ELEIÇÃO
E PREDESTINAÇÃO
TEXTO
ÁUREO
“Como também nos elegeu nele antes da fundação do
mundo, para que fôssemos santos e irrepreensíveis diante dele em amor, e nos
predestinou para filhos de adoção por Jesus Cristo, para si mesmo, segundo o
beneplácito de sua vontade.” (Ef 1.4,5)
VERDADE
PRÁTICA
Segundo a sua presciência, Deus elegeu e
predestinou para a salvação os que creriam e perseverariam na fé em Cristo
Jesus.
LEITURA
BÍBLICA EM CLASSE = Efésios 1.4-12
INTRODUÇÃO
Antes de iniciar a discussão acerca do tema
proposto, acredito ser vital esclarecer que, quando o arminianismo surgiu, em
meados do século 17, os herdeiros dos reformadores entenderam isso como uma
volta para Roma. [Timothy George. Teologia dos Reformadores. São Paulo, SP:
Vida Nova, 1993.].
Isso não implica dizer que, antes de Armínio, todos
os protestantes pensavam igualmente sobre essas questões (veja
aqui sobre isso). Os termos propostos para estudo nos falam do
Plano da Salvação que Jesus, por amar-nos singularmente, consumou no Calvário.
Tendo a predestinação como uma de suas principais
colunas, é eficaz para livrar-nos do pecado e da ira vindoura. Veremos com a
ajuda de Deus, que a predestinação ensinada nas Escrituras Sagradas é sempre
salvadora. Os que Deus predestina, predestina-os sempre à salvação. E, quando
alguém se perde, perde-se por não haver se curvado ao senhorio de Jesus Cristo.
I
– ELEITOS PARA UMA VIDA SANTA E IRREPREENSÍVEL
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A dádiva da eleição precede a nossa existência.
Antes da fundação do mundo, Deus planejou salvar e capacitar para uma vida de
santidade os que Ele elegeu de antemão.
1.
A Eleição divina. A eleição
indica o ato de Deus separar alguns indivíduos de entre a raça humana caída
para a salvação. A eleição destes indivíduos ocorreu antes da fundação do mundo
(Ef 1.1-13).
A eleição aparece na Bíblia em diferentes sentidos.
Temos a eleição de Israel como um povo separado para um serviço especial (Dt
4.37; Os 13.5).
Alguns indivíduos são eleitos (escolhidos) para
desempenhar um ofício ou determinado serviço (Dt 18.5; 1Sm 10.24; Jr 1.5; At
9.16).
Lemos também sobre a eleição de indivíduos para
serem recebidos como filhos de Deus através da obra redentora de Cristo (Mt
22.14; At 13.48; Rm 1.5; Ef 1.4).
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2.
As condições da eleição. Na língua Portuguesa temos a seguinte
definição do termo eleição:
"Eleição significa 'ato de eleger; escolha, opção, preferência,
predileção'." (apud LIMA, 2008, p. 82).
No Novo Testamento, há 22 ocorrências do verbo
"escolher" ou "eleger" (eklego), sendo que, em sete
ocorrências apenas se referindo a pessoas como os objetos da eleição para a
vida eterna (Mc 13.20; At 13.17; 1 Co 1.27, 28; Ef 1.4; Tg 2.5).
Eklektos (substantivo), também aparece 22 vezes,
sendo 17 casos se referindo a pessoas como "eleitos" de Deus, os
escolhidos para vida eterna (Mt 22.14; 24.22, 24,31; Mc 13.20, 22,27; Lc 18.7;
Rm 8.33; Cl 3.12; 2 Tm 2.10; Tt 1.1; 1 Pe 1.1; 2.9; 2 Jo 1, 13; Ap 17.14).
Também há o uso da palavra haireo três vezes, sendo
que apenas uma se refere a Deus "escolher" pessoas para a salvação
(2Ts 2.14).
Simplificando, os "eleitos de Deus" são
aqueles que Deus predestinou para a salvação. Eles são chamados de
"eleitos" porque essa palavra denota o conceito de escolher. Se é
escolha, não pode ser entendida que ela é ‘oferecida’, muito menos a ‘todos’, como
defende a BEP citada no comentário; não há sentido numa eleição que não elegeu.
Como a revista defende a visão presciente ou de
presciência, onde Deus, através de sua onisciência, sabe quem vai no curso do
tempo escolher de própria vontade colocar a sua fé e confiança em Jesus Cristo
para a sua salvação, Deus elegeu estes indivíduos "antes da fundação do
mundo" (Ef 1.4); logo, ela não está sendo oferecida, no sentido de como se
oferece uma mercadoria a prováveis compradores. De forma simples e bíblica,
entende-se por eleição, uma escolha feita por Deus de um povo, algo ou alguém.
Como o subtópico propõe As condições da eleição, vamos definir com está na própria Bíblia
de Estudo Pentecostal: "A eleição é cristocêntrica, i.e., a eleição de
pessoas ocorre somente em união com Jesus Cristo. Deus nos elegeu em Cristo
para a salvação. O próprio Cristo é o primeiro de todos os eleitos de Deus. A
respeito de Jesus, Deus declara: 'Eis aqui meu servo, que escolhi (Mt 12.18;
cf. Is 42. 1,6; 1 Pe 2.4).
Ninguém é eleito sem estar unido a Cristo pela fé.
(STAMPS, 1995, p. 1808). – Assim, a condição ‘Sine qua non’ da eleição é
depositar fé em Cristo. As Escrituras também nos revelam que a fé é a condição
para que alguém seja salvo (At 16.31); "A condição sine quanon [sem a qual
não] para a salvação do indivíduo é a fé em Jesus Cristo."
3.
Vida Santa e irrepreensível. Santos e
irrepreensíveis perante ele (Ef 1.4) descreve tanto o propósito quanto o
resultado da escolha de Deus daqueles que serão salvos. As pessoas
iníquas são declaradas justas, os pecadores indignos são declarados dignos da
salvação, tudo porque são escolhidos "nele" (Cristo).
Refere-se à justiça imputada de Cristo concedida a
nós, a justiça perfeita que coloca os cristãos numa posição santa e
irrepreensível diante de Deus (Ef 5.27; Cl 2.10), embora no viver diário não
consigamos atingir o seu padrão santo, em amor. De fato, a vida santa e
irrepreensível é fruto da eleição em Cristo, não um meio para ser eleito! Essa
expressão é mais bem entendida à luz do versículo 5, onde temos o motivo divino
do propósito eletivo de Deus (Ef 2.4; Dt 7.8).
4.
A nova vida dos eleitos. A salvação é a união
espiritual com Jesus Cristo que é descrita como a morte e o sepultamento do
velho ser, e a ressurreição do novo ser andando em novidade de vida. Essa
transformação é tratada por Paulo em Romanos 6.2-8, onde ele defende que isso é
verdade se, em Cristo, morremos e fomos sepultados com ele; então, também
estaremos unidos a ele na sua ressurreição.
Há uma nova qualidade e caráter para a nossa vida,
um novo princípio de vida. Trata-se da regeneração do cristão. Enquanto o
pecado descreve a vida antiga, a justiça descreve a nova! A graça salvadora
torna os cristãos santos por meio da ação da Palavra de Deus (Tt 2.1-9; 3.5);
desse modo, eles podem ser a noiva pura.
II
- PREDESTINADOS PARA FILHOS DE ADOÇÃO
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1.
A predestinação. A palavra traduzida frequentemente como
"predeterminar" ou "predestinar" (proorizo) é encontrada
seis vezes no Novo Testamento. Ela é usada uma vez em referência aos
sofrimentos de Cristo (At 4.28),
Uma vez em relação à predestinação do plano
redentor de Deus (1 Co 2.7)
E quatro vezes em relação à predestinação de
pessoas à salvação (Rm 8.29,30; Ef 1.5,11).
A palavra que significa "colocar, nomear,
ordenar" (Tasso) é usada oito vezes no Novo Testamento. Somente uma dessas
vezes (At 13.48) ela é usada de forma aplicável ao nosso estudo.
Claudionor de Andrade assim define predestinação:
“O predestinacionismo é definido como a doutrina segundo a qual Deus, em sua
inquestionável soberania, predestinou uma parte dos seres humano à salvação
eterna, e outra, à eterna perdição.
Assim entendia o teólogo francês João Calvino
(1509-1564). Em cima dessa proposição, os protestantes, conhecidos como
reformados, alicerçaram a sua soteriologia; é a pedra de esquina de todo o seu
edifício teológico.”
2.
Filhos por adoção. Continuando o texto de Efésios 1, no verso 5 é
afirmado que: “nos predestinou para ele, para a adoção de filhos”. Os pais
humanos podem conceder amor, recursos e herança a um filho adotivo, mas não
suas próprias características peculiares.
Mas Deus, de maneira milagrosa, concede a sua
própria natureza àqueles a quem ele elegeu e que creu em Cristo. Ele os torna
seus filhos à imagem de seu Filho divino, concedendo a eles não só as riquezas
de Cristo, mas também a sua própria natureza (Jo 15.15; Rm 8.15).
No verso 6 Paulo esclarece “Que ele nos concedeu...
no Amado”, "Que" refere-se
à graça divina (amor e favor imerecidos) que tornou possível aos pecadores
serem aceitos por Deus por meio da morte substitutiva e da justiça imputada
concedida por Jesus Cristo (Ml 3.17; Cl 1.13).
Porque os cristãos são aceitos nele, então eles,
como Cristo, são amados por Deus!
3.
Os privilégios da adoção. A consciência produzida pelo
Espírito de uma rica realidade de que Deus nos tornou seus filhos, nos autoriza
a chegarmos diante dele sem medo ou hesitação como um pai amoroso. Isso inclui
a confiança de que somos, verdadeiramente, filhos de Deus. Esclarecendo o termo
informal aramaico Aba (Pai), transmite um sentido de intimidade, assim mesmo
como em nossa língua "papai" ou "paizinho", indicam
ternura, dependência e um relacionamento livre do medo e da ansiedade (Mc 14.36).
É interessante notar que, na cultura romana, para
uma adoção ser legalmente concretizada, sete testemunhas respeitáveis tinham de
estar presentes para atestar a sua validade. O Espírito Santo de Deus confirma
a validade de nossa adoção, não por meio de uma voz interior mística, mas pelo
fruto que produz em nós (Gl 5.22-23)
E pelo poder que ele fornece para o serviço
espiritual (At 1.8).
Também, é dito que todo cristão tornou-se herdeiro
de Deus, nosso pai (Mt 25.34; Gl 3.29; Ef 1.11; Cl 1.12; 3.24; Hb 6.12; 9.15; 1
Pe 1.4).
Mas no que consiste a nossa herança? Nós herdaremos
a salvação eterna (Tt 3.7), o próprio Deus (Lm 3.24; cf. Sl 73.25; Ap 21.3),
Glória (5.2) o tudo o que há no universo (Hb 1.2).
Ao contrário da prática judaica da primazia do
filho primogênito, sob a lei romana a herança era dividida igualmente entre os
filhos, em que a lei protegia, mais cuidadosamente, os bens que haviam sido
herdados, assim, entemos quando Paulo afirma que somos coerdeiros com Cristo.
Deus nomeou o seu filho para ser o herdeiro de todas as coisas (Hb 1.2).
Todo o filho adotado receberá, pela graça divina,
toda a herança que Cristo recebe por direito divino (Mt 25.21; Jo 17.22; 2Co
8.9).
III
- A SUBLIMIDADE DO PROPÓSITO DIVINO NA PREDESTINAÇÃO
1.
Predestinação e salvação. Referente à dupla
predestinação, dentro do Calvinismo, é importante esclarecer que esta não é uma
crença da doutrina dita calvinista, mas apenas um pequeno grupo que a defende,
permanecendo uma discussão com relação à reprovação dos não-eleitos. Alguns
estudiosos sugerem uma dupla predestinação, isto é, predestinação à salvação e
à perdição.
Outros simplesmente falam sobre a predestinação dos
eleitos e adotam a indiferença quanto aos reprovados. Assim, Ele predestinou os
eleitos à salvação, e simplesmente deixou os demais indivíduos às suas próprias
concupiscências. Não haveria necessidade de predestiná-los à perdição, pois os
reprovados são condenados com base em sua própria culpa.
O Calvinismo rejeita a eleição e predestinação com
base na fé prevista como defendida nesta lição. E o argumento é que em nenhum
lugar na Bíblia a presciência de Deus é aplicada à fé, escolhas ou ações das
pessoas. Nos textos bíblicos Deus sempre prevê pessoas. A Bíblia diz que Deus
conheceu pessoas de antemão, e não suas ações.
Claro que Deus conhece suas ações, obras e decisões,
mas o foco está nas pessoas. Além disso, a presciência de Deus não é
simplesmente uma mera previsão, apenas uma cognição prévia.
2.
Predestinação e o amor. A predestinação é a expressão
final do amor de Deus. Claudionor de Andrade discorre assim: “A base da
predestinação genuinamente bíblica é o amor de Deus. Amando-nos com um amor
ainda inexplicável, estabeleceu um plano para a salvação de toda a humanidade
antes mesmo que viéssemos a existir. Atentemos ao que escreveu Paulo aos irmãos
de Éfeso: “Nele, digo, no qual fomos também feitos herança, predestinados
segundo o propósito daquele que faz todas as coisas conforme o conselho da sua
vontade” (Ef 1.11).
O maravilhoso conselho mencionado pelo apóstolo
contemplava a criação do mundo, a formação do ser humano, a redenção deste e a
nossa união eterna com o Pai através do Filho. E, para que o Plano de Salvação
se efetivasse, Deus chamou, santificou e preparou dois povos (Gn 12:1-3).
No Antigo Testamento, Israel. E, no Testamento
Novo, a Igreja (Ef 3:9-11).
Conclusão
Predestinados à eternidade com Deus, não tenhamos
uma espiritualidade desleixada e leniente. Esforcemo-nos, então, por alcançar a
excelência cristã, pois o Pai Celeste espera sempre o melhor de seus filhos.
Eis o que nos recomenda o apóstolo na Epístola aos Hebreus: “Quanto a vós
outros, todavia, ó amados, estamos persuadidos das coisas que são melhores e
pertencentes à salvação, ainda que falamos desta maneira” (Hb 6.9).
Quanto à possibilidade de o crente predestinado vir
a perder a salvação, como alguns de fato a perderam, não vivamos amedrontados,
pois temos a ajudar-nos o Espírito Santo. Eis o que Ele promete-nos através do
apóstolo: “Sabemos que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a
Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito” (Rm 8.28). Que o
Senhor nos ajude a permanecer firmes em seus caminhos, pois, em breve, virá Ele
buscar-nos para vivermos na Jerusalém Celeste.
Boa aula
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