREJA EVANGELIZADORA

1. Comunitária. Era simplesmente impossível ignorar a Igreja do primeiro século. Empenhada no cumprimento da missão que lhe confiou o Senhor, os bens materiais não eram, nem de longe, o que ela mais valorizava. Daí o porquê da facilidade em partilhar (At 2.44,45). A doutrina era única, assim como todas as coisas lhes eram comuns (At 2.42-47). Até o sofrimento era encarado de forma muito diferente dos dias de hoje. Em vez de revolta, este gerava orgulho e honra, pois isso os identificava com Cristo (At 5.41; 1Pe 3.14; 5.9).

2. Carismática. A Igreja dava liberdade ao Espírito Santo e seus membros eram revestidos de poder (At 2.4). Os crentes perseveravam nas orações e eram tementes ao Senhor, o que fez com que o povo de Deus experimentasse sinais e prodígios por intermédio dos apóstolos (At 2.42,43).

3. Dirigida pelo Espírito por meio de homens de Deus. A sintonia com o Espírito Santo era tão fina que, quando da infrutífera discussão acerca da necessidade de circuncidar os gentios, a decisão final não foi um arrazoado puramente humano; antes, partiu do Espírito para os líderes e desses para a igreja (At 15.28,29).

 

II. A IGREJA DO SÉCULO 21

1. A Igreja em meio ao ativismo. Até por uma questão de organização social, é praticamente impossível que, no tempo presente, consigamos reproduzir o “estar juntos” todos os dias à semelhança da Igreja do primeiro século (At 2.42). Entretanto, com as redes sociais e a televisão, a Igreja do século 21 tornou-se ainda menos comunitária. As reuniões semanais não são bem frequentadas como deveriam ser, enquanto o domingo à noite é bastante concorrido. Ocorre, porém, que, ao terminar o culto, devido às obrigações que já se iniciam na segunda-feira e a dificuldade com o transporte coletivo, os irmãos não têm condições de passar um período juntos. Essa desagregação, para dizer o óbvio, traz danos à saúde da igreja local.

2. A multiplicidade de denominações. O crescimento das denominações é algo que impressiona os sociólogos. As últimas pesquisas apontam para um número muito grande de trânsito ou mobilidade religiosa. As pessoas “trocam” de igreja como de roupa, não tendo nenhum compromisso com as raízes denominacionais (Hb 10.25). Esse fenômeno também foi identificado pelo censo IBGE de 2010 que apontou a existência do grupo (ou classificação), chamado de “múltiplo pertencimento”.

3. A descaracterização da mensagem bíblica. Infelizmente, a mensagem da Palavra de Deus tem sido distorcida para fundamentar as mais estranhas visões acerca de Deus, de Jesus Cristo, do Espírito Santo e do Evangelho. Há muitos anos, o pastor Antonio Gilberto escreveu que a Bíblia sofre, por falta de conhecimento, muito mais na boca dos que a pregam do que na dos críticos e ateus.

III. DESAFIOS DA IGREJA DO SÉCULO 21

1. Manter a essência. Embora não seja possível após vinte séculos reproduzir fielmente a Igreja do Novo Testamento, é obrigatório manter a essência do Corpo de Cristo (Rm 12.5; 1Co 12.12,27). É impossível estarmos ligados à cabeça, que é Cristo, e agirmos de modo diferente do que Ele preceitua e exige (Ef 4.12-16; Cl 2.16-19).

2. Fortalecer o seu programa de educação cristã. Uma das ordens do Senhor Jesus Cristo foi que pregássemos e ensinássemos (Mt 28.19,20; Mc 16.15-20). Essa prática caracterizou a Igreja do primeiro século e foi assim que ela cresceu (At 5.42; 6.7; 15.32-36). Invariavelmente, verificamos que a Igreja prega, ou seja, realiza cinquenta por cento de sua missão. Não obstante, os outros cinquenta por cento, que dizem respeito ao ensino e são muito mais difíceis de cumprir, acabam sendo esquecidos.

A educação cristã é um processo contínuo e ininterrupto que não pode ser realizado de qualquer maneira (Rm 12.7; 15.4; 1Tm 4.13; 2Tm 2.1,2; 3.10-17). Isso sob pena de não estarmos de fato obedecendo integralmente ao “ide” do Meigo Nazareno (Jo 15.1-27). Diante desse contexto e por reconhecermos que estamos em outro tempo, uma Escola Dominical de qualidade faz toda a diferença.

3. Não abdicar a sua identidade bíblica. Mesmo cientes do crescimento das denominações, a Igreja não pode, em hipótese alguma, negociar a sua identidade. Algumas, por quererem se tornar muito palatáveis, acabarão apostatando da genuína fé em Cristo (2Tm 4.1-4). “Versões alternativas” do Evangelho são oferecidas como se fosse possível negociar com a Palavra de Deus (Gl 1.8). Tudo voltado à conquista, simpatia e a adesão das pessoas, sem que estas tenham um compromisso com o Senhor da Igreja.

A humanidade está mergulhada num verdadeiro caos. A inflação assola a terra e a fome é uma grande ameaça. Secas, inundações e outras calamidades têm ceifado vidas na África, Filipinas, e em todas as partes do Globo. Estão patentes aos nossos olhos a ausência do temor de Deus, a perda de princípios morais absolutos, a aceitação e a glorificação do pecado, o fracasso nos lares, o desrespeito pela autoridade, a ilegalidade, a ansiedade, o ódio, o desespero. Milhares de pessoas entregam-se ao ocultismo, com o culto satânico, o controle da mente, a astrologia e outros meios que o Diabo se utiliza para induzir os homens a se desviarem da verdade.

 

IV. EVANGELIZAÇÃO A NECESSIDADE DA IGREJA DA ULTIMA HORA

 

O Evangelho é uma mensagem cósmica, ao revelar a presença de um Deus cujo propósito se inclui o mundo inteiro. Esse Evangelho não se dirige ao indivíduo por se, mas à pessoa como membro da velha humanidade em Adão, marcada pelo pecado e pela morte, e a quem Deus convida para integrar-se na nova humanidade em Cristo, marcada pela retidão e pela vida eterna. A falta de apreciação das dimensões mais amplas do Evangelho nos leva inevitavelmente a compreender mal a necessidade missionária, O resultado disso é uma evangelização tendente a considerar o indivíduo como uma unidade que se contém a si mesma, cuja salvação só se dá em termos de relação com Deus. Deixamos de perceber que o indivíduo não vive isolado e que é impossível falar de salvação sem se referir ao mundo do qual ele faz parte. Dividiremos este tópico em três partes intituladas:

 

1. O mundo na perspectiva da igreja evangelizadora. (Mc 16.15). A simples observação da importância que o termo mundo (grego cosmos) tem no Novo Testamento já bastaria para demonstrar a dimensão do Evangelho. O mundo foi criado por Deus através da Palavra (Jo 1.10), e sem Ele nada do que existe se fez (Jo 1.3). O Cristo que o Evangelho proclama como agente da redenção é também o agente da criação de Deus. É ao mesmo tempo o alvo para o qual se dirige toda a criação (Cl 1.16) e o princípio de coerência de toda a realidade, material e espiritual (Cl 1.17).

 

A obra da evangelização implica a esperança de “um novo céu e uma nova terra”. Portanto, a única evangelização verdadeira e a que se dirige para o objetivo final da “restauração de todas as coisas” em Jesus Cristo, prometida pelos profetas e proclamada pelos apóstolos (At 3.2 1).

 

2. A evangelização na perspectiva missionária. O Evangelho não vem do homem, mas de Deus. Aqueles que suportam o Evangelho são pois, “para com Deus o bom perfume de Cristo; tantos no que são salvos, como nos que se perdem. Para com estes cheiro de morte para a morte, para com aqueles aroma de vida para a vida” (2 Co 2.15,16). O Evangelho unifica, mas também separa. E dessa separação emerge a Igreja chamada não para ser do mundo, mas para estar no mundo. Precisamos urgentemente recuperar a evangelização que leve a sério a distinção entre a Igreja e o mundo, segundo a perspectiva do Evangelho; evangelização orientada para o aniquilamento da servidão humana no mundo, e que jamais se torne, ela própria, uma expressão de escravidão da Igreja ao mundo.

 

3. Jesus e a necessidade missionária. A missão que foi confiada pelo Pai a Cristo não se limitava apenas à pregação do Evangelho. Mateus resume o ministério terreno de Jesus nestas palavras: “Percorria Jesus toda a Galiléia, ensinando nas sinagogas, pregando o evangelho do Reino e curando toda sorte de doenças e enfermidades entre o povo’ (Mt 4.23). Salvação é vida eterna, a vida do Reino de Deus, vida que inicia aqui e agora, e que toca em todos os aspectos do ser humano. Você tem feito algo em prol do reino de Deus.

 

V. A ORDEM EVANGELIZADORA COMECOU COM OS DISCIPULOS

 

Tão logo iniciou a recrutar os seus primeiros discípulos, Jesus deu-lhes ciência da tarefa que lhes era proposta. Não devemos esperar que os anos se passem para depois nos entregarmos ao labor de ganhar almas. Jesus disse aos primeiros discípulos: “Sereis pescadores de almas”. A sublimidade da tarefa se evidencia no maravilhoso fato de que nos tomamos cooperadores de Deus (I Co 3.9).

 

1. A necessidade de ganhar almas é urgente (Jo 9.4). Quando o Espírito Santo põe no coração do crente a urgência da necessidade de ganhar almas, ele se sente compelido a usar de todos os recursos disponíveis para trazer almas ao Reino de Deus. A urgência da tarefa decorre de algumas implicações bíblicas e práticas.

 

Vejamos:

 

a. A necessidade é urgente porque são poucos os nossos dias na terra (Sl 90.10,12). Se tardarmos em realizá-la, perderemos o nosso tempo (Ef 5.16), e nunca mais poderemos fazer qualquer coisa de positivo para Cristo (Ec 12.1). Muitos hoje choram a mocidade, o tempo não aproveitado, e totalmente irrecuperável.

 

b. A necessidade é urgente porque estamos nos últimos dias. Os sinais da vinda de Jesus se multiplicam, cotidianamente, se cumprem a cada instante. Nossos dias, como povo de Deus na terra, estão findando. Se não trabalharmos para Jesus agora, nunca mais nos há de ser possível. Logo a trombeta soará (l Ts 4.16,17).

 

c. A necessidade é urgente porque Satanás não dorme (Mt 13.25). Sim, o Inimigo em sua cruel e destruidora obra está provocando verdadeiro pânico no mundo e o único refúgio é Jesus Cristo. Se é tão urgente, por que não cumpri-la de imediato Se é tão urgente, por que não a realizarmos agora? “O que fazes, faze-o depressa”.

 

2. A necessidade de ganhar almas é bíblica (Mc 16.15,16). O preceito de ganhar almas não resulta de cânones eclesiásticos. Nenhuma convenção estabeleceu esse princípio para a Igreja. É uma inspiração divina. A Bíblia alude à importância, à necessidade, e ao dever de ganhar almas. Todo cristão que lê habitualmente a Palavra de Deus reconhece os milhares de textos espalhados por toda a Escritura, recomendando expressamente ou enfatizando indiretamente a significativa tarefa de ganhar almas. E “aquele que é de Deus, ouve as palavras de Deus”.

 

3. A necessidade de ganhar almas é individual (At 4.33). Deus destinou a tarefa de ganhar almas a todos os crentes. Cada um de nós deve considerar sua particular e pessoal obrigação de ganhar outros para a eternidade com Cristo. Você faz parte uma igreja?

 

4. A necessidade de ganhar almas é divina (Lc 19.10). O principal responsável pela salvação do mundo é Deus. Ele não deseja que os pecadores se percam (1 Tm 2.3,4). Ele providenciou para os homens o instrumento de sua libertação espiritual (Jo 8.36). Quando a Igreja empreende a tarefa de evangelizar, ela está sendo induzida pelo Espírito à realização de urna missão divina, muito além do plano humano ou secular. Que Deus nos conceda a necessária visão de sua obra (Jo 4.35), a fim de que nos predisponhamos, sem tardança, a cumprir todo o propósito do Criador (At 20.27). Somente assim, poderemos ser “aprovados em Cristo”.

 

VI. A PARTICIPAÇÃO MISSIONÁRIA.

 

Existem diversas maneiras de participarmos da obra evangelizadora, entre as quais destacamos as seguintes:

 

1. Orando (Mt 9.37,38).Quando a Igreja começa a orar, os resultados são sempre vistos. As almas começam a se decidir por Cristo, em número sempre crescente.

 

a. Orando, pedimos obreiros.Jesus disse: ‘Rogai...” Quando as orações da Igreja, pedindo obreiros, chegam ao trono da graça, Deus cuida imediatamente de atendê-las, provendo missionários, testemunhas em geral para irem em seu nome, à procura dos perdidos pecadores.

 

b.Orando, as portas de abrem. Quantas portas há hoje fechadas! Quantas são as “cortinas”! Há, todavia, um poder espiritual que pode entrar em ação e liberá-las, no nome sacrossanto de Jesus: O poder da oração (Ef 6.19). Quando a Igreja ora, o cárcere são abertos.

c. Orando a Igreja venceu nos primeiros dias.Orando, os discípulos receberam o batismo com o Espírito Santo (At 2.1-4). Orando, Pedro e João enfrentaram as autoridades de seu tempo (At 4.24-31). Quando iam orar, o coxo foi milagrosamente curado (At 3.1). Os discípulos oraram e Pedro foi liberto da prisão (AL 12.5,7,8).

 

2. Contribuindo (At 2.45-47). Muitos cristãos primitivos venderam as suas propriedades e entregaram o valor correspondente aos apóstolos, em benefício da obra missionária e evangelizadora. Como prova disso lemos a passagem bíblica que registra: “Então José, cognominado pelos apóstolos Barnabé (que, traduzido, é filho da consolação ), levita, natural de Chipre, possuindo uma herdade, vendeu-a, e trouxe o preço, e o depositou aos pés dos apóstolos’ (At 4.36,37).

 

3. Trabalhando (Mc 4.35,36). Conforme os versículos expostos, Jesus trabalhara o dia inteiro e, sendo já tarde, desejou atravessar o mar. Deu provas de que estava deveras cansado,quando, por ocasião da grande tempestade, encontrava-se dormindo no frágil barco. Todo esse sacrifício, todo esse esforço, todo esse empenho, por causa de uma pobre alma que estava perecendo, cativa que era das garras de Satanás. Se fizermos o mesmo, veremos as mãos de Deus estendidas para nos abençoar! Aleluia!

 

4. Indo ao campo (Mt 28.19,20). A disposição de ganhar almas para ir ao campo á indispensável para a realização da Grande Comissão. Devemos obedecer. Devemos descobrir onde é o nosso campo para evangelizar. O campo não é, necessariamente, um país estrangeiro ou uma longínqua tribo indígena, mas, sim, onde houver almas necessitando da salvação. Mas, onde estão essas almas?

 

a. As almas estão nas universidades. Os estudantes crentes precisam pensar nos seus colegas, pois eles também têm almas e estão sendo envenenadas pelo materialismo déspota e cruel.

 

b.As almas estão em toda parte. Nas feiras, nas exposições, nos grandes logradouros públicos, se reunindo, em massa, como ovelhas que não têm pastor.

 

c. As almas estão nas casas de saúde, nos hospitais, nas enfermarias, nos leprosários. Corpos e almas doentes esperam pela Igreja que possui mensagem e poder. A Igreja tem a palavra para o espírito e a saúde para o corpo (Jo 10.10).

 

VII. A CONCEPÇÃO DE JESUS QUANTO A EVANGELIZAÇÃO

 

Jesus Cristo se constitui no melhor exemplo para uma igreja que deseja cumprir com a sua responsabilidade missionária, O prazer de Jesus consistia no cumprir com a vontade do Pai (do 4.34), que não deseja que ninguém se perca, mas que todos cheguem á salvação (do 6.40). Compreender, pois, a concepção de Jesus quanto à obra da evangelização, exige a nossa mais humilde e sincera reflexão para os seguintes pontos:

1. Jesus tinha uma grande visão ( Mt 9.36). Foi percorrendo as cidades e aldeias dos judeus, bem como pregando o evangelho nas suas sinagogas, e curando todas as enfermidades e moléstias entre o povo, que Cristo os viu como eram: “E, vendo a multidão...” (Mt 9.36). Se a Igreja de hoje deseja estar empenhada com a evangelização do mundo, precisa ter os seus olhos cheios da visão de Jesus Cristo quanto ao real estado da humanidade caída e sofredora. Mas, a menos que ela (a igreja) ande pela senda do Calvário, jamais terá a visão de que precisa para realizar de forma singular a proclamação do evangelho. Só Jesus Cristo pode comunicar essa visão (Mc 8.22-25).

 

2. Jesus tinha uma grande compaixão (Mt 9.36). Após ver a grande multidão como realmente ela era, “teve grande compaixão deles...” (Mt 9.36). Falta de compaixão é a razão do comodismo daquelas igrejas cujo coração já não palpita pela obra do evangelismo . Uma igreja sem compaixão pelas almas perdidas, indiferente ao destino eterno delas, é um corpo estranho no meio da comunidade, podendo transformar-se numa maldição para o povo ao qual deveria estar servindo e abençoando. Visão e compaixão são como duas asas a conduzir todo o cristão genuíno e anelante por fazer a obra missionária. Visão e compaixão são dois aspectos do amor e da misericórdia divinos manifestos através de Jesus Cristo, sem os quais a igreja jamais fará uma obra missionária bem-sucedida.

 

3. O mundo se acha em estado de desgraça (Mt 9.36). Jesus viu a multidão e dela teve compaixão. Por quê? “...porque andavam desgarrados e errantes, como ovelhas que não têm pastor” (Mt 9.36). Atentemos para os termos: “desgarrados”, “errantes”, “que não têm pastor”, e lembremo-nos: isto era o que poderíamos chamar de o retrato do mundo de corpo inteiro.

 

Cerca de setecentos anos antes de Cristo, o profeta Isaias diagnosticou o estado espiritual do mundo divorciado de Deus, quando disse: “...toda a cabeça está enferma e todo o coração fraco. Desde a planta do pé até a cabeça não há nele coisa sã, senão feridas, e inchaços, e chagas podres, não espremidas, nem ligadas, nem nenhuma delas amolecida com óleo” (Is 1.5,6; cf. Is 24.19,20). A menos que a Igreja faça a diagnose adequada do doente (o mundo sem Deus, sem Cristo e sem salvação), a aplicação da cura do seu mal será ineficaz.

 

VIII. DIFICULDADES A EVANGELIZAÇÃO DO MUNDO

 

Por sua própria natureza, a evangelização ( missionária ), sempre enfrentou dificuldades sem medida: ora por ação direta do Diabo, ora por puro comodismo de grandes segmentos da igreja professa. Jesus enfocou estas dificuldades sob um aspecto novo, quando disse aos seus discípulos e continuadores da Sua obra na terra: “A seara é realmente grande, mas poucos os ceifeiros. Rogai pois ao Senhor da seara que mande ceifeiros para a sua seara” (Mt .37,38). Destas palavras de Jesus, quanto à do mundo. Se julgarmos pela parábola dos talentos, a recompensa pela fidelidade no serviço cristão é mais responsabilidade, mais intimidade com Deus e mais capacidade em gozá-la.

3. O sentimento de preocupação. Jesus definiu a si mesmo como aquele que veio buscar e salvar os perdidos (Lc 19.10). Buscar e salvar os perdidos era o propósito supremo da encarnação e expiação de Jesus. Ele tinha certeza de que o homem não poderia ficar em paz com Deus e com o seu próximo por conta própria. Paulo absorveu o ideal do seu Mestre quando compreendendo o estado de queda da humanidade, prontificou-se em se fazer um elemento de aproximação do homem com Deus. Neste sentido, ele disse: “Eu sou devedor, tanto a gregos como a bárbaros, tanto a sábios como a ignorantes. E assim, quanto está em mim, estou pronto para também vos anunciar o evangelho, a vós que estais em Roma” (Rm 1. 14, 15).

 

IX. ENCARANDO O DESAFIO DA EVANGELIZAÇÃO

 

O Espírito Santo coloca diante da Igreja, no Brasil, o desafio da evangelização, através das seguintes palavras do apóstolo Paulo: “Porque todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo. Como pois invocarão aquele em que não creram? e como crerão naquele de quem não ouviram? e como ouvirão, se não há quem pregue? E como pregarão, se não forem enviados (Rm 10.13- 15). Portanto, a igreja fiel à vocação missionária deverá compreender que:

 

1. A salvação deverá ser oferecida a todos os homens. “Porque todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo” (Rm 10.13). Uma igreja realmente missionária é aquela cuja visão abarca o mundo inteiro como seu campo de ação.

 

2. Os homens precisam crer em Deus a fim de invocá-lo. “Como pois invocarão aquele em quem não creram” (Rm 10.14). Só através do esforço evangelístico da Igreja é que os homens se converterão dos ídolos ao Deus verdadeiro, passando a invocá-lo.

 

3. Para crer em Deus os homens precisam ouvir falar dele. “...e como crerão naquele de quem não ouviram?” (Rm 10.14). Milhões daqueles que ainda não tomaram conhecimento da mensagem salvadora de Deus, assim se mantém não propriamente por sua incredulidade, mas pela indiferença da Igreja aos seus apelos por socorro.

 

4. Alguém precisa se dispor a pregar o evangelho. “...e como ouvirão, se não há quem prege?  (Rm 10.14). Deus busca homens e mulheres, assim como Isaías, dispostos, prontos a irem aonde quer que pecadores clamem pela misericórdia divina.

 

5. Os pregadores precisam ser enviados. “E como pregarão se não forem enviados?” (Rm 10.15). A idéia bíblica de “enviar” obreiros, indica mais do que “mandar” ou despedir. Significa também sustentar o obreiro provendo o suprimento de suas necessidades básicas. Estamos prontos a cumprir com a parte que nos cabe no grande projeto de tornar a Cristo conhecido como o Salvador do mundo?

 

CONCLUSÃO

A pregação do evangelho como elemento essencial à salvação dos pecadores e à expansão do reino dos céus, não foi algo improvisado por Jesus Cristo; algo de ultima hora. O mesmo Cristo que começou o seu ministério dando prioridade à evangelização dos seus patrícios, os judeus (Mt 10.5,7), concluiu recomendando no sentido de que o evangelho fosse pregado como um benefício de Deus a todas as gentes (Mc16.15 ). Deste modo, uma igreja que comunga do sentimento de Jesus Cristo quanto à evangelização, não deve transformar os favores do evangelho em algo exclusivamente seu, mas sim, anunciá-lo como a boa-nova de Deus a todos os povos em todos os tempos (Lc 2.10).

 

Elaboração pelo:- Evangelista Isaias Silva de Jesus

 

Igreja Evangélica Assembléia de Deus Ministério Belém Em Dourados – MS

Bibliografia

 Lições bíblicas CPAD 1990

Lição Bíblicas 3º. Trimestre 1988  - CPAD

AYRES, Antônio Tadeu Reflexos da Globalização Sobre a Igreja: Até que ponto as ultimas tendências mundiais afetam o Corpo de Cristo? 1ª Edição. RJ: CPAD. 2001.
RENOVATO, Elinaldo Perigos da Pós-Modernidade. 1ª Edição. RJ: CPAD, 2007.

Igreja Agência Evangelizadora

Texto Áureo = "Mas recebereis a virtude do Espírito Santo, que há de vir sobre vós; e ser-me-eis testemunhas tanto em Jerusalém como em toda a Judeia e Samaria e até aos confins da terra." (At 1.8)

VERDADE PRÁTICA =  Apesar das duras provações pelas quais tem passado, a Igreja de Cristo segue em direção ao alvo que Deus lhe designou a evangelização.

TEXTO BÍBLICO = Atos 1. 1-14 = Atos 15.1-6,28,29.

INTRODUÇÃO

Alguém afirmou, certa vez, que a Igreja de Cristo não é um clube de iates, mas uma frota de pesqueiros. O autor anônimo, de maneira sutil e delicada, deixa bem claro que a principal tarefa da Igreja é a evangelização. Na entrelinha de sua assertiva, deixa ele bem patente que a Igreja, por sua natureza e vocação, é a agência por excelência de evangelismo e missões. Se não evangeliza, deixa de ser um organismo divino para apequenar-se numa organização humana falida e já em vias de apagar-se.

Neste capítulo, realçaremos a Igreja que se faz conhecida pelo evangelho que proclama, pela doutrina que ensina e pelo discipulado que emprega na formação de novos crentes. Que Deus nos abençoe na observância dos mandamentos do Senhor Jesus quanto à evangelização do mundo.

 

1. Igreja, Comunidade de Proclamação

 

O mártir alemão Dietrich Bonhoeifer (1906-1945) declarou que a Igreja é Cristo existindo em comunidade. Todavia, Jesus não almeja apenas existir entre nós, mas atuar por meio de nós. E para isso que Ele instituiu a sua igreja.

 

1. Igreja, definição que desafia. A Igreja já foi definida como uma assembleia dos que foram chamados para fora. Se aceitarmos essa definição, veremos que a etimologia do termo grego ekklësia é bastante emblemática. Nesse vocábulo, temos duas palavras distintas: ek, que significa “de” ou “para fora”, e kaleã, que traz o significado de ser chamado, ou convocado.

 

Nesse sentido, a ekklësia grega era a assembleia de cidadãos intimados para fora de suas casas, a fim de tratar de algum assunto de interesse público. Tendo em vista a natureza e a missão da “igreja” grega, aprouve ao Senhor Jesus usar o mesmo termo para nomear a sua universal assembleia de homens e mulheres provenientes de todas as nações.

 

2. Igreja, um organismo peculiar. Ao ouvir a declaração de Pedro, sobre a qual fundou a sua Igreja, Jesus poderia ter dito: “Sobre esta pedra, fundarei a minha sinagoga”.

Mas, se o fizesse, estaria limitando a atuação de seus discípulos, pois os judeus, numa cidade gentia, não eram chamados para fora, ma& convocados para dentro. E, ali, na sinagoga, congregavam-se, a fim de adorar o Deus da nação de Israel, e não para anunciar o Deus de todos os povos. Além do mais, para se formar uma congregação israelita eram necessários nove homens adultos. O Senhor, porém, simplificou o estabelecimento da Igreja. Agora, não é mais imperioso que se reúna uma novena de varões. Bastam duas pessoas congregarem-se sob a invocação de Cristo, para que Ele se manifeste entre elas e, por intermédio delas, aja salvadoramente (Mt 18.20).

 

Um único santo não constitui uma igreja, mas um testemunho. Mas dois ou três, invocando o nome do Senhor, perfazem um número suficiente para que se tenha urna comunidade proclamadora. A Igreja de Cristo é superior à assembleia grega e mais sublime que a sinagoga judaica. Ela, por ser Igreja e pertencer a Cristo, jamais deixará de ser um organismo, ao passo que estas nunca hão de transcender os limites da organização.

 

3. A Igreja sempre será chamada para fora. Ainda que a etimologia da palavra “igreja” seja, às vezes, questionada, os discípulos de Cristo sempre serão chamados para fora, a fim de proclamar o evangelho. Nosso testemunho, portanto, não ficará emparedado, nem aprisionado pela burocracia eclesiástica. Se somos Igreja, agiremos como Igreja. Sairemos a evangelizar e a fazer discípulos até a fronteira final deste globo.

 

A Igreja, em virtude de sua natureza, não se deixa aprisionar por uma agenda que não tenha a evangelização como a prioridade máxima. Evocamos, aqui, o exemplo das Assembleias de Deus. Embora não houvesse ainda nascido oficialmente, apregoava o novo nascimento sem impedimento algum. Naqueles idos, o campo era um mundo sem fronteiras. Todos os que se convertiam eram chamados para fora, apregoando que Jesus salva, batiza com o Espírito Santo e cura os males do corpo. A chama pentecostal ardia continuamente.

 

Há uma diferença substancial entre a chamada de Israel e a da Igreja. No Antígo Testamento, os israelitas partiam dos extremos de Israel, para adorar em Jerusalém. Assim também agiam os prosélitos. Haja vista a rainha de Sabá e o eunuco de Candace, soberana dos etíopes.

 

O Senhor Jesus, contudo, ao estabelecer a Igreja, não tinha como alvo atrair ninguém à Cidade Santa. Mas, a partir de Jerusalém, tinha como alvo a conquista do mundo através de seus discípulos. A missão de Israel, portanto, era centrípeta; atraía a todos ao centro judaico de adoração, que tinha como emblema o Santo Templo. Quanto à missão da Igreja, é fortemente centrífuga; desde Jerusalém, pôs-se a proclamar o evangelho até às fronteiras mais extremas da Terra.

 

 

II. A Igreja de Cristo e o Cristo da Igreja

 

João Calvino (1509-1564), ao discorrer sobre a natureza da Igreja, foi preciso e coerente: “Onde quer que vejamos a Palavra de Deus pregada e ouvida com pureza, ali existe uma igreja de Deus, mesmo que ela esteja repleta de falhas”. Portanto, não há o que se discutir. A Igreja de Cristo subsiste pela proclamação do evangelho de Cristo e pelo ensino da doutrina dos profetas e dos apóstolos.

 

1. Sua natureza proclamadora. Cristo estabeleceu a Igreja em cima de uma proclamação breve, mas profundamente teológica e profética. Ao indagar de seus discípulos acerca da opinião de Israel quanto à sua pessoa, ouviu de Pedro a maior declaração que alguém poderia fazer sobre o seu messiado: “Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo” (Mt 16.16). Tal afirmação, embora sucinta, era tão forte e marcante, que somente alguém inspirado pelo Espírito Santo poderia emiti-la. Foi o que reconheceu o próprio Senhor: “Bem-aventurados, Simão Barjonas, porque não foi carne e sangue que to revelou, mas meu Pai, que está nos céus” (Mt 16.17).

Em seguida, o Senhor revela aos discípulos que, sobre a assertiva de Pedro, fundaria Ele a sua Igreja. Portanto, o alicerce da assembleia do Novo Testamento é uma declaração que, em nove palavras, revela a essência dos profetas que, desde Moisés, profetizaram até Malaquias. Ora, se a natureza da Igreja de Cristo é a proclamação, ela haverá de peregrinar de proclamação em proclamação até que o Senhor a venha buscar.

 

2. Sua missão proclamadora. Se a igreja evangeliza e faz missões, é verdadeira. Mas se vive pela liturgia, não passa de uma casa de espetáculos. As igrejas católicas e orientais são ostensivas e doentiamente formais. Algumas missas ortodoxas chegam a durar três horas. Se espremermos, porém, todos esses missais, cânones e rubricismos, não lograremos uma única gota do verdadeiro evangelho. Infelizmente, os evangélicos, apesar de suas reuniões ‘ivazes e barulhentas, estão caindo no mesmo pecado. A formalidade também se manifesta informalmente. Qualquer culto, portanto, que não cultue verdadeiramente a Deus, é formalismo, ainda que traga um ostensivo rótulo carismático.

 

João Wesley (1703-1791), após a sua experiência pentecostal, começou a ter uma visão mais bíblica sobre a tarefa do corpo de Cristo: “A Igreja nada tem a fazer, a não ser salvar almas. Portanto, deve gastar e ser gasta nesta obra. Não lhe é requerido falar tantas vezes, mas salvar tantas almas quanto puder, levar ao arrependimento tantos pecadores quanto possível”. O evangelista inglês diz-nos, entre outras coisas, que a evangelização tem de voltar a ser a nossa primazia. Caso contrário, jamais seremos reconhecidos como discípulos daquEle que, durante todo o seu ministério, outra coisa não fez senão proclamar a Palavra de Deus com a vida e por meio da própria morte.

 

III. O Cristo da Igreja e a Igreja do Cristo

 

Na região da Galácia, havia uma atividade evangelizadora tão intensa, que chegava a ser febricitante. Todavia, o evangelho de Cristo era ignorado e o Cristo do evangelho era desprezado por aqueles obreiros de Satanás. Portanto, não basta falar de Cristo. E urgente que voltemos a proclamar o Cristo do Novo Testamento.

 

1. Cristo, o Filho de Deus. A primeira grande verdade proclamada sobre Jesus, em o Novo Testamento, é que Ele é o Filho do Deus Vivo (Mt 16.16). Se pregarmos um Cristo que não procede de Deus, jamais convenceremos o mundo do pecado, da justiça e do juízo. Por esse motivo, o Senhor ordena que os convertidos sejam batizados em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo (Mt 28.19).

 

Recentemente, li o Corão, o livro tido como sagrado pelos muçulmanos. Naquelas longas e, às vezes, repetitivas suratas, Jesus é citado amiúde. Apesar do respeito com que Ele é tratado pelo fundador do Islamismo, é dificil ver, naquelas descrições, o Cristo de Deus. Antes de tudo, porque, cm nenhum lugar, Ele é considerado o Filho de Deus. Mas, sempre que Maomé cita-o, faz questão de ressaltar-lhe a filiação mariana. Dessa forma, o Corão apresenta o Filho de Deus como filho de Maria. Aos olhos de Maomé, Jesus foi o mais puro dos muçulmanos. Todavia, o Cristo maometano jamais libertará o homem das garras de Satanás. Cabe-nos evocar, aqui, o belíssimo pronunciamento de C. 5. Lewis acerca do messiado de Jesus Cristo:

 

Um homem que fosse só homem e dissesse as coisas que Jesus disse não seria um grande mestre de moral. Seria um lunático no mesmo nível de um homem que diz ser um ovo cozido ou então seria o próprio diabo. Cada um de nós precisa tomar a sua decisão. Ou este homem era, e é, o Filho de Deus, ou então um louco, ou algo pior. Mas não venhamos com nenhum argumento complacente que diga que ele foi um grande mestre humano. Ele não nos deu esta escolha. Nunca pretendeu fazê-lo.

 

Concluindo, o primeiro tópico de nosso sermão evangelístico tem de apresentar, obrigatoriamente, a filiação divina de Jesus Cristo. Se não o apresentarmos como Filho de Deus, poderemos até apresentar uma bela peça de oratória, mas jamais uma autêntica pregação evangélica.

 

2. Cristo, o Crucificado de Deus. Se Jesus não passou de um mero pensador como Sócrates, que efeito tem a sua morte sobre a nossa eternidade? Ao considerar a questão, respondeu Jean Jacques Rousseau (1712-1778): “Se a vida e a morte de Sócrates são as de um filósofo, a vida e morte de Jesus Cristo são as de um Deus”. O sábio suíço não careceu cursar teologia para chegar a uma conclusão tão óbvia e certeira. Há teólogos, porém, que, apesar de sua erudição, ainda não atinaram que Jesus morreu como Verdadeiro Homem e Verdadeiro Deus. Por conseguinte, o segundo tópico de nossa mensagem evangelística é apresentar Jesus Cristo como o Crucificado de Deus.

Ao dirigir-se à intelectual Corinto, apresentou Paulo uma mensagem simples, mas eficaz. Se os coríntios aguardavam um discurso semelhante ao de Demóstenes, decepcionaram-se, pois o Doutor dos Gentios, entre eles, tratou de um único assunto, como ele faz questão de frisar:

 

E eu, irmãos, quando fui ter convosco, anunciando-vos o testemunho de Deus, não fui com sublimidade de palavras ou de sabedoria. Porque nada me propus saber entre vós, senão a Jesus Cristo e este crucificado. E eu estive convosco em fraqueza, e em temor, e em grande tremor.

 

A minha palavra e a minha pregação não consistiram em palavras persuasivas de sabedoria humana, mas em demonstração do Espírito e de poder, para que a vossa fé não se apoiasse em sabedoria dos homens, mas no poder de Deus. (1 Co 2.1-5)

 

Embora o apóstolo fosse um dos maiores acadêmicos de seu tempo, não se deixou aprisionar pela filosofia, mas transcendeu Platão e Aristóteles. Sua mensagem não se resumia a uma mera peça de oratória. Quando se punha a falar de Cristo, encenava o drama do Calvário de tal forma, que seus ouvintes tinham a impressão de estar ao pé da cruz. Foi o que ele, tomado por uma ira santa e compreensível, declarou aos gálatas que estavam prestes a apostatar da fé: “O insensatos gálatas! Quem vos fascinou para não obedecerdes à verdade, a vós, perante os olhos de quem Jesus Cristo foi já representado como crucificado?” (Gl 3.1).

 

A Igreja tem de encenar, tanto para si mesma quanto para o mundo, o drama do Calvário. A palavra usada pelo apóstolo, para descrever como ele pregara a crucificação de Cristo aos gálatas, não era desconhecida do teatro grego. O vocábulo prograph  significa pintar, ou retratar vivamente, uma cena perante olhos exigentes e críticos. Paulo jamais foi infiel ao proclamar a mensagem da cruz. Ele não era um ator, mas sabia como representar a obra de Cristo ante um mundo que jaz no maligno.

 

3. Cristo, o Ressurreto de Deus. Se proclamarmos a morte de Jesus, mas lhe omitirmos a ressurreição, nossa pregação será incompleta. Quando os apóstolos reuniram-se, antes do Pentecostes, para escolher o substituto de Judas Iscariotes, fizeram questão de frisar que teria de ser alguém apto a testemunhar a ressurreição do Filho de Deus (At 1.22). A escolha, como sabemos, recaiu sobre Matias que, a partir daquele momento, tinha como tarefa prioritária anunciar a Israel e ao mundo que Jesus, de fato, erguera-se de entre os mortos.

 

Urge, pois, que a Igreja volte à pregação completa do evangelho. O pecador tem de saber que Jesus não ficou preso à cruz, nem detido no sepulcro, mas que, no terceiro dia, ressurgiu com poder e glória. Parece que os crentes de Corinto não estavam bem seguros quanto à ressurreição de Cristo. Por isso, interveio Paulo, afirmando-lhes com toda a energia de seu apostolado:

 

Ora, se prega que Cristo ressuscitou dos mortos, como dizem alguns dentre vós que não há ressurreição de mortos? E, se não há ressurreição de mortos, também Cristo não ressuscitou. E, se Cristo não ressuscitou, logo é vã a nossa pregação, e também é vã a vossa fé. (1 Co 15.12-14)

 

Que cada pecador saiba que Jesus morreu, ressuscitou e acha-se vivo, intervindo no mundo e governando a sua Igreja, por meio do Espírito Santo.

 

4. O Cristo que intervém. Na Declaração de Cesareia, Pedro foi inspirado a afirmar que Jesus é o Filho do Deus Vivo (Mt 16.16). Nessa curta, mas profunda assertiva, vemos um Deus que não se esconde em sua transcendência, mas se revela, amorosamente, em sua imanência. Por isso, o Pai intervém na história do universo por meio do Filho.

 

Quando pregamos que Jesus, além de ressuscitar, acha-se no governo de todas as coisas, tiramo-lo do panteão onde jazem os fundadores de religiões e seitas, para entronizá-lo como o Rei dos reis e Senhor dos senhores (Ap 19.16). Ele não é um entre outros fundadores de religiões, nas o fundamento da religião única e verdadeira. Maomé, por exemplo, cm que pese o dogma de sua ascensão, jaz no sepulcro e lá permanecerá até o Juízo Final. Cristo, porém, ressurgiu da morte. Por essa razão, declarou: É-me dado todo o poder no céu e na terra. Portanto, ide, ensinai todas as nações, batizando-as em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-as a guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado; e eis que eu estou convosco todos os dias, até à consumação dos séculos. Amém! (Mt 28.18)

 

Quando a Igreja apregoa o Cristo Vivo, serenamo-los, pois sabemos que Ele está no controle do universo, da História e de nossa vida.

Afinal, somente aquEle que vive para todo o sempre pode tornar-se o Deus conosco.

 

5. Cristo, o Deus pessoal. Ao anunciar a conceição virginal de Maria, o profeta Isaías deixa transparecer que o Filho, à semelhança do Pai, será um Deus pessoal: “Eis que a virgem conceberá e dará à luz um filho, e ele será chamado pelo nome de Emanuel. (Emanuel traduzido é: Deus conosco)” (Mt 1.23). Semelhante detalhe não pode faltar à mensagem evangelística da Igreja de Cristo. Os que suspiram por um encontro pessoal com o Pai Celeste não podem ver o Filho apenas como uma figura histórica e distante. como se Ele, o Divino Emanuel, não passasse de um mero acervo museológico. Que Ele existiu, não há dúvida. Maomé e Buda também existiram, mas são incapazes de transformar vidas. Que em cada proclamação, pois, mostremos que Jesus, além de estar vivo, almeja firmar um relacionamento pessoal, profundo e íntimo com cada um de seus filhos.

 

Mas em determinados círculos acadêmicos, o Salvador acha-se tão distante dos perdidos, que ninguém mais logra encontrá-lo em meio às monografias, teses e ensaios.

Não me refiro apenas à erudição secular. Infelizmente, a que lida com o texto sagrado acha-se também a debater no terreno movediço da incerteza e da incredulidade. Por isso, não nos curvemos, acriticamente, à crítica textual. Diante do aparato crítico dc algumas edições da Bíblia Sagrada, indaga o miserável pecador: “Afinal, Jesus fala ou não a minha língua?”. Não nos esqueçamos de que a erudição é serva do evangelho e escrava da Palavra de Deus. Sua tarefa é transmitir, de geração em geração, os oráculos divinos em sua pureza e integridade. Ela tem de estar ao pé da cruz, e não encimando a cabeça do Cordeiro de Deus.

 

Que o pecador saiba que Jesus não é apenas o Deus conosco, mas também o Deus comigo e o Deus contigo. Ele é tão pessoal que podemos adorá-lo com todo o nosso ser, pois a sua presença permeianos o corpo, a alma e o espírito.

 

IV. Igreja, a Mestra da Palavra

 

Entre outras símiles, Paulo destaca a Igreja de Cristo como a coluna e o baluarte da verdade (1 Tm 3.15). Tal comparação revela a natureza do corpo de Cristo, cuja missão é pregar o evangelho, ensinar os desígnios divinos e atuar como a voz profética de Deus.

 

1. A pregação do evangelho. A Igreja de Cristo, como já vimos, foi constituída, a fim de proclamar o evangelho a todos, em todo tempo e lugar, por todos os meios. O que universaliza uma igreja, portanto, não é o seu título, nem as suas pretensões, mas a sua atividade evangelística e missionária. Se nos fecharmos, como poderemos alcançar os confins da Terra? Mas, se nos abrirmos localmente, universalmente cumpriremos a tarefa que nos confiou o Senhor da Seara.

 

A Igreja sempre será chamada para fora, para apregoar a Palavra de Deus. Toda vez que isso ocorre, fazemo-nos luz do mundo e sal da terra. Num primeiro momento, iluminamos as trevas com a exposição da verdade divina. Em seguida, preservamos os tecidos sociais mais comprometidos, proclamando a vontade de Deus profeticamente. Portanto, quem ganha almas muda a sociedade, transforma a cultura e dissemina a ética cristã.

 

2. O ensino da Palavra. A academia não pode substituir a Igreja no ensino da Palavra de Deus, nem na produção teológica. Toda vez que isso ocorre, uma nova heresia nasce, uma verdade é distorcida e uma congregação local é destruída. Não quero, aqui, estabelecer uma relação dualista entre o ministério cristão e a academia.

Se a academia é cristã, não se afastará da Igreja, nem há de se arvorar contra o ministério eclesiástico. Por que um dualismo entre ambas? Portanto, assim como não devemos separar a vida pública da particular, também não podemos separar as atividades intelectuais das espirituais, pois o Espírito Santo quer santificar-nos por inteiro:

“O mesmo Deus da paz vos santifique em tudo; e o vosso espírito, alma e corpo sejam conservados íntegros e irrepreensíveis na vinda de nosso Senhor Jesus Cristo” (1 Ts 5.23, ARA).

 

A verdadeira teologia é produzida no âmbito da Igreja, pois os dons ministeriais são concedidos ao seu ministério, e não à academia, conforme ressalta o apóstolo:

E ele mesmo deu uns para apóstolos, e outros para profetas, e outros para evangelistas, e outros para pastores e doutores, querendo o aperfeiçoamento dos santos, para a obra do ministério, para edificação do corpo de Cristo, até que todos cheguemos à unidade da fé e ao conhecimento do Filho de Deus, a varão perfeito, à medida da estatura completa de Cristo. (Ef 4.1 1-13).

 

A Igreja de Cristo, pois, acha-se devidamente aparelhada, pelo Espírito de Deus, para ensinar a verdadeira doutrina e produzir a melhor teologia. Ela precisa de seus acadêmicos, mas estes não devem prescindir da comunhão dos santos. Além do mais, a teologia que produzimos só terá algum valor diante de Deus se frutificar na salvação de almas, na edificação da Igreja e no fortalecimento da voz profética da Bíblia Sagrada.

 

Conclusão

 

Sendo a Igreja de Cristo a coluna e o baluarte da verdade, não haverá de imiscuir-se com o poder secular, pois o seu Reino é eterno. Isso não significa, porém, que devemos ignorar o mundo, porquanto nele vivemos. Todavia, jamais nos conformaremos com o seu sistema. Nossa missão é transformá-lo pela proclamação do evangelho de Cristo. Quanto mais falarmos de Cristo à nossa geração, mais faremos ouvir a voz de Deus.

Por meio da proclamação evangélica, mostraremos a todos que Jesus Cristo é a única esperança para a nossa geração. Evangelizar é a missão mais importante da Igreja.

 

 

Evangelista Isaias Silva de Jesus

 

Igreja Evangélica Assembléia de Deus Ministério Belém Em Dourados – MS

 

Bibliografia

 

Livro O Desafio da Evangelização = Claudionor de Andrade = 1º. Edição

 

 

 

 

 

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