Jesus Sumo
Sacerdote de uma Ordem Superior
TEXTO ÁUREO
"Porque
nos convinha tal sumo sacerdote, santo, inocente, imaculado, separado dos
pecadores, efeito mais sublime do que os céus." (Hb 7. 26)
VERDADE
PRÁTICA
Como
Sumo Sacerdote de outra ordem, a de Melquisedeque, Jesus possui um sacerdócio
imutável, perfeito e eterno.
LEITURA
DIÁRIA
Segunda
– Sl 110.4: Jesus, um sacerdócio com realeza
Terça
– Hb 7.11: Jesus, um sacerdócio perfeito
Quarta
– Hb 7.12: Jesus, um sacerdócio imutável
Quinta
– Hb 7.17: Jesus, um sacerdócio eterno
Sexta
– Hb 7.26: Jesus, um sacerdócio santo
Sábado
– Hb 7.26; 2Co 5.21: Jesus, um sacerdócio inculpável e imaculado
LEITURA
BÍBLICA EM CLASSE – Hebreus 7.1-19
Hebreus
7.1-19
1
PORQUE este Melquisedeque, que era rei de Salém, sacerdote do Deus Altíssimo, e
que saiu ao encontro de Abraão quando ele regressava da matança dos reis, e o
abençoou;
2
A quem também Abraão deu o dízimo de tudo, e primeiramente é, por
interpretação, rei de justiça, e depois também rei de Salém, que é rei de paz;
3
Sem pai, sem mãe, sem genealogia, não tendo princípio de dias nem fim de vida,
mas sendo feito semelhante ao Filho de Deus, permanece sacerdote para sempre.
4
Considerai, pois, quão grande era este, a quem até o patriarca Abraão deu os
dízimos dos despojos.
5
E os que dentre os filhos de Levi recebem o sacerdócio têm ordem, segundo a
lei, de tomar o dízimo do povo, isto é, de seus irmãos, ainda que tenham saído
dos lombos de Abraão.
6
Mas aquele, cuja genealogia não é contada entre eles, tomou dízimos de Abraão,
e abençoou o que tinha as promessas.
7
Ora, sem contradição alguma, o menor é abençoado pelo maior.
8
E aqui certamente tomam dízimos homens que morrem; ali, porém, aquele de quem
se testifica que vive.
9
E, por assim dizer, por meio de Abraão, até Levi, que recebe dízimos, pagou
dízimos.
10
Porque ainda ele estava nos lombos de seu pai quando Melquisedeque lhe saiu ao
encontro.
11
De sorte que, se a perfeição fosse pelo sacerdócio levítico ( porque sob ele o
povo recebeu a lei ), que necessidade havia logo de que outro sacerdote se
levantasse, segundo a ordem de Melquisedeque, e não fosse chamado segundo a
ordem de Arão?
12
Porque, mudando-se o sacerdócio, necessariamente se faz também mudança da lei.
13
Porque aquele de quem estas coisas se dizem pertence a outra tribo, da qual
ninguém serviu ao altar,
14
Visto ser manifesto que nosso Senhor procedeu de Judá, e concernente a essa
tribo nunca Moisés falou de sacerdócio.
15
E muito mais manifesto é ainda, se à semelhança de Melquisedeque se levantar
outro sacerdote,
16
Que não foi feito segundo a lei do mandamento carnal, mas segundo a virtude da
vida incorruptível.
17
Porque dele assim se testifica: Tu és sacerdote eternamente, Segundo a ordem de
Melquisedeque.
18
Porque o precedente mandamento é ab-rogado por causa da sua fraqueza e
inutilidade
19
(Pois a lei nenhuma coisa aperfeiçoou ) e desta sorte é introduzida uma melhor
esperança, pela qual chegamos a Deus.
HINOS
SUGERIDOS: 137, 236, 555 da Harpa Cristã
Apresentar
a tipologia do sacerdócio de Melquisedeque com relação a Jesus Cristo,
expressando a verdade de que nosso Senhor possui um sacerdócio imutável,
perfeito e eterno.
OBJETIVOS
ESPECÍFICOS
Abaixo,
os objetivos específicos referem-se ao que o professor deve atingir em cada
tópico. Por exemplo, o objetivo l refere-se ao tópico l com os seus respectivos
subtópicos.
I.
Explicar o aspecto tipológico de Melquisedeque;
II.
Destacar a natureza do sacerdócio de Cristo;
III.
Expor os atributos do sacerdócio de Cristo.
INTERAGINDO
COM O PROFESSOR
Caro
(a) professor (a), a Lição desta semana trata de um assunto muito especial: o
sacerdócio perfeito e eterno de Jesus. Isso significa que estudaremos como todo
o sistema de sacrifício levítico, apresentado no Antigo Testamento, deu lugar
ao sacrifício completo de Jesus no Calvário. Sim, veremos que Jesus Cristo, e
só Ele, tinha todas as prerrogativas para mudar o sacerdócio e a Lei. E foi
isso que o nosso Senhor fez! Por isso, dedique-se para compreender o melhor que
puder o capítulo 7 de Hebreus. Boa aula!
INTRODUÇÃO
E
sábio lembrar-nos, como reorientação, acerca do propósito ousado e
revolucionário do autor. Ele está construindo uma posição lógica e exegética
com a finalidade de despedaçar completamente qualquer dependência remanescente
do judaísmo. Ele precisa convencer esses cristãos hebreus de três coisas.
Em primeiro
lugar,
que o sacerdócio de Cristo anula e substitui completamente toda estrutura
monolítica do sacerdócio judaico e da adoração no Templo. Não pode mais haver
uma contemporização do conceito da coexistência. Os odres velhos não podem
conter o vinho novo, nem a veste velha ser remendada com pano novo. O antigo
terminou, abandonado por Deus, e precisa ser abandonado pelos cristãos.
Em segundo
lugar,
Jesus Cristo, em seu sacerdócio, inaugurou uma nova aliança entre Deus e seu
povo, tornando a antiga aliança obsoleta com suas formas ritualísticas e
sacerdotais.
Esta
nova aliança é o cumprimento do significado simbólico da antiga, e igualmente o
cumprimento das grandes predições do AT acerca desta substituição. A nova
aliança, portanto, não deveria ser nenhuma surpresa para eles e deveria ser
adotada prontamente e com gratidão. Ela é qualitativamente superior à antiga em
todos os sentidos, visto que inclui a substância em vez da sombra. Esta
substância é essencialmente uma perfeição pessoal do adorador, descrita de
diversas maneiras como repouso, acesso ao “Santo dos Santos” e santificação.
Em terceiro
lugar,
a pessoa e obra de Cristo são definitivas e cancelam todas as outras opções.
Tendo conhecido a Cristo, não tem como voltar atrás. Não podem mais encontrar
abrigo em Moisés da ira vindoura. A tentativa em fazê-lo resultará em
julgamentos e conseqüências eternas excedendo em muito a desgraça que a raça
havia experimentado previamente por causa da desobediência.
Ao
estabelecer este tipo de argumentação, o raciocínio do autor é inteiramente
judaico. Muitos elementos têm uma afinidade com o helenismo
judaico-alexandrino, como é representado por Fílon, mas outros são compatíveis
com a hermenêutica rabínica de Jerusalém. Um ponto de concordância entre essas
duas posições era a sua alta consideração pelo AT como a Palavra de Deus
divinamente inspirada. Nada era supérfluo ou sem significado.18
Mas
Hebreus difere tanto de Fílon quanto dos judeus palestinos no princípio
hermenêutico básico que sustenta toda a carta, a saber, que Cristo é a chave
para a interpretação das Escrituras judaicas. “Para Hebreus”, diz Sowers, “o
verdadeiro significado da Bíblia não é desvendado por um exegeta inspirado,
como é o caso de Fílon, mas, sim, por Cristo, para o qual aponta todo o AT”.
Ele,
portanto, reconhece textos que provam o que está querendo dizer que não seriam
reconhecidos como tais por um exegeta que olhasse através de lentes
hermenêuticas diferentes. Mas existem motivos de sobra para acreditar na base
histórica e teológica de que ele foi fiel ao princípio introduzido pelo próprio
Cristo no caminho de Emaús (Lc 24.27) e que estruturou o pensamento dos
apóstolos e da Igreja Primitiva.
Nos
capítulos seguintes, portanto, o autor interpreta vários textos cristológicos.
O primeiro — e possivelmente o mais crucial — é Salmo 110.4: “Jurou o Senhor e
não se arrependerá: Tu és um sacerdote eterno, segundo a ordem de Melquisedeque”.
Deste
versículo depende sua polêmica de que Cristo é legitimamente o sumo sacerdote,
nomeado por Deus, mas de uma ordem diferente e superior à levítica, e, por esta
razão, substituindo a ordem levítica para sempre. Ele já citou o texto (5.6) e referiu-se
a ele duas vezes (5.10; 6.20). O autor agora está pronto para expandir o seu
argumento.
1. A Ordem
de Melquisedeque (7.1-10)
O
autor revê (l-2a) os fatos básicos apresentados a nós em Gênesis 14.18-20.
Então começa uma interpretação da identidade desta figura misteriosa.
a) O padrão
do seu sacerdócio (7.2b,3). O autor encontra significado em seu nome: é, por interpretação,
rei de justiça (2). Mas também lhe é atribuída importância em virtude de ele
ser rei de Salém, que é rei de paz. Aqui ocorre uma concordância tipológica com
Cristo logo no princípio por meio do hábil lembrete de que a paz segue a
justiça e que não pode existir sem ela.
As
descrições sem pai, sem mãe, sem genealogia, não tendo princípio de dias nem
fim de vida (3), devem ser entendidas em referência à ordem do sacerdócio de
Melquisedeque, não à sua pessoa física. Na mente de um judeu, letrado nas
idéias levíticas rígidas, era inconcebível que alguém servisse como sacerdote
sem ser descendente de pais sacerdotes, sem genealogia.
Mas,
foi o próprio Moisés que chamou Melquisedeque de “sacerdote do Deus Altíssimo”
(Gn 14.18); e ele foi reconhecido como tal mesmo sem credenciais formais. Ele
não tinha uma linhagem oficial. Não havia registro da sua data de nascimento ou
da sua morte. Neste sentido, ele foi feito semelhante ao Filho de Deus, que
também não tinha uma linhagem sacerdotal normal.
O
aspecto importante a ser ressaltado é que este Melquisedeque permanece
sacerdote para sempre. Aqui está a proposta-chave. Tudo o mais é subordinado e
descritivo. Primeiro, os fatos da história são reafirmados. Então, o padrão
tipológico é desenhado, basicamente como um argumento do silêncio. E as idéias
essenciais que o autor vai ressaltar são: 1) esta certamente não é uma ordem de
sacerdócio levítica; 2) ela é uma ordem superior e 3) um sacerdócio que é
caracterizado pela perpetuidade.
b) A
grandeza do seu sacerdócio (7.4-10). Considerai, pois, quão grande era este, a
quem até o patriarca Abraão deu os dízimos dos despojos (4). Os próximos dois
versículos são obscuros na KJV, mas uma nova tradução pode esclarecer o
significado:
“E
reconhecidamente aqueles que são filhos de Levi, tendo recebido o sacerdócio,
têm uma ordem (ou autoridade) de recolher os dízimos das pessoas de acordo com
a lei; estes são os seus irmãos, plenamente descendentes de Abraão. Mas aquele
que é sem linhagem entre eles recebeu os dízimos de Abraão e abençoou aquele
que tinha as promessas” (vv. 5-6).
O
alvo aqui é mostrar a superioridade da ordem sacerdotal de Melquisedeque em
relação à ordem levítica. Tendo inferido que a demonstração de seu pai Abraão
pagando dízimos a ele provava esta grandeza, o autor rapidamente prevê nos
versículos 5 e 6 a possível réplica de que Abraão também paga dízimos a Levi
por meio dos seus descendentes; portanto, Levi é igualmente grande.
Mas
esta é uma exigência da lei, não uma homenagem voluntária; e, além disso, Levi
é igualmente um descendente de Abraão, que torna isso uma questão de família,
e, deste modo, a “grandeza” por causa do “direito” é cancelada. Mas
Melquisedeque era um estranho, não designado pela lei para recolher dízimos de
Abraão como parte de um sistema utilitário doméstico; portanto, o recebimento
de dízimos era uma evidência de um ato especial de reverência da parte de Abraão.
Em outras palavras, Levi não pode reivindicar igual grandeza simplesmente pelo
fato de recolher dízimos, visto que as circunstâncias que governam o ato de
dizimar são tão diferentes.
Além
disso, Melquisedeque abençoou o que tinha as promessas (6). Esta é uma prova
conclusiva, porque sem contradição alguma, o menor é abençoado pelo maior (7).
Isto seria auto-evidente, porque o pai abençoa seu filho, a pessoa idosa
abençoa a mais jovem, o sacerdote abençoa o povo, o rei abençoa os seus súditos
— nunca o contrário. Aposição de receptor é inferior à posição de doador,
porque receber admite fraqueza e necessidade, enquanto dar sugere poder e
influência. Ao dar o dízimo, Abraão estava homenageando — era um ato religioso
— enquanto ao receber a bênção de Melquisedeque ele estava aceitando a posição
de beneficiário. Por esta razão, nos dois casos ele foi considerado subordinado
a Melquisedeque. No entanto, ele é aquele que havia recebido as promessas de
Deus de grandeza racial e benefício mundial por meio da sua descendência.
Portanto,
podia-se dizer que as próprias promessas estavam sujeitas à benção de
Melquisedeque. Se, no entanto, vermos Jesus aqui como Melquisedeque, veremos a
profunda implicação a que a epístola está aludindo do início ao fim.
O
contraste entre Levi e Melquisedeque é levado mais adiante. Os sacerdotes
levitas eram homens que morrem — eles são mortais — mas naquela situação
antiga, um deles recebia os dízimos de quem se testifica que vive (8).
A
“testemunha” parece ser deduzida de Salmos 110.4. A lógica é que se o
sacerdócio de Cristo deve ser para sempre e, ao mesmo tempo, de acordo com a
ordem de Melquisedeque, então esta ordem de sacerdócio deve ter sido
estabelecida para sempre. Portanto, Abraão estava dando dízimos a alguém que
representava, não uma sucessão de sacerdotes, mas um tipo de sacerdócio que
está perpetuamente investido em uma Pessoa perpétua. Este tipo de sacerdócio
obviamente é superior à ordem levítica.
O
autor agora procura por meio de uma investida final ressaltar a presunção
levítica ao recorrer a uma mudança exagerada. E, para assim dizer é a frase
introdutória. A ARA a traduz da seguinte maneira: “E, por assim dizer”. De
acordo com Chamberlain, esta frase “introduz uma declaração hesitante. Ela
indica que o autor não gostaria de ser entendido literalmente”; portanto, não
podemos interpretar esta declaração como sendo um princípio sério aplicável à
transmissão do pecado original.
Mas
encontramos aqui uma resposta final à própria resposta dos levitas, usando o
tipo de argumento deles. Se pudesse ser dito que Abraão deu os dízimos a Levi
por meio dos seus descendentes — por conseguinte Levi era tão grande quanto
Melquisedeque — também podia igualmente ser dito que Levi pagou dízimos por
meio de Abraão. Porque ainda ele estava nos lombos de seu pai, quando
Melquisedeque lhe saiu ao encontro (9-10). Isto pode ser chamado de uma
reductio ad absurdum (redução ao absurdo), mas certamente uma resposta
desconcertante e convincente.
Fica
evidente que o autor vincula uma grande importância à proposição de que a ordem
sacerdotal de Melquisedeque é muito superior à ordem de Levi.
Estabelecer
esta baliza polêmica significa garantir efetivamente toda sua posição, porque
isto traz consigo implicações de longo alcance em relação a Cristo. O autor
agora se propõe a mencionar algumas dessas implicações, e, ao fazê-lo, ele está
proclamando o fim de todo o sistema levítico.
2. A Antiga
Ordem é Substituída pela Nova (7.11-22)
a) A
impotência da ordem levítica (7.11). As diversas implicações terminam na questão
básica da perfeição, que neste contexto é habilmente definida como uma
“comunhão perfeita entre Deus e os adoradores” (NT Ampl.). Esta é uma descrição
exata, visto a partir do conceptualismo do “Santo dos Santos”. Mas ela também
inclui (de acordo com o conceptualismo da nova aliança) a santificação pessoal,
que por si só pode prover uma base moral para esta comunhão. As duas fases são
esclarecidas no devido tempo.
Mas
agora assume-se que tal perfeição é necessária, pela sua própria natureza,
tornando-se o alvo e o fim de toda religião. Qualquer sistema (incluindo o
levítico) deixa de prover tal perfeição, sendo inadequado e temporário.
Os
judeus acreditavam que o seu acesso a Deus por meio da sua adoração no Templo
representava o auge das possibilidades. Mas se a perfeição fosse pelo
sacerdócio levítico [...] que necessidade havia logo de que outro sacerdote se
levantasse? A lógica é irrefutável. A observação entre parênteses: porque sob
ele o povo recebeu a lei, indica que Deus deu a lei aos israelitas por meio da
mediação deste sacerdócio; portanto, seus sacerdotes tinham todas as
oportunidades para demonstrar a eficácia salvadora do seu ministério. Era um
sacerdócio divinamente ordenado, mediando e administrando uma lei divina. Será
que esta combinação não seria adequada para alcançar a perfeição? Mas o anúncio
de uma nova ordem prova que a antiga ordem não tinha condições de alcançar esta
perfeição.
b) A
invalidação da lei mosaica (7.12-19). Mas isto trazia consigo uma conseqüência
igualmente avassaladora: mudando-se o sacerdócio (ou “se o sacerdócio é
mudado”, um particípio circunstancial condicional), necessariamente se faz
também mudança da lei (12). Um infere o outro. Porque aquele de quem essas
coisas se dizem (i.e., Jesus) pertence a outra tribo, da qual ninguém serviu ao
altar (13), nem era permitido que assim se fizesse, sob pena de morte. Que
nosso Senhor procedeu de Judá é de conhecimento geral; mas concernente a essa
tribo nunca Moisés falou de sacerdócio (14). Perceba aqui que o autor está
falando, não acerca de Levi ou Arão, mas de Moisés. Por trás da ordem
sacerdotal levítica estava a lei mosaica. Se uma ruísse, a outra ruiria junto.
Se Deus tornou o sacerdócio araônico obsoleto por meio de uma nova ordem
sacerdotal, também tornou obsoleto o sistema de leis do qual o sacerdócio
araônico derivava sua autoridade.
Por
mais perturbador que isso possa parecer, precisamos encará-lo, porque muito
mais manifesto (incontestável) é ainda se, à semelhança de Melquisedeque, se levantar
outro sacerdote, que não foi feito segundo a lei do mandamento carnal, mas
segundo a virtude da vida incorruptível (15,16). Este texto (SI 110.4) mostra
que o sistema mosaico não está sendo amoldado, mas destruído.
Duas
frases nestes versículos merecem uma atenção especial: à semelhança de
Melquisedeque (15) e segundo a virtude da vida incorruptível (16). A palavra
semelhança (homoioteta) traz luz sobre taxin. Esta palavra tem sido
constantemente traduzida por ordem na ARC, como ocorre no versículo 17: Tu és
sacerdote eternamente, segundo a ordem de Melquisedeque.
Mueller
entende que esta palavra significa “grau” ou “posição”, e indubitavelmente o
grau de Cristo suplanta o de Arão. Mas a idéia de grau não traz a idéia exata
de Hebreus e ordem chega mais próximo do conceito original. Aqui o autor está
evidentemente usando semelhança como sinônimo.
O
que está sendo ensinado não é tanto uma diferença no grau, mas uma diferença
radical no padrão ou tipo de sacerdócio. Por isso, ele ressalta a sua natureza
não genealógica, mas, acima de tudo, a sua perpetuidade. Assim, o fato
culminante, a virtude da vida incorruptível, é confrontado com a lei do
mandamento carnal. Aqui está a nota central desta nova ordem, que é semelhante
a do seu tipo, Melquisedeque. É por isso que a ênfase na interpretação deste
capítulo não deveria ser no homem Melquisedeque, como uma personalidade
histórica misteriosa, mas na ordem ou tipo de sacerdócio que ele representa.
Se
tentarmos entender 7.3 e 7.8 literalmente como se referindo a um homem
específico, acabaremos nos envolvendo em grande dificuldade. Mas, se
entendermos estes versículos como que se referindo à ordem que este homem
representa, as coisas se esclarecem. Devemos lembrar que o texto que tirou
Melquisedeque da obscuridade e lhe deu significado doutrinário (SI 110.4)
vinculava este significado somente ao seu papel como um tipo do sacerdócio de
Cristo. A pessoa importante em Salmos 110.4 não é Melquisedeque mas “Tu”
(Cristo). E a idéia claramente transmitida é que o Messias serviria como
Sacerdote e Rei, um novo tipo de Sacerdote, substituindo e destituindo a ordem
araônica, bem como um novo tipo de Rei.
O
autor finalmente revela de maneira clara aquilo que estava implícito o tempo
todo: Porque o precedente mandamento (o mandamento anterior) é ab-rogado por
causa da sua fraqueza e inutilidade (18). Por meio da obra substitutiva de
Cristo, a lei mosaica tornou-se inválida. O mandamento aqui corresponde à lei
do mandamento carnal (16), que é carnal não no sentido de ser mau, ou de origem
humana, mas no sentido que é concernente às legalidades físicas e externas,
tais como as genealogias. Lei aqui seria “operação” (semelhante a ordem, 17),
e, assim, a frase simplesmente significaria: “não de acordo com o padrão dessas
exterioridades temporais”.
A
ordem prescrevendo qualificações e atividades sacerdotais é anulada (substituída,
revogada) por causa da sua fraqueza inerente. Ela era incapaz de fazer a obra
principal no homem que precisava ser feita. Pois a lei (de Moisés, incluindo o
mandamento que governava o sacerdócio) nenhuma coisa aperfeiçoou (19). Ela não
trazia nenhum proveito, nem para os sacerdotes nem para o povo, nem para a
adoração nem para os adoradores.
Temos
motivos para um regozijo durável em virtude de se seguir uma das conjunções
adversativas centrais na Bíblia — e desta sorte é introduzida uma melhor
esperança. Neste caso, o sentido de melhor esperança é a base ou a causa melhor
de esperança. Sob a antiga ordem havia a lei, que não estimulava a esperança
espiritual, tanto em relação à santidade quanto ao céu. Mas por meio dessa base
superior de esperança (que é Cristo) chegamos a Deus.
Vincent
diz: “O cristianismo é a religião da boa esperança porque por meio dela as
pessoas têm a oportunidade de entrar numa comunhão íntima com Deus. O antigo
sacerdócio não podia realizar isto”. A esperança é um incentivo melhor para a
oração do que o medo.
c) A
inauguração de um testamento “melhor” (7.20-22). O autor
continua descrevendo as implicações do seu texto (SI 110.4). Ainda existem dois
pontos na sua exposição, ambos introduzidos por E (20, 23). A conclusão a ser
observada nos versículos 20-22 é que Jesus foi fiador de um concerto tanto
melhor. Mas o grau de superioridade está fundamentado em um simples fato,
recapitulado no versículo 21, que é: aqueles foram feitos sacerdotes sem
juramento (sacerdotes constituídos), enquanto Jesus não se tornou sacerdote sem
prestar juramento (20).
O
autor tem considerado a proposição principal do seu texto, mas agora explica o
significado da primeira parte. Jurou o Senhor e não se arrependerá (21).
Esta
ênfase é alcançada pelo uso de dois pronomes, hoson, visto como (20), e seu
correlativo, tosouto, de tanto (22). Assim, visto como deveria ser lido junto
com de tanto. Veremos que a diferença entre a ordenação sacerdotal sem
juramento (horkomosias) e com juramento é fundamental. Conseqüentemente, vemos
a superioridade do novo testamento sobre o antigo.
Na
mente do autor esta diferença é grande, possivelmente devido a duas
considerações: Primeiro, o elemento de caráter final na natureza de um
juramento; e, segundo, a natureza daquele que fez o juramento. Não é Deus que
ministra o juramento ao Filho, que nesse caso seria o Filho prometendo cumprir
seus deveres; é o próprio Deus que jura, prometendo estabelecer o sacerdócio
individual do Filho para sempre.
Tal
obrigação nunca foi aceita no caso de Arão. E o concerto (testamento) mediado
por um sacerdote que é assim superior deve igualmente ser superior. Por meio do
juramento, Jesus tornou-se o fiador (garantia) de Deus deste concerto novo e
melhor.
O
último ponto que o autor ressalta do seu texto é culminante. Ele examinou as
várias linhas de verdade da natureza “melquisedequeana” no sacerdócio de
Cristo; agora chegou o momento de uni-las.
a) Um poder
perfeito para salvar (7.23-25). O contraste entre o novo sacerdócio (de
Cristo) e o antigo não se apóia apenas no juramento (ou na ausência dele), mas
no fato inferido e confirmado pelos simples acontecimentos da história. E, na
verdade, aqueles foram feitos sacerdotes em grande número, porque, pela morte,
foram impedidos de permanecer (23), mas este, porque permanece eternamente, tem
um sacerdócio perpétuo (24).
Se
Cristo vive para sempre, seu sacerdócio é para sempre — Ele “tem um sacerdócio
permanente” (Mueller). Não haverá outro sacerdote que o sucederá, que continue
a sua obra e talvez a leve mais adiante. Ele é o último. Por isso, seu
sacerdócio é final e completo. Portanto (por isso), pode também salvar
perfeitamente os que por ele se chegam a Deus, vivendo sempre para interceder
por eles (25).
O
tempo presente do infinitivo sozein, salvar, corresponde ao particípio
presente, vivendo sempre. Visto que sempre vive, Ele sempre pode salvar — cada
pecador em cada geração e em cada situação de necessidade. Não há um exaurir
dos seus recursos. O poder para salvar está nele, e porque Ele vive, o poder
sempre está lá. O versículo 16 destacou a “virtude da vida incorruptível”. A
natureza deste poder é agora destacada — é o poder para salvar as pessoas. A
conexão entre seu poder para salvar e sua intercessão também é significativa.
Ele vive com um propósito — “para advogar a sua causa” (Mueller).
Cristo
assegura para nós não somente o livramento da sentença da morte, que nossos
pecados merecem, mas da depravação da nossa natureza. A palavra perfeitamente
(panteles) revela o grau deste livramento.26 Ela é completa, sem restrições.
Não é uma “sentença suspensa” ou uma limpeza parcial, mas uma justificação
plena (Rm 8.14).
Discussões
subseqüentes mostrarão mais claramente que a salvação perfeita da condenação
envolve a salvação de todo pecado. Além disso, este poder perfeito para salvar
perfeitamente é a essência do testamento melhor — isto o autor também deixará
claro.
Qualquer
pecado no coração do crente é prova de uma salvação imperfeita, e o erro deve
ser ou do Salvador ou do crente. Visto que não pode ser do Salvador, e
certamente não é uma deficiência de suas promessas ou provisões, deve ser uma
deficiência da apropriação.
Esta
verdade é inferida da frase que marca a própria limitação do poder do nosso
Senhor: os que por ele se chegam a Deus. Ignorar Jesus significa perder sua
salvação. Sua capacidade salvadora está limitada àqueles que se achegam a Deus
por meio do Calvário, mas ela não é limitada em poder naqueles que se aproximam
dele dessa forma. Aqueles que continuam sendo derrotados pelo pecado ainda não
chegaram da forma apropriada.
Esta
passagem sugere: 1) Um Salvador vivo — vivendo sempre. 2) Um Salvador adequado
— pode também salvar perfeitamente. 3) Um Salvador restringido — os que por ele
se chegam a Deus.
b) Uma
Pessoa aperfeiçoada que salva (7.26-28). O autor estabeleceu a posição radical e
revolucionária de Salmos 110.4. Nada mais será dito a respeito de
Melquisedeque, mas muito mais será dito acerca daquele a quem o Pai se dirigiu
naquele pronunciamento marcante. Jesus é nosso sumo sacerdote e somente Ele é
suficiente para nós porque somente Ele tem todas as qualificações exigidas.
Porque nos convinha tal sumo sacerdote (26), i.e., foi exatamente apropriado
para cada uma de nossas necessidades. Em que sentido?
Ele
é santo, inocente, imaculado, separado dos pecadores e feito mais sublime do
que os céus. Encontramos cinco marcas neste texto. As três primeiras marcas
testificam das suas qualificações pessoais e caráter: santo de coração,
inocente na conduta e imaculado de consciência. Mas as últimas duas falam
eloqüentemente do cumprimento perfeito do seu ofício — “tendo sido separado”
(particípio perfeito) dos pecadores e “tornando-se” (particípio presente, voz
média) mais sublime do que os céus.
Esta
separação provavelmente é uma referência à solidão de oito dias exigida do sumo
sacerdote antes de fazer expiação uma vez ao ano no Santo dos Santos. Este
aspecto é usado figuradamente aqui, porque a separação de Cristo dos pecadores
era moral, não social; era vitalícia, não temporária. Contudo, a figura fala da
sua aptidão plena para o ato supremo de entrar no “Santo dos Santos” a nosso
favor.
Como
conseqüência, Ele está firmado no lugar supremo de autoridade. Desta forma,
estão resumidas tanto a sua humilhação quanto a sua exaltação (Is 52.13—53.12;
Fp 2.9) e desta forma também está confirmada a sua divindade essencial, como
cada judeu devoto perceberia (SI 108.5).
Por
causa das suas qualificações pessoais de caráter, Ele não necessitava, como os
outros sumos sacerdotes, de oferecer cada dia sacrifícios, primeiramente, por
seus próprios pecados e, depois, pelos do povo (27).
Aqui
há uma orientação segundo a qual o ritual diário de sacrifícios era um
suplemento necessário para o grande Dia da Expiação por causa do pecado diário
repetido, bem como a eficácia insuficiente da expiação anual. Mas a ênfase aqui
é que, no tocante a Jesus, esta repetição diária era desnecessária.
Porque
isso fez ele, uma vez, oferecendo-se a si mesmo. A palavra isso deveria ser
construída com o segundo sacrifício do sumo sacerdote, i.e., para o povo, visto
que o primeiro, i.e., por seus próprios pecados, não era necessário. E uma vez
era suficiente, visto que o Sacrifício era ele próprio. (Cf. 9.24—10.18.)
Porque a lei
constitui sumos sacerdotes a homens fracos (28). Os hebreus
já foram lembrados desse aspecto (5.1-3). A palavra fracos (“fraqueza”, ARA;
astheneian) aqui, como em 4.15; 5.2 e 11.34, tem uma nuança moral e fala
basicamente das fraquezas que exigiam que aqueles outros sumos sacerdotes
oferecessem primeiro sacrifícios pelos seus próprios pecados. E a inclinação
para o pecado, que podemos identificar como pecado original. Ter fraqueza,
observa Yincent, é mais forte do que o termo fraqueza, que isolado “pode
inferir somente mostras de fraqueza, enquanto ter fraqueza indica uma
característica geral”.
Isto
é o melhor que a lei pode fazer — deixar que pecadores ministrem de uma maneira
confusa a pecadores — porque até a chegada de Jesus não havia outra escolha.
Mas
a palavra do juramento, sobre a qual temos exposto, que veio depois da lei,
superou-a e a tornou antiquada e constitui ao Filho, perfeito para sempre (28).
O grego é elíptico aqui, mas a ARC está correta em deixar que o verbo constitui
sirva para os dois casos. Literalmente, a tradução seria: “Filho, que foi
aperfeiçoado”. Será que quer dizer “foi aperfeiçoado para sempre” (NT Ampl.),
ou o Filho foi constituído Sacerdote para sempre porque foi aperfeiçoado?
Mueller traduz este texto da seguinte forma: "... a lei (constituiu) um
Filho, tendo sido aperfeiçoado para sempre”. Logicamente a perfeição de Cristo
deveria ser vista como a antítese da “fraqueza”.
Encontramos
comparações e contrastes aqui, como mostra a palavra mas. Sua superioridade
como sumo sacerdote consistia, em parte, no fato de que Ele estava livre do
tipo de fraqueza que desqualificava os sumos sacerdotes araônicos de um
ministério sacerdotal perfeito (e, conseqüentemente, permanente). Mas não
devemos fazer a antítese tão precisa a ponto de construir o tempo perfeito do
particípio (tendo sido aperfeiçoado) como significando que em certa época em
sua vida nosso Senhor foi liberto ou purificado da fraqueza pecaminosa.
Em
vez disso, o conteúdo exato do seu aperfeiçoamento deve ser entendido à luz de
5.7-9. Pelo sofrimento e pela obediência Ele foi qualificado perfeitamente para
ser o sumo sacerdote definitivo e eterno.
E
evidente que o autor aos Hebreus está avançando passo a passo até o coração da
obra e ministério de Cristo por nós. Suas unidades de pensamento parecem
correntes entrelaçadas, salvo pelo fato de haver, com frequência, várias
correntes sendo formadas simultaneamente. Observando isso de outro ponto de
vista, seu desenvolvimento parece telescópico. Em cada nova seção o autor
introduz uma nova verdade, que ele então destaca e elabora na seção seguinte.
Foi mostrado que Cristo é superior aos anjos como Filho, superior a Moisés como
Príncipe, superior a Arão como Sacerdote, superior mesmo a Abraão; e agora esta
superioridade é mostrada na inauguração de uma aliança (concerto) superior.
Por:
Evangelista Isaias Silva de Jesus (auxiliar)
Igreja
Evangélica Assembléia de Deus Ministério Belém Em Dourados – MS
Bibigrafia
COMENTARIO
BIBLICO BECON HEBREUS A APOCALIPSE
A compaixão do Seu sacerdócio
Introdução
Os ministérios do nosso
Senhor Jesus Cristo como Profeta, Sacerdote e Rei são a chave para o propósito
da encarnação. Seu ministério profético se ocupava com a revelação da mensagem
de Deus; o ministério sacerdotal está relacionado com a Sua obra intercessora;
Seu ministério real Lhe dá o direito de reinar sobre Israel e toda a Terra. Toda
a intenção Divina destes três ministérios históricos atingiram, perfeitamente,
seu ponto culminante no Senhor Jesus Cristo.
Como Profeta
O profeta era a voz
através da qual Deus falava à humanidade. Ao ser estabelecido o ministério
profético em Deuteronômio 18:15-18, já se almejava seu cumprimento final no
Senhor Jesus Cristo. Quando Ele veio, Ele plenamente revelou o Pai ao povo.
“Esse O revelou” (Jo 1:18).
Como Rei
Em Gênesis 49:10 Jacó
profetizou que o Messias viria da tribo de Judá e reinaria como rei. No Salmo
2:6 Deus anunciou que Seu Filho seria estabelecido como Rei em Jerusalém. O
Salmo 110 indica que, como rei, Ele dominaria, subjugaria e reinaria sobre os
Seus inimigos: “Disse o Senhor ao Meu Senhor: Assenta-Te à Minha direita, até
que ponha os Teus inimigos por escabelo de Teus pés” (Sl 110:1).
Como
Sacerdote
Enquanto o profeta
revelava Deus ao homem, o sacerdote representava o homem diante de Deus. Antes
dos tempos de Moisés, o chefe da família oferecia os sacrifícios. Nos dias de
Abraão o sacerdote era o pai ou o membro mais velho da família. Historicamente,
quando a família crescia e formava uma tribo, o cabeça, além de sacerdote, se
tornava rei; assim ele era o sacerdote/rei da sua tribo. Quando as doze tribos
cresceram e formaram a nação de Israel, que Deus libertou da escravidão, o
sacerdócio foi criado através de Arão, da tribo de Levi, que veio a ser o
sacerdócio levítico, administrando a ordem de ministério sacrificial como
definido por Deus.
Mais tarde outra
família, a linhagem de Davi, seria separada para ser a família real. Nenhum rei
poderia ser sacerdote, embora pudesse ser profeta. Nenhum sacerdote poderia ser
rei, embora pudesse também ser profeta. Entretanto, o Senhor Jesus ocupará as
três posições eternamente.
Enquanto Ele as mantém
eternamente, Ele desempenha os ministérios cronologicamente. Como profeta Ele é
visto durante o Seu ministério público (Jo 1:18). Sua posição como profeta é
mencionada em João 4:44: “Porque Jesus mesmo testificou que um profeta não tem
honra na sua própria pátria”. No Seu primeiro advento, Ele foi apresentado como
Rei: “Onde está aquele que é nascido Rei dos judeus?” (Mt 2:2). Entretanto Ele
foi rejeitado como Rei: “Não temos rei, senão César” (Jo 19:15). No Seu segundo
advento Ele será reconhecido como Rei, e oficiará como tal (Mt 25:35-45). No
presente Ele mantém e atua como Sumo Sacerdote: “chamado por Deus Sumo
Sacerdote”. (Hb 5:10)
Seu
sacerdócio contrastado
O escritor aos Hebreus
mostra com clareza que o sacerdócio de Cristo está em contraste absoluto com o
sacerdócio de Arão. Estes contrastes são claramente traçados, e embora não haja
oportunidade para ampliação nesta publicação, vale a pena destacá-los para um
posterior estudo pessoal.
A partir de Hebreus 7:21
vemos que o sacerdote do Velho Testamento tornou-se sacerdote “sem juramento”,
enquanto Cristo tornou--Se sacerdote por um juramento (Hb 7:20-21). O
sacerdócio da antiga ordem consistia em “muitos sacerdotes” (Hb 7:23), mas a
palavra do Senhor para Ele é: “Tu és sacerdote eternamente” (Hb 7:21),
fazendo-O o único Sacerdote eterno, e removendo a necessidade de um sacerdócio
operando perante Deus a favor do povo. A morte impedia o desempenho prolongado
dos sacerdotes da ordem de Arão (Hb 7:23). Isto levou a um sacerdócio marcado
por mudanças contínuas.
O contraste com Cristo é
glorioso, porque Ele permanece para sempre. “Mas Este, porque permanece
eternamente, tem um sacerdócio perpétuo” (Hb 7:24).
As limitações que caracterizavam os sacerdotes do Velho Testamento acabaram; o sacerdócio de Cristo é ilimitado, e já que Ele vive para sempre, pode salvar eternamente (Hb 7:25). O pecado causava a contaminação constante do sacerdote do Velho Testamento, e consequentemente exigia contínua purificação pessoal: “primeiramente por seus próprios pecados, e depois pelos do povo” (Hb 7:27). Cristo, no entanto, é “santo, inocente, imaculado, separado dos pecadores” (Hb 7:26).
As limitações que caracterizavam os sacerdotes do Velho Testamento acabaram; o sacerdócio de Cristo é ilimitado, e já que Ele vive para sempre, pode salvar eternamente (Hb 7:25). O pecado causava a contaminação constante do sacerdote do Velho Testamento, e consequentemente exigia contínua purificação pessoal: “primeiramente por seus próprios pecados, e depois pelos do povo” (Hb 7:27). Cristo, no entanto, é “santo, inocente, imaculado, separado dos pecadores” (Hb 7:26).
Seu sacrifício é
singular e tem um efeito permanente: “porque isto fez Ele, uma vez,
oferecendo-Se a Si mesmo” (Hb 7:27). O primeiro sacerdócio era composto de
homens que eram sujeitos à enfermidade e, portanto, fracos, mas Ele é o Filho
de Deus “que é perfeito para sempre” (Hb 7:28). O serviço do sacerdote do Velho
Testamento era desempenhado como “exemplo e sombra das coisas celestiais”
(8:5), e eles serviam num tabernáculo terrestre erguido por homens (8:5).
Cristo, em contraste, entrou no verdadeiro tabernáculo que “o Senhor fundou” e
realiza o Seu ministério à destra do trono da “majestade nos céus” (8:1-2). O
sacerdócio do Velho Testamento, não importa quão correto e glorioso, não podia
alcançar o propósito final de Deus para ele. Como resultado, um “outro
sacerdote” precisa substitui-lo (7:17).
Agora que Cristo veio,
foi providenciado um sacerdócio e sacrifício melhor, e um meio melhor para que
o cristão possa se aproximar de Deus e chegar-se ao trono da graça através do
sangue de Cristo. Neste novo e melhor concerto vemos a habilidade salvadora do
novo Sacerdote: “E, na verdade, aqueles foram feitos sacerdotes em grande
número, porque pela morte foram impedidos de permanecer, mas Este, porque
permanece eternamente, tem um sacerdócio perpétuo. Portanto, pode também salvar
perfeitamente os que por Ele se chegam a Deus, vivendo sempre para interceder
por eles” (Hb 7:23-25).
No sacerdócio de Arão,
cada sacerdote tinha um final definitivo para o seu serviço, causado pela sua
própria morte: “E Moisés despiu a Arão de suas vestes, e as vestiu em Eleazar,
seu filho; e morreu Arão ali sobre o cume do monte” (Nm 20:28). Josué 24:33
diz: “Faleceu também Eleazar, filho de Arão” (Josefo menciona 83 sumo
sacerdotes diferentes, começando com Arão e indo até a destruição do Templo em
70 a. D.). Assim não havia sacerdotes permanentes e duradouros. A glória do
novo sacerdócio é que ele é eterno. A linhagem de Arão era mutável,
transitória, temporal, interrupta e transferível. Em contraste, o sacerdócio de
Nosso Senhor Jesus Cristo é imutável, inalterável, ininterrupto e intransferível.
Portanto, Ele é capaz de realizar aquilo que o sacerdócio do Velho Testamento
nunca pôde. Ele é capaz de remover o pecado pelo Seu Sacrifício perfeito, e a
aplicação do sacrifício permanece para sempre devido à Sua vida infinita.
Em 7:15-17 o escritor declara
que o sacerdócio de Cristo não se assemelha à ordem Levítica, mas à ordem de
Melquisedeque. A razão disso é que o sacerdócio de Cristo não está baseado no
mandamento carnal, e sim no poder da Sua vida ressurreta eterna.
Este é o fato sendo
estabelecido pelo escritor, ao associar o sacerdócio de Cristo com o de
Melquisedeque — que a pessoa que abençoou Abraão não teve princípio nem fim
registrados e, no entanto, ele era um “sacerdote do Deus Altíssimo” (Gn 14:18).
Assim o sacerdócio de
Cristo não está confinado à ordem terrestre do concerto de Moisés. Não é
temporal, nem é uma sombra, mas a própria realidade: “Os quais servem de
exemplo e sombra das coisas celestiais, como Moisés foi divinamente avisado,
estando já para acabar o tabernáculo; porque foi dito: Olha, faze tudo conforme
o modelo que no monte se te mostrou. Mas agora alcançou Ele ministério tanto
mais excelente, quanto é mediador de uma melhor aliança que está confirmada em
melhores promessas” (8:5-6).
Seu
sacerdócio comparado
No final de Hebreus 6 e
no cap. 7 o escritor retoma sua exposição sobre o assunto do sacerdócio, e
reintroduz Melquisedeque e sua comparação com o Filho de Deus (7:1). A
descrição definitiva deste homem vem no final do v. 3: “permanece sacerdote
para sempre”, e se refere à descrição dele, tipicamente, em relação ao Senhor
Jesus. Sabemos muito pouco deste homem além da narrativa de Gênesis 14. Abraão
ou o reconheceu como alguém que adorava o Deus Altíssimo, ou ouviu falar dele
através de outros, porque ele ofereceu livremente o dízimo dos seus despojos de
guerra, e isso indica algum contato ou conhecimento prévio.
Abraão recebeu o
alimento e a bênção deste sacerdote depois da sua vitória, e logo em seguida
Melquisedeque desaparece da história. Ele é o primeiro a ser chamado de
sacerdote nas Escrituras. Precisamos afirmar cuidadosamente que seria enganoso
tomar como literal a descrição da genealogia de Melquisedeque, no v. 3. O
significado da afirmação é que não há registro de pai e mãe. No importante
registro das genealogias do sacerdócio não haveria menção deste nome.
Obviamente ele tinha ascendência natural, e por isso não deve ser considerado
uma pessoa miraculosa e misteriosa; mas sim que sua genealogia não é encontrada
no registro do sacerdócio levítico. Talvez ajude destacar que, embora já
sugerido, a aparição de Melquisedeque em Gênesis 14 não é uma Teofania.
(“Teofania” é o nome dado a uma aparição do Senhor Jesus Cristo aqui na Terra
antes da Sua encarnação). (N. do E.).
O escritor aos Hebreus
declara: “Considerai, pois, quão grande era este” (Hb 7: 4). Um dos requisitos
para ser sacerdote era a necessidade de ascendência humana.
Isto é um argumento
forte contra esta aparição ser o Cristo pre-encarnado. Outra razão por não ser
Cristo é que no Velho Testamento, Teofanias vinham e iam. Davam a mensagem e
não ficavam na Terra permanentemente para oficiar como sacerdote ou rei. Este
homem, quem quer que fosse, é mencionado como sendo o rei de Salém (Jerusalém).
Quando as Escrituras comparam Cristo com o sacerdócio de Melquisedeque, lemos:
“… feito semelhante ao Filho de Deus” (7:3).
O que é enfatizado nas
Escrituras são algumas semelhanças paralelas no ministério, mas não na natureza
do seu ser. Assim, desta maneira ele era um tipo de Cristo no seu papel
mediador, mas não era o próprio Cristo. O autor contrasta os dois sacerdócios. O
Senhor Jesus não serviu como sacerdote na Terra porque Ele não era da tribo de
Levi, e sim de Judá: “Visto ser manifesto que nosso Senhor procedeu de Judá, e
concernente a essa tribo Moisés nunca falou
de sacerdócio” (7:14).
De novo em 8:4: “Ora, se
Ele estivesse na terra, nem tampouco sacerdote seria, havendo ainda sacerdotes
que oferecem dons segundo a lei”. Como já vimos no Velho Testamento o sacerdote
tinha que ser um descendente de Levi. Os sumo sacerdotes que oficiavam perante
Deus tinham que ser descendentes de Arão, bisneto de Levi. Para ser um
sacerdote da ordem de Arão era necessário traçar seus ancestrais até Arão, mas
ser um sacerdote segundo a ordem de Melquisedeque era por nomeação Divina. Esse
sacerdócio visto tipicamente e simbolicamente em Melquisedeque é cumprido
essencialmente no Filho de Deus. Não faria mal algum usar esta verdade como
confirmação da eterna Filiação de Cristo. Da Sua relação de Filho com o Pai não
há princípio nem fim, nem há qualquer pensamento de sujeição ou inferioridade
no Seu eterno relacionamento de Filho com o Pai.
O Senhor Jesus Se tornou
um eterno sacerdote “segundo a ordem de Melquisedeque” (Sl 110:4; Hb 5:6; 6:20
; 7:11, 17, 21). Ele é o eterno Filho que uma vez morreu, foi ressuscitado e
continua para sempre no Seu sacerdócio, baseado na “virtude da Sua vida
incorruptível” (7:16).
Portanto, Sua função de
mediador na ordem do sacerdócio de Melquisedeque é superior. Este novo
sacerdócio é baseado na promessa: “e visto como não é sem prestar juramento
(porque certamente aqueles, sem juramento, foram feitos sacerdotes, mas Este
com juramento por aquele que Lhe disse: Jurou o Senhor, e não Se arrependerá;
Tu és sacerdote eternamente, segundo a ordem de Melquisedeque)” (7:20-21), e
também baseado nEle como aquele que o pode garantir como o Mediador do Novo
Concerto (7:22-28).
Este é um sacerdócio
perfeito que permanece para sempre. Diferente do antigo que mudava, este é
administrado pelo eterno Filho de Deus para todos aqueles que estão na casa de
Deus (9:15-10:21). Enquanto os sacerdotes Levitas ministravam somente a uma
nação, o sacerdócio de Melquisedeque ministra a todos. Melquisedeque também
prefigurava o Senhor Jesus, em que seus títulos se referem a Cristo como Rei de
justiça e de paz (7:2).
Seu
sacerdócio contínuo
O Senhor Jesus, como
Filho de Deus, e em conformidade com a glória na qual Ele entrou através dos
Seus sofrimentos e morte, está elevado muito acima dos anjos. Era necessário
que Ele passasse por sofrimentos e morte conforme o plano divino.
Pelos Seus sofrimentos e
morte Ele glorificou o Pai; Ele aniquilou o pecado; Ele aboliu a morte; Ele
destruiu o poder do diabo (Hb 2:14-15), e está coroado de glória e de honra:
“Vemos, porém, coroado de glória e de honra aquele Jesus que fora feito um
pouco menor do que os anjos, por causa da paixão da morte, para que, pela graça
de Deus, provasse a morte por todos” (Hb 2:9).
O sacrifício
para serviço
O Senhor Jesus
ofereceu-Se a Si mesmo a Deus para ser, sobre a cruz, um sacrifício pelo
pecado. O escritor aos Hebreus compara o sacrifício e ministério de Cristo com
o dos sacrifícios e serviços levíticos.
Cristo como Sacrifício e
Sumo Sacerdote enche o livro. Tipo e antítipo, sombra e realidade, se misturam
para mostrar a natureza do sacrifício redentor de Cristo e Seu ministério sumo
sacerdotal que segue. O Senhor Jesus veio à Terra para efetuar uma obra
completa. Antes da cruz Ele declarou: “Eu glorifiquei-Te na terra, tendo
consumado a obra que Me deste a fazer” (Jo 17:4).
Para enfatizar o caráter
final do Seu sacrifício, o escritor aos Hebreus usa a frase: “pela oblação do
corpo de Jesus Cristo, feita uma vez” (10:10). O sacrifício de Cristo cumpre e
substitui todos os sacrifícios típicos. O sacrifício de Cristo de Si próprio é
a dádiva da Sua vida pela humanidade. Este sacrifício é tão eterno quanto Ele
mesmo.
Não pode ser repetido.
Em contraste com os sacrifícios levíticos, este sumo sacerdote não necessitava
“como os sumo sacerdotes, de oferecer cada dia sacrifícios, primeiramente por
seus próprios pecados, e depois pelos do povo; porque isto fez Ele, uma vez,
oferecendo-Se a Si mesmo” (7:27). O sacerdote levítico se apresentava para oferecer
continuamente, sua obra era inconclusa e incompleta. Desde o sacrifício matinal
até o sacrifício da tarde havia contínuo derramamento de sangue e carcaças
consumidas pelo fogo. Aqueles sacrifícios apontavam para o futuro, para o
verdadeiro sacrifício pelo pecado, para a verdadeira expiação que seria feita
de uma vez por todas por Cristo na cruz. Nele temos um sacrifício que muito
transcende o sacrifício de animais, pois incluiu o próprio Filho de Deus. Na
cruz Ele foi o verdadeiro cordeiro pascal.
Ele entrou no santuário
celeste, na presença do Pai em virtude do Seu sangue, tendo obtido para nós uma
eterna redenção. Cristo, uma vez, levou os pecados do homem, na cruz. Ele não
os leva mais. “Levando Ele mesmo em Seu corpo os nossos pecados sobre o madeiro”
(I Pe 2:24).
O caráter final da obra
redentora de Cristo não deixa espaço para dúvidas ou argumentos. Seu sacrifício
é a solução para a questão do pecado. Ele não é uma de muitas soluções, Ele é a
única solução. Ele não é um aspecto da verdade, nem um ramo das religiões do
mundo. Ele é a Verdade. Sua obra sacrificial é uma verdade totalmente
abrangente, inclusiva e incomparável: “E em nenhum outro há salvação, porque
também debaixo do céu nenhum outro nome há, dado entre os homens, pelo qual
devamos ser salvos” (At 4:12). O caráter final da obra redentora de Cristo para
a redenção do homem é a grande verdade central das Escrituras. Todas as outras
verdades são influenciadas por este tema.
A alma pecadora pode ser
redimida unicamente através da obra que Cristo realizou sobre a cruz. A cruz
estava sempre diante dEle, por isso lemos em Hebreus 10:5: “Entrando no mundo
diz: Sacrifício e oferta não quiseste, mas corpo Me preparaste”. A cruz era a
Sua hora designada. Em diversas ocasiões anteriores ao jardim, os homens
procuraram matá-lO, mas não puderam, porque “ainda não era chegada a Sua hora”
(Jo 7:30). Mas quando a Sua hora designada chegou, nada podia impedir a
imolação do sacrifício. A base da obra de Cristo como Sacerdote é o Seu sangue
derramado. O Novo Testamento sempre retrata o sangue de Cristo como tendo
qualidades redentoras positivas.
Enquanto o sangue de
homens e de animais é corruptível, o sangue de Cristo, de modo algum, se
corrompe. Ele é absolutamente fundamental na obra de salvação.
Por exemplo, ele
purifica: “E o sangue de Jesus Cristo, Seu Filho, nos purifica de todo o
pecado” (I Jo 1:7). Ele justifica: “Sendo justificados gratuitamente pela sua
graça, pela redenção que há em Cristo Jesus” (Rm 3:24)1. Ele reconcilia:
“Havendo por Ele feito a paz pelo sangue da sua cruz, por meio dEle
reconciliasse consigo mesmo todas as coisas” (Cl 1:20). Ele redime: “Em quem
temos a redenção pelo Seu sangue, a remissão das ofensas” (Ef 1:7). Ele
Santifica: “Jesus, para santificar o povo pelo Seu próprio sangue, padeceu fora
da porta” (Hb 13:12).
Assim entendemos que o
sangue de Cristo é a moeda corrente do Céu.
O pecador não pode apelar para qualquer outra coisa, pois não há nada mais disponível. O homem pode apelar a Deus somente pelos méritos do sangue de Cristo e Seu sacrifício perfeito. O cristão nada tem em si mesmo para oferecer.
O pecador não pode apelar para qualquer outra coisa, pois não há nada mais disponível. O homem pode apelar a Deus somente pelos méritos do sangue de Cristo e Seu sacrifício perfeito. O cristão nada tem em si mesmo para oferecer.
O alcance do
serviço
A função primária de um
sumo sacerdote é mediar entre o homem e Deus. A necessidade desta obra surgiu
por causa da separação resultante do pecado. A tentação de Satanás no Jardim do
Éden resultou na desobediência e na queda do homem. Na pessoa do Seu Filho Deus
estendeu a Sua mão e procurou restaurar o homem a Si. Esta reconciliação
somente pode ser realizada através da obra reconciliatória de Cristo, que fez a
paz pelo sangue da Sua cruz: “E que, havendo por Ele feito a paz pelo sangue da
Sua cruz, por meio dEle reconciliasse consigo mesmo todas as coisas, tanto as
que estão na terra, como as que estão nos céus” (Cl 1:20). A graça
reconciliadora de Deus é operada somente através de Cristo. Como vimos, a obra
sacrificial de Cristo é completa e forma a base da Sua contínua obra
sacerdotal.
Qual é o alcance do
presente serviço sumo sacerdotal de nosso Senhor Jesus Cristo? Visto que Ele é
um Sacerdote para sempre, é importante entender a obra sacerdotal que Ele
continua a realizar. Não pode ser sacrifício, pois esta obra foi completada de
uma vez por todas.
Entretanto, o efeito
daquela obra é contínuo; Cristo entrou no Seu ministério Sumo Sacerdotal no
poder da Sua obra sacrificial, e em relação ao cristão, a aplicação da obra
redentora é realizada no serviço contínuo de Cristo no Céu. Cristo não
sacrifica mais, mas intercede: “Portanto, pode também salvar perfeitamente os
que por Ele se chegam a Deus, vivendo sempre para interceder por eles” (Hb
7:25).
O sentido literal da
palavra interceder é “passar entre”. Indica a mediação entre dois grupos, tendo
em vista reconciliar divergências. No Novo Testamento a palavra significa toda
forma de ação em nome de outros, mas enfatiza a súplica pelo favor de Deus para
com o homem.
Em João 17:9-20 temos
uma visão desta obra, quando o Senhor Jesus orou antes de entrar no jardim: “Eu
rogo por eles; não rogo pelo mundo, mas por aqueles que Me deste, porque são
Teus. E todas as Minhas coisas são Tuas, e as Tuas coisas são Minhas; e nisso
Sou glorificado. E Eu já não estou mais no mundo, mas eles estão no mundo, e Eu
vou para Ti. Pai santo guarda em Teu nome aqueles que Me deste, para que sejam
um, assim como nós. Estando Eu com eles no mundo, guardava-os em Teu nome.
Tenho guardado aqueles que Tu Me deste, e nenhum deles se perdeu, senão o filho
da perdição, para que a Escritura se cumprisse. Mas agora vou para Ti, e digo
isto no mundo, para que tenham a Minha alegria completa em si mesmos. Dei-lhes
a Tua palavra, e o mundo os odiou, porque não são do mundo, assim como Eu não
sou do mundo. Não peço que os tires do mundo, mas que os livres do mal. Não são
do mundo, como Eu do mundo não sou. Santifica-os na Tua verdade; a Tua Palavra
é a verdade.
Assim como Tu Me
enviaste ao mundo, também Eu os enviei ao mundo.
E por eles Me santifico a Mim mesmo, para que também eles sejam santificados na verdade. E não rogo somente por estes, mas também por aqueles que pela sua palavra hão de crer em Mim”. Estas palavras mostram algo do coração de Cristo em favor dos Seus, e são um lindo exemplo da Sua obra intercessora.
E por eles Me santifico a Mim mesmo, para que também eles sejam santificados na verdade. E não rogo somente por estes, mas também por aqueles que pela sua palavra hão de crer em Mim”. Estas palavras mostram algo do coração de Cristo em favor dos Seus, e são um lindo exemplo da Sua obra intercessora.
Vemos também o trabalho
intercessor de Cristo enquanto Ele estava na Terra. No cenáculo, em relação a
Simão: “Mas Eu roguei por ti” (Lc 22:32). Este exemplo na experiência de Pedro
mostra Sua atuação em nosso favor em relação a Satanás. Se Satanás tivesse
livre curso, ele destruiria e arruinaria completamente o filho de Deus na
Terra. Se dependesse da nossa força, logo cairíamos. Mas Ele sabe, Seus olhos
observam o inimigo assim como velam sobre nós. Ainda é assim conosco, Ele
intercede por nós mesmo antes que o maligno possa se aproximar, e assim podemos
sair vitoriosos do conflito. Seu pedido para que o Consolador fosse enviado (“E
Eu rogarei ao Pai, e Ele vos dará outro Consolador”, Jo 14: 16), demonstra o
Seu interesse na nossa proteção espiritual.
Duas outras passagens em
Hebreus revelam alguns dos benditos detalhes sobre a presente obra sacerdotal
do Senhor Jesus em nosso favor. “Por isso convinha que em tudo fosse semelhante
aos irmãos, para ser misericordioso e fiel Sumo Sacerdote naquilo que é de
Deus, para expiar os pecados do povo”.
Porque naquilo que Ele
mesmo, sendo tentado, padeceu, pode socorrer aos que são [‘estão sendo’, JND]
tentados” (Hb 2:17-18). “Visto que temos um grande Sumo Sacerdote, Jesus, Filho
de Deus, que penetrou nos céus, retenhamos firmemente a nossa confissão. Porque
não temos um sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas;
porém um que, como nós, em tudo foi tentado, mas sem pecado. Cheguemos, pois,
com confiança ao trono da graça, para que possamos alcançar misericórdia e
achar graça, a fim de sermos ajudados em tempo oportuno” (Hb 4:14-16). A
primeira passagem nos fala da propiciação que Ele fez pelos pecados do Seu
povo.
Ele sofreu, sendo
tentado, e esta é a base do Seu serviço de intercessão.
A passagem do cap. 4 nos diz como Ele foi equipado, enquanto esteve na Terra, para este grande ofício. Enquanto esteve aqui, Ele foi tentado em todos os pontos, assim como nós somos, mas sem pecado. Ele nunca poderia ser tentado pelo pecado interior, pois nEle não há pecado. Ele passou por toda dificuldade possível que um homem poderia enfrentar na Terra, com exceção do pecado. Agora Ele pode ser o fiel e misericordioso Sumo Sacerdote, e como tal compreender todas as nossas dores e provações. Ele se compadece conosco nos nossos conflitos e dificuldades.
A passagem do cap. 4 nos diz como Ele foi equipado, enquanto esteve na Terra, para este grande ofício. Enquanto esteve aqui, Ele foi tentado em todos os pontos, assim como nós somos, mas sem pecado. Ele nunca poderia ser tentado pelo pecado interior, pois nEle não há pecado. Ele passou por toda dificuldade possível que um homem poderia enfrentar na Terra, com exceção do pecado. Agora Ele pode ser o fiel e misericordioso Sumo Sacerdote, e como tal compreender todas as nossas dores e provações. Ele se compadece conosco nos nossos conflitos e dificuldades.
Todavia, Ele não
intercede pela carne, nem se compadece com o pecado. Pela Sua intercessão
misericordiosa e ininterrupta no santuário Ele nos sustenta individualmente na
senda da vida. Ele nos dá forças para suportar, pois se não fosse pela Sua
intercessão, haveríamos de cair pelo caminho. Com a provação vem a força para
suportá-la, porque o grande Sumo Sacerdote vive e intercede. Ele sabe tudo
sobre as nossas circunstâncias, e na ternura do Seu amor e na força do Seu
poder, Ele nos toma nos Seus braços amorosos sempre que as provações e
tribulações nos sobrevêm. Ele é o nosso representante perante Deus, e estamos
eternamente no Seu coração.
Devido ao ministério
sumo sacerdotal de Cristo, todo cristão pode ter plena confiança e certeza ao
se aproximar a Deus. Não há nada que possa impedir o cristão de entrar na
presença de Deus. A compreensão de que Cristo tem se identificado plenamente
com as fraquezas da nossa humanidade é um incentivo para virmos a Deus. Como em
Hebreus 4:14-16:
“Visto que temos um
grande Sumo Sacerdote, Jesus, Filho de Deus, que penetrou nos céus, retenhamos
firmemente a nossa confissão.
Porque não temos um sumo
sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas; porém um que, como
nós, em tudo foi tentado, mas sem pecado. Cheguemos, pois, com confiança ao
trono da graça, para que possamos alcançar misericórdia e achar graça, a fim de
sermos ajudados em tempo oportuno”. Adicionalmente, a apreciação de que Cristo
abriu para sempre a entrada, pelo sacrifício de Si mesmo, é um incentivo para
virmos a Deus: “Tendo, pois, irmãos, ousadia para entrar no santuário, pelo sangue
de Jesus” (Hb 10:19).
A compaixão
do serviço
Assim, vimos que o
Senhor Jesus, nosso grande Sumo Sacerdote, foi selecionado de entre os homens.
Ele era o único por meio de quem a obra de reconciliar o homem com Deus poderia
ser realizada. Em segundo lugar, vimos a Sua obra sacrificial que foi plenamente
aceitável a Deus. Terceiro, vemos Seu trabalho como advogado a nosso favor
perante Deus. Não havia outro que pudesse assumir a nossa causa. Por natureza
somos pecadores perdidos, merecendo unicamente a condenação, não assistência.
Mas Ele se dispôs a nos representar diante de Deus.
Quarto, vemos Cristo na
Sua obra de compaixão, exercendo um ministério de comiseração e incentivo.
Embora possa não estar evidenciado no Velho Testamento, um sacerdote piedoso
iria mostrar compaixão e compreensão para com aqueles que a ele viessem
trazendo sacrifícios pelos seus pecados. O Senhor Jesus no presente intercede
pelo Seu povo.
Num sentido, Sua obra é
completa, mas Ele ainda tem um ministério sacerdotal contínuo de intercessão.
Ele intercede por nós! Ele está à destra de Deus a nosso favor. “Portanto, pode
também salvar perfeitamente os que por Ele se chegam a Deus, vivendo sempre
para interceder por eles” (Hb 7:25).
Também, temos um
sacerdote que Se compadece conosco nas nossas provações. Quando tentamos
compartilhar os sentimentos de outros que estejam sofrendo, somos
limitados, porque talvez não temos provado aquela provação específica pela qual
eles estão passando. Entretanto, o Senhor Jesus entende cada provação pela qual
o Seu povo passa, e pode condoer-se conosco:
“Porque não temos um
sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas; porém um que,
como nós em tudo foi tentado, mas sem pecado” (Hb 4:15). O escritor aos Hebreus
usa um duplo negativo para enfatizar a verdade positiva da declaração feita
neste versículo. Nós temos, sim, um Sumo Sacerdote que conhece, sim, os
sentimentos do Seu povo e é tocado por eles. Ele compreende a nossa situação
porque esteve aqui, foi testado e provado como nós somos, a não ser pelo
pecado.
Ao lermos os relatos da
Sua vida aqui na Terra nos Evangelhos, vemo-lo à sós, cansado da jornada, com
fome e com sede. Ele foi odiado, rejeitado, zombado, caluniado e desprezado por
muitos. Ele conheceu a pobreza, provou a dor e chorou junto a uma sepultura.
Oh! Quão capacitado Ele é para ter compaixão de nós quando passamos pelas
provações da vida. Aqui na Terra Ele conheceu toda dificuldade possível, com
exceção do pecado. Ele conhece todos os nossos conflitos e problemas aqui no
mundo.
Pela Sua intercessão
misericordiosa e ininterrupta no santuário, Ele nos preserva, individualmente,
no caminho da vida. Se não fosse por aquela intercessão, cairíamos pelo
caminho. O povo de Deus, muitas vezes, teme as tribulações, dificuldades,
perdas e desgraças que possam vir. E não raramente aquilo que tememos acontece,
mas com a tribulação, com a perda, vem a força para suportar tudo. Isto é
porque o Grande Sumo Sacerdote vive e intercede. Ele conhece tudo e em todos os
momentos e circunstâncias, Ele é o nosso representante diante de Deus. Ele sabe
que somos como os discípulos: pobres, fracos, pecadores e ignorantes, e nos
trata como os tratou.
Ele os amava, velava
sobre eles com paciência incansável; orava por eles para que a sua fé não
desfalecesse e compreendia as fraquezas da sua carne. Como nosso Sumo
Sacerdote, Ele é cheio de terna compaixão. Ele tem uma compreensão perfeita,
tendo provado as variadas emoções e sentimentos que nós temos. Ele sabe o que é
para uma alma estar entristecida e sobrecarregada. Portanto, podemos vir a Ele
esperando plena, terna e profunda compaixão. Podemos ser fortalecidos e
confortados, sarados e restaurados. Ele receberá o crente pobre, ferido e
banhado em lágrimas, enxugará as suas lágrimas e dirá a nós como disse a Paulo:
“A Minha graça te basta” (II Co 12:9).
Ele conhece, e de fato
permite, nossos tempos de necessidade, para que possamos clamar e receber
misericórdia e achar graça para sermos ajudados (Hb 4:16). Ele enviará socorro
oportuno antes de sucumbirmos às enfermidades e tentações que vêm sobre nós.
O trono de Graça está
acessível e Ele é quem não permitirá que sejamos tentados acima do que podemos
suportar. Ele enviará o livramento da provação no momento certo, quando o
propósito da provação tiver sido cumprido, tudo por causa da Sua obra de
compaixão como Grande Sumo Sacerdote.
Ele é nosso Grande Sumo
Sacerdote, continuamente perante o Pai. Todo o socorro que necessitamos está
disponível, o trono de Deus está acessível. Que possamos ir a Ele com ousadia.
É interessante que esta exortação é dada depois que o escritor nos fala do
ministério sumo sacerdotal de Cristo. O fato que Ele intercede por nós nunca
deveria fazer-nos negligenciar a oração. O fato bendito do interesse amoroso do
Senhor por nós e por nossas vidas neste presente século mau, cercados de
perigos e toda sorte de males, será um grande incentivo a nós na nossa vida de
oração. Suas orações deveriam nos motivar a orar. Podemos ir ao Pai e
contar-Lhe tudo que nos perturba. Ele Se interessa por nós e conhece os
sentimentos dos nossos corações; portanto podemos ir a Ele em oração. Ele Se
deleita em nos ouvir; Seu ouvido está sempre aberto.
Se ficarmos cansados e
afadigados na obra do Senhor, podemos contar isto a Ele. Se nos sentimos
solitários e incompreendidos, ou se os dardos inflamados do inimigo são
lançados contra nós, podemos nos recorrer à Sua presença em oração. Que
maravilhoso Grande Sumo Sacerdotenós temos. Em que ministério Ele está engajado
por nós! Ele morreu por nós, oferecendo o Seu sangue a Deus para expiar
os nossos pecados, e agora, tendo nos trazido à fé, Ele exerce um ministério
contínuo a nosso favor.
Há uma linda figura
deste ministério sumo sacerdotal de Cristo nas vestes do sumo sacerdote do
Velho Testamento. Nos seus ombros havia duas pedras de ônix, e em cada uma
delas estavam gravados os nomes de seis das tribos. Ele os levava nos seus
ombros, que é o lugar de força, até a presença do Senhor (Êx 28:9-12). Também
fazia parte do seu traje oficial, um peitoral com doze pedras preciosas.
Cada uma destas tinha
gravado nela o nome de uma tribo, e eram carregadas pelo sacerdote sobre o seu
peito, próximo ao centro das suas afeições, quando ele comparecia perante o
Senhor (Êx 28:15-29). Que figura maravilhosa das atividades do nosso Grande
Sumo Sacerdote. Ele carrega os nossos fardos e nos leva junto ao Seu coração. O
fato destes nomes serem gravados é precioso; se estivessem somente escritos
poderiam ser apagados. Mas estavam gravados, e nunca poderiam ser apagados.
Quão bendita é a verdade da nossa segurança.
O desafio do
Seu sacerdócio
Quando o escritor aos
Hebreus termina o seu argumento quanto à superioridade de Cristo, ele apresenta
sua exortação final do livro. A seção a partir de 10:19 desafia o leitor quanto
à sua responsabilidade ao Cristo que é superior. Há um Homem na glória; o
cristão tem um Grande Sumo Sacerdote na presença de Deus. Com isso em mente,
podemos assim exercer ousadia (confiança) ao entrarmos no santuário. O cristão
tem liberdade para entrar no santuário, que é a presença de Deus, onde Cristo está
assentado à destra do Pai.
Esse acesso tornou-se
possível “pelo sangue de Jesus” (Hb 10:19), e somos instados a fazer uso dele.
O dom é grande demais, e o preço pago alto demais, para deixarmos de aproveitar
e entrar. Muitas vezes falhamos ao não aproveitarmos dos privilégios que temos
em Cristo. Há o perigo de negligenciarmos os benefícios da morte de Cristo e
vivermos no nível da cristandade cultural. Um caminho vivo foi aberto,
que é novo no sentido que acesso a Deus como este nunca foi conhecido antes da
entronização de Cristo à destra de Deus. O acesso está disponível, o Sumo
Sacerdote está a postos (10:21), e isto traz as seguintes responsabilidades.
Cheguemo-nos
(10:22)
Somos convidados a usar
o caminho de acesso que Cristo tornou disponível. Aqueles que se chegam são
descritos como tendo um “coração sincero, em plena certeza de fé, tendo os
corações purificados de uma consciência má, e lavados os corpos com água pura”
(Hb 10:22, VB). Aqueles que foram purificados interiormente e que demonstram
esta purificação externamente foram capacitados a se chegar.
Retenhamos
(10:23)
Chegar a Deus
possibilita ao cristão apegar-se ou reter. O incentivo é para que retenhamos a
confissão da nossa esperança. Nossa vida e proceder, como cristãos, são
destacados. Sabemos que temos entrada ao Santo dos Santos, mas esta exortação
irá afetar o nosso andar no mundo.
De fato, já que Cristo
ressuscitou dentre os mortos, podemos reter a nossa esperança sem vacilar, e a
razão pela qual podemos fazer isso é que aquele que prometeu é fiel.
Consideremo-nos
uns aos outros (10:24,25)
Consideração mútua leva
a benefício mútuo. Esta consideração é para encorajar uns aos outros, para que
as melhores qualidades sejam evidenciadas. O resultado benéfico desta exortação
é que o cristão ficará feliz em estar presente onde e quando os outros cristãos
se reúnem, e esta comunhão não será abandonada. Este incentivo mútuo não pode
acontecer se os cristãos negligenciam as reuniões. Incentivo requer um contato
pessoal; temos que estar presentes para encorajar. O perigo na igreja primitiva
era que alguns estavam deixando o ajuntamento dos santos para retornar à
sinagoga judaica. A igreja sabe, desde o pricípio, que estar juntos é uma parte
vital da sua habilidade de funcionar, e ao nos aproximarmos do final da era da
Igreja, tanto mais importante se torna estarmos juntos, encorajando uns aos
outros.
O fato de termos um
Grande Sumo Sacerdote não é uma verdade apenas para o Lugar Santíssimo; somos
responsáveis por controlar nos sas vidas à luz deste grande fato.
Ofereçamos
sempre … a Deus sacrifício de louvor (Hb 13:15)
“Portanto, ofereçamos
sempre por Ele a Deus sacrifício de louvor, isto é, o fruto dos lábios que
confessam o Seu nome”. O Senhor Jesus na qualidade de nosso Grande Sumo
Sacerdote apresenta a Deus nossos sacrifícios espirituais. Apresentamos a Deus,
através do Senhor Jesus Cristo, nossa adoração, nossos louvores e nossas
orações. Elas são um tanto incompletas e imperfeitas, mas ao serem apresentadas
a Deus por Ele, elas são aceitáveis a Deus, e por esta razão são um prazer para
Ele. Portanto, não sejamos mesquinhos com nossas ofertas.
Conclusão
“Visto que temos um
grande sumo sacerdote, Jesus, Filho de Deus, que penetrou nos céus” (Hb 4:14).
Realmente não sabemos plenamente quanto devemos à bendita e preciosa obra
presente do nosso Senhor na glória. Que revelação bendita será quando
conheceremos como somos conhecidos, quando contemplaremos as nossas vidas
passadas e perceberemos o que a intercessão do Senhor Jesus Cristo realizou por
nós e por todos os santos de Deus.
Jesus Perfeito Sumo Sacerdote
Jesus é descrito de vários modos nas Escrituras. Ele é o bom pastor, o Pastor Supremo (João 10:11; 1 Pedro 5:4), Rei (Apocalipse 19:16; Atos 2:29-36), profeta (Deuteronômio 18:17-19; Atos 3:22-23; Lucas 13:33), Mediador (Hebreus 8:6) e salvador (Efésios 5:23). Cada uma destas descrições salienta alguma função que Jesus desempenha no plano da salvação. Talvez a mais completa descrição de Jesus com respeito a sua obra redentora seja a de sumo sacerdote.
O Velho Testamento nos ajuda a entender a obra de um sumo sacerdote. O sumo sacerdote levita agia como representante dos homens, entrando na presença do Senhor para oferecer sangue em benefício dos homens pecadores. Em nenhum outro lugar esta função é ilustrada mais vividamente do que nos eventos do Dia da Expiação. Neste dia, o décimo dia do sétimo mês de cada ano, o sumo sacerdote entrava no Santo dos Santos do tabernáculo para fazer expiação pelos seus próprios pecados e pelos do povo.
Levítico 16 descreve o que era feito neste dia. O sumo sacerdote, depois de lavar seu corpo e vestir as vestes santas, punha um incensário cheio de incenso no Santo dos Santos para formar uma nuvem sobre o propiciatório. O Santo dos Santos era a menor das duas salas dentro do tabernáculo. A arca da aliança ficava localizada nesta sala e era ali que Deus se encontrava com o homem. A cobertura da arca da aliança era chamada de propiciatório. Dois bodes eram escolhidos como oferenda pelo pecado e sortes eram lançadas sobre eles. Um bode teria que ser morto e oferecido ao Senhor em benefício do povo; o outro seria um bode emissário. Um novilho era selecionado também como uma oferenda pelo sumo sacerdote e sua família.
O sumo sacerdote matava o novilho fora do santuário propriamente e levava um pouco de sangue do novilho para dentro do Santo dos Santos, onde aspergia-o sobre o propiciatório. Em frente do propiciatório ele aspergia sangue, com o dedo, sete vezes, para fazer expiação por seus próprios pecados e os de sua família. A nuvem de incenso na sala protegia-o de ver o Senhor e morrer como consequência. Ele, então, matava o bode selecionado por sorte para ser a oferenda e levava um pouco de sangue para dentro do Santo dos Santos, mais uma vez espalhando o sangue em cima e na frente do propiciatório, para fazer expiação pelos pecados do povo. Depois, o bode vivo era levado para o deserto e solto, levando embora consigo os pecados do povo. Os corpos do novilho, do bode e de um carneiro oferecido como holocausto eram totalmente queimados.
O livro de Hebreus declara que Jesus também é um sumo sacerdote (Hebreus 2:17; 3:1; 4:14). O profeta Zacarias predisse que Jesus seria um sacerdote em seu trono, isto é, Jesus seria tanto sacerdote quanto rei ao mesmo tempo (Zacarias 6:12-13).
Jesus nasceu judeu, descendente de Davi e, assim, da linhagem da tribo de Judá. Contudo, Deus escolheu os descendentes de Levi para serem sacerdotes. Assim Jesus, vivendo sob a Lei de Moisés, poderia ser rei porque era da tribo real (Judá) e ainda mais da de Davi (veja 2 Samuel 7:12-16; Atos 2:29-31). Mas Jesus não poderia ser um sacerdote segundo a Lei de Moisés porque não era da tribo certa. O escritor de Hebreus afirma que Jesus era sumo sacerdote segundo uma ordem diferente, não segundo a ordem de Arão (ou da tribo de Levi), mas segundo a ordem de Melquisedeque (5:6,10; 6:20). Ele explica:
"Se, portanto, a perfeição houvera sido mediante o sacerdócio levítico (pois nele baseado o povo recebeu a lei), que necessidade haveria ainda de que se levantasse outro sacerdote, segundo a ordem de Melquisedeque, e que não fosse contado segundo a ordem de Arão? ...Porque aquele de quem são ditas estas cousas pertence a outra tribo, da qual ninguém prestou serviço ao altar; pois é evidente que nosso Senhor procedeu de Judá, tribo à qual Moisés nunca atribuiu sacerdotes" (Hebreus 7:11,13-14).
Mas porque Melquisedeque? Quem foi Melquisedeque? O escritor de Hebreus nota que ele foi tanto sacerdote como rei de Salém (outro nome de Jerusalém; veja Gênesis 14:18-20; Hebreus 7:1). Ele também observa que as escrituras do Velho Testamento dão a Melquisedeque a aparência de ser eterno, não sendo registrado seu nascimento, linhagem ou morte (7:1-3). Assim, existem algumas semelhanças entre Melquisedeque e Jesus. Melquisedeque parece continuar para sempre como sacerdote, porque as Escrituras nunca registram sua morte. Jesus, sendo divino, vive e serve para sempre como sacerdote (Hebreus 7:23-25). Melquisedeque era tanto rei quanto sacerdote ao mesmo tempo (que era impossível sob a Lei de Moisés). Jesus é tanto rei como sacerdote ao mesmo tempo, em cumprimento da profecia de Zacarias.
O autor de Hebreus também observa a consequência inevitável do sacerdócio de Jesus Cristo. Se o sacerdócio for mudado da ordem de Arão para a de Melquisedeque, necessariamente a lei associada com o sacerdócio levítico tem que ser mudada. "Pois, quando se muda o sacerdócio, necessariamente há também mudança de lei" (7:12). A Lei de Moisés, associada com o sacerdócio levítico, foi anulada quando o sacerdócio foi mudado (7:18-19).
A obra sacerdotal de Jesus é explicada pelo escritor de Hebreus em termos de atos do sumo sacerdote levita no Dia da Expiação. Exatamente como o sumo sacerdote levita entrava no Santo dos Santos do tabernáculo, isto é, na presença de Deus, com sangue para fazer a expiação pelos pecados, assim Jesus entrou no Santo dos Santos com sangue (9:11-12). Mais ainda, Jesus não ofereceu seu sangue num tabernáculo físico, feito por mãos humanas. Ele ofereceu seu sangue na presença de Deus, no céu.
No Dia da Expiação, o derramamento de sangue realmente acontecia fora do Santo dos Santos. Os animais eram mortos e o sangue deles recolhido no pátio do tabernáculo. O sumo sacerdote então oferecia o sangue a Deus quando o aspergia em frente do propiciatório. De modo semelhante, o sangue de Jesus foi derramado na cruz, fora do Santo dos Santos celestial. Ele foi sepultado e no terceiro dia ressurgiu. Depois de 40 dias ele ascendeu ao céu, em sentido figurado, e apresentou seu sangue diante de Deus. É fácil observar a importância da ressurreição a este respeito. Ainda que o sangue seja derramado em sua morte, Jesus realmente ofereceu seu sangue ao Pai quando ascendeu ao céu depois de sua ressurreição (João 20:17; Atos 1:9-10).
De conformidade com o propósito do escritor de Hebreus, Jesus é apresentado como um sumo sacerdote superior aos sacerdotes levitas. Os sumos sacerdotes do Velho Testamento, oferecendo sangue pelos pecados do povo, eram, eles mesmos, realmente pecadores (Hebreus 5:1-3; 7:26-27). Antes que o sumo sacerdote pudesse fazer intercessão pelo povo no Dia da Expiação, ele tinha que oferecer um novilho pelos seus próprios pecados. Jesus, contudo, ainda que tentado, era sem pecado (Hebreus 2:18;4:15;7:26).
Ainda mais, Jesus não fica impedido pela morte em seu serviço como sumo sacerdote. Os sacerdotes do Velho Testamento, sendo homens, morriam e o serviço de sumo sacerdote era passado ao próximo homem apontado pelo mandamento da Lei de Moisés. Jesus vive para sempre e é assim capaz de continuar com seu serviço sacerdotal tanto tempo quanto for necessário (Hebreus 7:23-25). Até mesmo o local do seu serviço é superior, sendo um tabernáculo celestial em vez de um físico. Jesus pode entrar na presença de Deus sem uma nuvem de incenso para protegê-lo porque ele não tem pecado.
Obviamente, o serviço sacerdotal de Jesus é superior em outro ponto importantíssimo. Jesus não ofereceu diante de Deus o sangue de um animal, um sacrifício inadequado para o perdão (Hebreus 10:4). Em vez disso, ele ofereceu seu próprio sangue, assim tornando-se tanto o sacerdote como o sacrifício (Hebreus 9:11-12, 28)! Pelo fato de seu sacrifício ter sido adequado para o perdão dos pecados, precisou ser feito somente uma vez, em contraste com os sacrifícios dos sacerdotes do Velho Testamento, que eram oferecidos ano após ano (Hebreus 9:12,24-28;10:10-14).
No tabernáculo e no templo do Velho Testamento, somente o sumo sacerdote podia entrar no Santo dos Santos, uma vez por ano, sempre com sangue como oferenda pelo pecado. Agora, contudo, o caminho para o Santo dos Santos celestial está aberto por causa da obra sacrifical de Jesus. Deus mostrou o significado da morte de Jesus rasgando o véu que separava o Santo dos Santos do Santo Lugar quando Jesus morreu (Mateus 27:51).
O privilégio de entrar e habitar na presença de Deus no céu está disponível a todos através do sangue de Jesus Cristo (Hebreus 10:19-22). Assim como Jesus em sua pureza entrou na presença de Deus, também podemos entrar na presença de Deus purificados pelo sangue de Jesus Cristo. Deus seja louvado por esta maravilhosa esperança!
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