23 de maio de 2017

Hulda, a Mulher que Estava no Lugar Certo


Hulda, a Mulher que Estava no Lugar Certo

Texto Áureo = “Assim diz o Senhor: eis que trarei mal sobre este lugar e sobre os seus habitantes, a saber, todas as maldições que estão escritas no livro que se leu perante o rei de Judá.”

Verdade Prática = Quando opovo se corrompe. Deus levanta homens e mulheres como instrumentos de advertência contra o pecado.

LEITURA BIBLICA – 2 Crônicas 34.22-28

INTRODUÇÃO

Hulda foi uma mulher sábia e prudente que entrou em cena num período da história de Judá e de Israel em que os reis corromperam-se mais do que os povos ímpios que não reconheciam a Deus. Mesmo vendo a situação calamitosa de seu povo, não se apressou em emitir profecia ou mensagem de sua própria vontade. Porém, no tempo de Deus, ela foi tirada do anonimato e foi usada para transmitir uma mensagem muito dura contra o povo de Judá, no reinado de Josias, filho de Amom e neto de Manassés, que foram reis perversos que levaram a nação inteira a dar as costas para Deus e voltar-se para a idolatria mais perversa que a Bíblia registra. Josias foi contemporâneo dos profetas Jeremias (Jr 1.2) e Sofonias (Sf 1.1), que o ajudaram em sua missão de reconduzir o povo aos caminhos do Senhor. Mas Deus não quis usar nenhum desses homens para entregar a mais tremenda mensagem de condenação a seu povo por suas iniquidades. Ele quis usar a profetisa Hulda para advertir o povo da grande tragédia que haveria de cair sobre Judá e Jerusalém.

Hulda entrou em cena na história do povo de Judá, mas logo desapareceu após cumprir a missão árdua que Deus lha confiara. Pouco se sabe sobre ela, a não ser que era esposa de Salum, guardador das vestiduras, e que habitava em Jerusalém, “na segunda parte” da cidade, ou na “cidade baixa” (2 Rs 22.14). Ela entrou para a história quando o rei Josias tomou conhecimento do conteúdo do livro da Lei, que fora perdido na Casa do Senhor. Ao ouvir a leitura do livro da Lei e as maldições que cairiam sobre seu povo, o rei mandou consultar ao Senhor sobre tamanha desgraça causada pela desobediência do povo. E o sacerdote Hilquias procurou Hulda, a profetisa, para saber como proceder. E Hulda, usada por Deus, proferiu terrível profecia contra Judá, mostrando que Deus derramaria terrível juízo sobre a desobediência do povo.

Apesar disso, a mensagem de Deus para o rei Jos jas foi de amor e misericórdia. Por meio de Hulda, Deus mandou dizer ao jovem monarca que vira o seu coração humilde e o seu quebrantamento e que não traria mal algum que previra sobre Judá no tempo de seu reinado. De pronto, o rei tomou as medidas urgentes e necessárias para levar o povo ao arrependimento. Ele próprio fez concerto com Deus de obedecê-lo em seu reinado. Depois, levou o povo a fazer o concerto com Deus. E, de forma mais concreta, mandou retirar todas as abominações que o povo adotara em Judá e Jerusalém.

 

I- HULDA, VIVENDO NUM TEMPO DE CRISE

1. Quem Foi Hulda

Foi uma serva de Deus que demonstrou ter um caráter firme, decidido e discreto, num tempo em que reis e profetas desviaram-se dos caminhos do Senhor. Pouco se sabe acerca dela. Seu nome, no hebraico, significa «doninha”. O texto em estudo diz que ela era esposa de Salum, filho de Ticva, que era guardador das vestiduras e habitava em Jerusalém, “na segunda parte” da cidade, ou na “cidade baixa” (2 Rs 22.14).

Ela exerceu a atividade de profetisa num tempo em que esse ofício era predominantemente confiado a homens. A Bíblia registra que houve apenas mais duas profetisas em toda a história do Antigo Testamento: Miriã, irmã de Moisés (Ex 15.20), e Débora, que, além de profetisa, era Juíza (Jz 4.4). Hulda entrou em cena num momento especial e dramático da história do reino de Judá, no reinado de Josias (639—609 a.C).

Deus não fica impedido de operar quando os homens fogem à sua responsabilidade como líderes para servir a seu povo. Em termos espirituais e morais, a situação de Israel era das piores. Avaliamos melhor o papel de Hulda no meio de seu povo, bem como o seu testemunho eloquente de mulher de Deus, quando vemos, ainda que de forma resumida, o pano de fundo histórico em que ela vivia. O texto bíblico dá a entender que Hulda reconhecia o seu lugar como profetisa, mas ela só entrou em ação quando foi solicitada.

2. Ascensão e Decadência do Reino

Hulda viveu no tempo do reinado do rei Ezequias. Ele foi um grande rei usado por Deus de forma extraordinária (716—687 a.C). Porém, ele terminou mal os seus dias por ter dado lugar à exaltação em sua vida, O sucesso em seu reinado e o êxito como administrador fizeram-no sentir-se orgulhoso (2 Cr 32.25). A Bíblia adverte: “A soberba precede a ruína, e a’altivez do espírito precede a queda” (Pv 16.18). Sua prosperidade superou a de muitos reis que o antecederam (2 Cr 32.27-30), mas ele não soube administrar o sucesso sem perder a humildade.

Quando cometeu a imprudência de revelar segredos a emissários da Babilônia, Deus repreendeu-o, prometendo juízo sobre seu povo em tempos posteriores. Numa demonstração de egocentrism0 ele disse que era boa aquela palavra (2 Rs 20.19). Ezequias é o exemplo de líder que foi escolhido por Deus, que realizou um excelente ministério, mas que não soube consolidar os resultados até o fim. Ele começou bem e terminou de forma melancólica.

II - HULDA VË O TEMPO DO AVIVAMENTO

Podemos afirmar que Hulda era uma mulher de oração, de profunda comunhão com Deus em seu ofício incomum de profetisa, num tempo em que os homens eram as referências no ministério profético de caráter nacional. Ela testemunhou os desvios e desmandos de Ezequias e seus sucessores.

Certamente, com angústia na alma, ela pedia a Deus a mudança daquele quadro. Humanamente, isso era impossível, mas quando Deus quer agir, o impossível não faz parte de sua linguagem. Se os outros reis não tomaram conhecimento de seu ministério profético, Hulda viu Deus trabalhar de forma evidente para ouvir suas orações e levantou um menino para promover mudanças impactantes no reino de Judá.

III - HULDA É USADA POR DEUS

1. A Dura Mensagem de Deus

Hulda poderia ter sido usada como outros profetas que, ao contemplarem os desvios do povo, levantaram-se para combater reis, sacerdotes e o povo em geral. Ela, porém, ficou no seu lugar. Essa atitude fazia parte do seu caráter reservado. No tempo de Deus, ela foi apresentada a serviço do seu povo. O sumo sacerdote Hilquias e os demais assessores do rei foram procurar a profetisa Hulda para saber o que iria acontecer com Judá, tendo em vista a grande pecaminosidade de seu povo, motivada pela desobediência à palavra de Deus.

Os emissários relataram o grave acontecimento por terem tomado conhecimento dos terríveis castigos previstos na Lei de Deus para as transgressões deliberadas do povo. Desse modo, cumprindo sua missão, ainda que num tempo bastante curto como fiel mensageira do Senhor, Hulda deu a resposta ao rei: “E ela lhes disse: Assim diz o SENHOR, Deus de Israel: Dizei ao homem que vos enviou a mim: Assim diz o SENHOR: Eis que trarei mal sobre este lugar e sobre os seus habitantes, a saber, todas as maldições que estão escritas no livro que se leu perante o rei de Judá. Porque me deixaram e queimaram incenso perante outros deuses, para me provocarem à ira com toda a obra das suas mãos; portanto, o meu furor se derramou sobre este lugar e não se apagará” (2 Cr 34.23-25).

Tanto o rei como os seus assessores já sabiam da gravidade da situação quando ouviram a leitura do livro da lei que foi achado na Casa do SENHOR. Talvez, o povo mais abençoado por Deus, o povo de Israel, por motivos estranhos, nunca permaneceu por longo período em obediência plena ao Senhor. O livro de Juízes mostra a obstinação do povo em pecar, em afastar-se dos caminhos do Senhor. Quando obedeciam a Deus, havia paz, havia bonança e prosperidade. Quando desobedeciam, havia guerra, opressão, cativeiro, escassez e miséria. Por misericórdia, Deus sempre dava um escape, mas a desobediência sempre foi recorrente no meio daquele povo. No texto em estudo, vemos o povo do reino do Sul, em Judá, numa situação espiritual deplorável. Dá a entender que já fazia muito tempo que a lei sequer era lida perante o povo. O livro da Lei estava perdido!

A resposta profética de Hulda resume a situação de miséria espiritual do povo: idolatria vergonhosa, a ponto de deixarem de adorar ao Deus de seus pais, que os tirou do cativeiro egípcio e os levou pelo deserto abrasador em segurança até Canaã; o povo inclinava-se perante ídolos ou deuses feitos pelas mãos dos homens, provocando a ira do Senhor.

 A sentença de Deus através de Hulda foi: “[... o meu furor se derramou sobre este lugar e não se apagará” (v. 25). Era o prenúncio do cativeiro dejudá anos depois.



2. Hulda Profetiza para o Rei Josias

Deus sabe separar aquele que é bom no meio dos maus; ele sabe ver o justo no meio da injustiça; Ele reconhece o caráter de homens que não se corrompem no meio da multidão dos corrompidos. Ele viu Noé e sua família no meio da população mundial de sua época e considerou-os dignos de serem poupados da destruição do Dilúvio. Na crise espiritual de Judá e Jerusalém, Deus mostrou à profetisa Hulda que o rei Josias não seguiu os maus caminhos de seus pais, mas humilhou-se diante de Deus, reconhecendo a calamidade espiritual de seu povo quando tomou conhecimento do que estava escrito no livro da Lei, além das maldições que eram previstas por Deus para a nação desobediente e idólatra. E, assim, ela fez saber a Josias que tinha visto o seu coração sincero perante seu Deus. A profecia de Hulda para Josias foi um alento para ele, face o seu desespero diante da tragédia que estava prevista sobre seu povo.

Disse Hulda aos mensageiros do rei:

“Porém ao rei de Judá, que vos enviou a consultar ao SENHOR, assim lhe direis: Assim diz O SENHOR, Deus de Israel, quanto às palavras que ouviste: Como o teu coração se enterneceu, e te humilhaste perante Deus, ouvindo as suas palavras contra este lugar e contra os seus habitantes, e te humilhaste perante mim, e rasgaste as tuas vestes, e choraste perante mim, também eu te tenho ouvido, diz O SENHOR. Eis que te ajuntarei a teus pais, e tu serás recolhido ao teu sepulcro em paz, e os teus olhos não verão todo o mal que hei de trazer sobre este lugar e sobre os seus habitantes. E voltaram com esta resposta ao rei” (2 Cr 34.26-28).

Deus teve misericórdia do jovem rei de Judá. Sua resposta para ele, através de Hulda, mostra que o Senhor considerou as atitudes corretas de Josias.

O seu coração ficou enternecido, ou seja, ficou sensível, quebrantado; ele humilhou-se perante Deus quando ouviu a leitura do livro sagrado, que fora desprezado de forma tão irresponsável por seus pais; num sinal de profunda tristeza, vergonha e dor pela situação de seu povo perante Deus, ele rasgou suas vestes; mais que isso, Josias chorou diante de Deus. O Senhor agrada-se quando um homem prostra-se humilhado ante os próprios pecados ou então quando se humilha, intercedendo por outros ou por seu povo. E interessante notar que Josias não viu tais comportamentos em seu pai e em seu avô. Pelo contrário, ele viu a desobediência, a rebeldia e a obstinação deles em andar de modo contrário à vontade de Deus. Porém, mesmo sendo muito jovem, ele entendeu que o caminho seria o do retorno à vontade do Senhor. Por is9guebrantoue e foi reconhecido por Deus. Diz a Bíblia: “Os sacrifícios para Deus são o espírito quebrantado; a um coração quebrantado e contrito não desprezarás, ó Deus” (Sl 51.17).

A resposta de Deus a Josias foi altamente positiva e confortadora para ele: “Eis que te ajuntarei a teus pais, e tu serás recolhido ao teu sepulcro em paz, e os teus olhos não verão todo o mal que hei de trazer sobre este lugar e sobre os seus habitantes” (2 Cr 34.28).

3. O Efeito da Profecia sobre Judá e Jerusalém

Quando um profeta merece credibilidade, sua palavra é reconhecida como sendo da parte de Deus por ser diferente da dos falsos profetas (Dt 18.18-22). Após ouvir a mensagem profética de Hulda, Josias tomou de imediato algumas medidas que demonstram o seu cuidado e zelo em ouvir a voz de Deus. Ele fez uma convocação urgente “a todos os anciãos de Judá e Jerusalém”.

As mudanças numa nação ou numa igreja só têm efeito se começarem pela liderança. Em segundo lugar, ele próprio “subiu à Casa do SENHOR com todos os homens de Judá e os habitantes de Jerusalém, e os sacerdotes, e os levitas, e todo o povo, desde o maior até ao menor”. Depois de reunir todo o povo, “[...] ele leu aos ouvidos deles todas as palavras do livro do concerto, que se tinha achado na Casa do SENHOR” (2 Cr 34.29,30). Até então, apenas o rei e seus assessores tinham conhecimento do conteúdo do livro da Lei e das maldições previstas contra a desobediência do povo. Por isso, Josias providenciou para que a leitura do livro fosse feita perante todo o povo, a exemplo do que fizera Esdras, o sacerdote, no tempo de Neemias, diante todo o povo (Ne 8.2,3).

Todas essas medidas eram de caráter conscientizador, mas faltavam as medidas de caráter prático. Somente a conscientização e o arrependimento sem as mudanças concretas, na prática, no dia-a-dia do povo, nada resolvem. O rei foi sábio e corajoso. Primeiramente, ele próprio fez concerto com Deus para obedecer a sua palavra: “E pôs-se o rei em pé em seu lugar e fez concerto perante o SENHOR, para andar após o SENHOR e para guardar os seus mandamentos, e os seus testemunhos, e os seus estatutos, com todo o seu coração e com toda a sua alma, cumprindo as palavras do concerto, que estão escritas naquele livro” (2 Cr 34.3 1). Ele entendeu que precisava dar o exemplo de liderança e, antes de propor um concerto do povo com Deus, assumiu o compromisso diante de Deus e do povo de pautar seu reino pelos mandamentos do Senhor.

Em seguida, ele levou o povo a fazer o concerto com Deus: “E fez estar em pé a todos quantos se acharam em Jerusalém e em Benjamim; e os habitantes de Jerusalém fizeram conforme o concerto de Deus, do Deus de seus pais” (2 Cr34.32). Por fim, Josias usou da autoridade que Deus concedera a ele e determinou que “todas as abominações” fossem tiradas do meio de Israel. Tais abominações eram os ídolos perante quem seus pais ficavam curvados, afrontando a santidade de Deus, e também as práticas abomináveis que provocaram a ira do Senhor sobre Israel e Judá, como oferecer sacrifícios humanos aos demônios, incluindo crianças inocentes.

E Josias usou da sua autoridade respaldada na palavra de Deus para obrigar o povo a oferecer o verdadeiro culto ao Senhor: “E Josias tirou todas as abominações de todas as terras que eram dos filhos de Israel; e a todas quantos se achara em Israel obrigou a que com tal culto servissem ao SENHOR, seu Deus; todos os seus dias não se desviaram de após o SENHOR, Deus de seus pais” (2 Cr 34.33).

Depois das reformas necessárias, Josias cumpriu o que Deus determinara e, então, celebrou a Páscoa ao SENHOR em Jerusalém (2Cr 35.1-19).

 

CONCLUSÃO

 

A profetisa Hulda foi uma mulher de Deus que teve um papel significante para a história de seu povo, ainda que de modo muito passageiro. Todavia, o que importa é a qualidade de seu trabalho, e não a extensão de seu ministério. Hulda soube colocar-se discreta e humildemente no lugar que Deus reservou a ela. Mas, no momento certo, entregou a mensagem de condenação de Deus ao povo de Judá, que, de maneira contumaz, afastara-se dos caminhos do Senhor.

 

Evangelista Isaias Silva de Jesus

Igreja Evangélica Assembléia de Deus Ministério Belém Setor I - Em Dourados – MS

Livro O Caráter do Cristão –Elinaldo Renovato de Lima –CPAD 1º. Edição 2017

 

 

 

 

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