Ofertas Pacíficas para um Deus de
Paz
TEXTO
ÁUREO = “Portanto, ofereçamos sempre, por ele, a Deus
sacrifício de louvor, isto é, o fruto dos lábios que confessam o seu nome.”(Hb
13.15)
VERDADE
PRÁTICA = O crente oferece sacrifícios pacíficos a Deus quando
pratica e semeia a paz do Senhor Jesus Cristo no poder do Espírito Santo.
LEITURA
BÍBLICA EM CLASSE = Levítico 7.11-21
OBJETIVO
GERAL
Compreender que o
crente oferece sacrifícios pacíficos a Deus quando pratica e semeia a paz do
Senhor Jesus Cristo no poder do Espírito Santo.
HINOS SUGERIDOS: 17, 262, 400 da
Harpa Cristã
OBJETIVOS
ESPECÍFICOS
Abaixo, os objetivos
específicos referem-se ao que o professor deve atingir em cada tópico. Por
exemplo, o objetivo I refere-se ao tópico I com os seus respectivos subtópicos.
I. Mostrar a excelência
da oferta pacífica;
II. Discutir a respeito
da oferta pacífica na história sagrada;
III. Compreender a
oferta pacífica na vida diária.
INTRODUÇÃO
Embora o sacrifício
pacífico exija a presença de animais e envolva derramamento de sangue, sua
natureza e caráter não se caracterizam como sacrifícios de expiação. Embora
ainda, o caráter e a natureza do sacrifício pacífico apresente semelhança com a
oferta de manjares, pois não se tratam de “sacrifícios de expiação”, mas de
“oferta de ações de graça” (Lv 2.12; 7.12,16; 23.9-15; Êx 23.16-19), um estudo
comparativo entre estes dois tipos de rituais, suas semelhanças se conseguem
dissolver rapidamente: Na oferta de manjares, por exemplo, a oferenda era
tipicamente de alimentos (Lv 2.1-14; 23.9-15), enquanto que no sacrifício de
ofertas pacíficas era de animais (Lv 3.1-6; 7.11-20); na oferta de manjares não
havia derramamento de sangue (Lv 2.1-3), já no sacrifício pacífico havia (Lv
3.1-3); na oferta de manjares somos convidados a expressar nossa dedicação,
compromisso e gratidão a Deus pela vida e pela provisão diária, enquanto que no
sacrifício das ofertas pacíficas somos convidados a exprimir nossa comunhão, louvor,
gratidão e regozijo, pelas bênçãos recebidas, livramentos acontecidos e
cumprimento de votos ocorridos (Lv 3.12-17,30-31; 7.11-16).
UMA OFERTA PARA COMUNHÃO
Os sacrifícios
pacíficos são conhecidos no livro de Levíticos, além de oferta pacífica, como
ofertas de comunhão. O ritual do sacrifício apresentava em sua natureza o
caráter de comunhão, pois o cerimonial se transformava em ocasião de regozijo
em que todos: Deus, o sacerdote e o ofertante participavam e se alimentavam do
mesmo sacrifício. Significando que o ofertante estava ali exercitando sua
comunhão com Deus, com a família sacerdotal e com o povo, já que ele podia
convidar outros da comunidade a também participarem da mesa.
Assim, cada vez que um
israelita decidia oferecer uma oferta pacífica ele tinha não somente a
oportunidade de refletir sobre os privilégios de fazer parte do povo de Deus,
como também, a oportunidade de confraternizar e dividir os momentos alegres ao
redor de uma “mesa” com Deus, com os sacerdotes, e com a comunidade. Nesse
sentido, então, o cerimonial constituía, em si, uma espécie de serviço de
comunhão. Algo meio que similar à ordenança da Ceia do Senhor, às quais a
igreja comemora periodicamente (1 Co 11.23-25).
A
comunhão do adorador
A oferta pacífica
representa a comunhão do adorador com o Senhor. Como já dissemos, o ofertante
come do sacrifício que pertence ao Senhor. Contudo, antes que qualquer pedaço
da oferta pacifica pudesse ser consumida, a gordura tinha de ser queimada como
oferta de cheiro suave. Significando que Deus ficava com a melhor parte. A
gordura aqui representa a preciosidade de Cristo, a qual apenas Deus pode
apreciar na sua totalidade. Hoje, para nós, adoradores, a comunhão é a certeza
de que podemos, em Cristo, se aproximar de Deus, sentar-se à mesa com Ele,
louvar e adorá-Lo em gratidão.
Comunhão
com Deus
A oferta pacífica
representa que a nossa comunhão com Deus se torna possível por meio do nosso
Senhor Jesus Cristo. Ela aponta para aquele que é a nossa paz e a nossa
comunhão, feito pelo seu sangue derramado na cruz (Cl 1.20).
A imposição de mãos na
cabeça do animal significa que o adorador e ofertante se faz um com ele
(simbolicamente o animal aceitaria participar da natureza do ofertante), assim,
como nós só poderemos aparecer diante de Deus e comungar com Ele mediante a
“aceitação” de Cristo. Somente por meio de Cristo e pela contemplação de Seu
sacrifício é que temos comunhão com o próprio Senhor, com Deus e com os irmãos.
Comunhão
de toda família sacerdotal
Era basilar que os
sacerdotes atuassem nos serviços cerimoniais das ofertas, sacrifícios e cultos
oferecidos a Deus.
Em algumas solenidades
as responsabilidades individuais ou coletivas dos sacerdotes podem também
representar o papel e a ação coletividade dos cristãos no serviço de comunhão e
adoração. Assim, como os sacerdotes exercia importante papel na comunhão do
adorador, assim, cada um de nós, individualmente ou coletivamente devemos
também contribuir para promover a comunhão de toda família e da comunidade
cristã. Esta era a ideia usada pelo escritor de Atos, quando disse:
“Diariamente perseveram unânimes no templo, no partir do pão de casa em casa e comiam suas refeições com alegria e
singeleza de coração” (At 2.42).
UMA
OFERTA DE GRATIDÃO
A pior doença da
memória não é a amnésia, mas a ingratidão. As pessoas costumam buscar a Deus
quase sempre nos momentos difíceis, com a finalidade de pedir. Mas, quantos
dedicam momentos de suas vidas em agradecimentos a Deus? Outra importante
finalidade pela qual Deus instituiu os sacrifícios pacíficos foi para que o
povo não se esquecesse de serem gratos. Por isso, grande parte dos sacrifícios
pacíficos era oferecida em caráter de agradecimento por uma necessidade
suprida, por oração respondida ou por um voto ocorrido (Lv 7.11-12,15).
Em regra, o voto era
uma promessa solene de oferecer um presente a Deus em agradecimento pela
resposta ao favor solicitado e prontamente respondido por Deus, como: uma
libertação, um livramento de morte, de enfermidades ou de aflições, etc (Sl
7.17; 56.12; 107.22; 116.17; Lv 22.18-23). Mas a gratidão não é para ser
praticada só quando fazemos um voto, conseguimos uma casa nova, um carro novo,
ou quando nos casamos... É para todas as horas. O Apóstolo Paulo é claro: “Em
tudo dai graças” (1 Ts 5.18).
Gratidão
pelas necessidades supridas
Gratidão é uma atitude
de reconhecimento pelas necessidades supridas. A começar pela vida temos muitos
motivos para ser gratos a Deus: nossa salvação, nossa saúde, nossa casa, nossa
família, nosso trabalho, nossos amigos, bem como outros inumeráveis benefícios
que vão além de nossas meras necessidades supridas. Não podemos ficar esperando
algum culto de gratidão para agradecer a Deus. Precisamos dar graça sempre.
Gratidão pelas orações respondidas
A Gratidão é uma
atitude de reconhecimento também pelas orações respondidas. A Bíblia contem
muitos exemplos de pessoas que oraram a Deus, tiveram suas orações respondidas
e foram gratos a Deus. Dentre muitos outros podemos citar Ana, Elias, Ezequiel
e Daniel (1 Sm 2.1-10; 1 Rs 18.36-37; 2 Rs 19.15-19; Dn 9.3-21). O Apóstolo
Paulo era um grande incentivador de não apenas fazer orações, mas também de
sermos agradecidos: “Não estejais ansiosos de coisa alguma, mas em tudo, por
oração e suplica, junto com agradecimento, fazei conhecer as vossas petições a
Deus” (Fp 4.6-7).
Gratidão
pela revelação de Deus
Outra grande razão pela
qual a Bíblia nos ensina a ser grato é que Jesus cristo se fez carne a fim de
que conhecêssemos o Pai (Jo 1.14,18). Sacerdotes mediavam com sacrifícios.
Sangue inocente era derramado em favor de adoradores imperfeitos, injustos e
pecadores para poderem ter acesso a Deus. Mas, agora através da revelação de
Cristo e de seu sacrifício eficaz, Ele nos permite que tenhamos livre acesso e
aproximemos Dele com coração sincero e purificado da má consciência (Hb
10.19-22).
Por isso, não devemos
apenas estar gratos, devemos ser gratos, pois a partir da revelação gloriosa de
Jesus Cristo encontramos a entrada do aprisco e passamos a ter a oportunidade
de saber que somos o seu povo e rebanho de seu pasto (Jo 10.2-4). O salmista
convida a entrarmos por suas portas com ações de graça e nos seus átrios com
hinos de louvor (Sl 100.1-4).
UMA
OFERTA DE PAZ
Embora os sacrifícios
pacíficos fossem em certo sentido como “ofertas de paz”. Não podemos apregoar
dizendo que este tipo de sacrifícios tinha como finalidade apaziguar a ira de
Deus. A natureza desse sacrifício não é expiatória, mas de ações de graça. Além
do mais, o sentido da palavra tem sido motivo de algumas discussões no meio
teológico, pois etimologicamente o terno original expressa muito mais
“bem-estar” do que necessariamente “paz”. Daí a razão de alguns estudiosos e
tradutores usarem a expressão “oferta de comunhão” ao invés de “oferta de paz”.
Entendo que em razão desse tipo oferta ser obrigatoriamente oferecidos depois
dos sacrifícios de expiação, faz sentido usar aqui a expressão “oferta de paz”,
já que o ofertante no momento de sua oferta, já desfruta de plena paz com Deus.
Por isso, a oferta além de ser agradável a Deus, proporcionava uma refeição em
que Deus e o homem se encontram e se relacionam.
Paz
interior
Paz interior é o estado
de se estar espiritualmente em paz consigo mesmo. Ter paz interior não
significa que não vamos ter problemas, dificuldades ou inquietações. É possível
estarmos no meio de um bombardeio, acusações e questionamentos e ainda assim
estarmos em plena paz. A paz de espírito não se evidencia necessariamente em
nossos atos serenos e pacíficos, mas principalmente na tranquilidade da consciência
e na certeza do coração que está em Deus. Jesus disse: “Deixo-vos a paz, a
minha paz vos dou; mas não a dou como o mundo. Não se pertube nem se intimide o
vosso coração” (Jo 14.27). Jesus é a nossa paz.
Paz
com o próximo
A paz é uma virtude
cristã e está intimamente relacionado com o fruto do Espírito (Gl 5.22). A
Bíblia enfatiza a importância do bom relacionamento e principalmente o cuidado
que devemos ter de uns para com os outros. O apóstolo Paulo, por exemplo,
escrevendo aos Romanos disse: “Se possível, quando depender de vós, tende paz
com todos os homens” (Rm 12.18). O escritor aos hebreus disse: “Segui a paz com
todos...” (Hb 12.14).
Quando os escritores
sacros escrevem sobre a paz, suas intenções é deixar claro que não devemos
apenas viver em paz, mas também cultivar e promover a paz com todos no que
depender de nós. Devemos empenhar todas as nossas energias para que esse alvo
seja alcançado. Jesus impetrou uma bem-aventurança sobre aqueles que são
pacificadores (Mt 5.9).
Paz
com Deus
Em Jesus Cristo estamos
reconciliados e aceitos por Deus. Essa reconciliação nos traz ao coração um
profundo sentimento de paz. Antes de aceitarmos a Cristo como Salvador e Senhor
de nossas vidas nossa natureza interna estava um caos e em verdadeira guerra
com Deus. Nossa razão em vez de ser guiada pelo conhecimento de Deus escolhe
obedecer a uma imaginação corrompida. No entanto, quando aceitamos o sacrifício
de Cristo, as coisas dentro de nós passaram a experimentar uma mudança agradável.
É a paz com Deus, aquele que excede todo o entendimento (Fp 4.7).
CONCLUSÃO
O sacrifício pacífico
na vida do crente israelita permitia que ele estivesse em harmonia com as
exigências religiosas e automaticamente gozasse de uma comunhão com Jeová, do
mesmo modo o crente em Jesus, além de gozar da salvação pela sua graça, usufrui
de plena comunhão Deus. Que possamos oferecer continuamente a Deus sacrifícios
de louvor, que é fruto de lábios que glorificam o seu nome (Hb 13.15-16).
Evangelista Isaias
Silva de Jesus
Igreja Evangélica
Assembléia de Deus Ministério - Em Dourados – MS
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
REVISTA BETEL
DOMINICAL: Jovens e Adultos. Levítico – O ministério sacerdotal levítico e sua
relevância para a Igreja. Rio de Janeiro: Editora Betel – 1º Trimestre de 2018.
Ano 28 n° 106. Lição 04 – O sacrifício pacífico.
MESQUITA, Antônio Neves
de. Estudo no Livro de Levítico. 3º Edição. Rio de Janeiro. JUERP, 1980.
COMENTÁRIO BÍBLICO
BROADMAN, Tradução de Arthur Anthony Boorne - Volume 2 – Levítico a Rute. Rio
de Janeiro. JUERP, 1986.
BÍBLIA DE ESTUDO
MATTHEW HENRY. Português. Tradução Elen Canto, Eliane Mariano e outros. Editora
Central Gospel Ltda. 1ª Edição. Rio de Janeiro – RJ. 2014.
BÍBLIA DE ESTUDO NVI -
Português. Tradução de Nota: Chown, Gordon. Editora Vida.
COMENTÁRIOS ADICIONAIS
OFERTAS
PACÍFICAS PARA UM DEUS DE PAZ
INTRODUÇÃO
Veremos,
neste capítulo, por que a graça e a paz, tidas como virtudes teologais, são
imprescindíveis à vida cristã. Nas epístolas paulinas, vêm mencionadas
conjuntamente: são irmãs gêmeas, inseparáveis. Se nos voltarmos às ofertas
pacíficas do livro de Levítico, constataremos que elas constituíam o cerne da
alma do ofertante. Por essa razão, os princípios coinológicos, ou seja, de comunhão,
que acompanhavam tais sacrificios, têm de ser aplicados com urgência
escatológica ao mundo evangélico atual.
Embalada
por tralhas, refugos e modismos, como a teologia da prosperidade e a confissão
positiva, boa parte dos crentes, hoje, é mais doutrinada a pedir do que a
agradecer. Em suas orações, quer públicas, quer privadas, os tais crentes não
demonstram a mínima referência a Deus. Tratam-no como se Ele não passasse de um
lacaio ou de um mero garoto de recados. Já não vêem Deus como Deus. Enxergam-no
como o mordomo que, nas mansões e palacetes, inibe-se à espera do próximo
capricho de um crente mundano e compromissado com as obras infrutuosas das
trevas.
Nesse
mundo estranho e bizarro, desprezam-se as ofertas de paz e os sacrifícios de
louvor. Tais formas de adoração, tão comuns à Igreja Primitiva, rareiam-se
hoje. Aliás, por que agradecer se é mais lucrativo exigir e determinar? Mas a
Palavra de Deus exorta-nos à gratidão e ao reconhecimento. Ao bom e santo
Senhor, deveríamos agradecer até mesmo pelas lutas e vicissitudes; sem estas,
jamais teríamos qualquer experiência pessoal com Jesus Cristo.
A
fim de compreendermos as ofertas de paz prescritas no Levítico, deter-nos-emos,
inicialmente, em duas ciências teológicas que nem sempre são lembradas: a
irenologia e a carislogia. Nesta era, de completa inversão de valores, até
mesmo na Igreja de Cristo, é urgente um retorno à paz e à graça do Senhor
Jesus.
I. IRENOLOGIA, UM ESTUDO URGENTE
Quando
ainda jovem, li um livro, escrito por um general francês, acerca da ciência da
guerra. Já nas páginas iniciais, descobri que o estudo das artes bélicas recebe
um nome quase eufônico: polemologia. Acredito que tal nomenclatura aplica-se
também aos confrontos ideológicos e doutrinários. Mas, ao por-me a escrever o
presente capítulo, veio-me à mente uma pergunta: “Existe alguma ciência
dedicada à pesquisa científica da paz?”. Pesquisei. E vim a descobrir duas
páginas que tratam do assunto, uma em latim e outra em espanhol. A esse saber,
um tanto peregrino, dá-se o nome de irenologia.
1. Irenologia, a definição de uma
ciência ainda desconhecida. A palavra irenologia é composta
por dois vocábulos gregos: eirene,
paz, e logos, estudo. Portanto, a
irenologia é o estudo sistemático da paz conforme a concebem as diversas
culturas, sociedades, religiões e saberes. Trata-se de uma disciplina
acadêmica, que tem por objetivo investigar as condições, o ambiente e os
envolvidos no esforço comum para se estabelecer, manter e promover a paz quer
entre nações, quer entre grupos sociais ou mesmo entre indivíduos.
Os
estudos irenológicos andam, paradoxalmente, de mãos dadas com os polemológicos.
No estouro de um conflito, armado ou não, a primeira coisa a ser buscada é a
paz. Nesse esforço, até mesmo um armistício é motivo de festejos e
comemorações. Etimologicamente, o termo “armistício”, oriundo do latim armistitium, significa “cessação das
armas”. Nessas ocasiões, como resultado dos movimentos diplomáticos, os lados
envolvidos sentam-se a negociar uma paz definitiva; às vezes, nem
provisoriamente se logra obtê-la. Naquele momento, os adversários igualam-se à
mesa de negociações; todos querem acabar com o conflito; pelo menos é o que se
espera.
Todavia,
nem sempre a ausência de um conflito armado pode ser qualificada como paz. Há
de fato ausência de guerra, mas não há presença de paz efetiva. Foi o que
ocorreu após a Segunda Guerra Mundial.
A
União Soviética e os Estados Unidos, polarizando o mundo, viveram uma guerra
fria de quatro décadas. Se nos voltarmos à Bíblia, porém, descobriremos que a
paz é possível até mesmo em meio aos embates mais violentos.
2. Paz, uma definição sempre
possível e esperada. Tenho para mim que a paz é caracterizada
por uma serenidade íntima inexplicável. Foi o que Paulo escreveu aos irmãos de
Filipos sempre às voltas com os inimigos da cruz: “E a paz de Deus, que excede
todo o entendimento, guardará o vosso coração e a vossa mente em Cristo Jesus”
(Fp 4.7, ARA). Como explicar semelhante paz que amaina até o sol mais abrasador
ou a tempestade mais bravia.
Em
hebraico, a palavra paz vai além de um mero enfoque filosófico. O termo shalom, além de paz, evoca augúrios de
saúde, prosperidade e autocontrole. Quando um judeu pergunta ao seu
companheiro: “Como vai você?”. Em hebraico: Ma sh1omía? Na verdade, indaga-lhe,
antes de tudo: “Como vai a sua paz?”. Hoje, infelizmente, o poético e doce
vocábulo foi reduzido a um trivial “oi” ou a um mero “olá”. É o que se observa
no cotidiano israelense.
No
grego, a palavra eirene, traduzida adequadamente para a língua portuguesa como
paz, tem uma origem interessante, apesar da mitologia que a cerca. Irene era
filha de Zeus e de Têmis. Juntamente com suas irmãs Eunomia e Dice, achava-se
responsável pelo bom andamento das coisas. Enfim, a boa e solícita Irene tinha
por tarefa zelar pelas afeições cósmicas. Se ela viesse a falhar, Céus e Terra
perderiam toda a harmonia, melodia e ritmo; a música universal seria
impossível.
Quando
nos voltamos à Bíblia Sagrada, constatamos que a verdadeira paz vai além dos
mitos e transcende as academias mais lógicas. Em Isaías, descobrimos que a paz
tem como príncipe o Filho de Deus. O profeta, ao alinhar os principais títulos
de Jesus Cristo, poeticamente anuncia: “Porque um menino nos nasceu, um filho
se nos deu; o governo está sobre os seus ombros; e o seu nome será: Maravilhoso
Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz” (Is 9.6, ARA).
Se
a paz tem como príncipe o Senhor Jesus, como podemos defini-la? Antes de tudo,
ela não é uma simples e expectada ausência de conflitos; ela é possível até
mesmo em meio aos entreveros mais indescritíveis. Alguém, certa vez, pintou-a
como um pássaro a cantar em plena tempestade. Enquanto tudo ruía à sua volta, a
avezinha teimosamente canora trinava uma bela melodia ao Criador. Se na paz,
não temos paz, como nos comportaremos num conflito? Foi o que o Senhor indagou
ao seu profeta: “Se te fatigas correndo com homens que vão a pé, como poderás
competir com os que vão a cavalo? Se em terra de paz não te sentes seguro, que
farás na floresta do Jordão?” (Jr 12.5, ARA).
Às
vezes, surpreendo-me na mesma condição de Jeremias. Embora tudo à minha volta
rescenda à paz, acho-me em guerra comigo mesmo. Mas, como superar os conflitos
que nos assolam a interioridade? A resposta é simples e teologicamente
comezinha: encher-se do Espírito Santo, o promotor da paz por excelência.
3. Jesus é o Príncipe da Paz. Sim,
o Senhor Jesus é o Príncipe da Paz. Que nobiliarquia pode ostentar semelhante
título? Nenhum monarca terreno, ainda que traga a alcunha de pacífico, reúne as
condições necessárias para efetivar a paz no coração humano. Uma paz, aliás,
que só foi possível no Calvário, conforme escreve Paulo: “Justificados, pois,
mediante a fé, temos paz com Deus por meio de nosso Senhor Jesus Cristo; por
intermédio de quem obtivemos igualmente acesso, pela fé, a esta graça na qual
estamos firmes; e gloriamo-nos na esperança da glória de Deus” (Rm 5.1,2, ARA).
Nessa
passagem, observamos que a verdadeira paz é o resultado de um processo redentor
que, tendo início antes da fundação do mundo, culminou na morte, ressurreição e
glorificação de Jesus Cristo. Por intermédio de seu sacrifício vicário, Ele
reconciliou-nos com Deus, tornando-nos propícios à sua justiça. No exato
instante em que o aceitamos como Salvador e Senhor, justificou-nos Ele perante
o Justíssimo Deus. E, desde então, passamos a ser vistos, pelo Juiz de toda a
Terra, como se jamais tivéssemos cometido qualquer delito, transgressão ou
pecado. O encerramento desse processo judicial, junto à corte celeste,
trouxe-nos uma paz que o mundo não pode conhecer.
É
por essa razão, primordial e essencialmente soteriológica, que o Senhor Jesus
foi honrado com a elevada nobiliarquia de Príncipe da Paz. Não podemos
atribuir-lhe semelhante título apenas em virtude das profecias que o mostram a
pacificar as nações no Milênio. Ele é assim chamado, porquanto infunde, nos
corações mais tormentosos e revoltos, a paz que excede todo o entendimento.
No
ato de nossa conversão, recebemos a paz como resultado do processo de
justificação perante o trono de Deus. Todavia, para mantermos a qualidade e a
excelência dessa mesma paz, é imperativo cultivá-la, não como um mero adorno
processual, mas como fruto do Espírito Santo (Gl 5.22). Se o fizermos, não
teremos dificuldade alguma em oferecer a Deus o que o autor sagrado chama de
sacrifícios de louvor. Era assim que o adorador do Antigo Testamento
apresentava-se ante Jeová para apresentar-lhe ofertas e dons pacíficos. Nesse
ato litúrgico, ele sabia que estava sendo contemplado pela graça divina que,
tanto naquele tempo quanto agora, deve acompanhar todas as nossas devoções.
II. CARISLOGIA, UM
ESTUDO GRACIOSO
Nos
meus primeiros estudos teológicos, deliciei-me ao descobrir que a definição de
graça era favor imerecido. A partir daquele dia, sempre que me era facultada a
oportunidade de pregar, gostava de evocar aquela lição que, conquanto simples,
é tão elevada e eficaz.
Decorridas
quatro décadas, ainda me delicio com o estudo da graça de Deus. Hoje, porém,
constato que as implicações teológicas dessa virtude teologal são mais
profundas do que eu supunha naquela época já distante e bela.
1. A graça não é uma deusa; é um
dom de Deus. Não sei por que Homero e Hesíodo
apraziam-se em ornar a árvore genealógica do imoral Zeus com as mais elevadas
virtudes morais. A graça, por exemplo, era tida em tão alta conta que, no
Olimpo, aparecia como trigêmea. Sempre juntas, as três irmãs, talvez as filhas
mais queridas de Zeus, eram as divindades responsáveis pelos banquetes,
encontros, concórdias e riquezas.
Vistas
assim, as Graças do Olimpo em nada diferiam das socialites que estrelam nas
revistas, jornais e televisões. Sua reputação, segundo Homero, era nada
recomendável; faziam parte da comitiva de Afrodite, a deusa da libido, cuja alcovitice
era bem conhecida nas paragens olímpicas e nos recônditos gregos.
Nas
Sagradas Escrituras, a graça jamais foi uma deusa. Quer no Antigo, quer em o
Novo Testamento, ela aparece aqui, entre os apóstolos; ali, junto aos profetas
e justos. E, mais além, ressurge com os peregrinos que subiam a adorar em
Jerusalém. A graça é mais do que um atributo divino. Entre as perfeições,
bondades e grandezas do Senhor, evidencia-se como a qualidade que lhe expressa
o amor, até mesmo nos momentos de castigo, disciplina e provação. A graça não é
uma deusa; é a mais sublime expressão do Deus amoroso e bom.
2. Graça, a virtude teológica por
excelência. Na língua hebraica, há uma palavra
usada para sublimar a graça divina: chesed.
Seus significados emprestariam beleza ao cântico mais simples e à poesia mais
singela: bondade, favor, amorosa benignidade. À semelhança de sua congênere
grega, pode ser resumida numa única expressão: obséquio imerecido. Trata-se de
algo que recebemos sem o merecermos.
Em
grego, a palavra “graça” provém do vocábulo kharis;
sua etimologia lembra alegria e contentamento, O seu real significado, porém,
vai além da semiologia clássica. Nessa lexicografia, ajuntemos estes piedosos
sinônimos: bondade, amor incondicional, dom gratuito, generosidade e, também,
favor inesperado.
O
substantivo “carislogia” é formado por dois vocábulos gregos: kharis: graça; e logia, estudo. Esse termo, que não é um simples neologismo,
significa etimologicamente “estudo da graça”. Por ser a maior expressão do amor
de Deus, a graça merece um estudo mais atento e próprio.
De
meus estudos bíblicos, sou levado a inferir que a graça é a síntese das três
virtudes cardeais que recebemos no ato da conversão: fé, amor e esperança.
Aliás, a graça salvadora nos é manifestada antes mesmo de conhecermos a Jesus.
Mas
é somente por meio da fé salvadora que começamos a experimentá-la
interiormente. Quanto mais amamos a Deus e ao próximo, mais a graça, agora
multiforme em seus feitos redentores, faz-se presente em nossa vida. Nessa
militância por Jesus Cristo, ela é a esperança do arrebatamento; constrange-nos
a ir além de nossos próprios limites.
Se,
por acaso, vermo-nos cansados e já por esmorecer, ouviremos do Senhor aquele
lenitivo que levou Paulo ao Terceiro Céu: “A minha graça te basta” (2 Co 12.9).
Nessa declaração de Cristo, todas as nossas carências e necessidades, quer
espirituais, quer emocionais, ou até mesmo físicas, são plenamente supridas; em
glória são supridas (Fp 4.19). No enunciado ao apóstolo dos gentios, Jesus
deixava-lhe bem claro que, em sua graça, temos as virtudes e provisões de que
precisamos para alcançar a Jerusalém Celeste.
Quando
o crente hebreu, por conseguinte, apresentava ao Senhor um sacrifício pacífico
manifestava ali, diante do altar, por intermédio de gestos e ações dramáticas,
a graça que lhe ia na alma, O ofertório era apenas a exteriorização daquilo que
lhe inundava o coração: os favores imerecidos de Deus. E, se tantos favores
recebia, por que não agradar a Deus com uma oferta de paz? Tal princípio não
deve perder-se nas páginas do Levítico; tem de ser posto em prática em nosso
atribulado dia a dia.
3. Graça e paz, a comunidade dos
sacrificios de louvores. Em suas epístolas, Paulo saudava
as igrejas com uma fórmula que, embora provinda do grego e do hebraico,
expressava a plenitude do Evangelho: graça e paz (Rm 1.7; I Co 1.3; Ef. 1.2).
Ao
dirigir-se aos santos com uma expressão tão profunda e significativa, o
apóstolo conscientizava-os de que eles se constituíam na comunidade de
sacrifícios de louvores e paz por excelência: obra da graça. Mesmo sem a beleza
da liturgia e do cerimonialismo levíticos, não deixavam eles de expressar toda
a formosura da vida cristã.
O
que é um sacrifício de louvor? Atentemos às palavras do autor da Epístola aos
Hebreus: “Por meio de Jesus, pois, ofereçamos a Deus, sempre, sacrifício de
louvor, que é o fruto de lábios que confessam o seu nome” (Hb 13.15, ARA).
Nessa exortação, distinguimos a diferença entre o sacrifício de louvor do
Antigo e o do Novo Testamento, O primeiro era gestual e dramático; o segundo é
oral e marcado por amorosas proposições.
Aquele
dependia de um altar; este tem como altar o próprio adorador que,
soteriologicamente, é o templo do Espírito Santo. Na Antiga Aliança, o crente
dependia de um lugar específico para oferecer a sua oferenda ao Senhor. Já em a
Nova Aliança, o discípulo de Jesus é instado a demonstrar o seu culto racional
em todos os tempos e lugares; ele é o altar e o santuário.
O
sacrifício de louvor manifesta-se por meio do fruto dos lábios, Louvando a Deus
em todo o tempo, não nos desboquemos em murmurações, impropérios e palavras de
calão. Em todo o tempo, demonstremos nossa gratidão ao Senhor, Até mesmo nas
instâncias mais insuportáveis, curvemo-nos, qual Jó resignado, a adorar aquEle
que faz com que todas as coisas concorram para o bem dos que o amam.
Mais
adiante, voltaremos a falar da Igreja de Cristo como a sociedade de sacrifício
de louvores. Agora, faremos uma pausa para ver como os hebreus apresentavam
suas oferendas pacíficas a Jeová.
III. A EXCELÊNCIA DA
OFERTA PACÍFICA
Os
dois sacrifícios mais antigos da História Sagrada são o holocausto e a oferta
pacífica. Ambas as oferendas eram tidas, às vezes, como um único sacrifício,
1. Oferta pacífica.
A voluntariedade da oferta pacífica fica bem evidente no livro de Levítico (Lv 7.12).
A oferenda, para ser caracterizada como tal, deveria ser acompanhada de ações
de graças; nenhuma petição era admitida, Naquele momento, o crente hebreu tinha
como único desejo adorar e agradecer ao Senhor por todas as bênçãos, galardões
e livramentos, Nos Salmos, as ofertas pacíficas manifestam-se em louvores ao
Senhor por todas as suas benignidades (SI 106,1). Leia atentamente os Salmos
118 e 136.
Nas
Escrituras do Novo Testamento, somos instados a oferecer a Deus contínuas ações
de graças (I Ts 5.18). Dessa forma, jamais perderemos a comunhão quer com Deus,
quer com a Igreja de Cristo (Cl 3.15).
2. Tipos de ofertas pacíficas.
As ofertas pacíficas compreendiam três modalidades ou fases: ações de graças,
voto e oferenda movida diante do altar.
a)
Ações de graças. A fim de agradecer ao Senhor por um
favor recebido, o crente hebreu oferecia-lhe bolos e coscorões ázimos amassados
com azeite. Os bolos, feitos da flor de farinha, tinham de ser fritos (Lv
7.12-15). A carne, que acompanhava o sacrifício pacífico, devia ser consumida
no mesmo dia (Lv 7.15).
Os
produtos trazidos a Deus eram acompanhados de louvores (Hb 13.15). Tanto ontem
quanto hoje, somos instados a louvar e a enaltecer continuamente o Senhor.
b)
Voto. Nos momentos de angústia, os filhos de Israel
faziam votos ao Senhor, prometendo-lhe ofertas pacíficas (Gn 28.20; I Sm 1.1
1). Nesse caso específico, o sacrifício poderia ser comido tanto no mesmo dia
quanto no dia seguinte (Lv 7.15,16). No terceiro dia, nada dele podia ser
ingerido. O voto, por ser uma ação voluntária, requeria igualmente uma atitude
voluntária. Que o ofertante participasse das ofertas com alegria e regozijo.
c)
Oferta movida. Na última etapa, o adorador entregava a
oferta pacífica ao sacerdote que, seguindo o manual levítico, aspergia o sangue
do sacrifício sobre o altar. Em seguida, queimava a gordura do animal (Lv
7.30). O peito era entregue a Arão e a seus filhos. Num último ato, o sacerdote
movia a parte mais excelente da oferenda perante o altar: o peito e a coxa (Lv
7.31-35).
Objetivos
das ofertas pacíficas. Como já dissemos, eram dois os objetivos da oferta
pacífica: aprofundar a comunhão entre Deus e o crente, e levar o ofertante a
reconhecer que tudo quanto temos vem do Senhor, porque dEle é a terra e a sua
plenitude (Sl 24.1).
IV. A OFERTA PACÍFICA
NA HISTÓRIA SAGRADA
Neste
tópico, veremos três exemplos de pessoas que fizeram voto ao Senhor, e foram
plenamente atendidas: Jacó, Ana e Davi.
1. Jacó, filho de Isaque.
Quando fugia de Esaú, seu irmão, Jacó fez um comovente voto ao Senhor. Depois
de ter visto o céu aberto e os santos anjos subirem e descerem sobre uma escada
que ligava a Terra ao Céu, prometeu ao Deus de seus pais: “Se Deus for comigo,
e me guardar nesta viagem que faço, e me der pão para comer e vestes para
vestir, e eu em paz tornar à casa de meu pai, o SENHOR será o meu Deus” (Gn
28.20,2 1). A partir daí, o patriarca tornou-se um fiel e zeloso adorador (Gn
35.1-3).
Fazer
votos ao Senhor não constitui pecado algum. Lembro-me de que, certa vez, minha mãe
fez um voto a Deus em favor de meu irmãozinho, que se achava gravemente
enfermo. Segundo os médicos, a broncopneumonia acabaria por matar o Eliseu; um
bebê frágil, já moribundo. Mas, para a nossa surpresa, Jesus interveio
eficazmente, trazendo-o de volta a casa.
Não
podemos fazer do voto, porém, um aríete contra a vontade divina. Quer Deus nos
atenda, quer não, Deus continua a ser Deus. Além disso, o voto não pode
contemplar o costumeiro e o ordinário de nossas obrigações junto ao Reino de
Deus; antes, deve compreender o incomum e o extraordinário. Num voto, não há
por que incluir o dízimo, por que este já é uma parte obrigatória da mordomia
cristã. Prometamos-lhe, então, uma generosa oferta missionária.
2. Ana, mãe de Samuel.
Afligida por sua rival, por não dar filhos a Elcana, seu marido, a desolada Ana
fez este voto ao Senhor: “Senhor dos Exércitos! Se benignamente atentares para
a aflição da tua serva, e de mim te lembrares, e da tua serva te não
esqueceres, mas à tua serva deres um filho varão, ao SENHOR o darei por todos
os dias da sua vida, e sobre a sua cabeça não passará navalha” (I Sm 1.11,
ARA). Após haver desmamado a Samuel, entregou-o ao Senhor, cumprindo a
ordenança quanto ao sacrifício pacífico (I Sm 1.24-28).
O
altruísmo de Ana caracteriza admiravelmente o sacrifício pacífico. Ela, que
ainda não tinha filhos, rogava um ao Senhor, para, em seguida, santificá-lo ao
serviço divino. Pode haver maior sacrifício que este? Em sua atitude,
observamos uma forte convicção messiânico-soteriológica. Sem o saber,
consagrava o seu primogênito à redenção de Israel. E, de acordo com a História
Sagrada, o profeta Samuel impulsionou a libertação dos israelitas; julgou-os e
ungiu-lhes os dois primeiros monarcas.
3. Davi, rei de Israel. Pelo
que observamos nos Salmos, Davi foi o homem que, em todo o Israel, mais
sacrifícios pacíficos apresentou ao Senhor (51 22.25; 56.12; 61.5,8). Aliás, os
seus cânticos já são, em si mesmos, um sacrifício de louvor e paz ao Deus de
Abraão.
Na
biografia de Davi, encontramos não um rei, em primeiro plano, mas um homem
apaixonado pelo Senhor. Tem-se a impressão de que ele andava de sacrifício em
sacrifício e de voto em voto. Eis porque, ao pecar duplamente contra Deus,
centuplicadamente viu-se no pó e na cinza. Para o homem segundo o coração de
Jeová, mais valia um sacrifício de louvor do que mil pelo pecado.
V. A OFERTA PACÍFICA NA
VIDA DIÁRIA
De
que modo apresentaremos, hoje, nossos sacrifícios pacíficos ao Senhor? Há três
maneiras: consagrando-nos; perseverando nos sacrifícios de louvores e adorando
a Deus em todo o tempo.
1. Consagração incondicional.
O melhor sacrifício que um crente pode oferecer ao Senhor é apresentar a si
mesmo a Deus (Rm 12.1). Neste momento, nossa oferenda é, além de pacífica,
amorosa e plena de serviços. A partir daí, começamos a experimentar as
excelências da vontade divina. Paulo considerava-se uma libação ao Senhor Jesus
(II Tm 4.6).
Num
momento tão difícil e escatológico quanto este, entreguemo-nos sem reservas a
Cristo. Que homens e mulheres, moços e moças e meninos e meninas, desprezando
os encantos do presente século, deleitem-se em servi-lo. Já é momento de nos
depositarmos no altar divino; sacrifício pacífico.
2. Sacrifícios de louvores. Oferecemos
um sacrifício de louvor a Deus, quando lhe cumprimos plenamente à vontade (Hb
13.15). Mas, para que a plenifiquemos em nosso dia a dia, é imprescindível
apresentarmo-nos diante dEle com um espírito humilde e quebrantado (SI 51.17).
Ao nos conformarmos à sua vontade, entregamos-lhe a mais excelente das
oferendas: nosso amor incondicional e provado.
Veja
o Senhor Jesus. Até mesmo às vésperas de sua paixão louvou ao Pai; cantou um
hino. Conquanto não lhe saibamos a letra, a melodia está em nossa alma. Isso é
sacrifício de louvor; adorar a Deus ante o algoz.
3. Adoração contínua.
Paulo e Silas, quando presos, cantavam e adoravam a Deus, ofertando-lhe um
sacrifício que, além de pacífico, era profundamente redentor (At 16.25-31). Por
isso, o apóstolo recomenda-nos a louvar continuamente a Deus (Ef 5.19; Cl
2.16).
Nesse
momento, vejo-me a constrangido a perguntar-me: “Como está o meu louvor?” Canto
na bonança ou na tempestade também canto? Ajuda-me Senhor.
CONCLUSÃO
Adoramos
a Deus com ofertas pacíficas, quando nos apresentamos diante dEle com o
propósito de render-lhe graças por todas as bênçãos recebidas. Com tal atitude,
honramos ao Senhor com um culto racional, agradável e vivo.
Neste
capítulo, vimos que, das cinco ofertas prescritas no livro de Levítico, a mais
excelente em voluntariedade era a pacífica, pois tinha como objetivo aprofundar
a comunhão de Israel com o seu Deus. Ao aproximar-se de Jeová, com tal oferta,
o crente do Antigo Testamento manifestava-lhe, em palavras e gestos, que o seu
único almejo era agradecê-lo por todos os benefícios recebidos (SI 103.1,2).
Que
preciosa lição para os dias de hoje. Como agradecer ao Senhor Jesus Cristo por
todos os benefícios que, diariamente, dEle recebemos?
Evangelista Isaias
Silva de Jesus
Igreja Evangélica
Assembléia de Deus Ministério - Em Dourados – MS
Livro Adoração,
Santidade e Serviço – lª. Edição CPAD –
Claudionor de Andrade
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