18 de abril de 2020

ELEIÇÃO E PREDESTINAÇÃO

ELEIÇÃO E PREDESTINAÇÃO

TEXTO ÁUREO

“Como também nos elegeu nele antes da fundação do mundo, para que fôssemos santos e irrepreensíveis diante dele em amor, e nos predestinou para filhos de adoção por Jesus Cristo, para si mesmo, segundo o beneplácito de sua vontade.” (Ef 1.4,5)

VERDADE PRÁTICA

Segundo a sua presciência, Deus elegeu e predestinou para a salvação os que creriam e perseverariam na fé em Cristo Jesus.

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE = Efésios 1.4-12

INTRODUÇÃO

Antes de iniciar a discussão acerca do tema proposto, acredito ser vital esclarecer que, quando o arminianismo surgiu, em meados do século 17, os herdeiros dos reformadores entenderam isso como uma volta para Roma. [Timothy George. Teologia dos Reformadores. São Paulo, SP: Vida Nova, 1993.].

Isso não implica dizer que, antes de Armínio, todos os protestantes pensavam igualmente sobre essas questões (veja aqui sobre isso). Os termos propostos para estudo nos falam do Plano da Salvação que Jesus, por amar-nos singularmente, consumou no Calvário.

Tendo a predestinação como uma de suas principais colunas, é eficaz para livrar-nos do pecado e da ira vindoura. Veremos com a ajuda de Deus, que a predestinação ensinada nas Escrituras Sagradas é sempre salvadora. Os que Deus predestina, predestina-os sempre à salvação. E, quando alguém se perde, perde-se por não haver se curvado ao senhorio de Jesus Cristo.

I – ELEITOS PARA UMA VIDA SANTA E IRREPREENSÍVEL
|
A dádiva da eleição precede a nossa existência. Antes da fundação do mundo, Deus planejou salvar e capacitar para uma vida de santidade os que Ele elegeu de antemão.

1. A Eleição divina.  A eleição indica o ato de Deus separar alguns indivíduos de entre a raça humana caída para a salvação. A eleição destes indivíduos ocorreu antes da fundação do mundo (Ef 1.1-13).

A eleição aparece na Bíblia em diferentes sentidos. Temos a eleição de Israel como um povo separado para um serviço especial (Dt 4.37; Os 13.5).

Alguns indivíduos são eleitos (escolhidos) para desempenhar um ofício ou determinado serviço (Dt 18.5; 1Sm 10.24; Jr 1.5; At 9.16).

Lemos também sobre a eleição de indivíduos para serem recebidos como filhos de Deus através da obra redentora de Cristo (Mt 22.14; At 13.48; Rm 1.5; Ef 1.4).
|
2. As condições da eleição.  Na língua Portuguesa temos a seguinte definição do termo eleição: "Eleição significa 'ato de eleger; escolha, opção, preferência, predileção'." (apud LIMA, 2008, p. 82).

No Novo Testamento, há 22 ocorrências do verbo "escolher" ou "eleger" (eklego), sendo que, em sete ocorrências apenas se referindo a pessoas como os objetos da eleição para a vida eterna (Mc 13.20; At 13.17; 1 Co 1.27, 28; Ef 1.4; Tg 2.5).

Eklektos (substantivo), também aparece 22 vezes, sendo 17 casos se referindo a pessoas como "eleitos" de Deus, os escolhidos para vida eterna (Mt 22.14; 24.22, 24,31; Mc 13.20, 22,27; Lc 18.7; Rm 8.33; Cl 3.12; 2 Tm 2.10; Tt 1.1; 1 Pe 1.1; 2.9; 2 Jo 1, 13; Ap 17.14).

Também há o uso da palavra haireo três vezes, sendo que apenas uma se refere a Deus "escolher" pessoas para a salvação (2Ts 2.14).

Simplificando, os "eleitos de Deus" são aqueles que Deus predestinou para a salvação. Eles são chamados de "eleitos" porque essa palavra denota o conceito de escolher. Se é escolha, não pode ser entendida que ela é ‘oferecida’, muito menos a ‘todos’, como defende a BEP citada no comentário; não há sentido numa eleição que não elegeu.

Como a revista defende a visão presciente ou de presciência, onde Deus, através de sua onisciência, sabe quem vai no curso do tempo escolher de própria vontade colocar a sua fé e confiança em Jesus Cristo para a sua salvação, Deus elegeu estes indivíduos "antes da fundação do mundo" (Ef 1.4); logo, ela não está sendo oferecida, no sentido de como se oferece uma mercadoria a prováveis compradores. De forma simples e bíblica, entende-se por eleição, uma escolha feita por Deus de um povo, algo ou alguém.

Como o subtópico propõe As condições da eleição, vamos definir com está na própria Bíblia de Estudo Pentecostal: "A eleição é cristocêntrica, i.e., a eleição de pessoas ocorre somente em união com Jesus Cristo. Deus nos elegeu em Cristo para a salvação. O próprio Cristo é o primeiro de todos os eleitos de Deus. A respeito de Jesus, Deus declara: 'Eis aqui meu servo, que escolhi (Mt 12.18; cf. Is 42. 1,6; 1 Pe 2.4).

Ninguém é eleito sem estar unido a Cristo pela fé. (STAMPS, 1995, p. 1808). – Assim, a condição ‘Sine qua non’ da eleição é depositar fé em Cristo. As Escrituras também nos revelam que a fé é a condição para que alguém seja salvo (At 16.31); "A condição sine quanon [sem a qual não] para a salvação do indivíduo é a fé em Jesus Cristo."


3. Vida Santa e irrepreensível. Santos e irrepreensíveis perante ele (Ef 1.4) descreve tanto o propósito quanto o resultado da escolha de Deus daqueles que serão salvos. As pessoas iníquas são declaradas justas, os pecadores indignos são declarados dignos da salvação, tudo porque são escolhidos "nele" (Cristo).

Refere-se à justiça imputada de Cristo concedida a nós, a justiça perfeita que coloca os cristãos numa posição santa e irrepreensível diante de Deus (Ef 5.27; Cl 2.10), embora no viver diário não consigamos atingir o seu padrão santo, em amor. De fato, a vida santa e irrepreensível é fruto da eleição em Cristo, não um meio para ser eleito! Essa expressão é mais bem entendida à luz do versículo 5, onde temos o motivo divino do propósito eletivo de Deus (Ef 2.4; Dt 7.8).
4. A nova vida dos eleitos. A salvação é a união espiritual com Jesus Cristo que é descrita como a morte e o sepultamento do velho ser, e a ressurreição do novo ser andando em novidade de vida. Essa transformação é tratada por Paulo em Romanos 6.2-8, onde ele defende que isso é verdade se, em Cristo, morremos e fomos sepultados com ele; então, também estaremos unidos a ele na sua ressurreição.

Há uma nova qualidade e caráter para a nossa vida, um novo princípio de vida. Trata-se da regeneração do cristão. Enquanto o pecado descreve a vida antiga, a justiça descreve a nova! A graça salvadora torna os cristãos santos por meio da ação da Palavra de Deus (Tt 2.1-9; 3.5); desse modo, eles podem ser a noiva pura.

II - PREDESTINADOS PARA FILHOS DE ADOÇÃO
|
1. A predestinação. A palavra traduzida frequentemente como "predeterminar" ou "predestinar" (proorizo) é encontrada seis vezes no Novo Testamento. Ela é usada uma vez em referência aos sofrimentos de Cristo (At 4.28),

Uma vez em relação à predestinação do plano redentor de Deus (1 Co 2.7)

E quatro vezes em relação à predestinação de pessoas à salvação (Rm 8.29,30; Ef 1.5,11).

A palavra que significa "colocar, nomear, ordenar" (Tasso) é usada oito vezes no Novo Testamento. Somente uma dessas vezes (At 13.48) ela é usada de forma aplicável ao nosso estudo.

Claudionor de Andrade assim define predestinação: “O predestinacionismo é definido como a doutrina segundo a qual Deus, em sua inquestionável soberania, predestinou uma parte dos seres humano à salvação eterna, e outra, à eterna perdição.

Assim entendia o teólogo francês João Calvino (1509-1564). Em cima dessa proposição, os protestantes, conhecidos como reformados, alicerçaram a sua soteriologia; é a pedra de esquina de todo o seu edifício teológico.”

2. Filhos por adoção. Continuando o texto de Efésios 1, no verso 5 é afirmado que: “nos predestinou para ele, para a adoção de filhos”. Os pais humanos podem conceder amor, recursos e herança a um filho adotivo, mas não suas próprias características peculiares.

Mas Deus, de maneira milagrosa, concede a sua própria natureza àqueles a quem ele elegeu e que creu em Cristo. Ele os torna seus filhos à imagem de seu Filho divino, concedendo a eles não só as riquezas de Cristo, mas também a sua própria natureza (Jo 15.15; Rm 8.15).

No verso 6 Paulo esclarece “Que ele nos concedeu... no Amado”, "Que" refere-se à graça divina (amor e favor imerecidos) que tornou possível aos pecadores serem aceitos por Deus por meio da morte substitutiva e da justiça imputada concedida por Jesus Cristo (Ml 3.17; Cl 1.13).

Porque os cristãos são aceitos nele, então eles, como Cristo, são amados por Deus!

3. Os privilégios da adoção. A consciência produzida pelo Espírito de uma rica realidade de que Deus nos tornou seus filhos, nos autoriza a chegarmos diante dele sem medo ou hesitação como um pai amoroso. Isso inclui a confiança de que somos, verdadeiramente, filhos de Deus. Esclarecendo o termo informal aramaico Aba (Pai), transmite um sentido de intimidade, assim mesmo como em nossa língua "papai" ou "paizinho", indicam ternura, dependência e um relacionamento livre do medo e da ansiedade (Mc 14.36).

É interessante notar que, na cultura romana, para uma adoção ser legalmente concretizada, sete testemunhas respeitáveis tinham de estar presentes para atestar a sua validade. O Espírito Santo de Deus confirma a validade de nossa adoção, não por meio de uma voz interior mística, mas pelo fruto que produz em nós (Gl 5.22-23)

E pelo poder que ele fornece para o serviço espiritual (At 1.8).

Também, é dito que todo cristão tornou-se herdeiro de Deus, nosso pai (Mt 25.34; Gl 3.29; Ef 1.11; Cl 1.12; 3.24; Hb 6.12; 9.15; 1 Pe 1.4).

Mas no que consiste a nossa herança? Nós herdaremos a salvação eterna (Tt 3.7), o próprio Deus (Lm 3.24; cf. Sl 73.25; Ap 21.3),

Glória (5.2) o tudo o que há no universo (Hb 1.2).

Ao contrário da prática judaica da primazia do filho primogênito, sob a lei romana a herança era dividida igualmente entre os filhos, em que a lei protegia, mais cuidadosamente, os bens que haviam sido herdados, assim, entemos quando Paulo afirma que somos coerdeiros com Cristo. Deus nomeou o seu filho para ser o herdeiro de todas as coisas (Hb 1.2).

Todo o filho adotado receberá, pela graça divina, toda a herança que Cristo recebe por direito divino (Mt 25.21; Jo 17.22; 2Co 8.9).

III - A SUBLIMIDADE DO PROPÓSITO DIVINO NA PREDESTINAÇÃO

1. Predestinação e salvação. Referente à dupla predestinação, dentro do Calvinismo, é importante esclarecer que esta não é uma crença da doutrina dita calvinista, mas apenas um pequeno grupo que a defende, permanecendo uma discussão com relação à reprovação dos não-eleitos. Alguns estudiosos sugerem uma dupla predestinação, isto é, predestinação à salvação e à perdição.

Outros simplesmente falam sobre a predestinação dos eleitos e adotam a indiferença quanto aos reprovados. Assim, Ele predestinou os eleitos à salvação, e simplesmente deixou os demais indivíduos às suas próprias concupiscências. Não haveria necessidade de predestiná-los à perdição, pois os reprovados são condenados com base em sua própria culpa.

O Calvinismo rejeita a eleição e predestinação com base na fé prevista como defendida nesta lição. E o argumento é que em nenhum lugar na Bíblia a presciência de Deus é aplicada à fé, escolhas ou ações das pessoas. Nos textos bíblicos Deus sempre prevê pessoas. A Bíblia diz que Deus conheceu pessoas de antemão, e não suas ações.
Claro que Deus conhece suas ações, obras e decisões, mas o foco está nas pessoas. Além disso, a presciência de Deus não é simplesmente uma mera previsão, apenas uma cognição prévia.

2. Predestinação e o amor. A predestinação é a expressão final do amor de Deus. Claudionor de Andrade discorre assim: “A base da predestinação genuinamente bíblica é o amor de Deus. Amando-nos com um amor ainda inexplicável, estabeleceu um plano para a salvação de toda a humanidade antes mesmo que viéssemos a existir. Atentemos ao que escreveu Paulo aos irmãos de Éfeso: “Nele, digo, no qual fomos também feitos herança, predestinados segundo o propósito daquele que faz todas as coisas conforme o conselho da sua vontade” (Ef 1.11).

O maravilhoso conselho mencionado pelo apóstolo contemplava a criação do mundo, a formação do ser humano, a redenção deste e a nossa união eterna com o Pai através do Filho. E, para que o Plano de Salvação se efetivasse, Deus chamou, santificou e preparou dois povos (Gn 12:1-3).

No Antigo Testamento, Israel. E, no Testamento Novo, a Igreja (Ef 3:9-11).

Conclusão

Predestinados à eternidade com Deus, não tenhamos uma espiritualidade desleixada e leniente. Esforcemo-nos, então, por alcançar a excelência cristã, pois o Pai Celeste espera sempre o melhor de seus filhos. Eis o que nos recomenda o apóstolo na Epístola aos Hebreus: “Quanto a vós outros, todavia, ó amados, estamos persuadidos das coisas que são melhores e pertencentes à salvação, ainda que falamos desta maneira” (Hb 6.9).

Quanto à possibilidade de o crente predestinado vir a perder a salvação, como alguns de fato a perderam, não vivamos amedrontados, pois temos a ajudar-nos o Espírito Santo. Eis o que Ele promete-nos através do apóstolo: “Sabemos que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito” (Rm 8.28). Que o Senhor nos ajude a permanecer firmes em seus caminhos, pois, em breve, virá Ele buscar-nos para vivermos na Jerusalém Celeste.

Boa aula

Nenhum comentário: