8 de outubro de 2024

As Promessas de Deus para Israel

 

As Promessas de Deus para Israel

TEXTO ÁUREO

 

“E abençoarei os que te abençoarem e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem; e em ti serão benditas todas as famílias da terra.” (Gn 12.3)

Entenda o Texto Áureo

 

Essa passagem é a promessa cujo cumprimento perpassa toda a Escritura (de fato ou em expectativa até Ap 20.

 

A aliança com Abrão propriamente dito é apresentada em 12.1-3, de fato feita em 15.18-21, reafirmada em 17.1-21, renovada também com Isaque (26.2-5) e Jacó (28.10-17).

 

É uma aliança eterna (17.7-8; 1Cr 16.17; SI 105.7-12; ls 24.5) que contém quatro elementos:

 

1) descendência (17.2-7; cf. Cl 3.8,16 onde se refere a Cristo);

2) terra (15.18-21; 17.8);

3) nação (12.2; 17.4); e ainda

4) bênção e proteção divinas (12.3).

 

Essa aliança é incondicional no sentido de encontrar o cumprimento definitivo num reino e na salvação para Israel (Rm 11.1-27), mas condicional em termos de cumprimento imediato (cf. 17.4).

 

Sua importância nacional para Israel é ampliada pelas repetidas referências e ponto de apelo ao longo do AT (cf. 2Rs 13.23; 1Cr 16.15-22; Ne 9.7-8).

 

Sua importância espiritual para todos os crentes é exposta por Paulo (Gl 3-4).

 

Estêvão citou 12.1 em At 7.3. Abrão ainda estava em Harã (11.31) quando o chamado para ir a Canaã foi repetido (At 7.2).

 

A excelente reputação e o legado de Abrão foram cumpridos nas áreas material (13.2; 24.35), espiritual (21.22) e social (23.6).

 

Os que “amaldiçoam Abrão e seus descendentes são os que os ignoram, desprezam e tratam com desdém”. A maldição de Deus para essa falta de respeito e desconsideração envolveria o mais severo dos castigos divinos. O contrário aconteceria com aqueles que abençoassem Abrão e seu Servo.

Em ti serão benditas todas as famílias da terra. Paulo identifica essas palavras como o evangelho preanunciado a Abraão (Gl 3.8).

 

VERDADE PRÁTICA

 

Ainda que a queda espiritual tenha ocorrido com Israel, há uma gloriosa promessa ao remanescente fiel.

Entenda a Verdade Prática:

 

Também Isaías proclama em relação a Israel: “Ainda que o número dos israelitas seja como a areia do mar, apenas o remanescente é que será salvo! (Rm 9.27).

 

A promessa a Israel está presente na Bíblia em diversos trechos, incluindo Jeremias 23:3, Isaías 10:20-23 e Romanos 11:26.

 

Deus prometeu a proteger um remanescente de crentes através do qual a “semente” do Messias prometido por Deus viria. Essa promessa profética foi cumprida na primeira vinda de Jesus Cristo como nosso Salvador. Deus também prometeu trazer aquele “remanescente” de volta à sua terra para ser Seu povo redimido para sempre.

 

LEITURA BÍBLICA = Gênesis 12:1-3 e Romanos 9:1-5

 

Gênesis 12.1 -3

 

1. Ora, o Senhor disse a Abrão: Sai-te da tua terra, e da tua parentela, e da casa de teu pai, para a terra que eu te mostrarei.

 

O SENHOR disse a Abrão. Foi do agrado de Deus, que muitas vezes foi encontrado entre aqueles que não O procuravam, revelar-se a Abraão talvez por um milagre; e a conversão de Abraão é uma das mais notáveis na história da Bíblia.

 

2. E far-te-ei uma grande nação, e abençoar-te-ei, e engrandecerei o teu nome, e tu serás uma bênção.

 

E tu serás uma bênção. Pela tua semente que é Cristo, o mundo recuperará a bênção que perdeu em Adão.

 

3. E abençoarei os que te abençoarem e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem; e em ti serão benditas todas as famílias da terra.

 

Em ti. Na tua descendência, no Messias, que virá de ti, serão benditas todas as famílias da terra; porque, assim como ele tomará sobre si a natureza humana desde a descendência de Abraão, ele provará a morte por cada homem, o seu Evangelho será pregado em todo o mundo, e inumeráveis bênçãos serão derramadas sobre toda a humanidade através da sua morte e intercessão.

 

Romanos 9:1-5

 

1. Em Cristo digo a verdade, não minto (dando-me testemunho a minha consciência no Espírito Santo):

 

Muito bem ciente de que ele era considerado um traidor aos mais queridos interesses de seu povo (Atos 21:33; 22:22; 25:24), o apóstolo abre essa divisão de seu assunto dando vazão a seus sentimentos reais com extraordinária veemência de protesto.

 

Digo a verdade em Cristo – como se estivesse mergulhada no espírito daquele que chorou sobre Jerusalém impenitente e condenada (compare com Romanos 1:9; 2Coríntios 12:19; Filipenses 1:8).

 

Minha consciência dá testemunho comigo pelo Espírito Santo – “minha consciência tão vivificada, iluminada e até agora sob a operação direta do Espírito Santo”.

 

2. Tenho grande tristeza e contínua dor no meu coração.

 

De que tenho… – “Que eu tenho grande tristeza (ou tristeza) e angústia incessante em meu coração” – a amarga hostilidade de sua nação ao glorioso Evangelho, e as terríveis consequências de sua incredulidade, pesando pesadamente e incessantemente sobre seu espírito.

 

3. Porque eu mesmo poderia desejar ser separado de Cristo, por amor de meus irmãos, que são meus parentes segundo a carne;

 

Que são meus parentes segundo a carne. Na proporção em que se sentiu espiritualmente separado de sua nação, ele parece ter percebido de forma ainda mais vívida sua relação natural com eles. Alguns intérpretes, considerando que o desejo aqui expresso é muito forte para qualquer cristão expressar, ou mesmo conceber, proferiram as palavras iniciais: ‘Eu (uma vez) desejei’; entendendo isso de seu antigo estado não convertido. A versão latina antiga e a revisão da Vulgata indicaram o caminho nessa direção errada (optabam), e Pelágio a seguiu. Até Lutero caiu nesse erro (Ich habe gewunscht).

 

Mas que sentido ou força essa interpretação produz? Sem dúvida, quando um grande perseguidor de cristãos, o apóstolo não desejava nenhuma conexão com Cristo e desejava que o próprio nome de Cristo perecesse. Mas isso pode ser tudo o que aqui se quer dizer? ou mesmo se fosse, o apóstolo o teria expressado nos termos aqui empregados – que ele desejava, não Cristo e os cristãos amaldiçoados, mas ele próprio amaldiçoado por Cristo, e isso não por causa da verdade, mas por causa de seus irmãos? É verdade que o verbo está no passado (o imperfeito).

 

Mas, de acordo com o idioma grego, o significado estrito da frase é: ‘Eu desejaria, e teria desejado, se isso fosse lícito ou pudesse ter feito algum bem” (compare o uso análogo do imperfeito em Atos 25:22 e Gálatas 4:20). Muito também foi escrito sobre a palavra “amaldiçoado”, para suavizar sua aparente dureza e representá-la como significada apenas em um sentido modificado. Mas se encararmos todo o sentimento como uma expressão veemente ou apaixonada da absorção de todo o seu ser na salvação de seu povo, a dificuldade desaparecerá; e em vez de aplicar a essa explosão de emoção a crítica fria que seria aplicável a ideias definidas, devemos ser lembrados do desejo quase idêntico tão nobremente expresso por Moisés, Êxodo 32:32, “No entanto, agora, se você perdoar seus pecado… e se não, risca-me, peço-te, do teu livro que tens escrito”. Isso é o que Bacon (citado por Wordsworth) chama de ‘um êxtase de caridade e sentimento infinito de comunhão’ (‘Advance of Learning’). [Brow, 1866].

 

4. que são israelitas, dos quais é a adoção de filhos, e a glória, e os concertos, e a lei, e o culto, e as promessas;

 

Que são israelitas – Veja Romanos 11:1; 2Coríntios 11:22; Filipenses 3:5.

 

A adoção – É verdade que, em comparação com a nova economia, o velho era um estado de minoria e pupilagem, e até agora de um servo (Gálatas 4:1-3); contudo, comparada com o estado dos pagãos vizinhos, a escolha de Abraão e sua semente foi uma verdadeira separação deles para ser uma Família de Deus (Êxodo 4:22; Deuteronômio 32:6; Isaías 1:2; Jeremias 31:9; Oséias 11:1; Malaquias 1:6).

 

A glória – aquela “glória do Senhor”, ou “sinal visível da Presença Divina no meio deles”, que descansou na arca e encheu o tabernáculo durante todas as suas andanças no deserto; que em Jerusalém continuou a ser visto no tabernáculo e no templo, e só desapareceu quando, no cativeiro, o templo foi demolido e o sol da antiga economia começou a afundar. Isso foi o que os judeus chamaram de “Shekinah”.

 

Os pactos – “os convênios da promessa”, aos quais os gentios antes de Cristo eram “estrangeiros” (Efésios 2:12); significa o pacto com Abraão em suas sucessivas renovações (ver Gálatas 3:16-17).

 

A Lei – do monte Sinai, e a posse dela depois disso, que os judeus justamente consideravam sua honra peculiar (Deuteronômio 26:18-19; Salmo 147:19-20; Romanos 2:17).

 

O culto – ou, do santuário, significando todo o serviço religioso divinamente instituído, na celebração do qual eles foram trazidos tão perto de Deus.

 

E as promessas – as grandes promessas abraâmicas, sucessivamente desdobradas, e que tiveram seu cumprimento somente em Cristo; (veja Hebreus 7:6; Gálatas 3:16,21; Atos 26:6-7).

 

5. dos quais são os pais, e dos quais é Cristo, segundo a carne, o qual é sobre todos, Deus bendito eternamente. Amém!

 

Deles são os patriarcas – aqui, provavelmente, os três grandes paises da aliança – Abraão, Isaque e Jacó – pelos quais Deus condescendeu em nomear a si mesmo (Êxodo 8:6, 13; Lucas 20:37).

 

E deles – privilégio mais exaltado de todos e, como tal, reservado ao último.

 

Quanto à carne(veja em Romanos 1:3).

 

Bendito eternamente, Amém – Para livrar-se do brilhante testemunho aqui dado à suprema divindade de Cristo, vários expedientes foram adotados: (1) Para colocar um período, seja após as palavras “concernente à carne, Cristo veio”, tornando a próxima oração como um doxologia ao Pai – “Deus, que é sobre todos, seja abençoado para sempre”; ou depois da palavra “todos” – assim, “Cristo veio, que é sobre todos: Deus seja abençoado”, etc. [Erasmus, Locke, Fritzsche, Meyer, Jowett, etc.].

 

Mas é fatal para essa visão, como até Socinus admite, que em outras doxologias da Escritura a palavra “Abençoado” precede o nome de Deus a quem a bênção é invocada (assim: “Bendito seja Deus”, Salmo 68:35; seja o Senhor Deus, o Deus de Israel ”(Salmo 72:18).

 

Além disso, qualquer doxologia aqui seria “sem sentido e frígida ao extremo”; o triste assunto sobre o qual ele estava entrando sugerindo qualquer coisa além de uma doxologia, mesmo em conexão com a Encarnação de Cristo (Alford).

(2) Transpor as palavras traduzidas como “quem é”; caso em que a prestação seria, “cujos (isto é, os pais”) é Cristo de acordo com a carne “[Crellius, Whiston, Taylor, Whitby].

 

Mas este é um expediente desesperado, em face de toda autoridade manuscrita; como também é a conjectura de Grotius e outros, que a palavra “Deus” deve ser omitida do texto.

 

Resta então, que não temos aqui nenhuma doxologia, mas uma declaração de fato, que enquanto Cristo é “da” nação israelita “como concernente à carne”, Ele é, em outro aspecto, “Deus sobre todos, abençoado para sempre. ”(Em 2Coríntios 11:31, a frase muito grega que é aqui traduzida como“ quem é ”, é usada no mesmo sentido e comparar Romanos 1:25, em grego).

 

Nesta visão da passagem, como um testemunho da suprema divindade de Cristo, além de todos os pais ortodoxos, alguns dos mais capazes críticos modernos concordam [Bengel, Tholuck, Stuart, Olshausen, Filipos, Alford, etc.]

 

INTRODUÇÃO

 

Há um erro nessa Introdução: “há mais de 4.000 anos antes do advento do Senhor Jesus”; A tradição judaica indica que Abraão viveu entre 1812 a.C. e 1637 a.C., ou seja, 175 anos; assim, Abraão está há cerca de 2.000 mil anos antes de Jesus. Se a ideia era colocar 4.000 anos da época atual, está correto.

De acordo com a Bíblia, Deus fez várias promessas a Israel, incluindo:

 

Herança da terra: - Deus prometeu a Abraão que seus descendentes herdariam a terra onde viviam, que é a atual região de Israel.

 

Povo da promessa: - Deus prometeu que os israelitas seriam o seu povo da aliança, desde que obedecessem aos seus mandamentos.

Bênção para as nações: - Deus prometeu que Israel seria uma bênção para as nações do mundo, levando-lhes o evangelho e o sacerdócio.

 

Proteção: -Deus prometeu que o protetor do povo de Israel nunca dorme, nem cochila, e que o SENHOR guardará o povo de Israel e estará sempre ao seu lado para protegê-lo.

 

Salvação: - Deus prometeu salvar o povo de Israel, derrotando e humilhando todos os seus inimigos.

 

Amor eterno: - Deus prometeu amar Israel com amor eterno, incessante, sem fim.

 

O plano de Deus para Israel era que se tornasse uma potência espiritual e um centro de difusão do conhecimento do verdadeiro Deus.

 

Quando examinamos as profecias do Velho Testamento, vemos as promessas de Deus aos judeus: Isaías 11:11-16; Jeremias 31:31-37; 33:23- 26; Zacarias 8:23; 9:9-10, etc.

  

I. ISRAEL: A PROMESSA DA CRIAÇÃO DE UMA GRANDE NAÇÃO

 

1. “E far-te-ei uma grande nação” (v.2). De ti farei uma grande nação. Nenhum homem é uma ilha, separada do continente. Abraão residia em Harã, abastado e com uma vida amena, gozando a vida. Mas eis que Deus tinha em mira coisas maiores para ele. Israel havería de nascer a partir de Abraão. “Não havendo profecia o povo se corrompe” (Pv 29.18).

 

Os prazeres embotam-nos a visão. Deus desarraigou a Abraão e perturbou o seu programa. Deu-lhe uma promessa, mas não recursos imediatos. Ele teria de esforçar-se para que a promessa tivesse cumprimento. Deus tem um plano, mas nós temos de colocá-lo em execução, tanto quanto isso estiver ao nosso alcance.

 

Quando as coisas ‘avançam mais depressa do que nós”, então precisamos de uma intervenção divina. Abraão teve a fé suficiente para pôr em execução a promessa divina: Fé. A promessa de um filho domina os capítulos 12 a 20 por sua angustiante demora, enquanto Abrão a põe em risco, ora por falta de fibra, ora por falta de esperança (caps. 12, 16, 20), sustentando-a, porém, pela fé (caps. 15, 17, 18).

 

A magnitude da promessa a um esposo com uma mulher estéril testa a fé de Abrão ao limite máximo. Ao não entregar-se à incredulidade, Abrão serve como um modelo para o povo pactual: Olhai para Abraão, vosso pai, e para Sara, que vos deu à luz; porque era ele único, quando eu o chamei, o abençoei e o multipliquei (Is 51.2).

 

2. E abençoar-te- ei, engrandecerei o teu nome e tu serás uma bênção” (v.2).

 

Te abençoarei... Sê tu uma bênção. A palavra “abençoar” ocorreu apenas cinco vezes em Gênesis 1 a 11, e agora ocorre cinco vezes apenas em Gênesis 12.1-3. A bênção traz poder para a vida, bem como o fortalecimento e o crescimento desta. A “bênção” é a garantia de proteção e cuidado, a promessa de graça e o presente da paz. O fundo divino de bondade é mais do que suficiente para todos. Deus tem Seus instrumentos, mas todos são beneficiários. Abraão havería de ser um instrumento especial, e o mundo Inteiro seria o beneficiário.

Seu nome seria engrandecido, mas grandes seriam também as bênçãos que fluiríam por meio dele a todas as nações. Hoje em dia, onde estivemos, estaremos desfrutando dos benefícios dessa promessa feita a Abraão.

 

A verdadeira bem-aventurança flui por meio de nosso relacionamento com Deus. Um novo relacionamento, com suas bênçãos mais ricas, estava sendo preparado na vida de Abraão. Por isso mesmo, diz aquele hino antigo: ‘Senhor, faz de mim uma bênção para alguém, hoje mesmo”. Esse é um alvo nobre para todos os dias. As bênçãos fluem a partir do amor.

 

Ver, no Dicionário, o artigo intitulado Amor. A vinda do Messias, como é óbvio, é a bênção culminante que foi dada a todos por meio de Abraão. As bênçãos derivadas do Pacto Abraâmico são espirituais e temporais, e ambas essas formas de bênçãos derivam de Deus, segundo lemos em Tiago 1.17.

 

3. “E abençoarei os que te abençoarem e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem” (v.3). No antigo Oriente Médio, um nome não era meramente um rótulo, mas a revelação do caráter e este equivale à pessoa ou personalidade. Assim, um grande nome acarreta não só fama, mas alta estima social, como um homem de caráter superior. Deus quer fazer de Abrão uma personalidade inigualável. Os construtores de Babel quiseram tornar o seu nome grande e foram desbaratados.

 

Abrão, porém, teve seu nome engrandecido por Deus e entrou para a história com seis títulos de honra:

 

1) pai de numerosas nações (17.5);

2) confidente de Deus (18.17-19);

3) profeta (20.7);

4) príncipe de Deus (23.6);

5) servo de Deus (Sl 105.6);

6) amigo de Deus (2Cr 20.7).

 

Os que amaldiçoarem Abrão e seus descendentes são os que os ignoram, desprezam ou tratam com desdém. A maldição de Deus para essa falta de respeito e desconsideração envolveria o mais severo dos castigos divinos. O contrário aconteceria com aqueles que abençoassem Abrão e seu povo.

 

A força abençoadora vale para todos aqueles para quem Abraão é pai. Isso se refere aos que, por meio da oração, buscam mediar a bênção de Deus nesse agente de bênção, Abraão, e seus fiéis descendentes. Até que Cristo venha, Abraão e seus descendentes exercerão um papel messiânico representativo e prefiguram Cristo.

A promessa hoje não pertence a um “Israel” étnico e incrédulo (Rm 9.6-8; Gl 6.15), mas a Jesus Cristo e sua igreja (12.7; 13.16; Gl 3.16,26-29; 6.16). Quem se opuser a Abrão está se voltando contra a promessa que Deus fez a Abrão, de ser o pai de numerosas nações, o pai dos cristãos. O Novo Testamento conhece uma exclusão da comunhão da igreja que começa com a fórmula: “Que seja amaldiçoado” (anathema ). Se alguém não ama o Senhor, seja anátema... (1Co 16.22). Quem não ama a Jesus está exposto à ira de Deus e é publicamente excluído da igreja e entregue ao juízo de Deus.

 

4. “E em ti serão benditas todas as famílias da terra” (v.3). Deus abençoa Abrão para que ele fosse portador de sua bênção (Sl 67.7), e isso está de acordo com o que diz a Escritura: A memória do justo é abençoada, mas o nome dos perversos cai em podridão (Pv 10.7).

 

A bênção pessoal de Abrão é ao mesmo tempo uma bênção para outros. Abrão se torna uma fonte de bênção, que jorra a bênção da qual ele mesmo está repleto. O apóstolo Paulo chama o Messias de descendente de Abraão (Gl 3.16). A promessa feita a Abrão cumpriu-se em Cristo, e aqueles que creem em Jesus são filhos de Abraão (Gl 3.7). Os da fé é que são abençoados com o crente Abraão (Gl 3.9). Os verdadeiros filhos de Abraão não são aqueles que têm o sangue de Abraão correndo em suas veias, mas os que têm a fé de Abraão habitando em seu coração.

  

II. OUTRAS PROMESSAS A ISRAEL

 

1. A promessa de um filho a Abraão. Um homem cuja esposa era estéril e que tinha sobre os ombros a promessa de que nele seriam benditas todas as famílias da terra recebe, agora, um adendo na promessa divina: Farei a tua descendência como o pó da terra... (13.16). Em resposta ao encorajamento e à admoestação de Deus (v. 1), Abrão revelou o que o incomodava. Como poderia se cumprir a promessa de Deus de muitos descendentes (13.16) e de tornar-se uma grande nação (12.2) se ele não tinha filhos? o damasceno Eliézer.

 

Para Abrão, a promessa estava estagnada. Assim, a adoção de um servo como homem herdeiro — costume contemporâneo bem conhecido na Mesopotâmia — parecia ser o melhor arranjo oficialmente reconhecido para que a promessa se cumprisse, humanamente falando. Aos questionamentos de Abrão, Deus afirma categoricamente a ele que seu herdeiro não seria o servo Eliezer, mas um filho de sangue, gerado dele mesmo (15.4).

 

Abrão estava procurando a solução para o problema a seu redor, mas a resposta era buscar a solução lá do alto. Para lhe dar uma demonstração da veracidade dessa promessa, Deus conduz Abrão para fora de sua tenda e diz a ele:

Olha para os céus e conta as estrelas, se é que o podes. E lhe disse: Será assim a tua posteridade (15.5). Deus já havia dito a Abrão que sua descendência seria incontável como o pó da terra (13.16) e agora diz, com outra imagem, que será incontável como as estrelas do céu (15.5). Essa promessa foi repetida a Abraão (22.17) e reafirmada a Isaque (26.4).

 

É óbvio que Deus não está falando aqui de uma descendência hereditária, mas da descendência espiritual; em outras palavras, Ele não está falando daqueles que têm o sangue de Abrão em suas veias, mas daqueles que têm a fé de Abrão em seu coração, e essa multidão contável para Deus (Ap 7.1-8) é incontável para os homens (Ap 7.9-17). Assim como o homem não pode contar o pó da terra, também não pode contar as estrelas, pois há mais estrelas no firmamento do que todos os grãos de areia de todas as praias e de todos os desertos do nosso planeta.

 

2. A promessa de um filho a Isaque. O capítulo 24 encerrou-se com o casamento de Isaque e Rebeca, e o 25 abre com o segundo casamento de Abraão. Abraão tinha 75 anos quando saiu do meio de sua parentela. Quando Ismael nasceu, ele tinha 86 anos, e, quando Isaque nasceu, ele tinha 100 anos.

 

Quando Sara, sua mulher, morreu, ele tinha 137 anos. Quando Isaque casou-se, ele tinha 140 anos. Após passar o luto de Sara e ver o filho da promessa casado, Abraão casou-se novamente, com Quetura, chamada de sua mulher (25.1) e também de concubina (25.6).

 

Waltke defende a ideia de que esse evento é anacrônico, por entender que o corpo de Abraão já estava amortecido para a paternidade aos cem anos. Quando Sara morreu, Abraão estava com 137 anos; além do mais, Quetura, que é chamada de esposa (25.1), é também chamada de concubina (25.6; 1Cr 1.32).

 

Contudo, a tese de que Abraão tivesse outra esposa além de Sara enquanto ela estava viva empalidece o caráter de Abraão e deslustra o seu amor por Sara.

 

Isaque casou-se com Rebeca quando tinha quarenta anos de idade e orou por ela vinte anos até que ela concebesse. Isaque é o único patriarca monogâmico. Rebeca era estéril. O Senhor ouviu-lhe as orações, e Rebeca concebeu.

 

Se Abraão esperou 25 anos para que Deus abrisse a madre de Sara, Isaque orou vinte anos para que Deus fizesse o mesmo com Rebeca, o que mostra que a paciência e a perseverança na oração era uma marca de Isaque.

 

Jacó teve de trabalhar catorze anos para conseguir Raquel, e José precisou esperar 22 anos para encontrar sua família. Nosso tempo está nas mãos de Deus, como diz o salmista: Nas tuas mãos, estão os meus dias... (Sl 31.15).

3. A promessa renovada. Deus confirmou a Isaque a aliança feita com Abraão, enfatizando os mesmos três elementos anteriores: terra, descendência e bênção. Ele acrescentou uma menção honrosa específica sobre a resposta obediente de Abraão a todas as palavras de Deus (Gn 12.1-3; 15.13-21; 17.2,7-8).

 

Embora Abraão fosse louvado pelas suas ações, a aliança com Abraão foi incondicional e fundamentada na vontade soberana de Deus (cf. Lv 26.44-45). O direito de primogenitura é a tradição de que o primeiro filho de um casal herda toda a riqueza, estado ou função dos pais. No Antigo Testamento, apenas o filho mais velho tinha direito à primogenitura. Na Bíblia, o direito de primogenitura é enfatizado, e os cristãos são advertidos a não imitarem Esaú, que vendeu seu direito de primogenitura por uma tigela de ensopado.

 

4. Promessa do Reino do Messias. Conquanto Abraão tenha gerado Ismael da serva egípcia Agar e mais seis filhos de Quetura (chamadas de concubinas), ele deu tudo o que possuía a Isaque. Ao filho de Agar e aos filhos de Quetura, chamadas de concubinas, Abraão deu presentes. Ele ainda empenhou-se em separar seus outros filhos de Isaque, enviando-os para a terra oriental. Preventivamente, Abraão cuidou para não haver desavença entre seus filhos nem interferência no cumprimento da promessa de Deus por meio de Isaque. A herança que Abraão deixou para Isaque pertence também aos filhos da promessa. Mas o que ele deixou de herança para nós?

 

1) o testemunho claro da salvação pela fé (15.6; Rm 4.1-5);

2) o exemplo de uma vida fiel (Tg 2.14-16);

3) a nação judaica (Jo 4.22);

4) o Salvador (12.1-3; Mt 1.1).

 

Nas palavras do apóstolo Paulo, Ismael nasceu escravo, mas Isaque nasceu livre (Gl 4.21-31; 5.1,2), portanto, todo aquele que crê em Jesus Cristo compartilha de todas as bênçãos do Espírito em Cristo (Ef 1.3) e é parte da gloriosa herança de Cristo. A parte mais importante do legado de Isaque não era a grande riqueza material, mas sim a riqueza espiritual.

  

III. A PROMESSA DE SALVAÇÃO PARA ISRAEL

 

1. A queda de Israel. Em Lc 21.24 os tempos dos gentios, expressão exclusiva de Lucas, identifica o período que vai do cativeiro de Israel (c. 586 a.C. na Babilônia; cf. 2Rs 25) até a sua restauração no reino (Ap 20.1-6).

Tem sido um tempo no qual, de acordo com o propósito de Deus, os gentios têm dominado ou ameaçado Jerusalém. A era também tem sido marcada por vastos privilégios espirituais para as nações gentias (cf. Is 66.12; Ml 1.11; Mt 24.14; Mc 13.10).

Em Rm 9.30-32 Paulo conclui o ensino sobre a escolha divina lembrando aos seus leitores que, embora Deus escolha alguns para receber a sua misericórdia, aqueles que recebem o seu julgamento não o recebem por causa de algo que Deus fez por eles, e sim, pela própria má vontade deles em crer no evangelho (2Ts 2.10). Os pecadores são condenados pelos seus pecados individuais, e o maior deles é a rejeição de Deus e Cristo (cf. 2.2-6,9,12; Jo 8.21-24; 16.8-11).

 

2. A tristeza de Paulo por Israel. Pode causar muita estranheza que Paulo, sem comentários, alinha lado a lado duas séries de afirmações aparentemente inconciliáveis. Na primeira rodada fala do poder exclusivo de determinação de Deus e, agora, a partir de Rm 9.30, da responsabilidade e culpa do ser humano.

 

Por mais assistemático que isso pareça, porém, ambas são verdadeiras. Sem onipotência Deus não seria Deus, e sem responsabilidade o ser humano não seria ser humano. Se liquidássemos uma verdade com a outra, ou seja, se sacrificássemos a imagem bíblica de Deus por causa do ser humano ou se deixássemos de lado a figura bíblica do ser humano por causa de Deus, para daí confeccionar uma filosofia que nos serve, a partir de uma verdade unilateral e isolada, cairíamos em terreno estéril.

 

Werner de Boor, que no passado editou a presente série de comentários, formulou o seguinte: “A Bíblia está tão próxima da realidade que ela é totalmente assistemática”. Não seria nenhum exagero considerar Romanos 9–11 a passagem mais importante do Novo Testamento para a compreensão da conexão entre Israel, a Igreja e a Grande Comissão.

 

Alguns podem ter pensado que Paulo odiava os judeus, visto que havia se afastado do judaísmo e agora pregava um evangelho livre da lei. Portanto, ele se esforçou para afirmar seu amor por seus irmãos judeus – com um juramento triplo. Paulo não poderia ter sido mais taxativo no verso 1: “Digo a verdade em Cristo (1), não minto, e a minha consciência (2) confirma isso por meio do Espírito Santo (3)”.

 

Em uma curta afirmação, ele enfatiza por três vezes que o que ele estava para dizer não era simplesmente uma emoção ou um sentimento passageiro; era genuíno, profundo e constante, testemunhado pelo próprio Espírito. Portanto, sentimento de Paulo sobre esse assunto é algo tão impressionante que só pode ser comparado ao de Moisés, no episódio do bezerro de ouro, e ao de Jesus, quando chorou pelo povo de Jerusalém, em uma angústia divina e quando enfrentou a cruz: “Ó Jerusalém, Jerusalém, cidade que matas os profetas e apedrejas os que a ela são enviados! Quantas vezes eu quis ajuntar teus filhos, como a galinha ajunta seus filhotes debaixo das asas e não quiseste!” (Lc 13.34).

 

Logo, Paulo estava aflito, inconsolável, agonizando pela tristeza que o consumia ao pensar na condição dos seus irmãos judeus. Isso me faz questionar a minha falta de angústia pelo que está no coração de Deus comparada à profunda angústia que Paulo sentia. Seu coração ardia pela salvação de Israel. Paulo estava disposto a perder tudo, inclusive sua própria salvação para que Israel e as nações sejam salvas. E isso demonstra grande maturidade. Pois, maturidade é quando tudo se torna menos a respeito do eu e mais respeito do outro.

 

3. Promessa de salvação a Israel. Romanos 11:26 diz claramente: “Todo o Israel será salvo”. A questão que se coloca é: “O que significa Israel?” O futuro “Israel” é literal ou figurativo (ou seja, referindo-se aos judeus étnicos ou referindo-se à Igreja)? Aqueles que adotam uma abordagem literal das promessas do Antigo Testamento acreditam que os descendentes físicos de Abraão, Isaque e Jacó serão restaurados a um relacionamento correto com Deus e receberão o cumprimento das alianças.

 

Aqueles que defendem a teologia da substituição basicamente afirmam que a Igreja substituiu Israel completamente e herdará as promessas de Deus a Israel; as alianças, então, serão cumpridas apenas no sentido espiritual. Em outras palavras, a teologia da substituição ensina que Israel não herdará a verdadeira terra da Palestina; a Igreja é o “novo Israel” e o Israel étnico está para sempre excluído das promessas - os judeus não herdarão a Terra Prometida como judeus per se. Usamos a abordagem literal.

 

As passagens que falam do futuro Israel são difíceis de ver como figurativas para a Igreja. O texto clássico (Romanos 11:16-24) descreve Israel como distinto da Igreja: os “ramos naturais” são os judeus e os “ramos selvagens” são os gentios. A “oliveira” é o povo coletivo de Deus.

 

Os “ramos naturais” (judeus) são “cortados” da árvore pela descrença, e os “ramos selvagens” (gentios crentes) são enxertados. Isso tem o efeito de deixar os judeus “com ciúmes” e, em seguida, atraí-los à fé em Cristo, para que sejam “enxertados” novamente e recebam a herança prometida.

 

Os "ramos naturais" ainda são distintos dos "ramos selvagens", de modo que a aliança de Deus com Seu povo seja literalmente cumprida. Romanos 11:26–29, citando Isaías 59:20–21; 27:9; Jeremias 31:33-34, diz: “… e assim todo o Israel será salvo, como está escrito: Virá de Sião o Libertador, e desviará de Jacó as impiedades; e este será o meu pacto com eles, quando eu tirar os seus pecados. Quanto ao evangelho, eles na verdade, são inimigos por causa de vós; mas, quanto à eleição, amados por causa dos pais. Porque os dons e a vocação de Deus são irretratáveis.” Aqui, Paulo enfatiza a natureza “irretratável” do chamado de Israel como nação (veja também Romanos 11:12).

Isaías predisse que um “remanescente” de Israel seria um dia “Povo santo, remidos do Senhor” (Isaías 62:12). Independentemente do atual estado de descrença de Israel, um futuro remanescente irá de fato se arrepender e cumprir seu chamado para estabelecer a justiça pela fé (Romanos 10:1-8; 11:5).

 

Esta conversão coincidirá com o cumprimento da previsão de Moisés da restauração permanente de Israel à terra (Deuteronômio 30:1-10).

 

Quando Paulo diz que Israel será “salvo” em Romanos 11:26, ele se refere à libertação do pecado (Romanos 11:27) ao aceitarem o Salvador, seu Messias, no fim dos tempos. Moisés disse: “Também o Senhor teu Deus circuncidará o teu coração, e o coração de tua descendência, a fim de que ames ao Senhor teu Deus de todo o teu coração e de toda a tua alma, para que vivas” (Deuteronômio 30:6).

 

A herança física de Israel da terra prometida a Abraão será parte integrante do plano final de Deus (Deuteronômio 30:3-5).

 

Então, como “todo o Israel será salvo”? Os detalhes desta libertação são preenchidos em passagens como Zacarias 8-14 e Apocalipse 7-19, que falam do fim dos tempos de Israel na volta de Cristo.

 

O versículo-chave que descreve a vinda à fé do futuro remanescente de Israel é Zacarias 12:10: “Mas sobre a casa de Davi, e sobre os habitantes de Jerusalém, derramarei o espírito de graça e de súplicas; e olharão para aquele a quem traspassaram, e o prantearão como quem pranteia por seu filho único; e chorarão amargamente por ele, como se chora pelo primogênito.” Isso ocorre no final da tribulação profetizada em Daniel 9:24-27.

 

O apóstolo João faz referência a esse evento em Apocalipse 1:7.

 

O fiel remanescente de Israel é resumido em Apocalipse 7:1–8.

 

O Senhor salvará esses fiéis e os trará de volta a Jerusalém “em verdade e em justiça” (Zacarias 8:7–8).

 

Depois que Israel for restaurado espiritualmente, Cristo estabelecerá Seu reino milenar na terra. Israel será reunido desde os confins da terra (Isaías 11:12; 62:10).

 

Os simbólicos "ossos secos" da visão de Ezequiel serão reunidos, cobertos com carne e milagrosamente ressuscitados (Ezequiel 37:1-14).

 

Como Deus prometeu, a salvação de Israel envolverá um despertar espiritual e um lar geográfico: “E porei em vós o meu Espírito, e vivereis, e vos porei na vossa terra; e sabereis que eu, o Senhor, o falei e o cumpri, diz o Senhor” (Ezequiel 37:14).

 

No Dia do Senhor, Deus irá “estender a sua mão para adquirir outra vez e resto do seu povo” (Isaías 11:11).

 

Jesus Cristo retornará e destruirá os exércitos reunidos contra Ele em rebelião (Apocalipse 19).

 

Os pecadores serão julgados e o remanescente fiel de Israel será separado para sempre como o povo santo de Deus (Zacarias 13:8—14: 21).

 

Isaías 12 é o seu cântico de libertação; Sião governará sobre todas as nações sob a bandeira do Messias, o Rei.

 

CONCLUSÃO

 

Alguém poderia pensar que as promessas de Deus falharam porque, de fato, muitos israelitas se afastaram do Senhor quando (parece que) Ele prometeu a eles esta nova aliança.

 

A resposta é aquela de Paulo em Romanos 9: “E não pensemos que a palavra de Deus haja falhado, porque nem todos os de Israel são, de fato, israelitas”(v. 6).

 

Recomendo estudar aquele capítulo onde podemos ver a soberania de Deus em escolher pecadores para a salvação.

 

Ótima aula.

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